sexta-feira, 18 de maio de 2007

Episódios de terreno

Supostamente Adriana viria para Lisboa no dia seguinte à minha partida do Porto, mas na verdade só veio dia 5 de Dezembro. Fui conhecer a casa onde estava no dia 7, estava completamente desarrumada, um T2 em Benfica que é alugado por Karina, a que ficou no Porto. Quanto ao estilo de vida, apesar de não estar a atravessar os seus melhores dias financeiramente, as refeições continuam a vir de um restaurante. Dia 8 sucede algo de inesperado. Recebo uma chamada pelas 16.00 H, era Adriana…muito aflita, pedindo-me que fosse lá a casa, que um cliente estava morto na cama…impensável…nunca pensei que isto me fosse acontecer. Sem saber o que dizer fui obrigado a recusar…simplesmente não poderia correr esse risco. Ela argumentava que eu era Português e ela clandestina…mas não…mantive-me categoricamente na minha posição. Ela despede-se dizendo que ia ligar para o João Carlos, uma lésbica que assumiu papel de homem. Pensei…bem acabou aqui o meu trabalho…mas não há monografia que valha uma situação destas, pensei que fosse cobrar a minha recusa. Pelas 21 horas ligo-lhe para saber o que tinha feito…diz-me que já estava tudo resolvido, que estava lá INEM e a polícia, que com ela nada de mal havia sucedido pelas questões ligadas à clandestinidade. Pergunto-lhe então se tinha ficado chateada comigo, responde-me que não…que tinha de compreender a posição das pessoas. No fundo fiquei triste por não poder ajudar…vamos agora ver as reais consequências para o meu trabalho.

Nessa própria noite desloco-me à casa onde Adriana se estabeleceu, encontro-a meia atrapalhada e enervada, explica-me ao pormenor como tudo tinha sucedido. Eu tinha levado o gravador comigo, no entanto achei melhor não lhe falar em gravar algo sobre o sucedido. Achei que devia respeitar o momento que atravessava, toda a situação tinha tido impacto nela. Explica-me no entanto que tinha ido a Queluz a casa de João Carlos (a mulher que é homem) e que depois havia regressado com “ele” e a companheira a Benfica. Lá chegados chamaram o IEM e com eles veio a polícia. Uma análise médica foi realizada logo no momento e a conclusão foi a de que o senhor havia falecido de ataque cardíaco. Tinha 42 anos. Estava ela contando tudo isto quando João Carlos e a companheira chegaram outra vez, com a vinda deles aproveitei para me retirar, já era 1 da manhã (Diário de campo:12-13).
Apenas os nomes são fictícios. Este episódio demonstra como o totalmente inesperado, pode acontecer,

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