Ano novo, vida nova...ou talvez não, não tenhamos ilusões. As pessoas apenas se movem, sem consciência que apenas executam o que lhes é permitido fazer, ainda que usufruindo ilusoriamente de uma sensação de liberdade. Parafraseando alguém com enorme importância na minha formação académica e antropológica: "aquilo que verdadeiramente distingue o homem do macaco é a sua capacidade de se iludir".
Iludimo-nos com as democracias, com a liberdade de voto, com alguns euros no bolso (ou outra moeda), com um casamento sumptuoso, enfim...esquecemos que talvez nunca tenhamos sido tão dominados pela liberdade falada, escrita e propagada. O petróleo sobe em flecha, em seu nome e em parte, são levadas a cabo novas e "civilizadas" cruzadas, sublimando heróis e inventando vilões. Mata-se em nome da justiça e da democracia, como se ambos fossem produtos naturais e não historicamente criados, algo de inato ao ser-se humano, mas infelizmente não humanista. Mais um ano de ilusão profunda, disfarçada pela aquisição de um carro topo de gama ou por uma viagem há muito esperada, outros, os menos afortunados, por umas idas à praia de carcavelos ou com a aquisição de um carro usado. No fundo...todos diferentes, mas todos iguais, tentando apaziguar a contradição imanente à condição de nos iludirmos e pintarmos o mundo de diferentes cores, num palco de lutas múltiplas de intersubjectividades acrescidas, pelo desconhecimento do outro, começando na maior parte dos casos pelo vizinho do lado (mais um lugar comum...que se lixe!). Em suma...mais uma ano em que aquilo que verdadeiramente nos pode fazer felizes, a capacidade de nos iludirmos, pode também constituir a nossa maior fragilidade: a desilusão. A contradição imanente a sermos humanos, manifestando-se no princípio e no fim, ainda que elevado ao absoluto, o próprio fim seja apenas parte do infinito. Bom ano!(Bahh!!mais um lugar comum...que merda!Os lugares comuns perseguem-me)...
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