sexta-feira, 1 de junho de 2007

Portugal e o império escravocrata

No século XV os Portugueses penetram em África pelo rio Zambeze, chegando até à feira do Zombo a partir da qual controlavam as caravanas da formação estatal do Monomotapa, através do aliciamento das tais etnias menos solidárias e geograficamente mais periféricas.

Após a queda do reino do Monomotapa o clã Rowzi tenta uma nova formação estatal mais a sul do território, a que se chamou Changamive. Procurou reproduzir o mesmo esquema de relações do anterior Monomotapa, mas sem sucesso. Sensivelmente em 1630 são destruídos militarmente pelos Nguui.

As formações estatais africanas proliferavam e os Portugueses na zona de Angola depararam-se com outro reino, o reino do Congo, tinha de característico o facto de não se encontrar dependente do comércio com o exterior. O ascendente Português na zona ganhou-se por intermédio da religião. Um dos príncipes desse reino veio posteriormente a ser ordenado sacerdote em Roma, o que demonstra como a religião católica e os Portugueses a partir de certa altura penetraram na sua cultura e vivência. Os Congo constituíam uma plataforma de penetração no interior de África, na medida em que os Portugueses à época tinham uma população numericamente reduzida, insuficiente para colonizarem em extensão todos os territórios que possuíam. Viram-se pois, na necessidade de por alguma forma induzirem à cooperação dos locais. Os Bakongo como formação pré – estatal não possuíam uma força militar, poder judicial ou instâncias de controlo económico, pelo que em 1550 começaram a perder a preponderância nas permutas realizadas com os Portugueses, visto que emergem então, intermediários a negociarem directamente com os Portugueses.

Surgem então os primeiros bando organizados e armados que se dedicavam à captura de escravos e à sua comercialização com os feitores Portugueses, ficaram conhecidos como os Imbangalas (Jagas). Desempenharam um papel historicamente relevante na África central, durante dois séculos serviram exclusivamente os Portugueses, fornecendo-lhes escravos e sendo por aqueles armados. Por outro lado permitiram aos Portugueses um quase monopólio de tráfico negreiro nesta região africana. As razias de escravos por eles levadas a cabo tiveram como consequências principais:

a) – Uma penetração cada vez maior no interior africano.
b) – Provocaram o desaparecimento de algumas etnias e noutros casos a sua migração para outras zonas.
c) – propiciaram o comércio entre a costa e o interior.

Em 1500 surge em grande parte por acção dos Portugueses, o complexo Luba – Lunda. Não se encontram tão ligados à exploração mineira como por exemplo o Monomotapa, a sua actividade principal é o comércio de escravos.
Depois sucede a sobejamente conhecido transporte de escravos para o Brasil, que teve em termos culturais inúmeras consequências e sincretismos, nomeadamente a capoeira, o umbanda, candumblé, etc. O terreiro não era mais que a recreação mítica do solo "sagrado" Africano.
O escravo, não só desempenhou um importante papel como força de trabalho no Brasil, mas também como elemento catalizador de metamorfoses e sincretismos culturais.

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