domingo, 25 de novembro de 2007

Racionais MC's Homem na Estrada




Actualmente no Brasil, o hip hop combina-se com os movimentos evangélicos, nas igrejas "louva-se a deus" cantando-o através deste ritmo. Através dele, deus chega a criminosos que se convertem ou re-convertem. Sincretismos. O "bem" e o "mal" lado a lado. Deus desceu à favela. A violência é brutal. A música regista a dinâmica, é o seu próprio rosto. Music for the people.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Cognitividades impensáveis

Pegando num dos aspectos, do anterior post da sapiens, a massificação do ensino que, como tal, produz em consequência, determinados arquétipos de inteligência padrão e instrumentos igualmente padronizados de análise dessa mesma inteligência, algo já vaticinado pelos jurássicos pink Floyd em another brick in the wall, seria também interessantes referir que, em paralelo, se dinamizam fenómenos de deseducação massificada, em que agentes infinitamente mais poderosos economicamente, com um outro tipo de linguagem, muitas vezes recorrendo à comunicação subliminar, facilitada de forma exponencial pelos meios audio visuais, veêm a sua tarefa atingir niveis de sucesso bem mais elevados.
Alunos da educação massificada: ousem colocar tudo ao contrário, relativamente à forma como vos foram transmitidos conhecimentos e experiências, nem que seja como exercício de desconstrução, tipo lego. Este natal ofereçam legos cognitivos aos vossos familiares e amigos, façam aquilo que é conhecido como: partir a cabeça toda, sem no entanto recorrer à violência.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Inteligencias Multiplas



Eis um texto interessante que gostaria de partilhar sobre a teoria das inteligências Múltiplas desenvolvida a partir da década de 80 por uma equipa de investigadores da universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardener. O texto que apresento abaixo é um resumo dos princípios expostos inicialmente em Gardner, H. (1985). The Mind's New Science: A history of the cognitive revolution.

Gardener critica fundamentalmente a existência e a mensurabilidade de uma inteligência Única tal como a consideramos tradicionalmente:

A sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência, fixadas sobretudo nas habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas.

De acordo com a visão tradicional a inteligência foi conceptualizada como a capacidade de responder a testes de inteligência e o Q.I. (quociente de inteligência) procuraria demonstrar uma faculdade geral da inteligência que não mudaria muito com a idade, treino ou experiencia sendo considerada um atributo ou faculdade inata a cada ser humano.

Gardner procurou ampliar este conceito definindo inteligência como a capacidade de solucionar problemas ou elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente ou comunidade cultural: "um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser activado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura".


Para Gardner existem 3 tipos de preconceitos na sociedade actual que acabam por ter impacto nas vidas práticas dos individuos.


•O preconceito Ocidentalista: que coloca certos valores culturais ocidentais como o pensamento lógico num patamar hierárquico superior para a construção da inteligencia.

• o preconceito “Testista”: que sugere sugere uma focalização dos testes e da mensurabilidade daquelas habilidades que podem ser prontamente testadas como a realização de operações matemáticas.

• O preconceito “Melhorista”: assente na crença de que todas as respostas para um dado problema residem apenas numa determinada abordagem, como por exemplo no pensamento lógico-matemático.



Também idealista, o autor acredita que se pudéssemos mobilizar toda a gama das inteligências humanas e aliá-las a um sentido ético, talvez pudéssemos ajudar a aumentar a probabilidade da nossa sobrevivência neste planeta, e talvez inclusive contribuir para a nossa prosperidade.


Preocupando-se também e concretamente com aquelas crianças que não brilham nos testes padronizados, e que, consequentemente, tendem a ser consideradas como não tendo nenhum tipo de talento, Gardener Sugere um novo modelo de ensino e em certa medida um novo conceito de escola que assenta em algumas das seguintes suposições:


• Nem todas as pessoas terem os mesmos interesses e habilidades, nem aprendem da mesma maneira.

• Ninguém poder aprender tudo o que há para ser aprendido.

• A tarefa dos especialistas em avaliação deveria de ser a de tentar compreender as capacidades e interesses dos alunos de uma escola.

• A tarefa do agente de currículo para o aluno deveria de ser a de ajudar a combinar os perfis, objetivos e interesses dos alunos a determinados currículos e determinados estilos de aprendizagem.

• A tarefa do agente da escola-comunidade seria a de encontrar situações na
comunidade determinadas pelas opções não disponíveis na escola, para as
crianças que apresentam perfis cognitivos incomuns.







Desta forma , Gardener sugere a conceptualização de um modelo de ensino e de escola centrada no aluno em vez de deter uma centralização única e exclusivamente focalizada nos conteúdos programáticos unificados. Para a concretização da escola centrada no aluno seria necessário contrariar as enormes e actuais pressões para a uniformidade e para as avaliações unidimensionais.



Do meu ponto de vista, obviamente que uma escola centrada no aluno seria a forma de educação ideal para um melhor desenvolvimento pessoal de cada um de nós, no entanto é ao mesmo tempo a contra-ideia do plano de escola viavel para o modelo económico das nossas sociedades, e anti-ético no sentido da igualdade de oportunidades (e muitas vezes da idealizada mas irreal igualdade de aptidões e de "intelectos") dos cidadãos... no entanto perante tamanhas limitações resta-nos para já resignar-mo-nos perante a inexorável realidade;


"In large states public education will always be mediocre, for the same reason that in large kitchens the cooking is usually bad."

Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Dados sobre a imigração

Numa breve resenha demográfica à escala mundial, deve dizer-se que em 1927 a população global atingiu o seu 2º milhar de milhão, em 1960 o 3º milhar de milhão, em 1974 o 4º milhar de milhão, em 1987 o 5º milhar de milhão e em 1999 o 6º milhar de milhão. Eis então que Portugal se torna um foco das migrações internacionais. Passo a transmitir alguns dados sobre o contributo desses imigrantes, referentes a 2001 e constantes num estudo realizado por Maria João Valente Rosa, Hugo de Seabra e Tiago Santos, publicado em 2004:
1º - As populações de nacionalidade estrangeira contribuíram para um quinto do acréscimo de população na última década, sendo este valor várias vezes superior ao seu peso no total da população residente em Portugal.
2º - Contribuíram para um movimento de reequilíbrio dos dois sexos no seio da população de Portugal. As migrações evitaram o aumento do predomínio demográfico das mulheres em Portugal. A maior parte dos imigrantes são do sexo masculino, entre os 20 e os 49 anos (maior incidência nos indivíduos com 25-29), logo em idade activa. Atenuaram, portanto, os níveis de envelhecimento. O número de indivíduos com 15-34 teria diminuido em Portugal sem a presença destes estrangeiros, tanto pela maior concentração da população estrangeira nas idades férteis, como também pela sua maior taxa de fecundidade.
3º - Contribuíram para os desequilibrios de povoamento, mais de metade residia nas regiões de lisboa e península de Setúbal.
4º - Salientam-se as divergências entre as estatísticas fornecidas pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) e o INE (Instituto Nacional de Estatísticas), 315 mil imigrantes para o SEF em 2001, 233 mil para o INE em igual período.
5º - Por taxas de representação por terra de origem e com autorização de permanência à data de 2001:
Ucrânia-45233
Brasil- 23713
Moldávia- 8984
Roménia-7461
Cabo-Verde- 5488
Rússia- 5022
Angola- 4997
China-3348
Guiné Bissau-3239
Paquistão- 2851
Com autorização de residência:
Cabo Verde- 49930
Brasil- 23541
Angola- 22630
Guiné-Bissau-17580
Reino-Unido-14952
Espanha- 13541
Alemanha- 11143
EUA-8058
França- 7771
S.Tomé e Príncipe - 6230
Estes números serão anteriores à criação do espaço Shengen, pois existem neste segundo caso, nacionalidades que não necessitam de autorização para residir em Portugal, neste momento, pelo menos assim creio. Mostra no entanto as tendências de legalização relativamente a outras nacionalidades e deixa de fora um número considerável de "ilegais". É necessário pensar a imigração e para mim torna-se imprescindível arranjar algo mais recente, visto que desde 2001 inúmeras alterações legislativas foram introduzidas, assim como a imigração deverá ter conhecido novos contornos, com a entrada dos países da Europa do leste na U. E. Os imigrantes eram nesta altura, responsáveis por cerca de 6% do PIB.
Este estudo foi produzido no âmbito do observatório da imigração, repito, por Maria João Valente Rosa, Hugo de Seabra e Tiago Santos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Pensamento do dia

Hoje um amigo, no meio de uma conversa proferiu uma frase que gostaría de partilhar,


... cá vai, para reflectir...




"Uma sociedade terá de ser egoísta para que os seus membros possam ser altruístas " .






O que pensam deste assunto numa existencia globalizada como a da maior parte dos povos do presente , mas também num contexto de globalização economica, com enriquecimentos e empobrecimentos simultaneos?

Renascença

Após dias e dias de negociação aturada, eu e a Sapiens chegámos à conclusão de que o que interessa mesmo é o nosso projecto, independentemente da sua dimensão ou importância exteriormente atribuida, como tal, decidimos continuar juntos nesta tarefa, apelando para isso ao nosso, também existente, sentido de tolerância. Antropo-reflexões parte 2. No fundo um pouco de porradita tem a sua piada:)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Transsexualidade na primeira pessoa

Irá hoje ser emitida na TSF, pelas 19 horas uma reportagem sobre a transsexualidade.

Clicar para ouvir online ou para visualizar as frequências da TSF

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Os meninos "velhinhos"




Mudando um pouco a temática dos últimos, e em certa medida "polémicos" posts, gostaria de partilhar convosco uma história que me foi contada por uma amiga e mãe.
O tema centrar-se-á sobretudo na educação e forma como se desenvolve a percepção da diferença pelas crianças, com base numa história vivida e contada na primeira pessoa.
Ora, essa minha amiga tem uma filha actualmente com quatro anos.
Todos sabemos que as crianças por vezes têm medo de certas coisas, algumas têm medo de insectos, outras de palhaços, outras de pessoas mascaradas no geral mas a filha da minha amiga desde bebé que evidenciava medo de pessoas de alguma forma mais escuras do que ela ou do que os seus pais. Algo que se passava com as pessoas de origem africana em geral mas até com pessoas com cores de pele um pouco mais morenas do que o padrão de cor de pele da sua família. Assim, a própria tia sendo um pouco mais morena, era "cumprimentada" com uma birra sempre que lhe pegava ao colo e continua até aos dias de hoje a ser olhada pela pequena com um certo receio. A mãe, ao aperceber-se do que se passava achou que tinha de lhe explicar que as pessoas mais escuras não lhe faziam mal e que por isso ela não deveria de ter medo e lembra-se de fazer um paralelo explicativo de substituição, uma vez que um bebé não iria compreender os conceitos biológicos da melanina, da causalidade das condições climatéricas e das determinações genéticas...
Assim, lembrou-se expontaneamente de lhe explicar que as pessoas mais escuras eram como os velhinhos... eram apenas pessoas velhinhas, apenas isso e que não teria de ter medo. Acontece que até aos dias de hoje a pequena continua a pensar que as pessoas pretas ou simplesmente mais morenas se encontram nalgum estado de velhice mais avançada do que ela e que os meninos pretos já são velhinhos e que em breve morrerão... sim, porque foi-lhe explicado numa história que em nada tem a ver com este raciocínio das cores e das idades das pessoas que, quando as pessoas ficam muito velhinhas morrem. Na cabeça dela se as pessoas escuras são velhinhas, então em breve vão morrer.
Achei engraçado o facto de , actualmente com quatro anos a menina continuar a acreditar na primeira definição que lhe foi transmitida acerca da cor da pele das pessoas. Agora, e embora a mãe esteja a tentar desmistificar a situação, explicando-lhe já por A + B que há meninos de várias cores e que isso tem a ver com o sol, a pequena não deixa de lado a primeira lição sobre esta diferença e responde...
-- sim, este menino é mais escuro porque apanha sol e... Porque é velhinho!
Com esta história gostaria apenas de colocar em cima da mesa o peso que têm as primeiras impressões e definições conceptuais no cérebro das crianças. Acredito que, as primeiras definições que nos são explicadas para os fenómenos do mundo e para as diferenças e distinções sensoriais para as quais necessitamos imperiosamente de achar uma causalidade explicativa, têm uma importância extrema e determinante na formação dos nossos valores, ideias e impressões. Pessoalmente acredito que , não obstante todas as explicações lógicas que lhe podem ser incutidas a partir de agora, a ideia de que as pessoas mais escuras têm um grau de antiguidade mais elevado ficará gravada no "Hardware da mente" desta criança e que apenas a cuidada elaboração de um "Software mental" de emulação (virtual machine) poderá ajudar a reparar esta configuração de base erradamente "imprinted", mas nunca a eliminando por completo.
De alguma forma a criança explicou para si mesma uma diferença sensorial evidente. Estas explicações da diferença podem claro ser múltiplas e explicarão a "especificidade" da diferença encontrada ao nível dos sentidos. Se esta operação é impossível de evitar, o que poderá variar será o teor da justificação/explicação.
De qualquer forma este exemplo servirá para nos ajudar a reflectirmos sobre as nossas próprias valorizações relativamente ás outras raças, culturas, religiões, sexo, género ou orientações sexuais que são alguns dos grandes alvos da discriminação social, e em que medida estes se devem à cultura, ás tentativas de explicação dos fenómenos por parte dos pais aos seus filhos, das percepções expontaneas das crianças sob a forma como a sociedade que a circunda valoriza essas diferenças, e ás discriminações negativas ou mesmo ás positivas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Qualidade de vida no mundo Urbano



Partindo de um tópico muito interessante postado pelo Rafael no blog Buda verde, cabe-me elogiar a sua pertinência. Primeiro porque como se diz por cá, "só nos lembramos de Santa Bárbara quando faz trovões", o mesmo será dizer que muitas vezes só nos apercebemos do que está mal em situações limite.

Depois porque é essencial que as pessoas comecem a tomar consciência de que em pleno século XXI temos e devemos de reivindicar uma coisa que se chama qualidade de vida.. qualidade de vida não é só chegar ao fim do mês e ver um salário chorudo na conta. É sim, poder acordar de manhã com a garantia de que chegamos sãos e salvos ao trabalho, é podermos olhar para a frente da porta de casa e ver uma paisagem desafogada, ter direito ao sol, a um bom urbanismo, limpeza nas ruas e a respirar ar puro.

Actualmente, herdeiros da construção desenfreada que caracterizou as migrações maciças do campo para as cidades e pela construção desenfreada que aí teve lugar sem qualquer matriz de urbanismo, vemo-nos a braços com uma cada vez maior perda de qualidade de vida. O espaço urbano satura-se de uma forma impar na história moderna e pos-moderna.

Não sei se serão todos como eu, mas pessoalmente fere-me os olhos ver o mundo citadino tão agressivo... e o mais espantoso é vivermos no dito Século XXI onde se edificaram há muito estruturas urbanisticas de base, planos directores municipais, planeamento de áreas verdes etc e ver muito poucas destas regras aplicadas na prática.

Perto de minha casa, numa zona dos arredores de Lisboa, por sorte com prédios de pouca altura (vale-me a sorte de morar perto de um aeródromo, factor que não permite que os prédios se elevem acima dos 4 andares), as moradias crescem como cogumelos e nem a crise imobiliária parece abrandar esta tendência.

Actualmente vemos muros a entalar janelas, terraços que se estendem a telhados alheios , varandas que espreitam para os altos muros das traseiras da garagem do vizinho.. enfim, uma total ausência de espaços entre as habitações uma tão parca privacidade e sensação de espaço que só encontra par nas típicas medinas do mundo árabe.

Actualmente vai-se construindo “á multa”, estruturas aberrantes, algumas delas aprovadas directamente nos gabinetes de arquitectura das próprias câmaras municipais, outras por livre arbítrio dos desejos dos moradores. A câmara confina a sua acção á recolha das devidas coimas e o assunto fica, na maioria dos casos arrumado.



Um outro exemplo de absurdo urbano área metropolitana de Lisboa é precisamente uma das suas mais recentes urbanizações; a chamada"zona expo". Esta, que começou inicialmente por se erguer como espaço de elite, desenhada com esquadria e propagandeando-se como garante de elevados padrões de qualidade de vida decai perante o infindável desejo e procura de espaço para se construir mais e mais... Acontece que, com o passar dos anos, qualquer pessoa que a visite constata que esta se tornou num autentico aglomerado de betão onde as ruas estreitaram e os edifícios se elevam privando do sol ruas e outros edifícios. os estacionamentos são quase inexistentes por há muito terem sido ultrapassados os planos iniciais de loteamento... em resumo, aquilo que começou por ser um polo atractivo, tal como as nossas cidades dentro dos nossos países, vai-se aos poucos tornando numa zona de difícil usufruto.

Por sinal na zona onde moro não existe um único espaço verde que seja publico... ao queixarem-se deste facto os habitantes da minha freguesia receberam a caricata resposta sobre os espaços verdes da freguesia aquele que mais me saltou á vista foi precisamente o reconhecimento da “rotunda da repsol” que por sinal tem uma bonita relva... talvez pense em fazer por lá pic-nicks com a família um dia destes...

Para finalizar... com quem fica a culpa?

A meu ver fica com aqueles que no exercício do seu dever/poder permite a construção desenfreada a troco de uns "pequenos" bónus salariais.

... quanto á qualidade de vida... continuamos a vislumbrá-la nos livros.. e nos parcos exemplos dos países nórdicos... que quase já nem me arrisco a apelidar publicamente de civilizados com receio das represálias do politicamente correcto...