O bom e o mau, o preto e o branco...pois, são efectivamente bipolarizações assentes no caso ocidental, numa moral de tradição judaico-cristã, um pouco abalada com o advento protestantista inicial (Calvino e Lutero) mas que, no entanto não deixou nunca de binarizar as temáticas e de sobre ela se erguer de forma imponente e inquestionável. A binarização leva a que o raciocinio seja primordialmente de inclusão ou exclusão, ou és bom ou és mau, ou és dos nossos ou és dos deles. Na verdade isto pressupõe um papel passivo do sujeito receptor de informação, visto que existem duas hipóteses assentes num só raciocício, o binário. Se assim fosse, a vida e os seus destinos oscilariam entre dois parâmetros mais ou menos definidos, logo as incertezas e angústias da espécie seriam menores e esse é o interesse dos movimentos organizados (políticos, religiosos, etc...). Contudo, é minha opinião que tudo isto é aquilo em que através da aculturação, nos fizeram acreditar (os instrumentos para o fazer são diversos, mas sobressai a educação/instrução de massas), por trás desta aparente simplicidade binária, esconde-se para a grande maioria, a relação triádica (de inspiração Freudiana) em que o sujeito se posiciona activamente perante o bom e o mau objecto, deslocando, projectanto e condensando qualidades de um para o outro, tornando tudo bem mais complexo, inclusivamente a ordem nas suas diversas escalas, da local à mundia. A complexidade dos acontecimentos, assenta pois, no meu entender no dinamismo que o sujeito com capacidade agenciadora imprime aos objectos cgnoscíveis, na sua capacidade de ele próprio se tornar nos objectos com que interage, sem dúvida que por oposição ou identificação, mas este não é um processo binário, no qual assenta o racionalismo, mas sim triádico: os objectos e sujeitos não se encontram estaticamente posicionados perante a representação feita da realidade, ao invés eles imprimem-lhe a seu cunho próprio, transformam-na e dinamizam-na. O binarismo como nos aparece é exterior, uma realidade dada e inquestionável. A relação triádica é a relação do interior/individualidade com a representação da realidade, daí que as representações sejam múltiplas e variadas, consoante a cultura...diferentes sujeitos elevados a um ethos grupal, inserem a sua marca nos fenómenos observáveis. O binarismo tornaria a multiplicidade cultural mais reduzida...dois parâmetros apenas. A realidade, ou melhor, a representação que de forma variada fazemos dela, assenta num sujeito com capacidade de intervenção nas classificações exteriores que lhe são estrategicamente impostas. Simplificar para dominar, bastando para isso fazer as pessoas acreditar.
Daí que tendencialmente a sociedade seja binária e o indivíduo triádico, a sociedade a estrutura, o indivíduo a teoria da acção (Bourdieu). Daí também que as incongruências entre padrão e acção sejam inúmeras.
2 comentários:
Tudo isto porque o sujeito humano não se posiciona perante os objectos de uma forma dual e simples mas sim perante as representações dos mesmos. ou seja, a tríade parece remeter-nos para esta mesma representação que surge da relação dialética pura entre sujeito e objecto. assim o ser humano numca lida directamente com os objectos tal como lida qualquer outro animal, a representação é como que um index, como que uma palavra chave que relaciona o objecto real com uma série de outros objectos reais (bem como com as representações já formuladas dos mesmos )que ficam condensados nessa representação que entao se torna valorativa pelas relações que mantém representativamente com os restantes objectos. isto deu-me foi grandes ideias para o relatório. acho que vouter de estrangular alguém por me estar a fazer crescer o relatório á velocidade com que crescem os cogumelos no outono!!!!
:)fixe!!
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