sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Back from Sweden



Aproveitando a boleia da relatividade cultural trazida para o blog pelas viagens do Bela Lughosis, trago também algumas novidades relativamente á minha viagem á Suécia. Contrariamente ao colega rumei a um país concebido internacionalmente como um dos mais desenvolvidos, ricos e civilizados quer da Europa , quer do Mundo e, de facto, na minha experiencia pessoal deparei-me com diferenças gritantes relativamente ao meu próprio país presentes nas práticas diárias dos seus habitantes.

O Ethos do povo Suéco, é, pelo menos á primeira vista, de uma responsabilidade civica e individual impar. Na Suécia quase todos andam de bicicleta, actividade que é facilitada pela planitude geográfica, no entanto, a maioria dos seus habitantes não necessita ainda de colocar cadeados nas mesmas, embora também me tenham dito que esta prática tinha vindo a aumentar... Sinais dos tempos... as suas casas, construidas maioritáriamente por madeira ainda não conhecem grades nas janelas e muitas delas nem tão pouco possuem portões ou muros. O respeito pelos espaços privados é um dado adquirido na cultura nativa.

Relativamente aos transportes, aos quais tive de recorrer frequentemente para me deslocar, notei duas diferenças fundamentais relativamente aos do meu país, a primeira é que a densidade populacional dentro dos mesmos é baixissima, o que claro, faz aumentar exponencialmente os custos, mas que por outro lado permite uma conservação e actualização dos mesmos que se afasta em todos os pontos e mais alguns dos "chaços" da carris. O outro aspecto a destacar é a velocidade a que os motoristas conduzem os ditos cujos. Pressuponho que isto se deva a duas questões, uma delas é ao transito. Na suécia, pelo menos nas cidades onde estive quase não se deslocam carros, a densidade do trafego é realmente baixa, não se ouvem buzinas, consegue respirar-se ar puro e caso se seja um desses poucos condutores, os nossos niveis de stress serão infinitamente mais baixos do que os de um condutor lisboeta. Este factor será muito provavelmente um dos motivos pelo qual os motoristas dos autocarros podem cumprir os limites de velocidade e garantir a segurança dos passageiros. O outro motivo será com toda a certeza o planeamento dos horários que garante tempo suficiente para se chegar ao destino sem ter de se bater os 80 ou 100 km horários como já tenho experenciado por cá.

De forma geral os dias correm calmos, não se vêm pressas porque aparentemente se cumprem horários e se planeiam tarefas. A pressa parece de facto ser um factor contagioso bem como os atrasos que geram novos atrsos e que acabam por estar presentes em muitos elementos da vida dos portugueses fazendo uma efectiva parte da sua cultura.





Um outro aspecto de realçar, é que, para além da baixa densidade populacional que nos deixa espaço para respirar a estética e a manutenção das estruturas e infra estruturas parece ser uma espécie de hobbie e motivo de orgulho para o povo suéco. Tudo, ou quase tudo, na suécia está em optimas condições de conservação... regra geral os edificios parecem acabados de construir, não se vêm estruturas abandonadas ou em estado de decomposição, os jardins estão escrupulosamente tratados e floridos e o lixo no chão é uma verdadeira quimera. A suécia é um país de pormenores... a todo o momento me vinha á cabeça quem teria sido a pessoa que foi paga para tratar de tão minucioso elemento decorativo ou utilitário... Por cá , contrariamente , parece reinar a lógica do desenrasca e do temporário que se torna efectivo e dos horrores urbanos e estéticos que não "nos" parecem ferir os olhos...

obviamente a suécia é um país rico, capaz de cuidar de sí. A suécia é uma metáfora de uma casa nobre , até certo ponto famíliar e sem criados de servir sem estatuto.

Neste país , reparei que o trabalho que cá consideramos "baixo", "sujo", "sem nivel" e "desprestigiante"... em tres palavras "trabalho de imigrante" como a construção civil ou o trabalho de limpeza é desempenhado por nativos suécos que aparentemente não parecem sentir e representatr estas categorias de trabalho manual "indigno" como o sentimos em geral por cá. Esta dignificação é feita pelos próprios. O trabalho que fazem é complecto e investido de um sentido de orgulho na obra acabada. Os trabalhadores que esburacaram o chão para colocarem novos azuleijos num edificio onde me encontrei por algumas horas, não só esburacaram e colocaram os novos azuleijos como aspiraram e limparam atenciosamente todo o espaço do trabalho apos o terem finalizado... provavelmente cá chamar-se-ia uma senhora das limpezas que alguns dias depois passaria por lá para acabar o trabalho... por outro lado, enquanto os trabalhadores realizavam as suas tarefas, utilizaram todo o material do qual cá ainda muitos se riem e consideram no vernáculo "paneleirices" como capacete , protecções auditivas ou coletes de sinalização. Acredito firmemente que elementos como estes possam ajudar a dar alguma qualidade de vida aos próprios trabalhadores bem como a correspondente dignidade , reconhecimento e respeito pela sua obra. por cá, continua a trabalhar-se na insegurança embora sim, se vão vendo melhorias pontuais á medida que vão passando os anos.

Para além da discriminação no trabalho, como acabei de referir face ao "imigrante trabalhador do obral", nota-se também uma muito menor discriminação quer de género, quer de idade nos trabalhos desempenhados na suécia. De facto, já o havia lido e todos sabemos em geral que assim é. Acabei também por ver muitas mulheres em trabalhos considerados tipicamente masculinos como a condução de taxis ou autocarros bem como outros trabalhos de assistencia em aéroportos. O mesmo se passou com a idade, encontrando-se bastantes pessoas na casa dos 50's no antendimento ao publico para o qual cá se seleccionam preferencialmente caras joviais.

Bem, parece que até agora só falei das coisas boas... no próximo post falarei das más :) sim sim, também existem hihi



quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Curiosidades

Esperando que o termo curiosidades não constitua motivo de iletracia da minha parte, como parece ter sido o caso apontado por um anónimo, num comentário ao post curiosidades linguísticas da Sapiens, chamarei de curiosidade ao facto de no Brasil as farmácias se revelarem muito mais amplas, no que concerne às atribuições e competências legalmente instituidas para venda de produtos, do que em Portugal. Ainda em Lisboa, enquanto me comunicava com uma amiga de nacionalidade brasileira, não raras vezes estranhei o facto de me dizer que tinha que se ausentar para ir à farmácia carregar o "celular". Confesso que nessas alturas dava comigo a pensar se aquela pessoa estaria realmente bem. Ao chegar ao Brasil deparei com farmácias que para além de medicamentos, vendem desodorizantes, arroz, feijão, pastilhas, efectuam carregamentos de telemóveis e até gelados lá podem ser encontrados. Achei curioso...mas talvez não seja. Outra curiosidade, mas que talvez não seja, é o facto de paralelamente com os serviços públicos de transporte, existirem particulares que adquirem uma licença para o transporte de passageiros, em carrinhas de mais ou menos 9 lugares que deixam de ser contabilizados quando ficam lotadas, não tendo nada a ver com taxis, pois esses existem com sinais marcadamente distintivos. O curioso é que mesmo nesses veículos, as pessoas podem ir de pé, esmagando os "pesitos" dos que vão sentados. Será caso para perguntar se valerá a pena ir sentado:) Experimentei ontem, mas infelizmente fui sentado lol. O sector de transportes rodoviários é complementado pelos "motoboys", ou seja apanhamos uma moto para nos deslocarmos, sendo o seu preço mais reduzido que o dos taxis. Ok...as motos não se apanham..dá a ideia que vêm no ar e o pessoal está todo à cata para agarrar uma ou então que o pessoal anda tipo galgos a correr desenfreadamente numa pista oval perseguindo motos. lol

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

contrastes



Há uns dias atrás, um brasileiro (bahiano), com um capital intelectual e financeiro bem acima da média nesta região, referiu-se à especificidade da bahia como sendo fruto de uma miscigenação centenária, entre a escória dos portugueses que eram indesejados no seu próprio território, índios preguiçosos e escravos negros. Uma coisa me parece clara, o Brasil é bastante heterogéneo e alguns dos seus estados realçam esses reflexos de diferenciação, evidenciados a um nível macro no contraste que se observa entre norte e sul, entre litoral e interior.


No fundo, nas palavras deste amigo brasileiro estavam presentes as teorias de Gilberto Freyre ou Chico Buarque de Holanda, mas julgo que a realidade é bem mais complexa e que em pleno século XXI traduzem diferentes oportunidades de acesso aos "bens" não materiais que permitem no futuro uma maior igualdade na distribuição da riqueza material.


Parece-me que nos últimos anos o Brasil encetou um trajecto de ascensão económica com a estabilização da inflação e com a criação do real que se estabeleceu com um carácter de moeda não provisória (ao contrário do cruzado), servindo de alguma forma de estímulo ao investimento estrangeiro. As multinacionais estabelecem-se no seu território, no entanto é sabido que elas apenas aqui se irão manter, enquanto a mão de obra for barata e exploratoriamente apetecível, sendo no futuro o mais provável a sua deslocalização.


PS: os dentistas aqui valem mesmo a pena!!

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O estado do mundo em Cartoon

www.coxandforkum.com























Mais um exemplo de relatividade valorativa





" A violência constitui um grave problema social que só muito recentemente começou a ser
encarado como tal, passando a assumir algum relevo a concepcão criminológica e vitimológica
dos comportamentos violentos e abusivos.

Etimologicamente, a palavra violência deriva do latim vis, que significa força. Neste sentido, a
violência será uma forma particular de força, destinada a exercer uma coacção.
Assim, de acordo com a concepção criminológica (...) podemos definir violência como um comportamento (acto ou propósito agressivo) activo, espontâneo ou voluntário, directo ou indirecto, que surge num contexto de interacção ou relacção entre duas (ou mais) partes envolvidas, em situação de desigualdade de poder, e que se caracteriza pelo uso da força, coacção ou intimidação, de carácter individual ou colectivo, exercida pelo homem sobre o homem, comportando vários graus de gravidade e atingindo-o nas suas necessidades, na sua integridade física, na sua integridade moral, nos seus bens e(ou) nas suas participações simbólicas e culturais, causando prejuízo, dano e sofrimento;

Assenta em níveis diversos como a fé, a liberdade ou a integridade física, constituindo um ataque ao exercício de um direito reconhecido como fundamental ou a uma concepção do desenvolvimento humano possível num dado momento, ou seja, comporta sempre uma violação; esta violência apenas tem como objectivo final a destruição ou a vingança.



Os problemas da violência, designadamente da violeência voluntária, estão, ainda, ligados a representacões sociais que os codificam positiva ou negativamente, segundo o tipo admitido ou
recusado pelas categorias em presença. A violência dos grupos sociais oprimidos, por exemplo,
que se revoltam contra as diversas injustiças de que são objecto, será menos facilmente admitida e legitimada, uma vez que é considerada como desordem. Em contrapartida, a violência exercida pelo poder para reprimir actos de vandalismo será entendida como legítima e necessária, porque repõe a ordem das coisas. Num caso, a violência é uma expressão de desordem, no outro, a expressão de uma ordem social."

In Introdução á Medicina Legal

sábado, 18 de agosto de 2007

assimetrias

Comprei ontem, aqui no Brasil (perto de Salvador) um pacote de leite por 2, 25 reais, enquanto que o frango estava a 3,35 reais o kg. Nesse mesmo dia compravam-se e vendiam-se euros a uma taxa de câmbio de 2, 70 reais. O salário mínimo é de 360 reais, cerce de 150 euros. A questão da pobreza (que é sem dúvida um conceito relativo), não se resolve em Portugal, apenas com políticas de subsídios para encher a boca dos "meninos" com doces e o corpo com roupas de marca, enquanto que o sistema de saúde apresenta lacunas evidentes e lesivas dos direitos de todos (por exemplo). Isto do politicamente correcto tem muito que se lhe diga. Cabe a cada um de nós exigir de si próprio a melhoria necessária, assente numa cultura de aperfeiçoamento de capacitações e valores, sem esquecer nunca a solidariedade, mas uma solidariedade que não seja otária, injusta e populista.

Muro das lamentações

Portugal é um pequeno casal ventoso, onde todos se lamentam e desesperam pelo caldo. Os "pobres" querem mais rendimento mínimo de inserção, enquanto fazem mais filhos. A classe média desespera pelos impostos que paga, descurando o principio económico da utilidade decrescente, ao mesmo tempo que juntamente com os "pobres" passa os fins de semana em centros comerciais, procurando alcançar as marcas de obesidade do tio Sam. Os "ricos" queixam-se da carga tributária que os impede de investir em prol do desenvolviemento nacional. Xiiiiiiii tanta hipocrisia...a culpa é do estado, dizem...mas o estado somos nós, né?? Falta-nos uma cultura de exigência e de aperfeiçoamento, que não se consegue olhando para os países mais desenvolvidos, invejando apenas os seus bens materiais e rendimento per capita. Afinal o que queremos ser?? Podemos perfeitamente ser melhores portugueses, ao invés de péssimas cópias contrafeitas de Alemães, Franceses, Ingleses ou americanos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Relativismo e relatividade

Cheguei ontem ao Brasil, a Salvador da Bahia mais especificamente. Observo e ouço. Lembro-me do auto-comiseração de alguns portugueses, para quem está tudo mal. Verifico que aqui obter um salário minímo de 370 reais (cerca de 150 euros) não é sequer um direito para todos. Lembro-me de Portugal e dos bairros sociais, dos carros estacionados à porta e das camisas desportivas de marca. Lembro-me que também dizem que está tudo mal. Que tal substituir-se à auto-comiseração, a auto-crítica? Lembro-me dos que falam de insegurança nas ruas...e penso...afinal acreditam mesmo no céu, para crer que aí se vive no inferno. Não conhecem a terra, mas são conhecedores do céu. Conhecem todos os santos, mas não conhecem o Homem e muito menos o vizinho. A tradição é realmente um conforto para alguns. Relativismo, consciência auto-crítica e reflexiva.
Gosto disto.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Direitos de género





Passo por aqui para contar o meu ultimo reparo sobre a sociedade.

Ontem dava um passeio com fim de compras por um shopping , um dos maiores dos arredores da grande Lisboa, quando necessitei de ir ao WC. Entro no correspondente feminino, e , mesmo á entrada , onde se localizam as pranchas para se deitarem os bebés quando é necessário mudarem-se-lhe as fraldas estava um homem, acompanhado de uma senhora da manutenção a mudar a fralda ao bebé com não mais de um mes de vida.


Ocorre-me pura e simplesente, perante semelhante observação, perguntar o que vai na cabeça de quem aprova projectos desta envergadura sem respeitar o principio da igualdade defendido pela constituição.


Ao que parece na nossa sociedade as pessoas do sexo masculino têm de entrar nos lavabos femininos para mudarem as fraldas aos seus filhos. Os homens continuam no imaginário social, na lei e também nas pequenas práticas do dia a dia a ter um menor direito á sua prole do que as mulheres.


Neste caso concreto, os motivos que obrigam ao acto referido podem ser de várias ordens:


-- Será uma questão de economia? colocar uma prancha semelhante nos lavabos masculinos poderia encarecer a obra... talvez. então porque não coloca-la num espaço comum?

-- ou será que algumas "masculinidades" mais mal resolvidas ficariam ofendidas por tamanha invasão do "mundo feminino" no seu?!

-- ou finalmente estaremos a viver no século XXI com a mentalidade e as práticas informais do final do seculo XIX?


Humm.. dá que pensar

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Homo Habilis e Homo Erectus viveram lado-a-lado - TSF

Os dois novos fósseis que vieram inesperadamente redesenhar a árvore da evolução humana foram descobertos em 2000 na margem Leste do lago Turkana, no Quénia, por uma equipa científica internacional conduzida por Fred Spoor, do University College de Londres.

Tratam-se, por um lado, dos fragmentos mais recentes jamais encontrados de um maxilar superior de um Homo Habilis, datados de 1,44 milhões de anos, e, por outro lado, de um crâneo de um Homo Erectus notavelmente bem conservado e paradoxalmente mais antigo, com 1,55 milhões de anos.
Segundo os investigadores, esta descoberta contraria as teorias actuais e prova que as duas espécies de hominídeos não se sucederam na escala da evolução, mas conviveram lado-a-lado durante muito tempo, provavelmente um milhão de anos, na bacia do Turkana.
Actualmente, considera-se que o Homo Habilis, assim denominado em 1964 porque utilizava utensílios de pedra rudimentares, é uma espécie do género Homo cuja aparição é situada geralmente há aproximadamente 2,5 milhões de anos.

Há cerca de 1,8 milhões de anos estes «inventores de utensílios» teriam dado lugar ao seu descendente, o Homo Erectus, descrito como um estádio da evolução da espécie humana desde 1891 a partir de fósseis encontrados na Ásia com cerca de 800.000 anos.

Durante o século XX, foram desenterrados em África fósseis muito mais antigos desta espécie, considerada a que iniciou a conquista progressiva do planeta. No entanto, face aos novos ossos encontrados na localidade de Ileret, Quénia, impõe-se, segundo os investigadores, uma nova redacção do primeiro capítulo da história humana.

Para os autores da descoberta, a prova obtida sobre a coexistência entre o Homo Erectus e Homo Habilis torna doravante «pouco provável» que o primeiro tenha evoluído a partir do segundo.

Os investigadores acreditam que as duas espécies devem ter começado a desenvolver-se a partir de um antepassado comum que poderá ter existido há dois ou três milhões de anos, período pobre em fósseis imputáveis ao tipo Homo.

Os dois hominídeos permaneceram sempre espécies separadas, o que, segundo os investigadores, significa que ocuparam cada um o seu próprio nicho ecológico, o que evitou uma concorrência directa entre si.

Os dentes e os maxilares menos potentes do Homo Erectus correspondem a um regime alimentar que inclui mais carne, gorduras animais e outros alimentos mais tenros, contrariamente ao Homo Habilis, adaptado a uma alimentação mais dura, de origem vegetal (por exemplo, nozes ou tubérculos).

Hoje, os gorilas e os chimpanzés actuais compartilham em certas regiões da África os mesmos habitats sem entrar em conflito: embora ambos apreciem frutos maduros, os gorilas passam mais tempo a esmagar vegetação dura, como os rebentos de bambú, enquanto que os chimpanzés partem à procura de outros alimentos, incluindo a carne de pequenos mamíferos.

Desta forma, concluem os autores do estudo, também os primeiros hominídeos poderiam ser vizinhos sem misturarem as famílias.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Testes de associação implicita, vulgo preconceito

" Como é sabido, as pessoas nem sempre “dizem o que pensam”, e também se suspeita que nem sempre “sabem o que pensam”. Compreender tais divergências é importante para a psicologia científica.

Este sítio da internet apresenta um método que demonstra as divergências conscientes-inconscientes de modo muito mais convincente do que foi possível com outros métodos. Este é um método novo chamado Teste da Associação Implícita, ou TAI.
Além disso, este sítio contém várias informações relacionadas."

Testes disponiveis:


TAI do Peso

Peso (TAI Gordo - Magro). Este TAI requer a capacidade de distinguir rostos de pessoas que são obesas e pessoas que são magras. Revela muitas vezes uma preferência automática por pessoas magras em relação a pessoas gordas.

TAI da Idade

Este teste normalmente indica que as pessoas têm preferência automática por jovens em relação a idosos.

TAI dos Países

Países (TAI Portugal-Estados Unidos). Este TAI requer a capacidade de reconhecer fotografias de líderes nacionais e de outros ícones nacionais. Os resultados revelados por este teste fornece um novo método da avaliação do nacionalismo.

TAI da Raça

Raça (TAI Negro-Branco). Este TAI requer a capacidade de distinguir rostos com origens europeias e africanas. Indica que a maior parte das pessoas têm uma preferência automática pelos brancos em relação aos negros.

TAI do Género
Género (TAI Género-Ciência). Este TAI normalmente revela uma ligação entre letras e mulheres e entre ciências e homens.



https://implicit.harvard.edu/implicit/portugal/

Pensamento do Dia






Por vezes acontece confundir-se o Antropólogo com uma espécie de missionário e auxiliar dos "fracos" e "oprimidos".


Segundo entendo, Cabe ao antropologo entender a natureza e os comportamentos humanos mais do que acreditar pura e simplesmente na sua "intrinseca" bondade.


Ser antropólogo não é, embora nem sempre o pareça , ser um romantico Rousseauniano .

Ser antropologo é mais do que isso e implica que tal como nos distanciamos da nossa cultura para compreender a do outro, que consigamos também distanciar-nos da simples ideologia e da crença e ou preconceito, seja ele positivo ou negativo.


Por vezes e, não me refiro apenas aos antropólogos, mas a todos os cidadãos, fica-nos "mal" os discursos políticamente menos correctos.


Perante isto a escolha é simples: ou aderimos ao politicamente correcto e aceitavel e mantemos a ordem establecida , ou atrevemo-nos a desafia-la e a vasculhar os recantos da realidade.


Na minha humilde opinião , não só esta ultima alternativa é a que nos garante lugar no espectro das ciencias humanas, como só assim atingiremos algum conhecimento válido e contributivo para o bem social.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A Incessante Burocratização do acesso ao Emprego

Reflectindo sobre a situação de emprego/ desemprego em Portugal deparamo-nos com subtilezas realmente preocupantes.

O desemprego em termos gerais é gritante mas pior do que isso é o incontornavel aumento da burocratização nos acessos ao emprego que tornam a aquisição de um lugar no mundo do trabalho numa autentica odisseia de sucessivas derrotas.

Obviamente que o mundo evoluio, e que as exigencias de hoje não podem ser as mesmas do passado, e quando me refiro ao passado não estou a remeter-me a um tempo longo, mas há simplesmente uma geração atras. Na geração dos nossos pais pouco mais de uma decada de estudo servia para aceder facilmente ao emprego publico de estatuto médio e o nono ano já dava direito a emprego de secretária na polícia de segurança publica. Só para os cargos políticos ou gestão de topo eram requeridos estudos seuperiores.

Os concursos publicos eram também muito mais acessiveis... ( ou quem sabe, e relativizando um pouco as coisas igualmente dificeis tendo em conta o nivel escolar dos candidatos)

Mas para o geral dos empregos as qualificações eram na sua maioria adquiridas no local de trabalho, aprendidas em contexto real. só assim podemos conceber a existencia de licenciados e mestrados a par de antigos trabalhadores com não mais do nono ano em muitos empregos publicos.

Contráriamente , nos dias que correm não só é necessário que as pessoas passem mais anos a estudar sob a pressão de uma derrota a nivel laboral apos a conclusão dos estudos, como quando terminam os referidos lhes são sempre exigidas mais e mais competencias.

Pior do que isto, estas deverão ser pré-adquiridas, ou seja, as empresas demitem-se cada vez mais da função de fornecer formação aos seus empregados o que remete os individuos para a rotina da frequencia de cursos de formação uns atras dos outros ... porque, quando finalmente acabam a formação requerida para acederem a um determinado emprego, muitas vezes os lugares já estão ocupados e esta não lhes garantirá emprego em muitos outros lugares.

Resta-lhes então abraçar um dos muitos empregos mal remunerados que enchem as listas do centro de emprego e das agencias de emprego temporário ou submeterem-se a mais um curso de formação como quem comopra em boa fé o bilhete da lotaria instantanea...

Mais uma vez, como não posso deixar de refereir sempre que toco neste tema, já dizia Gabriel o pensador...

Essa é a dança do desempregado, quem ainda não dançou está na hora de aprender, a nova dança do desempregado , amanhã o dançarino pode ser você.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Duvidas Existenciais

Tenho duas duvidas existenciais para fechar o meu dia de hoje:

1) Porque tenho de pagar 83€ de multa para me inscrever numa cadeira fora de tempo. O valor em causa não anda muito longe dos 120 de uma multa de transito. Terei cometido algum Crime?

2) Porque demoram os diplomas de fim de curso cerca de 4 anos a serem emitidos?
Estarão a base de dados das nossas notas situadas numa galáxia distante?

Bah, maldita velocidade da luz...

Paródia imperdivel : Igreja Natural

sábado, 4 de agosto de 2007

Pormenores genéticos

O nosso património genético possui particularidades que herdamos dos nossos antepassados. Normalmente tendemos a reparar em determinadas caracteristicas como os olhos ou o nariz mas nem sempre nos apercebemos de outras. De certo que todos somos diferentes , mas existem algumas caracteristicas que marcam diferenças insignificantes mas curiosas pois derivam de termos no nosso codigo genético genes mais antigos na espécie ou mais recentemente desenvolvidos, outros são mais dominantes na espécie enquanto outros mais raros por serem recessivos. A lógica genética é simples de compreender: As caracteristicas manifestas no nosso corpo são determinadas não por genes simples mas por pares de genes, um herdado do pai, o outro herdado da mãe. Tal como podemos ver na seguinte imagem, se concebermos as pequenas esferas cinzentas como genes dominantes e as brancas como génes recessivos os genes brancos apenas serao manifestaos caso exista o par de genes de cor branca, caso contrário , como os genes dominantes são sempre manifestos quer existam sozinhos a par de um outro recessivo quer existam dois dominantes.



1a fila = Genes herdados da mae (ou pai)
2a fila = Genes herdados do pai (ou da mãe)
3a fila = Genes manifestos no filho

*Esta é uma versão simplificada pois existem características que são poligenéticamente determinadas, ou seja, implicam mais do que um par de génes para a sua definição.


Eis algumas delas:


1 - Capacidade para enrolar a língua

A capacidade para enrolar a lingua sobre si mesma é uma característica Dominante
Quem o consegue fazer tem como combinação genética para esta caractgeristica uma das duas hipoteses:



RR
ou
Rr


Pessoas que não conseguem enrolar a lingua possuem uma configuração genética recessiva para esta característica apenas podem ter a seguinte configuração



rr


2 - Lóbulo da Orelha

Algumas pessoas possuem o lóbulo da orelha separado da cara

Como esta é uma característica dominante duas configurações genéticas são possiveis para esta caracteristica ser manifesta:




RR ou Rr

outras pessoas têm-no pegado á parte lateral da cara.



Como esta é uma característica recessiva é natural que existam menos pessoas com a mesma isto acontece porqeu para que ela se manifeste é necessário que possuamos a configuração genética rr para este traço anatómico
.



3 - Dedo de Hitchhiker


Algumas pessoas conseguem dobrar o dedo polegar para tras. estas pessoas detêm uma característica recessiva possuindo por isso a combinação rr no seu codigo genético para esta característica.



A maioria das pessoas têm o dedo direito possuindo uma das duas combinações : RR ou Rh





4 - Covas na cara


Algumas pessoas apresentam covas na cara quando sorriem. Esta é uma caracteristica dominante (RR ou Rr)


as que não as apresentam detêm esta configuração recessiva (rr)





4 - "Widow's Peak"

Algumas pessoas possuem uma pequena extensão da zona capilar na linha do cabelo
esta é uma característica dominante (RR ou Rr)





Outras pessoas apresentam uma linha direita na marcação do couro cabeludo (rr)






Outras características


Recessivas


Dominantes

"pé chato"


Arco curvo do pé

Cabelo claro


Cabelo escuro

2º Dedo maior ou igual ao dedo grande do pé


Dedo grande do pé maior do qeu o segundo dedo

Rh-

Rh+

Três tendões no pulso


Dois tendões no pulso

Formato da cara quadrado


Formato de cara oval

Olhos redondos e pequenos


Olhos amendoados e grandes

Pestanas curtas


Pestanas longas

sobrancelhas unidas


sobrancelhas separadas

Cova no queixo


Ausencia de cova no queixo

Cabelo liso


Cabelho encaracolado

obrencelhas quase invisiveis


Sobrancelhas marcadas

Ausencia de pilosidade na falange média do dedo


Pilosidade na falange média do dedo

Ausencia de Sardas


Sardas



* (provavelmente poligénico)



Curiosidade Linguistica



Hoje, numa conversa com um amigo calhei a dizer a palavra "imprimido" ao que ele logo me repreendeu -- não é imprimido, é impresso.

-- E digo eu com toda a convicção: ah é?! então vou ver á 'net.

Responde-me ele : -- Bah isso é tudo "brazuca", eles são mais de 100 milhões a escrever tudo mal nas páginas da net e nós somos uns mizeros 10 milhões... Aposto que vais lá encontrar imprimido de certeza...

-- Pronto, vou ao dicionário - disse:

E de facto após a consulta conclui que sim, no dicionário consta a palavra imprimdo e não impresso...
Imprimido é de facto o participio passado do verbo imprimir, mas, mais duas ou três voltas e concluí que impresso também era uma palavra Válida á qual também se acedia no dicionário por outras vias...

Mas porque raio andamos sempre a ter duvidas nesta palavra??? Pensei.

Como não tinha mais nada para fazer dei-me ao trabalho de reflectir comparativamente e concluí que quando desconhecemos uma palavra a chegamos até ela através da construção de paralelos com outras palavras e tempos verbais ( neste caso) que conhecemos. (Já professava ferdinand de Saussure acerca do Sistema da lingua)

Desta forma as palavras Imprimido / Impresso parecem fazer-nos confusão por dois motivos:

1 ) impresso é uma palavra que de facto conhecemos, mas é um substantivo e não um verbo. (de qualquer das formas é, no nosso cérebro tida como uma palavra válida que pode ser invocada)

2) fazemos paralelos que se revelam por vezes problemáticos e contraditórios:

A palavra imprimido , provém do infinitivo Imprimir, logo, a primeira tendencia é fazermos a correspondencia desse infinitivo com outros verbos que conhecemos que tenham a mesma terminação e atribuir-mos a conjugação do final desse mesmo verbo no tempo que pretendemos ao verbo que queremos saber conjugar: desta forma esta questão poderia ser resolvida com o seguinte Silogismo:

Imprimir é parecido com Caír:
Se caír no participio passado termina em ido (caído)
Então imprimir no participio passado terminará em "ido" e conjugar-se-á "Imprimido".

Isto acontece no entanto porque calhamos a escolher a palavra caír. Se a palavra que primeiro nos tivesse vindo á mente fosse Exprimir a deliberação seria diferente:

Imprimir é parecido com Exprimir:
Se exprimir no particípio passado termina em esso (expresso)
Então imprimir no paticipio passado terminará em "esso" e conjugar-se-á "Impresso"

Para além destes exercícios mentais existem regras gramaticais de conjugação que nos escapam por naõ serem tão intuitivas.

Vejam a explicação abaixo e com certeza já não podem dizer que não aprenderam nada hoje;)


" Apesar de desconhecida por grande parte dos falantes, existe uma regra que estipula que:

os particípios irregulares (ex.: impresso, morto, pago, salvo) devem ser utilizados com os verbos ser e estar (exs.: o documento foi impresso e ele foi morto)

e os regulares (geralmente terminados em -ado ou -ido) com os verbos ter e haver (exs.: ela tinha imprimido o documento e ele disse que tinha matado o coelho).

Citando Lindley Cintra e Celso Cunha, "de regra, a forma regular emprega-se na constituição dos tempos compostos da VOZ ACTIVA, isto é, acompanhada dos auxiliares ter ou haver; a irregular usa-se, de preferência, na formação dos tempos da VOZ PASSIVA, ou seja acompanhada do auxiliar ser." "

Mais info

Pensamento do dia

Que bom que sou uma pessoa "livre" numa sociedade "livre"
Posso fazer o que me apetecer quando me apetecer
posso libertar as minhas vontades e o meu poder criativo....

Pena é que nenhumas ou poucas vezes consiga que me paguem por isso...