quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

“gender is thought of as a process of structuring subjectivities rather than as a structure of fixed relations (Morris 1995:568).”

Morris, R. C. All Made Up: Performance Theory and the New Anthropology of Sex and Gender in Annual Reviews, 1995, Department of Anthropology, Columbia University: 567-592.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Reflectindo no mundo interligado, mas que mantém o confronto a várias escalas entre o nós e o eles, ou até, com a nossa própria alteridade.

Adriana Piscitelli é uma antropóloga brasileira que trabalha em questões de género e sexualidade, com uma imensa panóplia de temáticas associadas às duas primeiras.

A migração com vistas à inserção na indústria do sexo, envolve muitas vezes redes semelhantes às usadas por migrantes brasileiros que trabalham em outros sectores (…) nesses casos, o adiantamento de dinheiro a ser devolvido com juros análogos aos pagos num clube, a oferta de uma vaga em um apartamento (pelo qual se paga um valor superior ao que ela de fato teria) e/ou o apoio para se estabelecer em “pontos”, na rua, tudo isso é lido como “ajuda”(Piscitelli 2007:21.

(…) outras, contudo, estavam inseridas em redes femininas de vizinhas, amigas, conhecidas e parentes que já moravam na Espanha, o que também é recorrente para migrantes de outras nacionalidades, assim como para pessoas transexuais (Piscitelli 2007:21).
Piscitelli, A. “Corporalidades em Confronto; Brasileiras na indústria do sexo em Espanha” in Revista Brasileira de Ciências sociais, Vol. 2, nº64, Junho 2007.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

As Migrações num Mundo Interligado

As Migrações num Mundo Interligado, relatório acerca do tema implícito e explícito, interessante e a partir do qual me lembrei de mencionar factos do quotidiano de um mundo globalizado emergentes da minha pesquisa:
A própria Larissa confidenciou que as agências de viagens no Brasil a aconselharam - tal como fazem a outros migrantes - sobre os melhores percursos para fugir ao controlo fronteiriço europeu e lhes fornecem contactos. Após ter vivido durante três anos em Itália, deambulando de cidade em cidade, decidiu “mudar-se” recentemente para Portugal. A “entrada de Berlusconi no poder em Itália, dificultou muito mais a vida a quem trabalha na rua”, buscando desta forma a legalização, e utilizando a possibilidade que lhe é conferida em virtude do laço familiar com o pai português, actualmente a residir em Braga.

domingo, 27 de setembro de 2009

Género e sexo/referenciais de identificação

Na sequência da investigação que venho realizando desde há algum tempo, em que um dos tópicos se refere à questão do género, sua diferenciação, identificação e vivência vivida nas experiências quotidianas, um dos principais ganhos na caminhada sempre inacabada e sempre insuficiente do conhecimento, que não raras vezes culmina num lugar tornado comum do "só sei que nada sei" ao ponto de esse chavão se tornar um símbolo do conhecimento, que ele próprio pretendia sentenciar como arrogante, simplesmente pelo facto de se estender ao infinito (porque sempre inacabado), segundo Hegel tornado finito perante o absoluto, esse sim o infinito só imaginável, consistiu na possibilidade que a investigação me concede de colocar as questões em perspectiva, de que emerge o carácter relativo do social. Assim, e na sequência da estratégia adoptada de postar tópicos avulsos que concedam aos leitores a possibilidade de serem eles próprios a preêncher os espaços "em branco", faço hoje uma referência a Kessler e McKenna, dois autores e pesquisadores que demonstram que a interpretação dos corpos através de figuras mostradas a indivíduos, pende claramente para uma análise maioritariamente masculinzada da questão; se um pénis está presente na figura, em 96% das vezes identifica-se o género masculino, pelo contrário, em 95% dos casos em que uma vagina está presente, são necessários mais dois elementos ligados ao feminino, peitos ou cabelo longo por exemplo (Kessler and McKenna 1978:145). Esta abordagem mostra que a questão de género e sua ambiguidade é maioritariamente resolvida tendo em atenção referentes masculinos, then genetic males who live as woman will be among those most at risk for assault. Simply put, within western societies, it is easier for females to pass as man than for males to pass as woman (idem: 145).
Kessler S. e McKenna W. 1978 Gender: An Ethnomethodological Approach,The University of Chicago Press: Chicago.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Crónicas de uma marginalização legalizada

Pois bem, hoje não falarei de transnacionalidades, globalização, género, sexo, racismo...ou provavelmente até sim. Nestes 7 anos de paixão por uma raça socialmente amaldiçoada, muitas coisas me aconteceram, desde comentários a reáções de pânico, alguns dos quais relatarei mais à frente. A questão do açaime...complicado, sempre o utilizei no bonga, rottweiler que me tem acompanhado como um amigo dedicado desde há 7 anos, mas... se o usamos, a pergunta que nos assalta constantemente, para além do olhar aparvalhado e a crítica feroz, é...morde? Se não tivesse açaime atacava já, não é?...ufa a ginástica que faço para não ser eu a morder-lhes impiedosamente. Há uns dias atrás...saí do prédio, acompanhado pelo bonga, uns putos e umas gajas falavam alto e mandavam todo o tipo de lixo para o chão, mas eu tinha que passar né? Afinal não vivo do rendimento mínimo e até comprei a casa onde habito.Pois bem, a reáção foi a de 6 ou 7 pessoas começarem a gritar o mais alto que podiam...fiquei...bem...não vou dizer como fiquei, é mais prudente, no entanto sei o que o Bonga fez: imperturbável, lento no andar e altivo perante aqueles gritos histéricos, face a um cão preso e com açaime, olhou para uma das miúdas (provavelmente pensando se aquilo também pertencia à raça humana que se habituou a conhecer) e colocou-lhe as patas nos ombros, sinceramente não o evitei, mereciam, pois afectam de forma absurda a privacidade dos outros, a minha e a dele, obrigados a pagar seguro, a tirar registo criminal, licenças na junta, a ter um atestado médico comprovando condições mentais para os ter e depois qualquer merda se sente no direito de criticar, gritar, discriminar, ajuizar, censurar, etc..., mas continuando, ao colocar-lhe as patas nos ombros nada mais faz do que isso, da mesma forma que o faria a mim para me receber quando entro em casa, e de imediato se coloca de novo no chão olhando de forma imperturbável para mim, como se me estivesse a dizer que aquela merecia e de uma forma em que quase vislumbrei um sorriso de gozo. No regresso, estavam lá as mesma pessoas e mais um miúdo pequeno, ainda pouco sensível às lavagens cerebrais, que se aproxima do Bonga e o abraça, ele abana a cauda e eu não resisti a olhar para aquelas miúdas que tanto gritavam, mas que no entanto não deixam de ir para a porta de um prédio onde de antemão sabem que existem dois rottweilers, e de lhes dizer - veêm?Afinal também existem pessoas normais. Isto é na realidade um teste ao meu auto-controlo. Por exemplo noutra ocasião, estando eu a passeá-lo vejo um casal de ciganos e como já estou habituado a comentários ou perguntas estúpidas, já esperava qualquer coisa - Ó chefe não me quer dar o cão? - detesto que me chamem chefe, geralmente respondo de forma seca que não sou chefe de ninguém, mas desta vez fingi não ouvir, no entanto a questão repete-se - Ó chefe não me quer dar o cão? - irra! olhei para ele e disse-lhe - Porque lhe hei-de dar o cão, se ele é meu e gosto dele? - não perceberam e a mulher ajuiza: -estes são os cães mais perigosos do mundo - que raiva, esta gente sente-se no direito de gritar, comentar, perguntar e qual o nosso direito, apenas o de contribuir para o rendimento mínimo e para a riqueza da banca e companhias de seguros através das licenças, seguros, etc...?Ok...também há gente normal...mas são poucos. Pensem um pouco para além do que vos é dito, informem-se, pesquisem e pensem como uma legislação mal enquadrada prejudica quem ama os seus animais, independentemente da raça e é indiferente para quem os maltrata na sua dignidade e bem estar mental e fisíco, porque esses não os vão passear, não se dão ao trabalho de lhes colocar açaime porque nem há ocasião para isso, não lhes colocam chip que os identifica como propritário do animal, não os levam aos veterinários, não tiram licenças, não pagam seguros...népia...não fazem nada! E nós que pagamos, que os cuidamos, que os conhecemos e amamos que direitos temos? Um dever cumprido pressupõe um direito, um direito pressupõe deveres...no nosso caso, aos deveres apenas corresponde o dever de andar calado e a levar bocas de qualquer indivíduo que desconheça as regras básicas da civilidade e educação.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Antropologia

« Jamais me esquecerei da resposta que um dia me deu meu pai quando estudávamos uma lista de cadeiras oferecidas pela Faculdade de Letras da Universidade do Witwatersrand, em Joanesburgo, com vista a escolher as quatro que eu faria durante o 1º ano do meu B.A. "Que é antropologia social ?", perguntei. Respondeu-me : "Antropologia… ciência do homem… só pode ser interessante, meu filho. Faz ess" ».
João de Pina Cabral (1998)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O individuo

Aquilo que pode ser normal, razoável, salutar, para a grande maioria, não nos fornece um critério de comportamento no caso do indivíduo excepcional. O homem de génio, quer pela sua obra, quer pelo seu exemplo pessoal, parece estar sempre a proclamar a verdade segundo a qual cada um é a sua própria lei, e o caminho para a realização passa pelo reconhecimento e pela compreensão do facto de que todos somos únicos.

Henry Miller, in "O Mundo do Sexo"

sábado, 4 de julho de 2009

Na pele do Outro




Com o "patrocinio" do blogue amigo Sexualidadefeminina.blogspot.com

segunda-feira, 8 de junho de 2009

(Travestis) Entre a estrutura que as apaga e lhes providencia recursos estratégicos (esboço de trecho de artigo para publicação).

(...) O salto para a Europa dá-se pelos mesmos motivos: o querer ganhar dinheiro (corroborado por Peixoto 2007, Xavier 2005) dependente de uma constante necessidade de renovação da oferta (perante a procura ávida de novidade por parte dos clientes), suportado por redes (essencialmente através do Messenger e Orkut) mediante as quais se trocam informações, se propõem empréstimos por parte das travestis estabelecidas na Europa e se sugerem países e cidades consoante a disponibilidade de habitações para troca.[1] Tais estratégias podem configurar-se como redes de auxilio à emigração ilegal, muitas vezes com a colaboração de agencias de viagens no Brasil, os imigrantes brasileiros viajam directamente do Brasil para Lisboa, de avião, ou via Paris, Madrid ou Amsterdão e depois de comboio ou autocarro para Portugal. Este percurso é aconselhado pelas agências de viagens, pelo facto de não existir um controlo de fronteira tão rigoroso (Peixoto 2007:188-189), conforme nos foi confirmado em entrevista por Larissa, embora num percurso alternativo, Budapeste-Viena-Milão. Este tipo de auxílio na rede travesti processa-se de forma similar à de outros migrantes de nacionalidade brasileira; para a angariação de mão de obra brasileira é suficiente exista um contacto em Portugal que vai chamando conterrâneos (idem:183), são redes pouco estruturadas e de organização horizontal, bem diferentes no modus operandi das redes de leste a actuar em Portugal, pelo que, segundo fontes policiais não existe prostituição forçada de brasileiras em Portugal, um menor grau de organização também pode ser acompanhado por um menor grau de coacção (ibidem:230).
Em particular, o salto para a Europa através de Portugal decorre, em grande medida, da abertura institucional ao nível de Estados, propiciada pelo Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil. Como resultado da legislação subsequente, qualquer cidadão brasileiro pode entrar em Portugal com estatuto turístico válido por três meses, renováveis por mais três, caso comprove meios de subsistência suficientes para o período de estadia previsto (nos termos da portaria 1563/2007 que regula a lei 23/2007) relativa aos meios de subsistência como requisito para a entrada, permanência ou trânsito em território nacional.

Mais concretamente, tais cidadãos têm que possuir 75€ per capita para entrar em território nacional e uma quantia de 40€ para cada dia de permanência provável em Portugal. Porém, e no caso de tal não se verificar, prevê-se ainda a possibilidade de um cidadão português se responsabilizar no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras pela sua pessoa, bastando para tal comprovar a existência de rendimentos e residência nos termos do nº1 e nº2 do art.12 da Lei 23/2007. Ora, e ainda que de forma menos técnica e precisa, é justamente o conhecimento de tal possibilidade legal, constantemente difundida nas redes de imigrantes brasileiros e, nomeadamente, de travestis, que leva a privilegiar Portugal como um destino, para ganhar muito dinheiro a curto prazo. Este especial relacionamento entre os dois estados é ainda reforçado por um Estatuto de Igualdade de direitos e deveres, bem como de direitos políticos que pode ser requerido após residência legal em Portugal, regulado pelo Decreto-Lei n.º 154/2003, 15 de Julho.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pensar o presente para moldar o futuro.

Porque uma sociedade melhor não pode surgir do acaso, mas sim da reflexão sobre a história e a actual conjuntura socio-economica, segue abaixo um excerto do texto Profit Over People: Neoliberalism and Global Order de Noam Chomsky (1999).



“O neoliberalismo é o paradigma económico e político que define o nosso tempo. Ele consiste em um conjunto de políticas e processos que permitem a um número relativamente pequeno de interesses particulares controlar a maior parte possível da vida social com o objectivo de maximizar seus benefícios individuais. Como diz Milton Friedman, guru do neoliberalismo, em seu livro Capitalismo e Liberdade, dado que a busca do lucro é a essência da democracia, todo governo que seguir uma política anti-mercado estará sendo anti-democrático, independentemente de quanto apoio popular seja capaz de granjear.


No melhor de sua eloquência, os defensores do neoliberalismo falam como se estivessem prestando aos pobres, ao meio ambiente e a tudo o mais um fantástico serviço quando aprovam políticas em benefício da minoria privilegiada. As consequências económicas dessas políticas têm sido as mesmas em todos os lugares e são exactamente as que se poderia esperar: um enorme crescimento da desigualdade económica e social, um aumento marcante da pobreza absoluta, um meio ambiente global catastrófico, uma economia global instável e uma bonança sem precedente para os ricos.

Os governos subsidiam prodigamente as grandes empresas e trabalham para promover os interesses empresariais em numerosas frentes.

A democracia é admissível desde que o controle dos negócios esteja fora do alcance das decisões populares e das mudanças, isto é, desde que não seja democracia. Essas mesmas empresas querem e esperam que os governos canalizem para elas o dinheiro dos impostos, que as proteja dos concorrentes, mas querem também que não lhes apliquem impostos e que nada façam em benefício de interesses não empresariais, especialmente dos pobres e da classe trabalhadora.

Em vez de cidadãos, produzem consumidores. Em vez de comunidades, produzem shopping centers. O que sobra é uma sociedade atomizada, de pessoas sem compromisso, desmoralizadas e socialmente impotentes. Em suma, o inimigo primeiro e imediato da verdadeira democracia.
Tratados comerciais e acordos de negócios que ajudam as grandes empresas e os ricos a dominarem as economias das nações sem quaisquer obrigações para com as respectivas populações. Esse processo nunca foi tão claro quanto na criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) no princípio dos anos 1990 e, mais recentemente, nas negociações secretas para a implantação do Acordo Multilateral sobre o Investimento (AMI). Na verdade, a incapacidade de propiciar uma discussão sincera e honesta é realmente uma das mais notáveis características da globalização.

Para que a democracia seja efectiva é necessário que as pessoas se sintam ligadas aos seus concidadãos e que essa ligação se manifeste por meio de um conjunto de organizações e instituições extra mercado. Uma cultura política vibrante precisa de grupos comunitários, bibliotecas, escolas públicas, associações de moradores, cooperativas, locais para reuniões públicas, associações voluntárias e sindicatos que propiciem formas de comunicação, encontro e interacção entre os concidadãos.

Se agirmos com a ideia de que não haverá possibilidade de mudança para melhor, estaremos garantindo que não haverá mudança para melhor. A escolha é nossa, a escolha é sua.”

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Reflexões

(…) gender is thought of as a process of structuring subjectivities rather than as a structure of fixed relations (Morris 1995:568).

Cultural orders constructs gender and create subjects (idem:573).

It is possible to claim sex membership in a sex category even when the sex criteria are lacking. Gender, in contrast, is the activity of managing situated conduct in light of normative conceptions of attitudes and activities appropriate for one`s sex category (Zimmerman & West 1987:127).

“female” and “male” are cultural events – products of what they term the “gender attributes process” – rather than some collection of traits, behaviours, or even physical attributes (idem:132).

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Violencia nas escolas.. um evento do passado?



Nos tempos que correm é tudo menos notícia o crescente exponenciar da indisciplina e violência nas escolas portuguesas. Mas, o fenómeno está longe de ser único, encontrando-se sim generalizado em praticamente todos os países democráticos que têm vindo a preconizar um aumento dos poderes e liberdades dos alunos face a um proporcional decréscimo dos poderes e autoridade dos professores e da escola em sí.

Embora o fenómeno seja comum a vários países, são as medidas adoptadas para eliminar o problema que marcam a diferença.

No Reino Unido os pais dos alunos que pratiquem vandalismo, agressões físicas e verbais ou outros actos de violência e indisciplina no espaço escolar serão multados em valores que rondam as 50 libras (aproximadamente 56 euros) em multas que quando acumuladas podem atingir os 1450 euros.

“As intimidações verbais e físicas não podem continuar a ser toleradas nas nossas escolas, sejam quais forem as motivações”, sublinhou a Secretária de Estado para as Escolas (britânicas).

“As crianças têm de distinguir o bem e o mal e saber que haverá consequências se ultrapassarem a fronteira”. Adiantou ainda que “vão reforçar a autoridade dos professores, dando-lhes confiança e apoio para que tomem atitudes firmes face a todas as formas de má conduta por parte dos alunos”.

Segundo garante a secretária de estado o objectivo da medida é transmitir aos pais que a escola não irá assumir as responsabilidades dos pais, em caso de comportamento violento dos seus filhos. Estas medidas serão sustentadas em ordens judiciais para que assumam os seus deveres de pais e em cursos de educação para pais, com multas que podem chegar às mil libras, se não cumprirem as decisões dos tribunais”.

“O Livro Branco dá ainda aos professores um direito claro de submeter os alunos à disciplina e de usar a força de modo razoável para a obter, se necessário”.



A mim parece-me pertinente... será um acto reaccionário? ou a percepção de que a Liberdade de que dispomos constitui na verdade uma responsabilidade a ser partilhado por todos??

O estado critico de Portugal


Henrique Medina Carreira entrevistado por Mário crespo.
Uma entrevista polémica a não perder para melhor se reflectir o estado da nação.






quinta-feira, 9 de abril de 2009

Egoismo social doentio

Primeiro, levaram os comunistas e eu nada disse, porque não era comunista
Depois, levaram os sindicalistas e eu nada disse, porque não era sindicalista
Depois, levaram os judeus e eu nada disse, porque não era judeu
Depois, levaram-me a mim e já não havia ninguém que me pudesse defender.

Martin Niemöller

Para sermos solidários e críticos, não tem que se passar connosco!

segunda-feira, 23 de março de 2009

AS FAMILIAS QUE SOMOS


Finalmente online o folheto (manifesto, testemunho, conjunto de histórias de vida) informativo elaborado pela associação ILGA Portugal.
Este folheto foi o mote para o meu trabalho de estágio de licenciatura, e , como tal conta com a minha colaboração na recolha dos testemunhos =).
Mais uma vez fica um agradecimento a todos os que aceitaram participar expondo um pouco das suas vidas por uma causa MAIOR.
Leiam, divulguem e espero que gostem e fiquem a conhecer melhor através dos relatos na primeira pessoa, as vidas vividas dentro destes ainda gigantes TABUS no seio da sociedade portuguesa que são a Homo, a Bi e a Transsexualidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

História infantil





A verdade e a mentira

Dizem que há muito muito tempo atrás, Deus tinha acabado de criar o mundo e tinha criado os grandes montes, os grandes oceanos , os grandes desertos, e tinha também feito os animais, tinha feito o homem, tinha feito a mulher, e como dá muito trabalho fazer o homem e a mulher porque eles nunca estão satisfeitos com nada, deus subiu até ao alto do monte e sentou-se.

Sentou-se e deu um grande suspiro, e daquele suspiro saíram dois seres, do interior do criador, saíram dois seres mais, ninguém consegue adivinhar quais.

Eram eles a mentira e a verdade.

A mentira e a verdade eram duas mulheres.

A mentira era assim uma mulher um bocadinho de meter medo ao susto, mas a verdade, oh, a verdade era a mulher perfeita. Tinha um olhar translúcido, deixava transparecer toda a sua pureza, toda a sua sinceridade. A mentira não.
A mentira tudo o que ela era por fora era assim por dentro, muito retorcida, mal saio de dentro do criador começou a dizer mal de tudo. Elas eram tão diferentes tão opostas que quando resolveram conhecer o mundo seguiram caminhos opostos, e elas tinham que ter comida, tinham que ter dormida, então iam pedindo auxilio, às aldeias e ás cidades vizinhas. A mentira como era muito impostora e muito falsa aproximava-se de uma aldeia e punha um sorriso impostor na cara.

-- Ora muito bom dia, ah ah ah , olhe que aqui cheira muito bem, você deve ter cá um jeito para cozinha… E era assim que ela conhecia um caldinho.. Dormir num sítio…
A verdade coitadinha, como não conseguia dormir passava mal.

Um dia em que a vida corria melhor e melhor para a mentira, ia ela de uma aldeia para a outra ia ela pelo caminho fora quando começa a ouvir um pranto de desespero atrás de uns arbustos. Ela saiu do caminho e aproximou-se daqueles arbustos. Quando espreitou era a sua irmã baba e ranho por todo o lado, com os olhos inchadíssimos…

--- Ehh, oh verdade tu sai-me daí, tu nem digas que és minha irmã que eu tenho vergonha.
Ela saiu coitadinha estava muito mal e dizia que estava farta daquela vida….
-- O que é que eu devo fazer, ninguém gosta de mim…
Ela teve pena, compadeceu-se daquele sofrimento e de um saco que trazia consigo a mentira começou a tirar uns panos dourados, uns panos prateados umas coisas para fazer uns penteados esquisitos e transformou a verdade numa pessoa completamente diferente.
A verdade estava toda contente para experimentar o seu novo visual na nova cidade, mas antes de ela seguir caminho a mentira disse:
-- Alto! Não sigas caminho ainda. Tu agora quando fores para a próxima cidade verdade, tu vais dizer que o teu nome é história. Daqui em diante o teu nome vai ser sempre história, nunca digas que o teu nome é verdade, e desde então a verdade, vestida com panos da mentira seguiu o seu caminho e bateu á porta de todos os homens e todos os homens a deixaram entrar na sua casa e no seu coração e se nos olharmos bem para uma história nos sabemos que todas as histórias são grandes mentiras, mas no fundo bem lá no fundo há um bocadinho de verdade.

Fonte:
História contada por Tânia Silva á TSF como apresentação do que ira ser o Encontro de literatura infantil no Porto no dia 19 de Março, que vai juntar escritores, ilustradores, professores e contadores de histórias

quinta-feira, 5 de março de 2009

Metallica - Leper Messiah

O messias...o profeta...os anjos...arcanjos...assuras...coisas do céu e do inferno, medos e aspirações...conforto...segurança na terra, no céu ou no inferno...


domingo, 1 de março de 2009

Nada

(...) O circuito da comunicação acaba também por ser um circuito que produz um padrão de dominação e uma das suas escalas estabelece-se ao nível linguístico, que por sua vez emite enunciados discursivos que regulam ou condicionam as práticas, no entanto, reality exists outside language, but it is constantly mediated by and through language (Hall 2003:511). A teoria linguística (importante na compreensão dos discursos e das relações que estabelecem com as práticas) assume como conotação a maior fluidez e associação de significados e respectivos significantes, bem como a universalidade com a denotação.

It is because signs appear to acquire their full ideological value – appear to be open to articulation with wider ideological discourses and meanings – at the level of their associative meanings (that is at the connotative level) – for here meanings are not apparently fixed in natural perception (that is, they are not fully naturalized), and their fluidity of meaning and association can be more fully exploited and transformed (idem:512).

É portanto ao nível denotativo que as ideologias dominantes se posicionam, e ab contrarium, ao nível conotativo que a dinâmica transformativa se opera sobre o significado, derivando para uma interpretação e condição polissémica do discurso, bem como para uma correspondente diversidade das práticas ou apropriações estratégicas do significante dominante, ou seja denotativo/literal. The domains of “preferred meanings” have the whole social order embedded in them as a set of meanings, practices and beliefs (ibidem:512), dominação essa que se ergue sobre uma panóplia de sanções, legitimações e limites impostos por sistemas de coercibilidade. Esta ideia devidamente adaptada, constitui-se como a base de todo o pensamento de Judith Butler no que concerne à problemática sexo/género. Para ela o género constitui-se mais como uma questão de performances sociais reiteradas/ritualizadas de diferenciação e legitimação de hierarquias, do que como uma realidade apriorística, stopped as an attribute of a person, sex inequality takes the form of gender; moving as a relation between people, it takes de form of sexuality. Gender emerges as the congealed form of sexualisation of inequality between men and women (Katherine Franke in Butler 2006:XII). Ou seja:

When the constructed status of gender is theorized as radically independent of sex, gender itself becomes a free-floating artifice, with the consequence that man and masculine might just easily signify a female body as a male one, and woman and feminine a male body as easily as a female one (idem:9).

No mesmo sentido, Foucault considera que a lei, neste caso a que institui uma heterossexualidade alicerçada na existência de apenas dois géneros, feminino e masculino, cria a noção de uma lei prévia ao sujeito, naturalizando desta forma essa existência. No entanto, esse mesmo enunciado discursivo que estigmatiza e classifica a alteridade e simultaneamente legitima o normal, abre nessa sua apetência pela ordem positivamente discriminada, espaço à sua própria subversão (Foucault in Butler 2006). A lei ao discriminar o certo cria um vácuo imenso para tudo o que a seus olhos se revele como subversivo e poluidor, esse sujeito has developed some wrong condition or simply crossed over some line which should not have been crossed and this displacement unleashes danger for someone (Douglas 1969:4), pelo que a quebra do tabu se constitui como a negação da lei, negação essa infinitamente mais vasta do que aquilo que objectivamente visa negar. In representation, one sort of difference seems to attract others – adding up to a spectacle of otherness (Hall 1997:231-232), em que a negociação do sentido, ou seja a negociação muitas vezes agonística das representações, se desenrola num infindável entrelaçar de elos, em que uma forma de negação apenas pode ser entendida tendo como referência aquilo que tendencialmente se revela como hegemónico e simultaneamente objecto da negação. Hall goes on to argue, messages have a “complex structure of dominance” because at each stage they are “imprinted” by institutional power-relations (Hall 2003:507).

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Cognição social e teoria da Mente

A hipótese da cognição social apresenta-se como modelo alternativo/complementar á hipótese ecológica para o desenvolvimento da inteligência em primatas.

Enquanto a hipótese ecológica defende que terão sido questões adaptativas relacionadas com a sobrevivência dos animais tais como os comportamentos de foraging ou técnicas de evitação de predadores as verdadeiras responsáveis pelo grande desenvolvimento da inteligência em primatas, a hipótese social, também conhecida como hipótese maquiavélica, defende que na base deste desenvolvimento estarão os desafios sociais específicos da sociabilidade dos grupos de primatas.

A cognição social está intimamente ligada com a Teoria da mente, pois é dela que depende não só uma maior capacidade de compreensão e manipulação social como também a aquisição de níveis superiores de intencionalidade no comportamento animal.

Deixo-vos com uma breve apresentação sobre este vasto tema.