segunda-feira, 4 de junho de 2007

Potlatch

De origem índia, a palavra "potlatch" significa dom na linguagem nootka. Os etnólogos americanos descobriram-na e descreveram-na largamente nos fins do século XIX, mas foi o sociólogo francês Marcel Mauss que deu sobre ela a teoria mais completa no seu "Essai sur le don. Forme et raison de l'échange dans les sociétés archaïques». Identificada na vida social das tribos índias do Nordeste americano, que forneceram o seu modelo mais notável, a prática do "potlatch" foi encontrada um pouco por todo o lado nas tribos primitivas, sob formas variadas.
Na actualidade sob a forma de aeroportos sitiados fora do deserto.
O "potlatch" é uma cerimónia com carácter de festa, no decurso da qual um chefe oferece ostensivamente uma quantidade enorme de riquezas a um rival, para o humilhar ou desafiar. Este último, para apagar a humilhação e contrariar o desafio tem de dar satisfação à obrigação moral que reconheceu ao aceitar o dom. Assim, deve mais tarde ser organizado um novo "potlatch", mais importante que o primeiro, onde se mostrará mais generoso que o anterior dador. Por outras palavras, deve dar sem usura.Praticado no decurso de uma iniciação, de um casamento, de funerais ou de ascensão ao poder, o "potlatch" muda de forma segundo as tribos e segundo a importância de quem o organiza.
Este potlatch aéreo será resposta a que desafio??
Os etnólogos que observaram o "potlatch" entre os Tlinguit, os Haida, os Tsimshian e os Kwakiutl puderam verificar que o dom não constituía a sua forma exclusiva. O "potlatch" consiste muitas vezes numa destruição espectacular de enormes riquezas. Os índios da costa nordeste chegam a incendiar as suas aldeias, destruir as canoas ou lançar para o mar lingotes de cobre de grande valor. Neste caso, o "potlatch" evoca as formas religiosas e míticas do sacrifício.
Outro problema para além da OTA...avizinha-se a "Época" dos incêndios"...(a expressão época está generalizada), mas quem é o chefe índio que o faz??
Excluindo qualquer regateio, o "potlatch" é ao mesmo tempo, paradoxalmente, perda e aquisição. O dom das riquezas equivale à aquisição de prestígio, de poder. Destruir e dar resulta afinal numa afirmação do poder de destruir e de dar. Mas estas duas operações só têm sentido se forem praticadas diante do outro. "O ideal", escreve Marcel Mauss, "seria oferecer um "potlatch" que não fosse pago na mesma moeda".
A população não o vai poder pagar na mesma moeda, a maioria anda de autocarro e metro, isso nas cidades...porque no deserto andam de camelo...
É também uma forma primitiva de troca e de concorrência. Um meio de circulação de riquezas que se manifesta sob a forma ritual de uma demonstração de generosidade em que há um vencedor e um vencido.
Quem será o vencido??
O "potlatch" parece ter atingido o seu apogeu na expressão do luxo, da ostentação e da exuberância entre os Kwakiutl, nos começos do século XX. Considerado por alguns como uma instituição característica das sociedades de transição entre o comunismo primitivo e uma espécie de feudalismo mercantil, o "potlatch" atraiu profundamente os surrealistas e as correntes da vanguarda artística revolucionária como negação da troca mercantil, fundamento das sociedades modernas, e como expressão do dom desinteressado que propicia o estabelecimento de relações humanas livres.
Os Kwakiutl perderam o seu papel de destaque no que ao potlatch diz respeito. Estão em risco de serem substituidos nessa posição pela tribo Socrátis Rosalentis e pelo grande chefe Mário Lino (com o cognome de o rei dos desertos e arredores).
Parece-me um caso de Potlatch agonístico...
O texto a preto está disponível em http://www.lxxl.pt/babel/biblioteca/potlatch.html

1 comentário:

sapiens disse...

Mais um ritual agonistico entre o PS e o PSD.., ou melhor, entre o governo e a oposição, o governo parece ser sempre a favor , e a oposição contra , ou seja, na prática, o governo procura esbanjar a seu bel prazer para mostrar como o país sob o seu jugo é deveras prospero e esmagar a oposição com estas bonitas festas cortando fitinhas cor de rosa em inaugurações.É assim há bastantes anos em portugal.. das ultimas que me lembro festejaram-se a EXPO, O CC Colomb(ss)o
A PONTE VASCO DA GAMA e OS 10 ESTÁDIOS DE FUTEBOL, sem os quais claro, portugal não teria a dignidade de encarar os países vizinhos olhos nos olhos, telo-ia de fazer de baixo para cima como de costume.. .mas não, assim esbanjou-se o que se tinha e o que não se tinha, mas os portugueses levaram todos no coração uma injecção de dignidade. A precaridade, éssa mantém-se claro está, os estilos de vida, e as aparencias, temo-las iguaizinhas aos habitantes dos restantes páises europeus, para inglês ver como reza o ditado.. mas no inverno passamos frio porque a eletricidade está cara...