One is not born a woman, frase de Monique Wittig, publicada num artigo com o mesmo nome, na revista Feminist Issues. Tem como leituras, a de que a categoria sexo não é natural, nem invariável, mas que tem sim um uso político específico de uma categoria da natureza que serve o propósito da sexualidade reprodutiva, o que também é sustentado por Gayle Rubin que veremos mais à frente. Para ela não faz sentido dividir a humanidade em masculino e feminino, senão for para servir os interesses da sexualidade heterossexual, com fins reprodutivos, entre outros interesses implícitos, como por exemplo o conceito tradicional de família. Assim, ao contrário de Beauvoir, Wittig considera não haver distinção entre sexo e género, a não ser que seja para servir os interesses políticos da heterossexualidade. O outro aspecto em que Wittig se destaca é no facto de o “ser” mulher, apenas ser concebível dentro de um equilíbrio de forças entre homens e mulheres, ou seja dentro da relação de poderes da heterossexualidade normativa. Assim, para ela: a lesbian is not a woman (ibidem:153), porque numa relação entre mulheres não há feminino.
6 comentários:
Cá está o senhor outra vez com um tema que dá que falar, o género e o sexo.
Eu sou defensor de que existem dois sexos, o masculino e o feminino, já no que toca a géneros é difícil chegar a um consenso.
É interessante a leitura que nos apresenta, pois em todas as minhas reflexões sobre o tema, nem estive perto de ver a sugestão que nos apresenta, é bastante interessante e dá claramente mais lenha para este tema continuar a arder.
Cumprimentos.
Mais uma ligação do teu blogue e excelente texto ao meu. Visita! ;)
Claro que sim meu amigo. Tenho andado silencioso mas não desatento ;]
Concordo contigo no que disseste, respondi-te lá e expus sucintamente o meu problema com autoras como Wittig. Mas, tens um belíssimo fundo de trabalho. E uma nota final: que pensas tu que é o meu blogue? lol. É exactamente um campo de treino.
Concordo. Estamos de acordo, apenas talvez não concordemos com a abordagem, mas julgo que podemos chegar a um meio termo, lol. Deixa lá ver se me explico melhor.
entendo essa questão, mas não seria errado dizer que há o gênero feminino, mesmo dentro de uma relação homossexual, pois ainda assim a identidade de ambas é a de mulher (mesmo que identifiquem-se com seu sexo).
O que seria defesa dos interesses heterossexuais é afirmar que há diferenças entre os sexos, e, principalmente, dizer que uma relação homossexual é diferente da heterossexual.
Sem duvida que a criação e defesa de categorias (neste caso existenciais)serve para medir forças, gerando valores diferenciais entre partes. Passa-se o mesmo com o reforço destas identidades através dos "machismos" e "feminismos". Penso sobretudo que, para além de uma interpretação apenas cultural da sexualidade humana, deveremos sempre ter em conta a nossa dimensão biológica e evolutiva, sobretudo quando é obvio que no ser humano a sexualidade se expressa mutio para além da simples função reprodutiva. Se fossemos animais semelhantes a uma grande parte dos mamiferos com os quais somos muitas vezes erradamente comparados, apenas "acasalariamos" na época fertil do sexo feminino, enquanto os machos apenas competiriam agressivamente procurando monopolizar o acesso a estes acasalamentos nesta altura do ano. Temos de passar a entender o ser humano como um ser composto de diversas dimensões onde os sexos e sobretudo os géneros não são um aspecto boleano nem tão pouco uma simples gradação de caractéres, mas um composto de nuances várias cuja catalogação será um trabalho interminável e consequentemente, inconclusivo. Em termo de comparação, a catalogação das existencias de género é talvez o ultimo algarismo do Pi...
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