quinta-feira, 31 de maio de 2007

O protestantismo e a igreja católica apostólica e romana

Infelizmente, como é sabido pelos factos trazidos até nós pela história e submetidos à erosão dos tempos, a religião apresenta-se como uma das grandes motivações para fazer a guerra. Situando-nos a partir do século XVII (podendo recuar muito mais atrás), verificamos que as disputas entre protestantes e católicos se desenrrolaram com uma reincidência resoluta, tendo consequências por exemplo ao nível da ciência, lembremo-nos de Galileu que esteve perto de arder na fogueira da santa inquisição, por exemplo. No entanto o que aqui pretendo relacionar, à parte destes aspectos de enquadramento e mencionados também a título de curiosidade, é a capacidade de sobrevivência da igreja católica, fortemente ameaçada pela queda das monarquias absolutas de fundamento divino e consequente aparecimento das monarquias liberais, posteriormente pelo aparecimento (invenção) da supra instituição estado, sensivelmente no século XVIII e que conduziu a que nos nossos dias ela própria estivesse enquadrada no estado do vaticano. Espantosa esta capacidade de adaptação, mudando discursos, mas poucas práticas. Outro aspecto que se revelou perigoso para a sua subsistência foi o aparecimento do capitalismo, visto que esta igreja concebia a família como célula base, inclusivé como unidade de produção. As oficinas seriam pois, tendencialmente artesanais e sem procurar o lucro. Já os protestantes, com Calvino e Lutero abriram as portas ao lucro e às industrias de maior dimensão. No entanto a igreja católica, apostólica e Romana sobreviveu mais uma vez, contrariamente aos seus canónes. Outro aspecto interessante, fazendo uma comparação entre uma e outra é a aparente desrsponsabilização do católico, ao permitir-lhe a confissão, tipo...faz o que quiseres, desde que te confesses deus perdoa. Ao invés os protestantes aboliram a confissão e a pré-destinação realizava-se na terra através do trabalho. Estas diferentes abordagens religiosas vieram a ter consequências nos ideais tipo de ethos nacionais dos estados do norte da europa, face aos da europa do sul, ainda hoje bem visíveis. O que verificamos em ambos os casos é uma adaptação deliberada a tudo o que de novo foi acontecendo ao longo de séculos, pois bem...mas se as verdades religiosas superam a verdade circunstancial terrena, porque resultado de uma revelação inquestionável de um ser superior, então como foi possível tanta adaptação e mudança? Ainda que na maior parte dos casos aparente e unicamente destinada a manter o status quo? Pois bem...quanto a mim é possível porque a igreja é criação humana e nada tem que lhe corresponda no plano divino. Outro aspecto que considero interessante, é o facto de o deus ser antropomorfico, isto é, feito e criado à imagem humana...este aspecto também me coloca algumas dúvidas, visto que parece que existe um deus para o planeta terra, certo?? mas no planeta terra existem tantas forma de vida tão mais perfeitas que a nossa, inclusive ao nível celular. Então porque tem deus uma imagem humana ou uma multiplicidade de divindades acessórias consubstanciadas numa figura humana? As santidades...Outra questão se coloca, deus é senhor do universo ou do planeta terra?? É que se é senhor do universo, a questão anterior ainda se torna mais premente!! Porque não foi ele concebido à imagem de um ET?? Porque tem ele então a ligação ao humano em exclusivo?? Porque é uma criação humana, destinada a resolver e a atenuar as angústias e sofrimentos provocados numa espécie com a capacidade de se iludir por um mundo essencialmente hostil. No entanto verifica-se noutras religiões a adoração de animais, é certo, no entanto o que visam servir é sempre o interesse humano. Jamais discutirei os fins espirituias que as religiões, como âncora das emoções humanas, visam adocicar, no entanto critico o poder que através dessas necessidades alguns detém. É isso que critico, não os fundamentos e fins últimos de uma predisposição inata do ser humano para a religiosidade.

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