terça-feira, 30 de dezembro de 2008

BE NORMAL! snälla...

Seguindo dois dos temas que têm vindo a ser recorrentes neste blog, a trans e a homossexualidade, gostaria de deixar duas recomendações de filmes OBRIGATÓRIOS :)

Em ambos os filmes está presente um, ou quem sabe "o" verdadeiro problema da homo e da transsexualidade: A pressão social para uma "adesão" á normalidade estatistica.



Ma vie en rose (1997)

IMDB

Torrent

Fucking Åmål (1998)

IMDB

Numa frase: "Como sair, do armário (Literalmente)"



Torrent

sábado, 6 de dezembro de 2008

A LESBIAN IS NOT A WOMAN

One is not born a woman, frase de Monique Wittig, publicada num artigo com o mesmo nome, na revista Feminist Issues. Tem como leituras, a de que a categoria sexo não é natural, nem invariável, mas que tem sim um uso político específico de uma categoria da natureza que serve o propósito da sexualidade reprodutiva, o que também é sustentado por Gayle Rubin que veremos mais à frente. Para ela não faz sentido dividir a humanidade em masculino e feminino, senão for para servir os interesses da sexualidade heterossexual, com fins reprodutivos, entre outros interesses implícitos, como por exemplo o conceito tradicional de família. Assim, ao contrário de Beauvoir, Wittig considera não haver distinção entre sexo e género, a não ser que seja para servir os interesses políticos da heterossexualidade. O outro aspecto em que Wittig se destaca é no facto de o “ser” mulher, apenas ser concebível dentro de um equilíbrio de forças entre homens e mulheres, ou seja dentro da relação de poderes da heterossexualidade normativa. Assim, para ela: a lesbian is not a woman (ibidem:153), porque numa relação entre mulheres não há feminino.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Reflectir sobre o porquê das coisas



"Antigamente o parceiro de Portugal no fundo de todas as tabelas europeias era a Grécia, por vezes a Espanha. (...) Agora Portugal passou a ter comparação com alguns países do Leste europeu."


João Paulo Guerra, Jornalista in "Diário Económico", 2-12-2008

Portugal é o sexto país mais pobre da OCDE (Organização para a cooperação e desenvolvimento economico) e os dados revelam que a riqueza nacional portuguesa vale menos 28 por cento que a média dos países desenvolvidos.

No topo da tabela estão o Luxemburgo, a Noruega e os Estados Unidos da América. Mais no fundo e atrás de Portugal, estão apenas a Hungria, a Eslováquia e a Polónia, três países da União Européia, membros da OCDE, assim como o México e a Turquia. Portugal foi em 2005 ultrapassados pela Republica Checa e apesar de estarmos mais pobres que países como a Coreia do Sul e a Grécia pagamos mais pelo que consumimos e mantemos o ritmo de consumo.

Consumimos, consumimos caro, e sobretudo não temos consciência de que consumimos caro. Mas basta dar uma voltinha por fora destas quatro paredes para nos apercebermos de que algo está determinantemente mal com o sistema português.

Abaixo duas fotos que tirei a uma máquina de vendas automática numa estação de comboios na Alemanha... dá realmente que pensar quando vejo nas mesmas estações de comboios, mas em portugal, os mesmos produtos ao dobro do valor cobrados a quem ganha 3 vezes menos.

Quem guardará este lucro?


parte do texto adaptado de: http://www.lusomotores.com/index.php?option=com_content&task=view&id=1673&Itemid=93




quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Selecção sexual - Questionário





Ainda hoje, quando ouvimos falar em selecção tendemos a remer de imediato esta ideia para Darwin e para a selecção natural. Tal acontece muito provavelmente porque, embora Darwin tenha simultaneamente enunciado os princípios da selecção sexual, esta ideia ter sido praticamente ignorada e até rejeitada até cerca de 1970. Este principio foi logo em 1871 sugerido por Darwin como tentativa de resolver a aparente incongruência entre a adaptação e o desenvolvimento de características potencialmente minimizadoras das possibiliidades de sobrevivência dos indivíduos como o são traços exageradamente exuberantes como as penas do pavão macho. Darwin esboçou na sus obra The descent of man como se segue a sua ideia acerca da selecção sexual:

“when the females and males of any animal have the same general habits of life, buit difffer in structure, coliur or ornament, such differences have been mainly caused bu sexual selection: that is by individual males having had, in successive genearations , some slight advantage over other males in theyr weapons means of defence, or charms wch tey have transmited to theyr male offspring alone” Darwin , (1871).

Na maioria dos vertebrados incluindo os primatas não existem praticamente diferenças na forma e tamanho corporais dos indivíduos até á puberdade (Badyaev, 2002). Apartir da puberdade os corpos começam a especializar-se e a diferir devido ao desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Caracteres sexuais secundários são todos aqueles que se desenvolvem sem qualquer relação com a reprodução em si mesma (ex: seios permanentemente inchados nas mulheres, Barba e Pénis demasiado grandes proporcionalmente ao tamanho corporal no caso dos homens) .

A psicologia evolutiva é uma ciência com aproximadamente duas décadas que tem vindo a abordar este tema até muito recenetemente pouco estudado.
Esta ciência tem como pressuposto basilar a existência de um darwinismo comportamental, ou seja, á semelhança do que acontece com a selecção natural, visível nos traços físicos e adaptativos das diversas espécies (Asas para voar, braços grandes e longos para braquear nos primatas braqueadores, bicos grandes e robustos para comer sementes duras nos tentilhões das galápagos), a selecção natural terá actuado igualmente sobre os comportamentos de cada uma das espécies. Isto só é possível se concebermos, porque a psicologia evolutiva tem igualmente como pressuposto que os comportamentos são adaptações evolutivas codificadas nos genes tal como as características morfológicas sendo assim passadas através das gerações durante o processo de reprodução. Desta forma, á semelhança do que acontece com as características anatómicas, possuímos enquanto espécie tendências inatas para nos comportarmos de determinadas formas e para dar tendencialmente as mesmas respostas a determinados estímulos.
Um dos grandes ramos de estudo desta ciência, e também um dos que tem crescido mais rápido dentro da área da boologia evolutiva é a selecção sexual. De acordo com o mesmo autor, ao contrario do que se possa pensar a selecção sexual é uma selecção mais forte do que a selecção natural actua em cada geração ,sempre que existe escolha de parceiros sexuais, devendo por isso ser merecedora da nossa atenção enquanto evolucionistas.



Solicito agora a todas as mulheres e homens (Portugueses) que possam estar interessad@s em colaborar, o preenchimento deste pequeno questionário(so demora 5 minutos).

Destina-se a suportar um trabalho académico para a cadeira de Evolução do comportamento humano. Há versão senhoras e versão homens, desta vez é apenas um questionário destinado a mulheres e homens heterossexuais.


Para as meninas!

quizmulheres.freehostia.com


Para os meninos!

quizhomens.freehostia.com

é so clicar o link no link e preencher.

Desde já muito agradeço

:)

Sapiens

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Producing the Mothers of the Nation de Patricia Hill Collins

Estados Unidos, sociedade profundamente racializada, rácica e racista. Nem todas as mulheres se encaixam no ideal de maternidadee família Norte americana. A sua análise incide nas Norte Americanas brancas de classe média, brancas de classe trabalhadorea, afro-americanas e imigrantes latinas não documentadas. Relativamente à noção de cidadania, as primeiras serão cidadãs de primeira, as afro-americanas de segunda e as latinas não documentadas, reduzidas à invisibilidade da não cidadania. Collins pretende mostrar como as políticas populacionais, pretendem regular discriminadamente a “maternidade” de diferentes grupos de mulheres, em função da raça, classe social e cidadania/ausência dela. Algumas mulheres são mais merecedoras de serem "mães da nação" que outras, aiming to increase fertility for more desirable segments of the population and decrease fertility of less worthy citizens (idem:119). Social class and citizenship status both affect women´s experiences with population policies (idem:119).
As mulheres brancas e de classe social mais afortunada, podem ver as suas opções de maternidade reguladas e estimuladas pelo sector privado, dada a sua facilidade de acesso aos mesmos, não dependendo portanto das medidas estatais para definir as suas prioridades. Já ano que concerne às mulheres menos afortunadas, por raça, classe e estatuto mais ou menos indefinido de cidadania, acabam por encontrar as suas opções mais ou menos reguladas pelo sistema estatal, estando por isso mais dependentes dele e logo, mais controladas e menos livres nas suas opções. Estão no fundo, constrangidas a um nível social e económico. As primeiras recorrem a sistemas médicos privados não estigmatizados, as segundas,:as brancas trabalhadoras , as de cor recorrem a um sistema público claramente dirigido aos sectores mais carenciados, pelo que se torna alvo de estigma social, assim como quem recorre aos ditos sistemas. As não documentadas terão ainda mais dificuldade em fazer valer os seus direitos, visto que, privadas do direito à cidadania se encontram profundamente limitadas para recorrer ao "apoio" do estado.

Existem ainda diferenciações propiciadas pela tecnologia, sub-divididas em reprodução genética, gestativa e maternidade social. As mães da nação são as de classe média e brancas, são as que correspondem ao ideal americano de maternidade e família. As mulheres de classe trabalhadora e as mulheres de cor, são as que se integram no sistema de políticas estaduais de população e que não raras vezes assistem a mãe ideal na sua função maternal.
Estas condições favorecem a brancas de classe média como mães genéticas, gestativas e sociais. Por exemplo, a questão da infertilidade e sua constituição como tragédia nacional, só se coloca em relação a este grupo, tal não acontece com as menos afortunadas social/economicamente e inférteis. As primeiras são assistidas medicamente via maternidade genética e gestativa para atingirem a maternidade social. Outro exemplo, é o facto de todas as instituições relacionadas com as crianças se dirigirem ao grupo ideal, nomeadamente no que concerne à ocupação de tempos livres, calendários diários e anuais das crianças. Douglas Massey e Nancy Denton classificaram toda esta configuração social como “American apartheid” .
Ao nível das mulheres brancas trabalhadoras, elas adequam-se ao papel de mães genéticas e gestativas, no entanto, no que concerne ao papel de mães sociais que passam cultura e propiciam uma educação académica, produzindo cidadãos economicamente viáveis, elas perdem esse estatuto para as mulheres de classe média branca, daí que o encorajamento dado directa ou indirectamente pelo estado, se resuma ao de darem à luz, recebendo muito menos apoios na função de criar os filhos. Ao facto de terem de trabalhar, principalmente aquelas que constituem lares monoparentais, acresce o facto de terem diacronicamente vindo a receber menos apoio para a maternidade, sendo que entregar os filhos para adopção surge como a alternativa mais viável em muitos dos casos.
A partir de 1965, por variadas ordens de factores as mães negras tornaram-se inaptas para qualquer uma das facetas da maternidade (genética, gestativa e social) o Moynihan report desvalorizou muito o papel das negras como mães, um exemplo desta situação é-nos apontado por um contencioso jurídico, Johnson vs Calvert. Anna Johnson foi contratada para ser mãe gestativa de uma criança, por um casal em que o pai era branco e a mãe Filipina, ao mudar de ideias e ao querer manter a criança consigo, o tribunal teve dificuldade em conceber uma mãe negra de um bebe branco, atribuindo a criança aos pais contraentes (Ikemoto 1996).
Afastadas como símbolos da nação enquanto mães, colocadas em oposição às mulheres de classe média branca, as negras viram o seu papel ser constantemente desvalorizado, por uma nação que se pretende afirmar como branca. Criou-se um esteriótipo de mãe negra como sendo menos intelectual, mais impulsiva e emotiva, elas não têm o direito de pertencer à “família nacional americana” (Lubiano:1992). Possuem escassos apoios médicos e empregos pouco seguros, no entanto estão um pouco acima das brancas na taxa de fecundidade, 2,2 para 2,0 (Bianchi and Spain 1996). São portanto e em todo o caso induzidas à esterilização permanente ou reversível, especialmente se recorrem à assistência pública, que é o que acontece na maior parte dos casos. As suas escolhas são ainda menores que as brancas trabalhadoras e inexistentes face às brancas de classe média.
Actualmente, surgem as indocumentadas, provenientes da América latina,; as mexicanas por exemplo, que se transformaram nas amas das mulheres brancas ideais da nação/família branca norte americana.
Collectively, the experiences of these four groups suggest then when it comes to being mothers of the nation, race, class and citizenship status matter greatly.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Colonialismos e Valores nas suas várias acepções

Passei para deixar uma dica para um excelente filme do realizador Jorge Paixão da Costa.
Um filme origem portuguesa, sobre a história portuguesa.
Uma reflexção sobre o Portugal dos finais do século XIX que discorre sobre as várias acepções da colonização e tece uma forte critica á alta sociedade de então... tudo em torno do MISTÉRIO da estrada de Sintra...






Por ter sido escrito entre a pena de Eça de Queiróz e a de Ramalho Ortigão segue uma bela passagem do seu texto adaptado ao filme.

"Conde Jorge Valadas -- pois saiba que os portugueses e as portuguesas dizem muitas coisas e fazem muitas mais, e quanto a impérios, ainda está para vir um que não caia.

Capitão Rytmel -- Ainda no outro dia me disse que os ingleses tinham feito um trabalho verdadeiramente civilizador na índia, uma transformação muito fecunda
Vasco -- Eu bem gostava de saber que transformação fecunda foi essa? que transformou toda aquela poesia quase de marfim numa coisa chata, trivial e suja de carvão e que trata a doce raça dos índios como se fossem cães irlandeses, e ensina-os a jogar criquet, e faz belíssimos cruzeiros sobre o Ganges destronando os seus legítimos reis enquanto que do outro lado do mundo sua majestade lhes envia uns sujeitos de suíças, crivados de dividas, que vão deportados governar quem lhes é mil vezes superior.
E quem é que faz tudo isto capitão Rytmel? ; a sua Inglaterra!
uma ilha feita, metade de gelo, e a outra metade de gordura e rosbife; habitada por piratas de colarinhos altos e odres de cerveja!"


UM FILME A NÃO PERDER.

domingo, 19 de outubro de 2008

E se deus não existe?

Crescemos, a maioria de nós, enliados em verdades absolutas e dogmáticas: Deus existe, o Ocidente é o berço e o acordar da civilização, a economia é um paradigma intocável e inalterável, os países de terceiro mundo nunca passarão a segundo e muito menos a primeiro, isto e muito mais, deu-nos a sensação de segurança que nos permitia olhar o presente, como se ele fosse ao mesmo tempo, presente, passado e futuro. Esquecemos, a maioria de nós, de olhar para trás e constatar , por exemplo, que os E.U.A. têm cerca de duas centenas de anos, que muitas civilizações importantes se localizaram fora da Europa, a Inca, a Azteca, a Egípcia, etc, e que a história está repleta de vertiginosas ascenções e muito mais rápidas implosões catastróficas e que o conceito de "Terceiro Mundo" foi estabelecido pelo demógrafo francês Alfred Sauvy, em 1952 e utilizado em 1955 na conferência de Bandung. O que todas estas presunções têm em comum? O facto de serem apenas verdades históricas, seus produtos e não verdades naturais ou não inventadas ( se é que as não inventadas são passíveis de conhecimento).

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Ciência...ausência de poesia?

O que ganhamos com a ciência, é afinal tristeza (Thomas Hardy).

Será??

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Globalização

Em sequência da mais recente crise económica, envolta em penumbra e gás mostarda:
A globalização é como uma onda do mar, que nunca atinge simultaneamente e por igual, todos os pontos de areia que estão diante de si, mas que mais tarde ou mais cedo, acaba por os tocar a todos (Luís 2007).

Globalização como compressão de duas categorias fundamentais de organização humana, espaço e tempo (Harvey 1989).

The globalization of production and consuption, or the heightened mobility of people, goods, ideas and capital, also creates transnational communities and generates a demand for the skills and out-looks these communities offer (Levit 2001:22).


Moreover, identity has come to supply something of an anchor amidst the turbulent waters of the - industrialization and the large - scale patterns of planetary reconstruction that are hesitantly named “globalization” and “late modernity” (Woodward 1997:312).

Globalização como processo de intensificação brutal de fluxos de capitais mercadorias, ideias, cultura e pessoas à escala mundial e das relações, articulações e dependências que se geram por seu intermédio entre indivíduos e sociedades (Giddens 1990, 2000).

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Quando a noite cai

Circunstancializando o posterior relato: já era tarde, 2 ou 3 da manhã. O casal vai finalmente para a cama, tentar dormir. A conversa que passo a descrever, sucedeu efectivamente.
ela: eu tinha uma professora que ministrava...
ele: ministro vem do latim magister e que tem a ver com magisterium que creio ser função...
ela: ai é?
ele: Mas é engraçado (delirando) que derivado de ministro existe um verbo que é ministrar, o qual nunca é aplicado à circunstância em que actualmente se adjectiva alguém como ministro, ou seja, um titular de uma pasta num governo de estado. Nunca se diz, ou pelo menos não me lembro de ouvir dizer, que o ministro, ministra, no entanto, já é mais vulgar ouvir dizer ou dizer, que um professor ministra. O ministro quanto muito administra (delirando com intensidade)...as palvras sofrem os efeitos dialécticos da mudança que as preênche...tipo a dialéctica Hegeliana, a viagem do espírito, da ideia no seu eu virado para si, a confrontação com a sua alteridade, que irá culminar numa sintese, que de sintética nada tem, pois já contem em si mais momentos, que os estadios que a precederam. Isto é interminável...nunca acaba...o problema do Marx é que a coisa se reduzia muito à luta de classes...chamavam-lhe socialismo utópico! Mais uma vez o latim...topus=lugar, logo utopos é o que não tem lugar...chamavam-lhe o materialismo histórico...
ela: ahhhhhh...bocejou intensamente.
ele: Pois...penso, logo existo!
ela:Pois é...
ele:Esse era um racionalista...tudo estava na razão, já o Locke era um empiriscista, tudo passava pelos sentidos...tudo, mas tudinho mesmo, a teoria da folha em branco ou tábua rasa!
ela:ahhhhhh
ele: Havia ainda uns cépticos...David Hume..blã blá blá, esses duvidavam da capacidade de se produzir saber ou conhecimento. Então apareceram os idealistas...tipo Kant, o paradigma misto entre empiricismo e racionalismo, as categorias àpriori espaço e tempo que enquadram a experiência...
ela:ahhhhhhhhhhhhhhhh
ele:epah! desculpa lá não me calar...mas isto era só para explicar que as palavras têm vida, algo que se assemelha à dialéctica hegeliana, só que neste caso é tipo uma dialéctica Sousurreana, a oposição constante entre palavras, em si vazias de conteúdo, que só adquirem significado pela relação opositiva que estabelecem entre si, no fundo uma visão sistémica, tipo teoria dos vasos comunicantes. Sistema, não como soma das partes, mas sim como soma das relações entre as partes, tás a ver? O mundo e a vida são só movimento criado pelo confronto, oposição, fricção, enfim muita coisa que acabe em ão!! Nada está parado, mesmo quando parece que está...já o Foucault dizia que "o agonismo é uma recalcitrância autêntica do indivíduo"...epah!Por falar neste senhor, heterotopias é um termo dele...mas agora não me lembro...hetero...tem a ver com o outro, tipo se é heterossexual...é porque se sente atraído pelo sexo diferente, por isso...heterotopia tem que ver com diversidade, não achas?
Mas ela já dormia profundamente. Ao menos serviu para algo, pensou o gajo. Boa noite.

sábado, 13 de setembro de 2008

The Clansman / Iron Maiden

Wake alone in the hills
with the wind in your face
It feels good to be proud
and be free and be a race
That is part of a clan
and to live on highlands
And the air that you breathe
so pure and so clean
When alone on the hills
With the wind in your hair
With a longing to feel ..
Just to be free
Is it right to believe
in the need to be free
It's a time when you die
and without asking why
Can't you see what they do
they are grinding us down
They are taking our land
that belongs to the clans
Not alone with a dream
Just want to be free
With a need to belong
I am a clansman .....Freedom
It's a time wrought with fear
it's a land wrought with change
Ancestors could hear
What is happening now
They would turn in their graves
they would all be ashamed
That the land of the free
has been written in chains
And I know what I want
When the timing is right
Then I'll take what is mine
I am the clansman
And I swear to defend
And we'll fight to the end
And I swear that I'll never
be taken alive
And I know that we'll stand
and we'll fight for our land
And I swear that my bairns Will be born free
And I know what I want
When the timing is right
Then I'll take what i want
I am the clansman
Freedom
And I know what I want When the timing is right
Then I'll take what is mine I am the clansman
No, no we can't let them take anymore
No we can't let them take anymore
We've the land of the free
Freedom
Is it right to believe
in the need to be free
It's a time when you die
and without asking why
Can't you see what they do
they are grinding us down
They are taking our land
that belongs to the clans
Not alone with a dream
Just want to be free
With a need to belong
I am a clansman
And I know what I want
When the timing is right
Then I'll take what is mine
I am the clansman
Freedom

terça-feira, 9 de setembro de 2008

intersecções analíticas

Historicamente e em termos de análise teórica, essencialmente a conformada pela bibliografia feminista, a prostituição aparece como uma produção das sociedades patriarcais (as instituições e seus agentes que produzem sujeitos, isto já numa análise post estruturalista), system of sexual subordination and oppression of women, então que dizer das práticas sexuais comerciais/comercializadas que não se ajustam ao paradigma heterossexual, nomeadamente as proporcionadas por transsexuais, travestis ou transgenders?
By those historical and anthropological positions that understand gender as a relation among socially constituted subjects in specifiable contexts. This relational or contextual point of view suggests that what the person “is”, and, indeed, what gender “is”, is always relative to the constructed relations in which it is determined. As a shifting and contextual phenomenon, gender does not denote a substantive being, but a relative point of convergence among culturally and historically specific set of relations (Butler 1990:14)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

TÓPICOS/TRANSSEXUALIDADE

The writings of Butler and Garber have defined the terms of debate on transgendered people within American cultural studies of 1990s: terms wherein transvestites and transsexuals function as rhetorical figures within cultural texts; terms wherein the voices, struggles, and joys of real transgendered people in the everyday social world are noticeably absent (...) The presentation of transgendered issues within queer theory does not account for the quotidian living conditions of transgendered people. The political objections to this field are clear: queer theory begins it analysis with little thought of the individuals designated as the objects of study. At best this perspective is an unfortunate and unacceptable oversight; at worst, it belies a kind of academic inquiry that is contemptuous and dismissive of the social world(Namaste 2000:16).
By attending to the ways in which knowledge about sexuality is organized in law, medicine and sexology, Foucault shows how specific sexual identities, such as that of the homosexual, have been manufacturated in a variety of institutions (idem:17).

Para Foucaul todas as identidades são produzidas pelo poder, o poder tem uma natureza produtiva e controladora (idem:17), ao ponto da homossexualidade se ter servido dos mesmos discursos que a discriminavam, para se legitimar. Foucault chamou a este processo de uso da linguagem de reverse discourse (Foucault 1978 in Namaste 2000:17).
Foucault em L´Histoire de la Sexualité e Derrida em De La Grammatologie colocam questões de como o discurso acaba por produzir o seu próprio sujeito, o primeiro referindo como os homossexuais foram produzidos pelo próprio discurso médico e jurídico (reverse dircourse) e Derridas como os Nambikwaras (estudados por Lévi-Strauss) são trazidos a uma existência social através dos nomes próprios, in both instances, the inquiry concerns itself with the social institutions and taxonomic practices that produces subjects (idem:20-21).
Outra abordagem, é a etnografia institucional:
Like Smith and O´Brien, Ng´s study focus on the institutional relations that order the experience of their subjects (idem:48).

George Smith begins with the everyday experiences of seropositive people and goes to outline how theses experiences are not addressed within the Ontario government´s management of AIDS epidemic. This is a reflexive approach to sociology, wherein the experiences, perceptions, and needs of the community under investigation occupy a central component of the research (idem:48).

Janice Raymond sustenta a posição de que os transsexuais foram fabricados pela medicina, In her view, psychiatric evaluation as well as the availability of surgery function to produce transsexuals (idem:33).

Sociólogos como Dwight Billings e Thomas Urban advogam igualmente a posição de Janice Raymond, incluindo aqui um elemento económico, o de que a indústria capitalista da medicina criou a transexualidade, nomeadamente através das intervenções cirúrgicas, como por exemplo a amputação genital (idem:33 e Billings e Urban 1982:272-273).


sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Sobre o género, tópicos de reflexão

(…)the law produces and then conceals the notion of a “subject before the law” in order to invoke that discursive formation as a naturalized foundational premise that subsequently legitimates that law´s own regulatory hegemony (Butler).

The sex/gender distinction suggests a radical discontinuity between sexed bodies and culturally constructed genders. Assuming for the moment the stability of binary sex, it does not follow that the construction of “men” will accrue exclusively to the bodies of males or that “women” will interpret only female bodies (idem).

The “coherence” and “continuity” of the “person” are not logical or analytical features of personhood, but, rather, socially instituted and maintained norms of intelligibility. Inasmuch as “identity” is assured through the stabilizing concepts of sex, gender, and sexuality, the very notion of “the person” is called into question by the cultural emergence of those “incoherent” or “discontinuous” gendered beings who appear to be persons but who fail to conform to the gendered norms of cultural intelligibility by which persons are defined (idem).
Aquele a quem falta o falus é aquele que é o falus, aquele que é necessário para a confirmação do próprio falus, por outras palavras aquele que é o falus na sua extensão. A mulher é o falus e não quem o tem. A mulher é o reflexo do poder ilusório da autonomia masculina, ou seja, sem ela esse poder não se confirma.
Let us say that these relations will resolve around a being and a having which, because they refer to a signifier, the phallus, have the contradictory effect of on the one hand lending reality to the subject in that signifier, and on the other making unreal the relations to be signified (Lacan).
The incest taboo presupposes a prior, less articulate taboo on homosexuality. A prohibition against some heterosexual unions assumes a taboo against nonheterosexual unions. Gender is not only an identification with one sex; it also entails that sexual desire be directed toward the other sex. The sexual division of labour is implicated in both aspects of gender – male and female it creates them, and it creates them heterosexual (Butler).

terça-feira, 1 de julho de 2008

Museu digital

Com algum atraso, aqui fica uma informação relevante:

Na próxima Quarta-feira, dia 25 de Junho, pelas 16h00, o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra apresenta publicamente o MUSEU DIGITAL, um projecto que visa disponibilizar on-line uma parte significativa do acervo científico da Universidade de Coimbra. Serão disponibilizados 19 000 registos. Esta será a maior base de dados nacional de instrumentos científicos, história natural e etnografia.

O Museu Digital será acessível a partir do site do Museu da Ciência http://www.museudaciencia.pt/.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Gilberto Freyre

Referência biográfica a Gilberto Freyre, inventor do luso tropicalismo, reaproveitado e reinventado por Adriano Moreira, como o modo português de estar. Nascido em 1900, filho de um juiz de direito e catedrático de economia política, inicia o seu processo escolar no colégio americano Gilreath, encetando aquilo que se poderá apodar de uma educação livresca não tropical, aprende latim, francês e em 1930, quando a revolução derruba o regime, freyre que pertencia aos quadros da república velha, segue para o exílio (Castelo 1999:23), e após passagem por África chega a Portugal. Em 1931 lecciona como professor extraordinário da universidade de Stanford, entretanto havia já desempenhado funções oficiais junto das elites Brasileiras, por exemplo como oficial de gabinete do governador de Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra. Em 1933 conclui o livro sobre o qual nos debruçamos (casa branca e senzala) e em 1938 é convidado por Oliveira Salazar para ser membro da Academia Portuguesa de História (http://www.releituras.com/gilbertofreyre_bio.asp). A sua formação é ocidental, adapta conhecimentos da sua formação europeia e norte – americana (Castelo 1999:19).

Estas breves referências, de alguma forma dispersas, tem tão somente como objectivo, não o de retirar mérito à obra de inegável valor de Gilberto Freyre, mas sim o de a contextualizar, de chamar à atenção para o facto de pertencer às elites Brasileiras, porventura mais próximas de uma cultura europeia ou norte americana do que Brasileira, o que viria a culminar em 1938 com o reconhecimento de Oliveira Salazar, do seu mérito intelectual, através do convite que atrás fiz referência. Posteriormente e ainda no período de vigência institucional do estado novo, a doutrina de Gilberto Freyre será aproveitada como um elemento definidor do ser-se português, o modo português de estar no mundo (castelo 1999:13). Na actualidade revela utilidade numa identidade nacional que justifica a defesa da maior aproximação aos povos lusófonos, em nome da língua e da história comuns e de uma suposta sintonia cultural e afectiva (idem:13). Poderá ser afirmado que esta teoria de Freyre, ao ser recebida em Portugal, promoveu uma alteração na política e ideologia coloniais do estado novo (idem:14), quanto a esta dois momentos podem ser observados, um primeiro momento, situado nos anos 30 – 40, em que as teses de Freyre são recebidas com muitas reticências; e um segundo momento, a partir dos anos 50, em que o luso – tropicalismo é incorporado e adaptado pelo discurso oficial do salazarismo (ibidem:69), com respectivos usos políticos, desejando:


(…) extrair da sistemática que vimos esboçando sugestões que se apliquem à administração, à higiene, ao ensino, às indústrias, à medicina, à alimentação, à interpretação e orientação das artes, a métodos de catequese, quer da parte de Portugal, nas suas províncias tropicais, quer da parte do Brasil, nas suas áreas de autocolonização e nas suas relações com Portugal e com o ultramar português (Freyre 1958:14).
Castelo, Cláudia 1999 “O modo Português de Estar no Mundo”: O Luso – Tropicalismo e a Ideologia Colonial Portuguesa, 1933 – 1961, Edições Afrontamento: Porto.
Freyre, Gilberto 2005 Casa – Grande e Senzala, Global Editora: S. Paulo.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Psicologia étnica; Dia de Portugal, das comunidades e Camões; possíveis raízes e mecanismos de reinvenção sucessiva.

Com os anos 50 e após o términus da segunda guerra mundial, aceleram-se os processos globalizantes, nomeadamente o desenvolvimento tecnológico que acentua os fluxos de pessoas e capitais, gerando interdependências, remodelando deste modo os conceitos de fronteiras até então construídos. Da facilidade de contacto entre os povos, surge a necessidade destes, de elaborarem novas fronteiras de carácter acentuadamente simbólico (COHEN,BARTH). É nesta ambiência de choque e contrastes ao nível cultural, que os antropólogos vislumbram um novo objecto de investigação, a construção de uma personalidade colectiva capaz de distinguir os povos dos demais, tentando através da sua análise construir um perfil psicológico colectivo ou psicologia étnica que identifique os sujeitos individualmente considerados, num conceito mais lato, o de nação (ANDERSON). No entanto, a génese desta problemática científica, remonta a finais do séc. XIX, data das primeiras emigrações de Portugal para os Estados Unidos (Baganha) e dos primeiros choques culturais.

Em Portugal, o assunto da psicologia étnica é desenvolvido a partir de 1870/80, sensivelmente no momento crucial do “take off” do projecto Antropológico. É o caso de Teófilo Braga, com uma visão simpática dos Portugueses, descrevendo-os como indivíduos orgulhosos, propensos à aventura, de genio imitativo com contornos de fatalismo. Obras de referência são: “A Pátria Portuguesa. O Território e a Raça” ou “ Cancioneiro Popular Português”. Com uma visão mais negativa, aparecem-nos Rosa Peixoto e Adolfo Coelho, o primeiro devido ao seu gosto pela arquitectura, estabelece paralelismo entre o interior das habitações e a alma Portuguesa, que considera rude, indigente, violenta e nada criativa. Na sua obra “Cruel e Triste Fado”, acentua esta visão negativa , apelidando este tipo de canção e o carácter dos Portugueses, como sendo vadio, imundo, hipócrita e malandro. Adolfo Coelho partilha desta negatividade, sendo que de alguma forma se mostra percursor no caminho para a interdisciplinaridade. Mostra-se atento a factores de ordem degenerativa ao nível da psicologia étnica em “Esboço de um Programa para o Estudo Patológico e Demográfico do Povo Português”, 1890. João Leal aponta dois reparos a esta panorâmica, o facto de considerar as reflexões pouco sistémicas e o do seu resultado não apresentar concenso entre os vários estudiosos da época.

A partir de 1950 com o fim da guerra, o boom da emigração de Portugal para a Europa, o início da guerra colonial que possibilitou maior mobilidade dos Portugueses dentro do seu território, florescimento da interdisciplinaridade e a necessidade de afirmação no plano internacional de diferenças estrategicamente elaboradas com fins políticos (COHEN) ou fronteiras simbólicas potenciadoras de um self ascription or ascription by others(BARTH), surge no panorama Português Jorge Dias, que inaugura uma tendência de cooperação entre antropólogos, no caso Margot Dias ou jorge Galhano, que devido ao clima de enorme fluxo de ideias, pessoas e mercadorias viaja pelos E.U.A. , onde adquire alguma visibilidade internacional e de onde resultam influências no seu trabalho etnográfico do Culturalismo Norte Americano, inspirado por exemplo na obra “A Espada e o Crisanto” de Ruth Bendict, onde é descrito o carácter colectivo dos Japoneses, com atavismos nítidos em “Elementos Fundamentais da Cultura Portuguesa”. Saliente-se a sua preocupação em estabelecer uma caracterização do perfil psicológico étnico dos Portugueses, de onde se reflectem evidentes influências de Orlando Ribeiro. Inaugura novos objectos na etnografia Portuguesa, nomeadamente em contextos Africanos, mais concretamente com os Maconde em Moçambique.
No fundo, o que se procurava através da articulação das estratégias não planeadas ou planeadas do povo Português e a visão sobre elas lançada pelos cientistas, era a invenção de um “do it yourself kit”(Orvar Lofgren) passível de ser transportado por um discurso político, do tipo “banal nationalism”de Billig, para as mais profundas raízes étnico-psicológicas através de um processo de socialização, transmitido mediante massificação cultural e que aglomerasse em torno de símbolos, essa essência "do ser português",transformando-a em algo de “genuinamente” nacional ou seja uma representação com convicção e consenso de realidade generalizada.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Afinal em que consiste a antropologia?

Pois bem, pelo meio das minhas viagens na antroposfera fui dar a um sítio, que em poucas palavras responde à pergunta/s de alguns, que porventura se baralham quando entre referências a pessoas, grupos de pessoas, grupos "sócio-históricos", sociedades, etc..., verificam que aparecem primatas ou até mesmo cadáveres milenares, dos quais só restam os esqueletos e todos ou alguns dos ossos que os compõem...dêem uma olhada, pode ajudar: http://www.zaz.com.br/voltaire/cultura/2002/06/07/001.htm

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Investigadora portuguesa descobre quebra-nozes complexo feito por chimpanzés

Um estudo realizado por uma investigadora portuguesa na floresta de Bossou, na Guiné-Conakry, no âmbito de um trabalho de equipa luso-japonês, descobriu o quebra-nozes de pedra mais complexo construído por chimpanzés selvagens até agora encontrado. "Trata-se de um quebra-nozes constituído por quatro elementos de pedra, um martelo, uma bigorna e dois calços, quando até agora só eram conhecidos instrumentos com três componentes", explica Susana Carvalho, estudante de doutoramento na Universidade de Cambridge e primeira autora do estudo, a publicar na próxima edição impressa da revista científica Journal of Human Evolution e já disponível online.
O estudo, que resultou de um trabalho de campo realizado em Bossou entre Janeiro e Maio de 2006, combinou técnicas de arqueologia e primatologia e juntou investigadores da Universidade de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa e Universidade de Quioto (Japão). Para Susana Carvalho, do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde da Universidade de Coimbra, a capacidade cognitiva necessária para combinar simultaneamente quadro pedras e uma noz "indicia que os chimpanzés são capazes de complexificar mais o seu comportamento durante a utilização de ferramentas de pedra do que se pensava". Cláudia Sousa, especialista em primatologia na Universidade Nova de Lisboa e co-autora do trabalho, disse à agência Lusa que este confirma "as semelhanças entre as ferramentas de pedra criadas pelos chimpanzés e os artefactos de pedra usados pelos primeiros hominídeos, há 2,5 a 2,6 milhões de anos". Esta docente do Departamento de Antropologia da UNL, que desde 2001 faz trabalho de campo periódico em Bossou, perto da fronteira da Costa do Marfim e da Libéria, sublinhou que aquelas semelhanças são especialmente evidentes nas características físicas das pedras usadas nos instrumentos. Outra das novidades do estudo foi mostrar que os chimpanzés utilizam, seleccionam e reutilizam as mesmas ferramentas durante períodos longos de tempo, num processo que se inicia com a escolha das pedras e termina com o seu abandono quando deixam de servir para a função pretendida. Além disso, salienta-se nas conclusões do trabalho, o comprimento, a largura e o peso das pedras determina que estas sejam usadas ou como martelo ou como bigorna ou calço. A equipa verificou ainda que os chimpanzés transportam as pedras de uns locais para outros, mesmo quando são pesadas, o que sugere um sentimento de posse por certas ferramentas e uma percepção da relação qualidade-eficiência das ferramentas. Na perspectiva de Susana Carvalho, esta observação reforça a ideia de que estes chimpanzés agem "de forma mais próxima ao nosso ancestral comum, no que diz respeito às primeiras tecnologias". O trabalho contou com a colaboração do Professor Tatsuro Matsuzawa, do Primate Research Institute da Universidade de Quioto, que desde 1976 investiga a inteligência, o comportamento e a cognição nos chimpanzés selvagens - referiu Cláudia Sousa, que estudou durante mais de quatro anos naquela universidade, onde terminou o mestrado e concorreu ao doutoramento em Ciências Biológicas e Primatologia. Participou também no trabalho, como orientadora, a antropóloga Eugénia Cunha, docente do Departamento de Antropologia da faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Cláudia Sousa está a trabalhar noutro projecto de investigação em África, nas florestas da região costeira do sudoeste da Guiné-Bissau, que visa estudar a distribuição das comunidades de chimpanzés naquela área, onde estão ameaçados pela perda de habitat resultante de actividades agrícolas, e a sua relação com as comunidades humanas locais.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Seminário

Publico um mail que me foi enviado e que acho relevante:

Convite
Seminário
Venho convidar para a próxima sessão do seminário do NEANT, que terá lugar na quinta-feira, 29 de Maio, às 11:00, na sala C201 – Edifício 2 do ISCTE, para apresentação e discussão de uma comunicação de Ricardo Sobral sobre:
"A bicicleta na cidade de Lisboa: contribuição para a implementação e promoção do uso da bicicleta como meio de transporte urbano",
tema do seu estágio de conclusão da licenciatura em antropologia (FCSH-UNL), realizado na Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta (FPCUB).
-- Utilize a bicicleta na cidade. Saiba como:http://bicicletanacidade.blogspot.com/

sexta-feira, 16 de maio de 2008

sujeitos

Stuart Hall concebe três tipos de sujeitos sob uma perspectiva diacrónica, o sujeito iluminado (racional e individualmente unificado), o sujeito sociológico cuja identidade se constrói na relação constante com os outros e o sujeito pós- moderno, identidade desfragmentada e sentimentos de pertença múltiplos. Em qual te incluis?

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Gisberta num mundo de justiça hetero

Um ser humano como outro qualquer, sensível à dor, à tortura, provavelmente à ausência de familiares, porém travesti numa sociedade de justiça hetero. Um ser humano brutalizado e antes de definhar, violado na sua consciência íntima por uma humilhação que, apenas encontrou limite, numa morte solitária no fundo de um buraco enlameado. Por sentença transitada em julgado de menores, os responsáveis são condenados a penas que oscilam entre os 6 e os 13 meses, ao que julgo saber em "casas de correcção", de onde alguns já eram provenientes (ou até todos). A relação com "o outro", com o diferente, encontra aqui mais um dos seus fundamentos, a própria oposição negativa da justiça e o carácter contraditorio dos seus valores. Estranho neste momento, que o Sr. ministro da agricultura não venha anunciar publicamente e de forma mediática, um despacho prevendo a esterilização de quem cometeu esse crime, que na escala criminológica parecem constar como não sendo "potencialmente perigosos". Este facto demonstra a ambivalência do mundo em que vivemos e em que sempre se viveu, o carácter relativo da justiça e do valor da vida humana, em suma o conteúdo mutante e extremamente manipulativo das sociedades humanas.

terça-feira, 18 de março de 2008

A agricultura e as suas pestes

O País em que um cão é mais perigoso e responsável que um pedófilo. O país em que um julgamento sobre pedofília se arrasta há cinco anos e em que a maior parte dos arguidos aguarda julgamento em liberdade, simplesmente porque possuêm dinheiro, o país em que a condução embriagada é um hábito comum, o país em que a posse e venda de armas de fogo se tornou banal, o país em que as claques de futebol se degladeiam, ofendem e agridem, o país em que se atribui habitação social a quem possui BMW ou mercedes, o país em que o CDS é igual ao PS, o país em que a ignorância assusta, o país em que o consumo de álcool é elevadíssimo e de onde resultam agressões e lesões, o país onde a polícia faz segurança privada a discotecas, o país em que seguranças privados caem que nem tordos nas noites, o país onde velhas vendem droga, onde seres humanos se degradam por causa dela, o país em que ninguém aplicou as anteriores leis sobre cães potencialmente perigosos, o país em que putos de bairros sociais passeiam soltos os seus animais mal tratados e repletos de cicatrizes na sua "face" canina resultado das lutas que só alguns não querem ver, nem parar, o país bipolar, país do oito ao oitenta, da depressão à euforia, da omnipotência à angústia, o país maniaco-depressivo, o país em que um cão é mais responsável que um homem, o país em que a qualquer momento um ministro da agricultura pode ser gestor da caixa geral de depósitos . Se os animais falassem, chamariam a muitos destes políticos-Filhos da puta!!- e provavelmente diriam- nós é que estamos entregues aos bichos!
"O grau de civilidade de um país pode ser aferido pela forma como trata os seus animais" - Mohandas Karamchand Gandhi

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Abordagem EMIC / Abordagem ETIC - duas formas de fazer antropologia


Emic e Etic, termos sugeridos pelo linguista Kennet Pike em 1954, procuram establecer uma distinção entre as abordagens que a antropologia pode adoptar aquando da análise de um mesmo objecto. Esta Distinção poderá ser feita de acordo com a seguinte tabela sugerida por Carlos Reynoso em "Correntes em antropologia Contemporânea".


Comparativistas--------------------------Particularistas
Ideal das ciencias naturais------------Ideal das humanidades
Busca da explicação--------------------Busca da compreensão
Sintese comparativa -------------------Análise do particular
Busca de leis gerais ---------------------Registo de casos unicos
Tendencia para o materialismo -------Tendencia para o idealismo
Abundante reflexão metodológica -----Atitude anti-teórica
Etnologia-----------------------------------------Etnografia
Procura traços comparáveis------------Procura a cultura em sí mesma
Desenvolvimento quantitativo ------------Exaltação do qualitativo
Enfase nas corelações impessoais-------Recuperação do individualismo metodológico
Formalismo -----------------------------------Substantivismo


Relativamente ás correntes e abordagens podemos facilmente acrescentar:

ETIC ---------------------------------------------EMIC
Estruturalismo e funcionalismo --------Culturalismo
Tendencia biologizante ------------------Tendencia psicologizante
Da parte para o todo ---------------------Do todo para a parte


Estas diferentes abordagens, perante os mesmos objectos de estudo, têm produzido correntes, conteúdos e resultados cientificos distintos. Enquanto que uma abordagem ETIC está tendencialmente mais ligada á antropologia biológica, á mental binarista bem como a toda aquela que pretende descobrir / formular os grandes postulados do comportamento humano, a abordagem EMIC procura encontrar a especificidade de cada aspecto do individuo e da sua cultura, constituindo em ultima instancia muita da matéria prima utilizada pelos estudiosos que recorrem á abordagem ETIC.

Enquanto que a abordagem ETIC procura medir, comparar e esquematizar lógicamente a realidade sem recurso á subjectividade discursiva dos individuos, a abordagem EMIC procura descobrir as especificidades de cada contexto em particular, recorrendo inclusivamente á interpretação nativa dos factos.

A antropologia apresenta-se assim como uma ciência charneira entre as ciencias exactas e aquelas que até hoje são consideradas não exactas por carecerem da quantificação subjacente á definição do termo.

Desta forma a Antropologia enquanto ciencia terá uma definição ampla assente em multiplas plataformas teóricas e metodológicas onde cada um de nós poderá ir ao encontro quer de particularidades quer de universalidades oscilando entre todas as oposições que a própria dualidade humana implica.

Livros e artigos online


O Blog Antropo-Reflexoes tem uma nova secção.
A partir de agora serão disponibilizadas algumas obras Antropológicas em formato PDF na secção "Livros e artigos cientificos online"

Esperemos que vos sejam úteis


Boas Leituras

:)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Genocidios de povos indigenas ao longo do século XX

Group Name - Country - Date(s)

Africa

Bubi - Equatorial Guinea 1969–79
Dinka,Nuer - Sudan 1992–93
Herero - Namibia 1904–7
Hutu - Burundi 1972,1988
Isaak - Somalia 1988–89
Karimojong - Uganda 1979–86
Nuba - Sudan 1991–92
San - Angola,Namibia 1980–90
Tuareg - Mali,Niger 1988–90
Tutsi - Rwanda 1994
Tyua - Zimbabwe 1982–83


Asia and the Pacific

Armenians - Turkey 1915–18
Atta - Philippines 1987
Auyu - West Papua,Indonesia 1989
Cham - Kampuchea (Cambodia) 1975–79
Dani - Papua New Guinea 1988
H’mong - Laos 1979–86
Kurds - Iraq 1988,1991
Nasioi - Bougainville,Papua N.G. 1990–91
Tamil - Sri Lanka 1983–86
Tribals - Chittagong Hills,Bangladesh 1979–present



Latin America and the Caribbean


Ache - Paraguay 1966–76
Arara - Brazil 1992
Cuiva - Colombia 1967–71
Mapuche - Chile 1986
Maya Indians - Guatemala 1964–94
Miskito - Nicaragua 1981–86
Nambiquara - Brazil 1986–87
Nunak - Colombia 1991
Paez - Colombia 1991
Pai Tavytere - Paraguay 1990–91
Ticuna - Brazil 1988
Yanomami - Brazil 1988–89,1993


North America

Indians - United States,Canada 1500s–1900s



Totten, Samuel, Et. al Confronting Genocide and Ethnocide of Indigenous Peoples - An interdisciplinary Approach to Definition, Intervention, Prevention and Advocacy
In Annihilating Difference - The anthropology of Genocide (2002) by Alexander Laban Hinton

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A riqueza das nações, Adam Smith. Breve resenha histórica da economia e dos fundamentos do economicismo

Viver em sociedade pressupõe disponibilidade para o intercâmbio que, por razões que lhe são imanentes, conduziu o homem, enquanto espécie considerado, à divisão do trabalho. Tal princípio ocorre tão naturalmente como a aprendizagem da língua. Ao nível da economia, a divisão do trabalho é a grande causa do aumento da capacidade produtiva e ocorre primordialmente em momentos de estabilidade social, evoluindo tendencialmente para novas subdivisões, como elos de uma corrente que se acrescentam, sem se excluírem. Adam Smith começa por se referir às artes insignificantes, que na sua óptica são aquelas que suprem as necessidades de grupos reduzidos. Exemplifica com a produção de alfinetes, em que o número de trabalhadores é baixo, o que considera ser consequência da especialização do trabalho. Neste tipo de produção assiste-se à execução, pelo mesmo sujeito, de duas ou três tarefas distintas, não correspondendo por isso à divisão do trabalho strictu sensu, implicando de qualquer forma um já apreciável aumento de produtividade. A estes ofícios menores, assim considerados sob um ponto de vista economicista, em virtude do escasso mercado a que correspondem, opõem-se as grandes industrias que visam satisfazer necessidades em larga escala, para as quais existe um vasto mercado a preencher.Nestas, o processo produtivo exige um número maior de indivíduos, sendo que, nestes casos a divisão do trabalho é maior, apesar da sua menor visibilidade, devida à superior dispersão dos trabalhadores, que pela sua quantidade não caberiam numa só oficina.
O que se verifica, é que em ambos os casos a divisão do trabalho, seja em que grau for, acarreta sempre um aumento dos poderes produtivos do trabalho. Este princípio é característico das sociedades mais ricas e opulentas em termos económicos. Adam Smith, aponta igualmente, diferenças práticas do referido princípio, conforme se aplique à agricultura ou à indústria. A agricultura está condicionada pela sazonalidade que lhe é inerente, o que por motivos economicistas lógicos, impede o empresário agrícola de manter um homem constantemente empregado numa função que carece de regularidade, pelo carácter cíclico das estações. Ou seja nas sociedades mais ricas, a solos mais férteis, maior capacidade produtiva, maior investimento não corresponde necessariamente a colocação de produto mais barato no mercado, na medida em que o princípio da divisão do trabalho é condicionado pela sazonalidade específica dessa produção agrícola. Deste modo, segundo Adam Smith, a concorrência dos países mais pobres com os mais ricos sofre menos restrições, sendo possível por parte dos primeiros a colocação de produtos no mercado a preços concorrenciais. Assim, temos que a divisão do trabalho gera aumento da quantidade de trabalho, a qual é explicável pela relação que se estabelece entre os seguintes factores:
- Aumento da destreza do trabalhador.
- Poupança do tempo que se perde ao passar duma actividade para outra.
- Invenção de um grande número de máquinas que facilitam e reduzem o emprego de energia humana, de tal forma que um só homem realiza o trabalho de muitos.
Na altura em que Adam Smith, editou a obra de que nos ocupamos, já a primeira fase da revolução industrial estava em curso, o ferro, os tecidos, o vapor, estavam já em franco desenvolvimento, no que à sua utilização diz respeito. Os movimentos protestantes de Calvino, e em menor escala Lutero introduziram com o renascimento a especulação com os juros bancários, uma outra significação foi atribuída ao trabalho, a vocação e a devoção eram a forma de realizar os desígnios de Deus em terra ( WEBER, 1996 [1905]: 57). Aproximava-se a revolução Francesa de 1789, grandes filósofos como Kant reestruturavam a relação dos sujeitos com os objectos (Revolução Coperniciana), Hegel um pouco mais tarde, com o seu colectivismo metodológico, abarca todas as áreas de acção humana no espírito mundial, que progride com racionalidade histórica, e se é racional, contém implicitamente um certo grau de previsibilidade (o padrão da lógica é a matriz económica, Shumpeter), ao qual se acrescenta o materialismo histórico de Karl Marx, com profundas consequências na economia, doravante equacionada como intimamente relacionada com os elementos históricos e sociais, sendo que o valor da mercadoria está na quantidade de trabalho socialmente necessária para a produzir, o que, já no séc.XX viria a ter actualização e desenvolvimentos com “Les annales d`his toire économique et social”, onde desempenham papel de relevo Lucien Febvre, Marc Bloc e Braudel.
Nesta ambiência, distingue-se o trabalho produtivo do não produtivo, os rituais característicos da ciclicidade agrícola sofrem severos danos na sua estrutura, a racionalidade, o cálculo, o economicismo (BOURDIEU, 2002 [1972]: 242-247) transformam os seus contornos, o capital simbólico não desaparece mas, reformula-se. Durkheim, no trabalho que constituiu a sua tese de doutoramento, “Da Divisão Social do Trabalho”, refere-se às sociedades de solidariedade mecânica como aquelas em que cada um desempenha qualquer função, por oposição à solidariedade orgânica em que se assiste à especialização de funções como consequência das variáveis independentes, volume, densidade material e densidade moral que produzem variáveis dependentes como a arte, o direito, a economia, etc…Estas variáveis são dependentes porque residem no individuo, quanto maior for o seu número, maior será a divisão social do trabalho. Para Durkheim a economia constitui o sector mais profano das actividades do ser social, e na sua lógica de consenso, propõe as corporações como forma de mitigar os conflitos e anomias dela resultantes. Na economia ocupa lugar de destaque o contrato, também a ele Durkheim presta atenção, sem no entanto fugir aos pressupostos do seu pensamento. A sociedade pré-existe ao individuo, é dela que surge a divisão do trabalho e como sequência destas o contrato, como forma de regular juridicamente uma tendência natural da sociedade. Considero que neste aspecto, Adam Smith partilha destas ideias, visto que, também ele faz derivar da cooperação, acto só possível em sociedade, a divisão social do trabalho. O comportamento económico não é um acto de altruísmo, baseia-se no cálculo das minhas necessidades e na forma de as suprir, recusando o desperdício (NEVES, 1994: 29), através do relacionamento com o outro. Não é da boa vontade do homem do talho, que posso esperar ter um bife à mesa, mas sim do seu interesse (NEVES, 1994). Neste sentido, a construção racional baseada na ideia de que a antropologia surge para diminuir a questão entre o eu e o outro, o nós e o eles, (CASAL, 1996: 12), faz todo o sentido na abordagem antropológica das questões relacionadas com a troca, sendo que a economia não se resume às trocas financeiras, a decisão de ler um livro ou ir ao cinema, envolve igualmente custos e benefícios, que o agente pode e deve ponderar. Talvez a antropologia, consiga incutir um pouco de bom senso e humanismo, refreando o ímpeto do imperialismo economicista que se abate sobre as sociedades contemporâneas (NEVES, 1994: 15-17). Sendo relevante realçar, que a divisão do trabalho não opera em exclusividade na economia, fá-lo igualmente relativamente a outras instituições sociais, como a família, as escolas, etc..., pelo que se considera um fenómeno social total (Marcel Mausse), exigindo a interdisciplinidade para a sua compreensão. Esta tendência errada, para ver a economia como exclusivamente ligada às escolhas materiais (Neves, 1994: 13), decorrerá provavelmente, de um crescente consumismo, que fez com que ao longo de dois centúrios, a teoria do valor, que o incorporava na própria mercadoria sob a forma de unidades de trabalho/tempo, se deslocasse para uma teoria de pendor subjectivo, em que valor reside na utilidade que essa mercadoria tem para quem a consome, esse processo inicia-se com a escola de Viena, desenvolvendo-se com Stanley Jevons, Walras (Esc.Lausanne) e Alfred Marshal, atribuindo este, especial relevo à racionalidade e equilíbrio da decisão económica.
SMITH, Adam (1999 [1776]) ”Da Divisão do Trabalho” in A Riqueza das Nações, Vol. 1, Lisboa, Edições Calouste Gulbenkian, pp.77-91.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Antroposfera

É com prazer que verifico que se multiplicam na net blogs de conteúdo antropologico ou com esta actividade relacionados, é positivo e demonstrativo de alguma vitalidade no meio. Alguns têm uma óptima qualidade, não desmerecendo os demais, um sobressaiu, captando de imediato e minha atenção, a saber, o "comunidade imaginada". Nos meus passeios cibernauticos deparei-me com outros factos interessantes, nomeadamente a existência de blogs que para além de cumprirem a sua função enquanto tal, constituem-se como instrumentos adicionais de comunicação entre professor e alunos (do autor da oficina da etnografia) , gostei da ideia, embora a minha opinião seja completamente irrelevante. Nos antípodas, verificamos a existência de um outro tipo de blogs, que como todos os outros nascem da necessidade consciente ou inconsciente da troca (comunicação) de palavras, entre quem escreve os posts e quem comenta ou apenas lê, só que neste caso revelando-se como veículos de auto-promoção e simultâneamente como palcos de difusão de ideologias políticas e muitas vezes posicionamentos sociais, tendencialmente ideológicos, revelando enraizadas dinâmicas de poder não assumidas publicamente, enquanto tal, no próprio blog. Seja como for, todos eles revelam que a antropologia está viva, seja através dos aspirantes a antropólogos, antropólogos, professores ou gerontes da antropologia, detentores dos seus (da antropologia) objectos sagrados, no fundo os sacerdotes a quem se deve um respeito especial. O que interessa é que todos andamos por aí e isso é bom.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Ano novo e mais do mesmo

Ano novo, vida nova...ou talvez não, não tenhamos ilusões. As pessoas apenas se movem, sem consciência que apenas executam o que lhes é permitido fazer, ainda que usufruindo ilusoriamente de uma sensação de liberdade. Parafraseando alguém com enorme importância na minha formação académica e antropológica: "aquilo que verdadeiramente distingue o homem do macaco é a sua capacidade de se iludir".
Iludimo-nos com as democracias, com a liberdade de voto, com alguns euros no bolso (ou outra moeda), com um casamento sumptuoso, enfim...esquecemos que talvez nunca tenhamos sido tão dominados pela liberdade falada, escrita e propagada. O petróleo sobe em flecha, em seu nome e em parte, são levadas a cabo novas e "civilizadas" cruzadas, sublimando heróis e inventando vilões. Mata-se em nome da justiça e da democracia, como se ambos fossem produtos naturais e não historicamente criados, algo de inato ao ser-se humano, mas infelizmente não humanista. Mais um ano de ilusão profunda, disfarçada pela aquisição de um carro topo de gama ou por uma viagem há muito esperada, outros, os menos afortunados, por umas idas à praia de carcavelos ou com a aquisição de um carro usado. No fundo...todos diferentes, mas todos iguais, tentando apaziguar a contradição imanente à condição de nos iludirmos e pintarmos o mundo de diferentes cores, num palco de lutas múltiplas de intersubjectividades acrescidas, pelo desconhecimento do outro, começando na maior parte dos casos pelo vizinho do lado (mais um lugar comum...que se lixe!). Em suma...mais uma ano em que aquilo que verdadeiramente nos pode fazer felizes, a capacidade de nos iludirmos, pode também constituir a nossa maior fragilidade: a desilusão. A contradição imanente a sermos humanos, manifestando-se no princípio e no fim, ainda que elevado ao absoluto, o próprio fim seja apenas parte do infinito. Bom ano!(Bahh!!mais um lugar comum...que merda!Os lugares comuns perseguem-me)...