sexta-feira, 29 de junho de 2007
quinta-feira, 28 de junho de 2007
O religioso
This gendered inversion is usually tied to other instances of inversion, such as man dressing up in female clothes during carnival, the male homosexual component in the afro – brazilian religion candomblé, and the androgynous personae of several of brazil`s most famous singers and songwriters(Kulick1998:9).
Era recorrente verificar a existência de telefonemas para o Brasil, com o intuito de resolver imbróglios amorosos ou questões relacionadas com mau axé* na actividade.
flexi-segurança
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Esqueci-me
Género
Le fait que les bichas soient pour la plupart contre une opération génitale et expriment un dégoût aigu pour les vagins, montre que malgré leur désir à devenir “comme une femme, elles ne rejettent pás entièrement leur masculinité (loise2006:19).
(…) não, de forma alguma, é uma coisa que nunca me passou pela cabeça, foi eu ser mulher, porque eu acho, que por mais que se tente, por mais que se faça, até mesmo se eu fizesse uma cirurgia, e retirasse o pénis e fizesse aquela coisa toda… que tem muitas que fazem, ainda assim, eu não seria mulher, porque eu acho que mulher, a palavra mulher (…) só tem um significado, poder gerar uma vida, entende, poder ter… é o dom, de você poder carregar uma vida, e é uma coisa que por mais …(Entrevista a Paula:10).
Not only do sex change operations not produce women, and not only do they rob one of all possibility of experiencing sexual pleasure, travesties believe, but they also result in insanity (Kulick1998:86).
Marcos Benedetti, além de reforçar que as travestis possuem um gênero próprio, já que elas querem se sentir mulher, mas não ser mulher, defende que elas ocupam um espaço peculiar - da ambiguidade (Tussi2006).
As transsexuais são em número muito escasso em Portugal, pelo que me foi dado a conhecer, tão escasso, que por exemplo uma mulher em casa de Armando, se apresentava no anúncio como uma travesti operada, ou seja transsexual, isto para se tornar apelativa pela raridade da sua oferta. Adriana e as colegas que conheci eram e são travestis, le pénis est l`élement central de leur travail (idem:19) sendo necessário para a ejaculação, permitindo a libertação do sémen, que de outra forma ficará retido no corpo até chegar ao cérebro (Kulick1998:86, Lidz & Lidz1989).Existe esta ideia subliminar de que o sémen precisa sair e que tal não acontecerá, se, se proceder à amputação.
Na convivência nos tornamos mais sensíveis a outras pessoas, a situações de outras pessoas, ou seja, isso nos torna com certeza mais femininas, do que no caso, o homem em si, entende? Mas há também os momentos em que a masculinidade aflora, como às vezes, há necessidade sexual, entende? No caso há também, se precisarmos utilizar a força masculina, entende? São situações que contradizem tudo…(Entrevista a Paula:34).
As travestis, além dessas intervenções e da apreensão de uma série de técnicas corporais que as distancia dos padrões masculinos, buscam agir, em muitos momentos, segundo prescrições de comportamentos instituídos como femininos, sem esquecerem em contextos específicos, que dentro delas “mora um rapaz”, expressão habitual no meio (Pelúcio2006:525).
A partir dessa visão, esperam que os homens de verdade sejam másculos, activos, empreendedores, penetradores (Pelúcio2006:526), a man is someone who will always assume the penetrative role (Kulick1998:124). Tal é também constatado no caso do trabalho de Loise, a questão da masculinidade ou falta dela, por parte do cliente, remete para o ser activo ou passivo na relação (Kulic1998:165, Loise2006:20).
Il montre qu`au – dela de l`influence dês facteurs historiques et culturels dans la construction de la sexualité, le genne n`est pás une entité fixe, mais se faconne continuellement en function du contextee dans lequel il évolue. Dans le cadre de leur travail, les bichas sont amenées à renégocier une identité sexuelle en accord avec les attentes des clients (Loise2006:67).
(…) mentalmente, psicologicamente, porque a coisa é assim, nós estamos no…no…no…como eu posso te dizer? No limiar, no limite, entre um e outro, porque é assim, eu, no caso, eu já me considero mais para a parte feminina, do que para a parte masculina (Entrevista a Adriana:34).
(…) está claro quem é a mulher e quem é o homem, uma vez que dentro do sistema simbólico próprio dos travestis, as relações com o mesmo sexo só podem ser entendidas/experimentadas se masculino e feminino estão presentes em um casal. Assim o género transgride o sexo, impondo-se como construção/adequação ao que seria natural e por isso visto como correcto (Pelúcio2006:524).
(…) eu estou dentro da minha casa, faço o que tenho que fazer dentro da minha casa, bem…o que eu faço? Eu vendo o meu corpo…trabalho com isso, dá dinheiro e eu gosto, quer dizer…uni o útil ao agradável (…) (Entrevista a Adriana:18).
Travesti prostitution is thus not only a source of income but also, as Erica emphasizes, a source of pleasurable and reaffirming experiencies (Kulick1998:136).
terça-feira, 26 de junho de 2007
Ideias
Os indivíduos observados, quer na minha pesquisa, quer noutras que vão estando presentes ao longo do texto, apresentam uma dinâmica de grande mobilidade geográfica, que é acompanhada por remessas pecuniárias periodicamente enviadas para o país de origem. Aliás, parece dar-se o caso da sua identidade de género ser familiarmente aceite, a partir do momento em que ela se revela uma fonte de rendimento suplementar para a família:
Money is thus a central reason why travestis prostitute themselves. They need to earn more money partly to be able to eat and pay their rent, but also to maintain affective relationships with their boyfriends and family (Kulick1998:182).
Por outro lado;
Grosso modo, travestis são indivíduos biologicamente masculinos que, através da utilização de um complexo sistema de” techniques du corps” (Mauss1996), moldam seus corpos com características ideologicamente ligadas ao feminino (Pelúcio2005:1).
Esta identidade de género é mais volátil e ambígua ou se preferirmos estratégica, que a identidade de sexo, o que faz com que eu sustente um raciocínio ligeiramente diferente do que se verifica com as minhas informantes, estas afirmam que não se trata de uma opção, que é algo que está nelas, que nasce com elas. Pois bem, esta ambiguidade na construção de discursos de género, relativamente à mulher, ao cliente, ao “marido”, faz-me crer que existe aqui muito de cultural, por outras palavras uma intima conexão entre natureza e cultura, um aprender ou reaprender de um outro ethos de grupo, o feminino, que consoante as situações se evidencia ou se vai dissipando em maior ou menor grau. A não coincidência exacta entre sexo e género, não se verifica apenas nos travestis;
Nos Inuit, mais conhecidos pelo nome de esquimós (…) a criança que vem ao mundo tem um sexo aparente, mas o sexo não é necessariamente considerado o seu sexo real, com efeito, o sexo real é fornecido pela identidade pela alma-nome, isto é, o sexo do antepassado cuja alma-nome penetrou tal mulher, se instalou na matriz para nascer de novo (Hérritier1996: 191).
Tal demonstra que a partir da questão da observação e classificação das diferenças de sexo, se ergue um vasto “mundo” de construções simbólicas onde se incluem as de género, assim, parece que para as travestis, sê-lo não é uma questão de opção, sem o referirem objectivamente, partilham duma abordagem mais biológica do que cultural. A minha perspectiva é mista, natureza e cultura influenciando-se reciprocamente, em que a fase infantil de aculturação me parece ser de extrema relevância (Whiting & Child1973, Mead1988).
De qualquer forma, sendo como que uma terceira via em permanente estado de liminaridade, ela assenta nos modelos de masculinidade e feminilidade do sexo biológico e das construções culturais realizadas a partir da constatação base dessa diferença. A penetração ou o ser penetrado, os gestos, a aparência, os papéis na cama e na sociedade, a maior plasticidade de comportamentos, geram uma espécie de terceiro género, nem homem, nem mulher, mas sim um sincretismo identitário de ambos;
Out of this trinity of gendered types, it would be possible to construct the argument that travestis operate within, and indeed themselves embody, a system in which there are three genders – men, women and travestis (Kulick1998:226).
Moreover, identity has come to supply something of an anchor amidst the turbulent waters of the - industrialization and the large - scale patterns of planetary reconstruction that are hesitantly named “globalization” and “late modernity” (Woodward 1997:312).
No fundo esta plasticidade identitária, traduz a necessidade de sobreviver em condições adversas, numa aparente não existência ou reconhecimento social deste terceiro género, numa comunidade à escala planetária em permanente convulsão.
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Bairros do presente! nações do futuro?
O bairro onde eu moro não tem ciganos nem chineses mas tem brancos morenos, brancos loiros, pretos e mulatos.
O bairro onde eu moro tem escolas onde estudam meninos brancos morenos, brancos loiros, pretos e mulatos
O bairro onde eu moro não tem vivendas nem barracas, tem apartamentos em predios com muitos andares. É um bairro da classe trabalhadora, sei-o pelo tipo de automoveis estacionados e porque o rendimento minimo não chega para pagar as rendas, e quem ganha mais nos negócios mais lucrativos compra casa noutro lado.
No bairro onde eu moro não há espaço para grandes festas nem grandes "barulheiras", as pessoas levantam-se cedo no dia seguinte e á meia noite a maioria já dorme. As pessoas do meu bairro têm calendários e horários diários semelhantes.
No bairro onde eu moro há pouca criminalidade ( pressuponho que haja.. já o dizia Durkheim.. mas ainda não a presenceei ... ah, sim, já vi grafitis) , as diferenças nas posses dos individuis são (pelo menos aparentemente) tão ténues que ninguém tem interesse em roubar ou destruir o património alheio , para além disso, todos têm algo a perder se investirem em semelhante actividade.. sim, aqui todas as pessoas pagam renda e condomínio, pressuponho que seja por isso que não se partem vidros propositadamente e que não cospurcam quer os espaços publicos quer os pri e semi-privados como as entradas dos prédios.
O bairro onde eu moro constitui um modelo de coexistencia que é o reflexo da convivencia e homogeneidade de classes e modos de vida publicos mais do que da heterogeneidade de raças , culturas e religiões na esfera privada. Neste bairro de modos de fazer cosmopolitas, citadinos e europeus fala-se português, usa-se o euro como moeda de troca e conduz-se pela direita , ao mesmo tempo que se come Muamba de Galinha, borchtch e bacalhau e se é católico, ortodoxo evangélico, animista ou cientista.
Neste bairro a convivencia é possivel pela homogeneidade comportamental e de respeito na esfera publica , e agradável porque permite antever uma possibilidade futura para a convivencia dos povos.
Antropologos em segundo plano
O programa em questão tem linhas de participação para a intervenção dos telespectadores e contou com várias participações. Pressuponho que grande parte da audiencia pudesse "lucrar" em compreender melhor as realidades de integração e exclusão dos ciganos em portugal. no entanto, o programa embora bem intencionado acabou por se revelar pouco relevante para o acrescentar de algo á temática.
Em estudio, dois intervenientes, um representante da comunidade Cigana e um outro senhora (do qual não me apercebi do estatuto ou da especialidade).
Notei no entanto a evidente falta de um antropologo. Mais uma vez a antropologia não é chamada para os temas mais polémicos referentes á identidade, ás etnias e diferentes comunidades entre as quais têm establecido pontes ao longo da história.
post-modernidade
Nunca foi esta perspectiva que senti ou que me passaram, antes pelo contrário, encontrei pessoas conscientes das escolhas realizadas e dispostas a arcar com as consequências, sem no entanto querer voltar atrás. Julgo que de alguma forma os travestis e transsexuais são um exemplo acabado de post-modernidade:
in traditional societies, the past is hounored and symbols are valued because they contain and perpetuate the experience of generations (…) Modernity, by contrast, is not only defined as the experience of living with rapid, extensive and continuous change, but it is a highly reflexive form of life in which social practices are contantly examined and reformed in the light of incoming information about those very practices, thus constitutively altering their character (Guiddens 1990 in Hall at al [1992]1996: 277).
Elas constituem um ícone de rotura com um passado próximo, moremente em Portugal, onde a transição da pré-modernidade para a post-modernidade se processou sem um experimentar pleno da modernidade, são um exemplo de mudança de comportamentos e um objecto emissor e receptor de consciência reflexiva o que, na maior parte dos casos choca com o pseudo pluralismo estadual, como forma de organização política e social:
(…) a state or condition of society in which members of diverse ethnic, racial, religious, or social groups mantain an autonomous participation in and development of their traditional culture or special interest within the confines of a common civilization (Conner1994:106).
Neste caso de grupos de indivíduos que possuem instituições que os acomodam, mas que rapidamente entram em conflito com os “ilegítimos” das instituições políticas e sociais.
sábado, 23 de junho de 2007
Mobilidade, transnacionalidade
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Mobilidade, transnacionalidade
The globalization of production and consuption, or the heightened mobility of people, goods, ideas and capital, also creates transnational communities and generates a demand for the skills and out-looks these communities offer (Levit2001:22).
Tal reflecte igualmente uma certa ambivalência nas relações entre colegas travestis, malgré le contexte de compétition propre au milieu, les marques de solidarité font aussi partie des relations entre postituées (Loise2006:56). Na verdade, quando se deslocam em território português, fazem-no para apartamentos de colegas, já em Espanha a situação mostra-se ligeiramente diferente, visto que funciona com o que chamam de pisos, andares em que existe alguém que fica com 50% dos ganhos auferidos pelas prostitutas travesti. No entanto, algo se mantém mesmo nesta situação, quem as chama e convence a ir para Espanha ou outro país, são geralmente amigas, apesar da rivalidade visível nas suas relações.
Neste panorama de mobilidade, tal como Loise afirma, de fait, je n`ai durant mon terrain, jamais eu la sensation de me trouver eu face de personnes totalement victims ou dépourvues de ressources face à l`adversité et ceci malgré des conditions de travail souvent três pénibles (Idem:39).
(…) eu estou dentro da minha casa, faço o que tenho que fazer dentro da minha casa, bem…o que eu faço? Eu vendo o meu corpo…trabalho com isso, dá dinheiro e eu gosto, quer dizer…uni o útil ao agradável (…) (Entrevista a Adriana:18).
Esta mobilidade, inserida em processos migratórios não se inicia na Europa, começa desde logo no Brasil:
La parcours de Cynthia ilustre bien ce processus migratoire (…) elle entreprit alors une première migration à S. Paulo (…) c`est allors qu`elle rencontra des personnes qui lui proposèrent l`aider à réaliser le voyager jusqu`en europe (Loise2006:40).
Quando cheguei em S.Paulo, depois de fugir de casa de carona, fazer sete programas no caminho; procurar casa de cafetina (…) quando eu cheguei em frente ao prédio dela, eu olhei para o céu e pensei: “Pronto, agora eu sou dona do meu nariz! Agora eu sou adulta! (Pelúcio2006:527).
Episódios de terreno
Armando - Sabe eu sou médico, mas gosto disto de ser taxista - acenei com a cabeça, afirmativamente – sabe eu quando fui para o Brasil, tinha comprado o hotel da B...... por meio milhão de contos, só que passei uma procuração a uma mulher e ela ficou-me com tudo o que tinha – novamente aceno a cabeça – quando regressei do Brasil, não tinha nada, um mês depois de regressar arranjei trabalho numa imobiliária e passado um mês tinha ganho 35.000 contos.
Eu – Pois…tem que ser.
Armando – Bem, vou embora, já estou para aqui a falar há muito tempo (Diário de campo:6).
Um sujeito bastante cómico, viria a verificar mais tarde que uma boa pessoa. Parece ser um pouco terra à terra, mas é extremamente educado e por diversas vezes se tornou o meu motorista na cidade do P..... Nessas voltas pela cidade, contou-me histórias hilariantes:
Armando - Sabe, Sr.º L..., eu ando sempre com um canivete no assento do carro. Uma vez ouvi pelo rádio táxis que havia um fulano que andava a assaltar taxistas, ouvi a sua descrição fisionómica e tudo. Não é que mais tarde o apanho?? Eu sabia o que ele queria, mas fiz de conta que estava tudo bem…quando cheguei ao local de destino…ele pede-me todo o dinheiro. Fiz de conta que ia tirar o dinheiro do bolso, do lado onde guardo o chino e quando trago de lá a mão espeto-lhe o chino no peito - Eu ria por dentro com aquela história, era uma cena digna de um filme de Hollywood – ele abre a porta do carro…dá três passos e cai.
Eu - Então…e foi-se embora e deixou-o lá?
Armando - Claro.
Eu - Nunca mais ouviu falar nele?
(Diário de campo:33-33).
Armando tem efectivamente alguma tendência para o exagero, no entanto possui na realidade uma casa, primeiramente situada na M..., posteriormente perto das A...., onde tem três ou quatro travestis e às vezes mulheres.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
Hierarquias, animalidades latentes
A formação de uma hierarquia pressupõe duas disposições que não encontramos nas espécies animais que vivem solitariamente. Os animais devem, em primeiro lugar, mostrar ambição pelo posto hierárquico e, em segundo lugar, também a disposição de se subordinarem quando não conseguirem atingir os postos mais elevados. Também se pode comprovar nos seres humanos a existência destes dois tipos de disposições ( Eibl-Eibesfeldt 1998:111).
Embora as formas de gerir as hierarquias não sejam universais, por exemplo os Balinesis:
an individual may lose his menbership in the hierarchy for various acts, but his place in it cannot be altered. Should he later return to orthodoxy and be accepted back, he will return to his original position in relation to the other menbers (Bateson 2000: 114-115).
Tais processos devem ser sempre relacionados com o contexto ecológico e cultural onde se inserem:
The Balinese, especially in the food, are not hungry or poverty-striken. They are wastefull of food, and a very considerable part of their activitie goes into entirely nonproductive activities of an artistic or ritual nature in which food and wealth are lavisly expended (Idem: 116).
Parece-me plausível sustentar a hipótese de que quem menos necessidade tem de competir por recursos que lhe permitam a sobrevivência, simplesmente porque eles existem em abundância, mais tempo terá para actividades não agonísticas (arte, poesia, brincadeira). Por exemplo os Balineses resolvem as disputas recorrendo à música.
Já noutros contextos e reportando-nos às sociedades “modernas”, existe uma ameaça de agressão que paira e a sua aniquilação reside no sentimento reconfortante do cumprimento de imposições exteriores ao indivíduo e decorrentes da sua vertente social. Não cobiçar a mulher do próximo, princípio ético-religioso que desde logo ameaça o prevaricador. São exemplos de normas éticas omnipresentes que condicionam a vida do homem, mas, como na vida nada é linear, tudo isto e muito mais se pode fazer desde que não se saiba e isto já é cultura. Cultura é sofisticação e sofisticar é adornar. Neste caso adorna-se por exemplo a ânsia de alcançar os bens materiais e espirituais que supostamente nos fornecem a realização, são preceitos que legitimam hierarquias que evitam as disputas agressivas permanentes, pela mulher do outro, pela defesa da honra da esposa ou namorada ou pela posse dos bens pragmáticos que nos dão estatuto social. Em última análise legitimam-se as classes sociais que só existem em função dos seus privilégios ou ausência deles.
O frango A passa a ter direitos prioritários sobre a comida, sobre o lugar preferido de dormida e pode picar um frango hierarquicamente inferior quando nas disputas iniciais venceu o frango “B”, “C” e “D” (Eibl-Eibesfeldt 1998:109). (os galos e galinhas do mundo)
No ser humano a força física é na actualidade tendencialmente substituída pela astúcia e pela sofisticação que permite por exemplo, dominar as subtilezas da lei num processo de divórcio, de expropriação por utilidade pública ou ainda mais grave, mas menos subtil, quando se manipulam resoluções das Nações Unidas para lutar pelos melhores poços de petróleo. No fundo a agressividade é a forma de gerir a sociabilidade e a sociabilidade o meio de regulamentar a agressividade no acesso aos bens, embora por vezes tal não suceda e a sociabilidade desapareça por completo e com ela a agressividade, surgindo então a nefasta e insensível violência, adornada por sofisticados discursos políticos, orientados por altos valores morais e religiosos que a justificam.
terça-feira, 19 de junho de 2007
Animalidades latentes, culturalmente sofisticadas
Major achievements which, though greeted with more elaborate NAVEN upon their first performance, are also received with some show of naven behaviour every time they occur. Of these the most important is homicide. The first time a boy kills an enemy or a foreigner or some bought victims is made the occasion for the most complete naven, involving the gratest number of relatives and the greatest variety of ritual incidents (Bateson 1938:7).
Como se constata, o ritual será mais efusivo quanto mais agressivo e exteriormente canalizado for o acto de violência:
In our society, fissions tends to be heretical (a following after other doctrines or mores), but in Iatmul, fission is rather schismatic (a following after other leaders without change of dogma) (Bateson 2000:78).
Os rituais mais complexos são dramatizados para celebrar assassinatos.
No entanto, para as outras espécies, a ritualização destina-se a poupar vidas no interior do grupo (machos que competem pelas fêmeas através de atributos fanéricos, evitando o confronto). Relativamente à espécie humana a grande questão é a de que com a globalização económica, política, cultural entre muitas outras componentes, globaliza-se também a guerra e o modo de fazer guerra. Na actualidade são poucos os casos em que os oponentes beligerantes se encontram cara a cara, se assim fosse o perigo de auto-destruição da espécie poderia ser menor e o ciclo schismogenico contrariado por elementos de controlo (Bateson 1973).
Na primeira guerra mundial os soldados entrincheirados da frente ocidental estavam tão próximos uns dos outros que após tantos meses de calma na frente os Franceses e os Alemães não puderam evitar a descoberta de características humanas no adversário, e o simples reconhecimento de que do outro lado da trincheira também passavam fome e sofriam igualmente com a miséria do dia a dia foi suficiente para “desmoralizar” as tropas. Quando se atingia o ponto em que os soldados já trocavam cigarros era altura dos generais substituírem as tropas (Eibl-Eibesfeldt 1998:125).
Como se verifica a proximidade ou distanciamento físico, ligado à tecnologia de matar pode fazer a diferença quanto ao desenlace mais ou menos nefasto de acontecimentos potencialmente violentos e isto porque o homem quando mata ou quando poupa uma vida fá-lo simbolicamente, ele tem a capacidade de demonizar o oponente, de lhe atribuir denotativamente valores que lhe justifiquem o acto. Mais uma vez a proximidade física entre oponentes, pode obstar a essa função espontânea ou manipulada de subjectivar negativamente o “inimigo”, através da comunicação mímica que expressa o medo e a submissão.
Outro caso que exemplifica as alterações de índole social que a forma de matar pode operar numa comunidade está patente no estudo de Gewertz e Errington sobre os Chambri, a que Margaret Mead havia chamado de Tchambuli em trabalho precedente sobre o mesmo universo de estudo (Errington &Gewertz 1991).Verifica-se que o sistema tribal de compensações pele morte de estranhos ao grupo funcionava, permitindo uma coexistência mais ou menos pacífica entre os povos da região. Em 1905 com a introdução da shotgun pelos Alemães e consequente desmoronar do sistema de indemenizações que tinha base o conhecimento de quem havia matado quem, os conflitos crescem exponencialmente:
The Chambri lived largely safe from Iatmul attack until Europeans arrived to the coast of New Guinea at the turn o f the centuary (…) Fighting between the two became increasingly frequent until about 1905, when the Chambri fled their island rather than the risk further military encounters with Iatmul, whose ferocity had been augmented by the acquisition of a German Shotgun (Errington &Gewertz 1991:6).
Discorrendo sobre a justiça
A meio de uma amena conversa entre a minha família e um senhor amigo , comentava-se a sua visita á Suíça... semelhanças.. diferenças até que surge o mais que obvio campo económico (de pedra e cal sempre que se aborda um país com maior prosperidade económica). Falou-se casualmente dos cheques, o meu pai conta que quando lá foi calhou a perguntar como era na Suíça quando alguém passava cheques carecas. Disseram-lhe que lá quase não haviam cheques carecas pois quando isso acontecia o processo área rápido : contactar a policia e ir conjuntamente com ela reaver o capital em três “knocks on the door”. Este deveria de ser recebido no momento, preferencialmente em numerário sendo em géneros sempre que o dinheiro vivo escasseasse na bolsa do devedor. Talvez em Portugal se ganhasse muito com a menor burocratização do nosso sistema de justiça. No mínimo uma política semelhante surtiria três efeitos positivos:
- maior responsabilidade na contracção de dividas.
- repromoção da poupança (actividade aparentemente em vias de extinção em território nacional)
- maior sentimento de justiça e cooperaçaõ estatal na defesa dos valores privados.
ressalvo obviamente os atalhos na realidade promovidos pelo discurso informal mas permito-me a especular como a justiça pode ser um processo célere e menos burocrático quando pensado de forma diferente da portuguesa.
Agora um pouco em jeito de opinião pessoal, acredito que a justiça é um valor moral cultural e sobretudo informal que o sistema legal tenta burocratizar. A burocratização da justiça poderá ter as suas vantagens mas vista na balança da moralidade, ou seja, pela lente da cultura ao invés da lente puramente jurídica a justiça deveria de deixar de lado o símbolo que a caracteriza, a clássica balança de dois pratos. A balança apenas é possível de equilibrar através da moral social que é a origem critica da justiça de todos nós tal como a recebemos da cultura pelos nossos pais e pelo discurso informal da sociedade em nosso redor.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
The Namesake:
Como estudante de ciências sociais e uma pessoa minimamente informada sobre alguns dos costumes da Índia, sinto-me um pouco à-vontade para falar do que me saltou à vista: o choque cultural que o jovem Gogol sofre entre os dois extremos: o tradicionalismo religioso oriental contra o ocidental crente na ciência e no seu liberalismo. Numa visualização mais simples: O tradicionalismo indiano versus o liberalismo americano. Gogol nasce nos Estados Unidos, é um cidadão americano de nascimento mais indiano de tradição, com um olhar mais apurado ele está numa situação em que nem é uma coisa nem é outra. Esse é o problema que acredito ser a chave do filme.
Ele sofre dois processos de aculturação, a tradição indiana em casa e a liberal americana na escola e na socialização com outros meninos americanos. É possível crescer numa tradição cultural tão complexa em mitos e ritos num ambiente completamente diverso? Enquanto para nós (ocidentais) é difícil de imaginar um casamento arranjado pelos nossos pais sem que ao menos conheçamos a noiva ou o noivo, para os indianos é estranho também o nosso jeito de arrumar um parceiro.
Propaga-se a idéia da liberdade como um bem para ao Homem. Enquanto que na verdade ele é preso pela sua cultura e se move dentro de seus limites. Quando há uma ruptura cultural a sociedade há uma coerção ao infrator. Tomemos como exemplo o fato de não poder andar nu ou de trajes menores pela rua, isso seria atentando ao pudor podendo haver multa ou cadeia, em quando em sociedades indígenas a falta de roupa é algo natural. Sendo assim a liberdade é relativa. Não podemos dizer que um casamento arranjando, a escolha do nome da criança pelo avô e não pelos pais, signifique uma falta de liberdade.
Não quero me alongar demasiadamente sobre a analise filme citando cenas da qual ilustram magistralmente bem as palavras acima. Pouco falei na história do filme, pois podem facilmente encontrar em qualquer site especializado em cinema. Acredito que daqui uns 4 meses ou menos já se encontre nas locadoras.
Site oficial do filme (português - Brasil): nomedefamiliafilme.com.br
Blog do autor - buda verda
Álvaro de Campos - Adiamento
domingo, 17 de junho de 2007
Equações mentais da categorização
“As soon as we recognize that there is nothing morally commendable about the products of evolution, we can describe human psicology honestily , without the fear that identifying a “natural” trait is the same as condoning it. (...) many commentators from the religious and cultural right believe that any behaviour that strikes them as biologically atipical such as homosexuality, voluntary childlessness, and women who assume traditional male roles or vice versa, should be condenmed because it is “unnatural”. For example, the popular talk show host Laura Shlesinger has declared, “i am getting people to stop doing wrong and start doing right”. As part of this crusade she has called on gay people to submit to therapy to change their sexual orientation, because homosexuality is a “biological error”. This kind of moral reasonging can come only from people who knows nothing about biology. Most activities that moral people extol – being faithful to one’s spouse, turning the other cheek , treating every child as precious, loving thy neigbor as thyself – are “biological erros” and are utteraly unnatural in the resto f the living world. Pinker : 2002 – 164
A origem da discriminação resulta em primeira instancia de uma equação falaciosa entre a normalidade (estatistica) e a naturalidade, e anormalidade (estatistica) e a não naturalidade. A não naturalidade torna-se então num elemento sujeito a reavaliações e validações (concepções desse elemento como pureza ou perigo) perante o sistema cultural onde acontece que as toleram em certos casos ou as tentam eliminar noutros tantos.
Entrevista a Paula
Eu: Tu agora disseste, “ porque é que eu vou me sentir derrotado”, porque é que não disseste derrotada?
Paula: Hum…é, às vezes tem lapsos (risos), são lapsos momentâneos, não, porque no caso, estou falando da parte religiosa, entende, no caso eu tenho um respeito muito grande, e no caso, nessas partes eu, eu tenho consciência que…
Eu: Que é pecado?
Paula: Exactamente, tenho o mesmo com a família, minha família até hoje me chama de Paulo, entende? No caso é uma coisa, por mais que eu tente, não vai mudar e no caso, em relação à religião, também é da mesma forma, eu tenho consciência do que eu sou (…), entende? Eu sei que se de repente no cientifico não deixei de ser homem, no psicológico sim, na fisionomia sim, mas na parte de…a ciência me condena pelo facto de, o que eu sou, nunca vou deixar de ser…
sábado, 16 de junho de 2007
re-postagem:identidades
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Papéis e seus desempenhos - o palco
Não é provavelmente por um simples acaso histórico que a “palavra” pessoa, na sua acepção de origem, designa uma máscara. Trata-se antes do reconhecimento do facto de toda a gente estar sempre e em toda a parte, com maior ou menor consciência, a representar um papel…é nestes papéis que nos conhecemos uns aos outros; é nestes papéis que nos conhecemos a nós próprios (Goffman1993:31-32).
Neste sentido terei acedido aos fundamentos das máscaras, que as tornam as pessoas que efectivamente são, chegamos ao mundo como indivíduos, adquirimos um carácter e transformamo-nos em pessoas (idem:32), naquele preciso momento em que karmen procedeu à remoção de pelos, eu deixei de ser parte da audiência e sem audiência não há palco, nem desempenho de papel consentâneo com determinado estatuto, neste caso o de travesti (ibidem:139).
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Conferência
Excertos de entrevistas
Conheces a teoria Queer? É uma espécie de teoria que engloba pessoas. As pessoas que têm menos direitos como por exemplo, mulheres, negros, homossexuais, deficientes. A teoria Queer defende que todos estes se devem de juntar e lutar contra as pessoas que fazem com que essas pessoas tenham menos direitos que eles, e teoricamente são os homens heterosexistas. E acho que somos uma maioria, as pessoas que têm menos direitos são maioria do que esses homens heterosexistas... e é muito forte, porque na realidade são eles a minoria. Minoria que discrimina as mulheres, minoria que discrimina os homens negros, minoria que discrimina os deficientes e os homossexuais...As mulheres, há muitas mulheres machistas, e muitos homens negros machistas que as vezes também são discriminados por esses homens brancos heterosexistas... Na realidade não somos minoria e devemos juntar-nos para conseguir uma igualdade”
Blanca
A discriminação inscrita no hardware da mente humana
O ser humano é um ser bio-socio-cultural. Detentor de um desenvolvimento mental pos-nascimento possui a capacidade de completar o seu cérebro fora do útero materno facto que lhe permite acumular cultura enquanto modos de ver, fazer e entender o mundo à sua volta. Esse tem sido ao longo dos milénios o grande trunfo adaptativo da humanidade. Esta capacidade humana assenta essencialmente num sistema simbólico-associativo e integrativo da realidade que evita a exaustão enumerativa de possibilidades e permite ao homem constituir categorias e valores associados ás mesmas: “[As] learning proceeds objects are named. Their names then affect the way they are perceived next time: once labeled they are more speedily slotted into the pigeon holes in the future. “( Douglas:1966 in Cahill:2005 -1583)
Desta forma ao concebermos um homem esperamos segundo a cultura e educação heterosexisada que este venha a ter relações sexuais, a partilhar uma vida e a constituir família junto do seu oposto: a mulher. Quanto isto não acontece estamos na presença de uma irregularidade simbólica, logo de desordem e “impureza” na concepção de Mary Douglas. A abominação a toda a sexualidade não heterossexual advirá assim deste sistema de pensamento simbólico, assimilado num período muito precoce do desenvolvimento humano. Alargando um pouco esta problemática podemos ver como os indivíduos de cada cultura raramente procuram mudar completamente o paradigma, raramente vemos um católico tornar-se muçulmano, raramente vemos um animista tornar-se ateu ou cientista e vice-versa. Na mesma linha de pensamento o paradigma da heterossesxualidade constitui toda uma base sobre a qual assenta a conceptualização de todo um sistema identitário, relacional e social sobre o qual estão radicados os valores fundamentais e essencialmente “positivos” da vida, da auto-reprodução do casamento, das alianças matrimoniais, das unidades produtivas e reprodutivas. Esta valorização positiva está sempre associada ás em oposições estruturais que materializam a “necessidade” da complementaridade dos opostos de tal forma que não há sol sem lua, nem há dia sem noite. Em termos humanos esta complementaridade expressa-se em inúmeras dimensões, começando na reprodutiva e extrapolando-se a cada acto do dia a dia das sociedades humanas, em práticas como a divisão sexual do trabalho e na dominância do masculino sobre o feminino (opostos complementares mas desigualmente valorizados).
O crescente investimento, valorização e solidificação das estruturas lógicas que cada indivíduo faz das suas categorizações do mundo à medida que cresce e se desenvolve, conduz a uma cada vez maior inalienabilidade do mesmo “As time goes on and experiences pile up, we make a greater and greater investment in our system of labels.” ( Douglas : 1966) In Cahill:2005:1583)
Ainda as Aplicações de Silicone
quarta-feira, 13 de junho de 2007
Bombação/aplicação de silicone
segunda-feira, 11 de junho de 2007
episódios/entrevistas
Eu – Que idade tinhas mais ou menos?
Adriana – Isso já tinha 20 anos para 21…então eu soube que essa amiga minha estava num local em S. Paulo chamado a boca do lixo e…eu sai andando na rua…sem saber…
Eu – Bocas são aquelas cenas tipo bairro…
Orangotangos - características
Os primatas diurnos são geralmente gregários, essa tendência evolutiva resulta de pressões decorrentes dos riscos resultantes da existência de predadores e da competição por alimentos (Carel &.hoof in McGrew & Marchant 1988:4). Onde os orangotangos são mais vulneráveis a predadores, é no chão, nomeadamente em Sumatra onde se verifica a presença do tigre como um dos predadores mais temíveis. Uma das formas de reduzir esse risco é serem arborícolas, no entanto outros predadores os podem atingir nas arvores, é o caso do leopardo, daí que as fêmeas com crias construam seus ninhos em arvores com pouco alimento, desviando assim atenções (idem:4). A construção de ninhos realiza-se todas as noites quando o sol se põe (Caldecott & McConkey in Caldecott & Miles 2005:168).
A sua dieta preferencial é composta por frutos, embora em ocasiões de escassez possam comer outras coisas, principalmente em Bornéu onde essa escassez se faz sentir com maior intensidade, sendo que nesses casos podem incluir na sua dieta outros alimentos, tais como insectos ou flores por exemplo (idem:155), we know that orangutans may modify time spent feeding, dietary composition and food selectivity in response to fluctuations in fruit availability (Knott 1988:1063).
Their diets are dominated by fruits and dietary correlations indicate that orangutans prefer fruits over leaves and bark (Carel &.hoof in McGrew &Marchant 1988:5).
Os orangotangos possuem braços longos (braqueação) e polegar oponível, o que indica a sua adaptação à vida nas árvores, de quaisquer das formas as árvores de frutos mais adequadas aos orangotangos, encontram-se essencialmente na floresta de Sumatra, mais do que em Bornéu, Bornean forests are renowned for their irregular food supply for fruit –eating and seed-eating animals (Caldecott & McConkey in Caldecott & Miles 2005:161) e algumas das diferenças entre as características comportamentais destas duas espécies, têm sido atribuídas à existência de maior quantidade de alimento em Sumatra, onde a partilha de fruta entre adultos é mais provável, pela sua maior abundância, o que possibilita uma maior dose de sociabilidade, sumatran orangutans have little difficulty locating fruiting trees (McConkey in Caldecott & Miles 2005:185), que combinada com a provável existência de mais recursos naturais ao nível dos materiais disponíveis, conduz a uma maior taxa de uso de ferramentas, aprendido entre os primatas essencialmente através da observação (Caldecott & McConkey in Caldecott & Miles 2005:155), wild Sumatran orangutans have been observed to use 54 different tools for extracting insects or honey, and 20 for opening or preparing fruits (McConkey in Caldecott & Miles 2005:189). Apesar de os orangotangos de Bornéu não terem sido observados a usar ferramentas, no sentido de manipular um objecto para influenciar outro, a sua capacidade para o fazer parece evidente, quando em cativeiro e com a possibilidade de observar o comportamento de outros, o conseguem fazer com facilidade (Caldecott & McConkey in Caldecott & Miles 2005:168).
domingo, 10 de junho de 2007
"sobriedade vs embriaguêz" - os aventureiros
Segundo Parise .P, Edison e Kondo, M., a cirrose representa o produto final de uma agressão crónica do fígado, caracterizada, do ponto de vista histológico, pela presença de fibrose e formação nodular difusas, com desorganização e arquitectura do órgão.
As cirroses podem ser classificadas de acordo com a sua etiologia:
Metabólicas, Virais, Alcoólica, induzidas por fármacos, e ainda muitas outras...
Alguns dos sintomas da Cirrose são: Fraqueza, tosse, vómito, hemorragias produzidas pela ruptura de veias varicosas situadas na parte inferior do esófago (varizes esofágicas) , expulsão de grandes quantidades de sangue , anorexia , perda de peso, desnutrição (deve-se à absorção insuficiente de gorduras e de vitaminas lipossolúveis, resultante da fraca produção de sais biliares), icterícia (resultado da obstrução crónica do fluxo da bílis) , formação de pequenos nódulos amarelados na pele, hipertensão portal, função hepática reduzida, ascite, insuficiência renal, encefalopatia hepática.
Prognóstico e tratamento- É habitual que a cirrose seja progressiva, no entanto se esta se encontrar na fase inicial e o indivíduo deixar de beber, o processo de cicatrização é em princípio interrompido. Contudo o tecido hepático já cicatrizado fica assim indefinidamente!! O aparecimento de cancro hepático em indivíduos com cirrose causada pelo abuso de álcool é uma realidade a não ignorar, realidade essa que poderá ou não levar à necessidade de um transplante do orgão afectado( neste caso o fígado). De acordo com Miszputen Jankiel, Sender (2002) independentemente do agente etiológico, a terapêutica das principais complicações do quadro base (desnutrição, encefalopatia, hipertensão portal e ascite) será a mesma.
Consequencias psicológicas a quem se submete a um transplante do fígado:
O individuo transplantado: entre o eu e o não – eu.
A aceitação versus a culpabilidade do transplante de órgãos
A confrontação com a existência de uma doença terminal a que se associa a necessidade de realização de um transplante como única forma de sobrevivência, e a forma como tal facto é transmitido pela equipa médica, é sentido pelos pacientes como o primeiro momento de grande dificuldade em todo o processo que envolve esta terapêutica. Relatam este momento como o mais avassalador de toda a sua história de transplantação. Após a sua aceitação, a entrada numa lista de espera para transplante, é tida como o outro momento muito difícil de todo o processo. Uma vez na lista de espera, os pacientes podem ser chamados para a cirurgia a qualquer hora do dia ou da noite, visto este facto estar dependente da disponibilidade dos órgãos. A espera é acompanhada de reflexões profundas sobre a decisão tomada, sobre a correcção ou incorrecção de se ter submetido à realização de um transplante, sobre a chegada do órgão doado que se receia mesmo que não venha a tempo. Estes altos e baixos são relatados como profundamente perturbadores.
“Imediatamente antes do transplante, os momentos de ansiedade alternam com os momentos de esperança. A proximidade da morte ou a dependência em relação a uma máquina, opõem-se à possibilidade de afastar o mal. Tem a ver com o milagre que é encarar a substituição daquilo que está destruído, apagar e recomeçar a partir do zero. Esta mistura de abatimento e de esperança, tendo como única bóia de salvação o transplante faz com que tudo seja admitido. «Dê-me um coração novo», disse Washkansky, o primeiro individuo a sofrer um transplante de coração, a Barnard. Espera-se o acto mágico, o acto salvador, a qualquer preço.”
Degos, Laurent in “Os enxertos de órgãos”
E vai um copito ? ;)
sábado, 9 de junho de 2007
Orangotangos
If so, specification must have ocurred trough reproductive isolation: for example, a divergence of preferred mate characteristics in the two emerging species would lead to a reduction in gene transfer between populations (Caldecott & McConkey in Caldecott & Miles 2005:153).
Episódios
sexta-feira, 8 de junho de 2007
Zuleika e os Confirmados - O Rock da Linguísta Antropológica
Chegou-me do fórum de estudantes de antropologia da Universidade Nova de Lisboa
Observação à Mallinowski...aprendendo a língua nativa eheheh
Apontamentos de terreno...entrevistas
A "dignidade" Humana ainda se constrói pelo Trabalho?
Gabriel Pensador
Composição: Gabriel O Pensador
Essa é a dança do desempregado
E vai levando um pé na bunda vai
Essa é a dança do desempregado
E vai descendo vai descendo vai
E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão
E bota a mão na cabeça!! (É a polícia)
E vai contando a sua história lá pro delegado
Essa é a dança do desempregado
quinta-feira, 7 de junho de 2007
Sobriedade vs Embriaguez
«Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do Tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar. Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do Tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto.»
Charles Baudelaire, (1821-1867)
tal como já foi aqui dito...a escolha é sempre tua :)
Testes Projectivos- Projecção
Os testes projectivos não são mais do que por em forma sistemática o processo de projecção.
E o que é o processo de projecção perguntarão alguns?
Quem já não se colocou na posição de interpretação dos comportamentos dos outros? Todos nós temos tendencia para interpretar o mundo que nos rodeia, o outro, e isso em função dos nossos interesses, hábitos e até mesmo do nosso humor. Ao dizermos que um individuo projecta os seus sentimentos significa assim, que este atribui ao outro sentimentos, que na realidade sãos os seus.
Ressalva: As ambições dos testes projectivos são á priori, mais reduzidos do que a cura psicalitica. Não se apresentam, efectivamente, como um meio de fazer surgir exaustivamente a cripta do inconsciente do sujeito. Todavia, têm a pretensão de permitir desenhar as suaslinhas gerais, de indicar a sua estrutura básica. Assim sendo, não são de todo um método terapêutico. ( Houareau, M. 1977)
Alguns testes utilizados na prática psicanalítica:
Rorschach
A prova consiste em interpretar formas fortuitas, manchas sem nenhum significado. É um teste projectivo que permite aceder ao inconsciente e assim ao funcionamento mental. Mediante a situação, o sujeito é induzido a uma dupla solicitação: perceptiva, enquanto estimulo real e imaginária, enquanto objecto potencial imaginado. O Rorschach permite aceder às preocupações essenciais do sujeito, aos modos de organização relacional e aos afectos e fantasmas subentendidos nas suas verbalizações/respostas (Rorschach, 1978).
Outro teste amplamente utilizado como forma de compreender a personalidade é o
O Mini-Mult. Este teste é um inventário de personalidade constituído por 71 afirmações, as quais o indivíduo deve classificar em duas categorias. Verdadeiro ou falso. Este inventário é apresentado comummente como uma forma abreviada do Inventário Multifásico de Personalidade de Minnesota – M.M.P.I. (Hathaway & McKinley, 1966), que é constituído por 566 afirmações.
Tal como o M.M.P.I., é um instrumento psicométrico que avalia, com precisão, os principais elementos da personalidade. É constituído por 8 escalas clínicas: Hipocondria, Depressão, Histeria, Desvio Psicopático, Paranóia, Psicastenia, Esquizofrenia, Hipomania e por 3 escalas de validade (escala L,F e K). A escala L é uma escala de validade, cujo resultado permite apreciar, em que medida, o sujeito falseou os resultados, escolhendo resposta que o favoreçam do ponto de vista social. Escala F, permite controlar a validade do teste, pois procura avaliar a coerência intra-psiquica. Se o resultado desta escala for mais elevado do que as escalas clínicas, estas não serão validadas. Por último, a escala K, que é essencialmente de correcção. Destina-se a tornar mais precisos os resultados nas escalas clínicas, possibilitando a identificação de factores mais eficazes, aumentando a sensibilidade do instrumento e proporcionando uma meio de correcção estatística das escalas clínicas.
Embora as escalas tenham um nome correspondente ao síndrome clínico, todas elas possuem um significado no domínio normal.