quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Producing the Mothers of the Nation de Patricia Hill Collins

Estados Unidos, sociedade profundamente racializada, rácica e racista. Nem todas as mulheres se encaixam no ideal de maternidadee família Norte americana. A sua análise incide nas Norte Americanas brancas de classe média, brancas de classe trabalhadorea, afro-americanas e imigrantes latinas não documentadas. Relativamente à noção de cidadania, as primeiras serão cidadãs de primeira, as afro-americanas de segunda e as latinas não documentadas, reduzidas à invisibilidade da não cidadania. Collins pretende mostrar como as políticas populacionais, pretendem regular discriminadamente a “maternidade” de diferentes grupos de mulheres, em função da raça, classe social e cidadania/ausência dela. Algumas mulheres são mais merecedoras de serem "mães da nação" que outras, aiming to increase fertility for more desirable segments of the population and decrease fertility of less worthy citizens (idem:119). Social class and citizenship status both affect women´s experiences with population policies (idem:119).
As mulheres brancas e de classe social mais afortunada, podem ver as suas opções de maternidade reguladas e estimuladas pelo sector privado, dada a sua facilidade de acesso aos mesmos, não dependendo portanto das medidas estatais para definir as suas prioridades. Já ano que concerne às mulheres menos afortunadas, por raça, classe e estatuto mais ou menos indefinido de cidadania, acabam por encontrar as suas opções mais ou menos reguladas pelo sistema estatal, estando por isso mais dependentes dele e logo, mais controladas e menos livres nas suas opções. Estão no fundo, constrangidas a um nível social e económico. As primeiras recorrem a sistemas médicos privados não estigmatizados, as segundas,:as brancas trabalhadoras , as de cor recorrem a um sistema público claramente dirigido aos sectores mais carenciados, pelo que se torna alvo de estigma social, assim como quem recorre aos ditos sistemas. As não documentadas terão ainda mais dificuldade em fazer valer os seus direitos, visto que, privadas do direito à cidadania se encontram profundamente limitadas para recorrer ao "apoio" do estado.

Existem ainda diferenciações propiciadas pela tecnologia, sub-divididas em reprodução genética, gestativa e maternidade social. As mães da nação são as de classe média e brancas, são as que correspondem ao ideal americano de maternidade e família. As mulheres de classe trabalhadora e as mulheres de cor, são as que se integram no sistema de políticas estaduais de população e que não raras vezes assistem a mãe ideal na sua função maternal.
Estas condições favorecem a brancas de classe média como mães genéticas, gestativas e sociais. Por exemplo, a questão da infertilidade e sua constituição como tragédia nacional, só se coloca em relação a este grupo, tal não acontece com as menos afortunadas social/economicamente e inférteis. As primeiras são assistidas medicamente via maternidade genética e gestativa para atingirem a maternidade social. Outro exemplo, é o facto de todas as instituições relacionadas com as crianças se dirigirem ao grupo ideal, nomeadamente no que concerne à ocupação de tempos livres, calendários diários e anuais das crianças. Douglas Massey e Nancy Denton classificaram toda esta configuração social como “American apartheid” .
Ao nível das mulheres brancas trabalhadoras, elas adequam-se ao papel de mães genéticas e gestativas, no entanto, no que concerne ao papel de mães sociais que passam cultura e propiciam uma educação académica, produzindo cidadãos economicamente viáveis, elas perdem esse estatuto para as mulheres de classe média branca, daí que o encorajamento dado directa ou indirectamente pelo estado, se resuma ao de darem à luz, recebendo muito menos apoios na função de criar os filhos. Ao facto de terem de trabalhar, principalmente aquelas que constituem lares monoparentais, acresce o facto de terem diacronicamente vindo a receber menos apoio para a maternidade, sendo que entregar os filhos para adopção surge como a alternativa mais viável em muitos dos casos.
A partir de 1965, por variadas ordens de factores as mães negras tornaram-se inaptas para qualquer uma das facetas da maternidade (genética, gestativa e social) o Moynihan report desvalorizou muito o papel das negras como mães, um exemplo desta situação é-nos apontado por um contencioso jurídico, Johnson vs Calvert. Anna Johnson foi contratada para ser mãe gestativa de uma criança, por um casal em que o pai era branco e a mãe Filipina, ao mudar de ideias e ao querer manter a criança consigo, o tribunal teve dificuldade em conceber uma mãe negra de um bebe branco, atribuindo a criança aos pais contraentes (Ikemoto 1996).
Afastadas como símbolos da nação enquanto mães, colocadas em oposição às mulheres de classe média branca, as negras viram o seu papel ser constantemente desvalorizado, por uma nação que se pretende afirmar como branca. Criou-se um esteriótipo de mãe negra como sendo menos intelectual, mais impulsiva e emotiva, elas não têm o direito de pertencer à “família nacional americana” (Lubiano:1992). Possuem escassos apoios médicos e empregos pouco seguros, no entanto estão um pouco acima das brancas na taxa de fecundidade, 2,2 para 2,0 (Bianchi and Spain 1996). São portanto e em todo o caso induzidas à esterilização permanente ou reversível, especialmente se recorrem à assistência pública, que é o que acontece na maior parte dos casos. As suas escolhas são ainda menores que as brancas trabalhadoras e inexistentes face às brancas de classe média.
Actualmente, surgem as indocumentadas, provenientes da América latina,; as mexicanas por exemplo, que se transformaram nas amas das mulheres brancas ideais da nação/família branca norte americana.
Collectively, the experiences of these four groups suggest then when it comes to being mothers of the nation, race, class and citizenship status matter greatly.

2 comentários:

Zé Camões disse...

O que acontece nos EUA é a antítese da própria origem do país, ou seja, a multicultural América, edificada na base da imigração, afinal descrimina os seus próprios habitantes em função da cor.
Será que irão usar os princípios de Galton para apurar o “Verdadeiro Norte-Americano”.
Cumprimentos.

sapiens disse...

Post interessante. De qualquer forma penso que esta realidade se deve a dois fenómenos convergentes; por um lado o ideal de pessoa americana radicado no individuo branco de origem europeia, por outro a lógica do valor das coisas , e neste caso , das pessoas, assente na raridade das mesmas. os meninos e meninas "brancos" são cada vez mais raros face aos meninos não brancos, o que associado ao ideal de população dos Estados Unidos, so poderia gerar um fenómeno como o descrito quando para mais existe um mecanismo de económico e de classe social que o suporta.