quinta-feira, 31 de maio de 2007

Jorge Palma - sonhadores inatos

A política




Porque é que não gosto da política partidária? Exemplos:




Sá Fernandes do Bloco de esquerda após ter parado as obras do túnel do marquês de pombal durante imenso tempo, responde assim à seguinte questão de um jornalista:





- O que tem a dizer hoje que o túnel é inaugurado?



- Mantenho as minhas reservas, vê-se que é um traçado em que apetece andar (leia-se acelerar).


Foi por isto que as obras pararam?? Se assim fosse não existiriam auto-estradas.







Marques Mendes afirma perêmptoriamente que havia reunido com Carmona Rodrigues e que de comum acordo haviam chegado à conclusão que a demissão era a única hipótese. Em conferência de imprensa posterior, Carmona recusa demitir-se. Então, provavelmente Mendes terá reunido com os vereadores do PSD que haviam estado presentes na comunicação de carmona e deve ter-lhes comunicado que caso não lhe retirassem o apoio, o taxo acabava ali ou noutro lado qualquer. Consequência...Carmona fica sozinho e vê-se forçado a resignar para posteriormente se candidatar como independente.






Sócrates considera que os interesses de um país estão acima dos de um munícipio e dos do partido, mas eis que...escolhe António Costa, claramente um dos seus boys de confiança e com inúmeras reformas em curso no seu ministério, para candidato a Lisboa. O que é mais importante? A vitória em Lisboa ou a prossecução de reformas nacionais em que parecem acreditar?




Paulo Portas...bem esse está alienado por completo, já nem falo nas feiras...ou nos banhos desparazitantes que deve tomar após um contacto tão próximo com a plebe que claramente despreza. Basta ver as camisinhas e pullovers que os PP boys usam.



Jerónimo de Sousa...nunca votei PCP...mas vejo-me forçado a respeitar quem luta por convicção e como tal não altera uma vírgula ao que disse há 10 anos.





Mas isto é só em Portugal??Nannnnnnnnnnn...reparem nos cromos: Bush e Vladimir Putin, Berlusconi ou o saudoso Boris Jeltsin e as apalpadelas bem dadas no befe das gajas!! eheheheheheh...estaremos condenados ou podemos mandá-los para o pénis??


o termo gajas é refaeiro, façam favor de substituir pelo de secretárias de direcção...sim...porque direcções é o que não falta, basta escolher.

















Tara Perdida - Parar para pensar




TENS QUE DECIDIR, HÁ SEMPRE UM CAMINHO!!

O protestantismo e a igreja católica apostólica e romana

Infelizmente, como é sabido pelos factos trazidos até nós pela história e submetidos à erosão dos tempos, a religião apresenta-se como uma das grandes motivações para fazer a guerra. Situando-nos a partir do século XVII (podendo recuar muito mais atrás), verificamos que as disputas entre protestantes e católicos se desenrrolaram com uma reincidência resoluta, tendo consequências por exemplo ao nível da ciência, lembremo-nos de Galileu que esteve perto de arder na fogueira da santa inquisição, por exemplo. No entanto o que aqui pretendo relacionar, à parte destes aspectos de enquadramento e mencionados também a título de curiosidade, é a capacidade de sobrevivência da igreja católica, fortemente ameaçada pela queda das monarquias absolutas de fundamento divino e consequente aparecimento das monarquias liberais, posteriormente pelo aparecimento (invenção) da supra instituição estado, sensivelmente no século XVIII e que conduziu a que nos nossos dias ela própria estivesse enquadrada no estado do vaticano. Espantosa esta capacidade de adaptação, mudando discursos, mas poucas práticas. Outro aspecto que se revelou perigoso para a sua subsistência foi o aparecimento do capitalismo, visto que esta igreja concebia a família como célula base, inclusivé como unidade de produção. As oficinas seriam pois, tendencialmente artesanais e sem procurar o lucro. Já os protestantes, com Calvino e Lutero abriram as portas ao lucro e às industrias de maior dimensão. No entanto a igreja católica, apostólica e Romana sobreviveu mais uma vez, contrariamente aos seus canónes. Outro aspecto interessante, fazendo uma comparação entre uma e outra é a aparente desrsponsabilização do católico, ao permitir-lhe a confissão, tipo...faz o que quiseres, desde que te confesses deus perdoa. Ao invés os protestantes aboliram a confissão e a pré-destinação realizava-se na terra através do trabalho. Estas diferentes abordagens religiosas vieram a ter consequências nos ideais tipo de ethos nacionais dos estados do norte da europa, face aos da europa do sul, ainda hoje bem visíveis. O que verificamos em ambos os casos é uma adaptação deliberada a tudo o que de novo foi acontecendo ao longo de séculos, pois bem...mas se as verdades religiosas superam a verdade circunstancial terrena, porque resultado de uma revelação inquestionável de um ser superior, então como foi possível tanta adaptação e mudança? Ainda que na maior parte dos casos aparente e unicamente destinada a manter o status quo? Pois bem...quanto a mim é possível porque a igreja é criação humana e nada tem que lhe corresponda no plano divino. Outro aspecto que considero interessante, é o facto de o deus ser antropomorfico, isto é, feito e criado à imagem humana...este aspecto também me coloca algumas dúvidas, visto que parece que existe um deus para o planeta terra, certo?? mas no planeta terra existem tantas forma de vida tão mais perfeitas que a nossa, inclusive ao nível celular. Então porque tem deus uma imagem humana ou uma multiplicidade de divindades acessórias consubstanciadas numa figura humana? As santidades...Outra questão se coloca, deus é senhor do universo ou do planeta terra?? É que se é senhor do universo, a questão anterior ainda se torna mais premente!! Porque não foi ele concebido à imagem de um ET?? Porque tem ele então a ligação ao humano em exclusivo?? Porque é uma criação humana, destinada a resolver e a atenuar as angústias e sofrimentos provocados numa espécie com a capacidade de se iludir por um mundo essencialmente hostil. No entanto verifica-se noutras religiões a adoração de animais, é certo, no entanto o que visam servir é sempre o interesse humano. Jamais discutirei os fins espirituias que as religiões, como âncora das emoções humanas, visam adocicar, no entanto critico o poder que através dessas necessidades alguns detém. É isso que critico, não os fundamentos e fins últimos de uma predisposição inata do ser humano para a religiosidade.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

À vossa atenção

Convocatória: Etnografia, III Congresso Internacional, 13 e 14 de Julho de 2007, em Cabeceiras de Basto (Portugal)




III Congresso Internacional sobre Etnografia 13 e 14 de Julho de 2007, Auditório Municipal Ilídio dos Santos, em Cabeceiras de Basto http://www.agir.pt <http://www.agir.pt/> <http://www.agir.pt/



Objectivos :

Na terceira edição do Congresso Internacional sobre Etnografia, promovido pela AGIR – Associação para a Investigação e Desenvolvimento Sócio-cultural, procurar-se-á no âmbito das Ciências Sociais e Humanas conhecer e debater estudos etnográficos. Outros objectivos deste evento internacional e interdisciplinar passam por conhecer projectos de cariz etnográfico, no âmbito da investigação ou do desenvolvimento sócio-cultural; pela necessidade de promover o encontro de especialistas neste domínio; pela conveniência de reunir os debates em curso actualmente sobre a problemática identificada; pela necessidade de promover a reflexão sobre os contributos e limitações actuais do trabalho etnográfico; pelos benefícios de incentivar a discussão entre especialistas de diversas áreas disciplinares que trabalham com a modalidade etnográfica, tanto na investigação como na intervenção e acompanhamento de projectos.

Mudança




assim falou  Zar...Gabriel

Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente

Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doeça sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro

Mata ratos- O gang das batinas




E agora cá vai um som que ouço amiudadamente no intervalo dos meus trabalhos. A hipocrisia é um tema que me interessa de sobremaneira e como nunca estou do lado que à partida e circunstancialmente já ganhou, gosto de pensar nestas coisas. Nova ressalva em relação ao respeito que me merecem todas as crenças, todas têm uma uma razão de ser emocional e uma justificação à posteriori racional.

O amor

Inspirado em aulas tidas com o professor Gabriel Pereira Bastos (antropólogo e psicanalista), aqui vai aquilo que psicanaliticamente pode ser uma caracterização deste estado de alma: o amor deriva do exagero das qualidades do objecto desse amor, face a todos os outros. Assim, amar uma mulher seria o exagero das suas qualidades e diferenças positivas, face às de todos as outras mulheres. Bem...a verdade é que quando as coisas dão para o torto, essas qualidades maravilhosas que víamos nelas desaparecem e o inverso também é verdadeiro. Será pois o amor uma mera ilusão? Atenção...para mim a ilusão é tão real, quanto aquilo que a maioria julga ser a realidade, pois são tudo representações. Por exemplo, as bolsas de valores geram emoções, no entanto surgem apenas com o sistema capitalista, como tal são repositórios de emoçoes e interesses de alguns homens e mulheres, sem realidade em si. Não são produtos naturais, mas sim históricos. Produto natural é a água, mas já não a entidade linguística que a designa. Mas há pessoas que amam a bolsa e o dinheiro, poderá pôr-se a hipótese de deslocarem e condensarem abstractamente qualidades de uma mulher, para este seu objecto de entrega total?
O tio Patinhas por exemplo, está em constante orgia monetária...embora a sua sexualidade nunca tivesse sido exactamente abordada. mas quem sabe um dia venha a ser? Iludam-se, porque só quem se ilude pode ter momentos felizes. A ilusão é a melhor arma contra a ditadura.

Efeitos da Economia Mundo. Potencias emergentes ganham Lugar





Porque a economia também é uma dimensão antropológica deixo aqui a notícia de que
Hoje o índice da bolsa chinesa, o CSI 300, caiu 6,9% para os 3.879,75 pontos, com 50 das 300 cotadas do índice a afundarem mais de 10%.

Esta queda surgiu depois do Governo chinês ter decido triplicar os impostos sobre as transacções de acções, numa tentativa de travar as fortes valorizações do mercado.O Governo chinês está preocupado que há muita gente no mercado e que estes estão a fazer apostas" ao negociar as acções chinesas.

As praças europeias estão a negociar em queda acentuada esta manhã, penalizadas pela forte desvalorização sofrida pela bolsa chinesa. Os investidores temem que o "mini crash" sofrido hoje pela praça chinesa se alastre a outras bolsas, tal como aconteceu no passado.

Note-se várias coisas, a primeira é a forma como um mercado potentissimo mas ainda emergente começa a ter efeito em todas as bolsas mundiais, a segunda é a forma como algumas pessoas conseguem duplicar a dimensão da aposta, ou seja, para além de apostarem na bolsa, apostam paralelamente fora do mercado legal, e como tal, fora do regime fiscal.

http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Mercados&CpContentId=296779

terça-feira, 29 de maio de 2007

Mais um Hino










Das Deutschlandlied

Deutschland, Deutschland über alles,
Über alles in der Welt,
wenn es stets zu Schutz und Trutze
brüderlich zusammenhält.
von der Maas bis an die Memel,
von der Etsch bis an den Belt,
|: Deutschland, Deutschland über alles,
Über alles in der Welt!
:|


Deutsche Frauen, deutsche Treue,
deutscher Wein und deutscher Sang
sollen in der Welt behalten
ihren alten schönen Klang,
uns zu edler Tat begeistern
unser ganzes Leben lang.
|: Deutsche Frauen, deutsche Treue,
Deutscher Wein und deutscher Sang!
:|


Einigkeit und Recht und Freiheit
für das deutsche Vaterland!
Danach laßt uns alle streben
brüderlich mit Herz und Hand!
Einigkeit und Recht und Freiheit
sind des Glückes Unterpfand;
|: Blüh im Glanze dieses Glückes,
blühe, deutsches Vaterland. :|



Tradução inglêsa (aproximada)

Germany, Germany above all,
above all in the world,
When it always, for protection and defence,
Brotherly stands together.
From the Meuse to the Neman,
From the Adige to the Belt,
|:
Germany, Germany above all,
Above anything in the world. :|


German women, German loyalty,
German wine and German song
Shall retain in the world
Their old beautiful ring
And inspire us to noble deeds
During all of our life.
|: German women, German loyalty,
German wine and German song! :|


Unity and justice and freedom
For the German fatherland;
For these let us all strive,
Brotherly with heart and hand.
Unity and justice and freedom
Are the pledge of happiness.
|: flourish in this fortune's blessing,
flourish, German fatherland. :|





Conhecer é representar

Já que falaste em representações, deixo aqui um esquemazito exemplificativo da forma do Homem conhece o mundo, da forma como temos implementado o nosso hard e software para conhecer os objectos que nos rodeiam através de representações valorativas dos mesmos até á mais pura das emoções primárias. O conhecimento do objecto ou dos sujeitos é assim sempre um mecanismo de formulação de indices relacionais, ou seja, a representação de um objecto, não é mais do que uma inicial avaliação das propriedades do mesmo seguindo-se a comparação e distinção de cada uma com o universo de representações que o individuo já possui. só assim o objecto / sujeito é claro e distinto e ganha então identidade.


Identidades

A questão da identidade é crucial, ninguém adquire a sua identidade olhando para um espelho, advém da natureza sociável do animal humano e essa só se concretiza pelo contacto. Os processos em abstracto são relativamente simples. O homem nasce como indíviduo, com o tempo tona-se uma pessoa, ou seja adquire uma máscara, uma espécie de cosmética social que o torna um actor social, mais ou menos distinto dos demais. Tal realiza-se por processos sucessivos de oposição e consequente identificação, daí que para nós próprios não passemos de representações que fazemos a partir da representação da realidade que nos rodeia. As representações nascem da necessidade de classificar, classificando o homem pode ordenar a natureza onde se inclui, embora disso não faça por vezes a representação mais adequada. Ordenando cria-se uma ordem, a ordem mundial, a ordem nacional, a ordem da U.E., a ordem no fundo é uma invenção que nasce de classificações estrategicamente realizadas para servir certos fins, esses fins últimos encerram sempre dinâmicas de poder (Homo hierarquicus do Dummont creio). Daí qua a classificação e consequente ordem revelem a natureza hierárquica da espécie, ser social é respeitar uma hierarquia que nasce de classificações que inventam uma ordem. O chefe índio, o presidente americano, o primeiro ministro inglês, etc...meras classificações de uma ordem que serve o fim último da hierarquização e consequente concretização de relações de infra e supra ordenação. O réu e o juíz, o cidadão comum e o policia, o funcionário e o chefe, o aluno e o professor, etc...dinâmicas de poder mais ou menos acentuadas, que consoante os seus meios e capacidade de inventar e implantar novas classificações, se podem tornar iminentemente ameaçadoras para uma outra ordem, por exemplo a mundial. Porque não se chama branco ao preto e preto ao branco? Poderia perfeitamente ser o caso, não passam de signos linguísticos, que no entanto ao serem inventados ganharam vida própria, ganharam uma imagem acústica que lhes corresponde, novamente uma representação de um determinado fragmento de realidade, neste caso de duas cores que passaram a ser classificadas e que assentes num concenso justificaram uma hierarquia, a que sobrepõe aqueles que possuem "razão" quando chamam preto àquilo que em si não é preto, mas socialmente é aceite como tal, àqueles que invertendo as regras do jogo, decidiram representar o branco pelo signo linguistico preto. Se estes últimos triunfassem na sua invenção, uma parte da ordem mundial estaria ameaçada. Percebem como seria hilariante ouvir chamar preto ao Bush ou branco ao José Eduardo dos Santos de Angola?? A ordem não ruiria de imediato, mas tal aconteceria num curto iato de tempo, porque existem uma séria de outras classificações que dependem ou comandam esta. Mais uma vez as hierarquias, até na ordem das classificações humanas. A identidade mais ou menos marcada, mais ou menos diferenciada, depende pois das classificações e do aderir ou não aos concensos apresentados socialmente. O que acontece a quem não adere de todo a classificações? Não se considera que possua uma identidade, é ao invés classificado (num ciclo interminável porque não existe indiferença) como doente mental, o que acontece a um doente mental?? Vai para uma instituição classificada para o efeito e destinada a manter uma determinada ordem identitária.
Aderindo a determinadas classificações representativas da realidade, ordenamos igualmente o interior, num processo agencial que jamais deve ser passivo. Não à ditadura da TV.

American idiot-greenday

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Conhecer os Hinos dos Países do mundo

Há já algum tempo tenho esta espécie de hobbie, tentar conhecer os hinos dos países do mundo. Alguns são bastante interessantes. Áparte de qualquer ideologia gostaria de ir postando e partilhando claro,alguns dos hinos dos quais gosto especialmente. cá vai o meu favorito, Espero que gostem.










Tradução literal (não cantável)


Russia — our sacred state,
Russia — our beloved country.
Mighty will-power, great glory
Shall remain your honors for all time!

Refrão:
Praise our free Fatherland,
Long-lasting union of brotherly peoples,
Ancestor-given wisdom of the people!
Long live, Country! We are proud of you!

From the southern seas to the polar realm
Our forests and fields stretch.
You are one in the world! You are alone like that,
God-guarded native land!

Refrão

Plenty of room for dreams and for life
The coming years are promising us.
Allegiance to our Motherland gives us strength.
So it had been, so it is, and so it always will be!

Refrão

Política = Moda





















Embora com as devidas reservas face ao  paradigma a seguir descrito, penso que não devemos   desprezar esta lição de dominação nos moldes da estética enquanto metáfora do comportamento político das massas. Dá que pensar...


“It must never be forgotten that the working-class ‘aesthetic’ is a dominated ‘aesthetic’ which is constantly obligated to define itself in terms of the dominant aesthetic. The members of the working class, who can neither ignore the hig-art aesthetic, which denounces their own ‘aesthetic’, nor abandon their socially conditioned inclinations, but still less proclaim them and legitimate them, often experience their relationship to the aesthetic norms in a two fold and contradictory way.”

Bourdieu :242 in Miller, D. (2001) The aristocracy of culture - consumption, critical concepts in the social sciences.

CACÉM - um atentado á saúde publica



 


Um Pouco no seguimento do post publicado pelo colega Jorge Ramos cujo cariz era de critica ao urbanismo e ao crecente decréscimo de qualidade de vida das populações urbanas, venho hoje apresentar a minha critica ao CACÉM.

Para quem conhece Wanderley , esse louco personagem da série “vai tudo abaixo” a passar na sic radical, faço minhas as palavras do senhor quando se refere á dita localidade.

Não considero esta minha maldicencia pura má vontade , mas sim uma digna e justificada queixa. Sendo eu um ser humano, senti na pele , hoje, que ( infelizmente ) tive de visitar o Cacém, o que sentem milhares de pessoas todos os dias por viverem ou terem de trabalhar em tamanho antro (passo o vernáculo do termo mas não lhe encontro outro substantivo á altura da experiencia).


Confesso que me sobejam ideias para esgrimir suficiente destruição verbal a tal aberração urbanística... mas prometo não ceder á tentação, ficando-me apenas pela apresentação dos factos.

Feliz ou infelizmente sou um ser humano dotado de alguma sensibilidade , o que faz com que , não compreenda como é possível a existência de tamanho local com o estatuto de zona habitacional num país que se quer afirmar como país europeu. Há já alguns anos li algures que o município de Sintra era o que detinha o maior numero de freguesias com
o mais elevado nível de densidade populacional, ou seja, mais pessoas por metro quadrado, DA EUROPA, o cacem será sem duvida uma dessas localidades. Se quantidade não tem obnrigatóriamente relação directa com qualidade, no cacem verifica-se uma relação directa entre: mais pessoas, maior desogranização do espaço.

Note-se que não sou de todo uma pessoa irresponsável. Antes da saga que foi a minha viagem a esta localidade , tive o cuidado de planear cuidadosamente o meu percurso, não fosse eu, perder-me na urbe. delimitei cuidadosamente as estradas que teria de tomar , as ruas onde deveria de virar para chegar ao destino com a ajuda do software mais moderno que encontrei na internet.. mas, parece que de nada valeu.. não há sistema de navegação que sobreviva ao CAOS que é o Cacém. O cacem é o trigangulo das bermudas em terras lusitanas
e tem essa estranha propriedade de desnortear qualquer visitante uma vez que suspeito há décadas não deve de haver um único dia sem pelo menos uma maquina e uma dezena de homens a abrir buracos e a escavacar qualquer coisa para não variar mal construída, a mudar as estradas de sitio , a colocar semáforos, desvios e sentidos proibidos etc.


Valeu-me um simpático PSP que me deu indicações preciosas para retomar o meu caminho em direcção ao destino, depois do caos das obras, do caos dos carros, do caos das bixas, das dezenas de pessoas em carros e fora deles, das dezenas de passadeiras e das dezenas de peões a tentar atravessar a rua principal de um lado ao outro dou comigo, numa área completamente diferente. É esta diferença que me permite notar melhor o total desnorte e o “deixa andar o construtor civil” que constrói a seu bel prazer nos arrabaldes da grande capital.

De uma paisagem urbana com prédios medianos com arquitectura típica de finais dos anos 70, inícios dos anos 80, dou comigo numa paisagem absolutamente rural... ruas estreitas, com alcatrão esburacado e retalhado pelas constantes cicatrizes que num corpo de raiz não urbanizada onde se vão colocando ora mais uma , ora mais outra manilha de esgoto e saneamento, ali estou eu, a descer uma rua estreitíssima com pequenas casas rasteiras de aspecto aldeão, para de novo subir a rua desembocando novamente no meio de prédios, desta feita com ar de construção a datar de finais de noventa. Enfim, o caos de ruas, casas de construção ilegal, no meio de prédios com licencsas claramente compradas por empreiteiros a presidentes de câmara que assim encheram os bolsos, indo com toda a certeza construir a sua bela moradia fora do antro, ou seja, num sitio digno onde possa deixar os filhos a brincar fora de casa.

no regresso, com tanto desvio lá tive de sair do Cacém por saídas alternativas, era impossível com tantos desvios e tantas obras chegar de novo ao local por onde entrei...


Enfim... Em poucas palavras esta minha curta visita matinal, levou-me a concluir que o cacem é um autentico prejuízo para:


Os olhos : como podemos tolerar paisagens hiper-saturadas com sinalização de obras, cartazes publicitários velhos e secos a descascar das paredes dos prédios, também estes secos, e velhos da idade com cores igualmente aberrantes e em total desarmonia com a restante construção. A temperar tudo isto carros das mais variadas cores atropelam-se no meio do transito salpicados por senhores de capacetes brancos e coletes amarelos flourescentes que cirandam pelo cenário procurando trabalhar no meio do caos. enfim.. quanto ás marquises essa modazinha com nome francês em alumínio cheias de lixo até ao tecto a causar-me cataratas devido á entropia que me causam nos olhos nem vou comentar...

Os ouvidos : desafio alguém que tenha um medidor de decibéis a medir os níveis de poluição sonora no cacem. Com certeza mereceria multa se ops dados fossem levados junto de instituições de saúde publica internacionais.

A saúde : se conjugarmos a poluição com o stress de quem tem de conduzir nesta autentica pista de obstáculos o cacem aumenta com toda a certeza os níveis de stress, a pressão arterial á medida que vai corroendo os pulmões e mucosas de quem lá tenha de respirar.

o nosso sexto sentido... que talvez seja a nossa capacidade de organização mental.. o cacem é o antípoda da organização mental. É impossível compor padrões de organização no cacem sejam eles a que nível forem... no cacem cruza-se a ruralidade com o urbanismo num cenário que materializa o êxodo rural dos anos 80 com a explosão consumista dos anos noventa , onde se degradam os edifícios vinte e trintenarios. Todos os espaços de lazer têm cara de improviso, e a densidade da construção cria uma claustrofobia onde é raro sentir igual...


o meu perdão a todos os que lá têm investido o seu dinheiro em habitações e no fundo nas suas vidas.. mas a minha sugestão não poderia passar por outra coisa que não : EVACUAÇÃO e CARPET BOMBING para se poder construir um futuro melhor.. com menos remendos e com a reconstrução de um espaço verdadeiramente mais humano.




Dia 28 de Maio

A Emigração Portuguesa em França Antropologia e História Projecções e debates :

Segunda-feira 28 de Maio 2007 INSTITUT FRANCO-PORTUGAIS
Av. Luís Bívar, 91 – Lisboa

DIA 28 DE MAIO: PRESENÇA DE CARLOS CATELEIRA (fotógrafo) MARIE-CHRISTINE VOLOVITCH-TAVARÈS (historiadora) e JOSÉ VIEIRA (realizador).

DIA 28 de MAIO Sessão animada por Marie-Christine Volovitch-Tavarès Ex-aluna da Ecole normale supérieure de Fontenay, com agregação e doutoramento em História. Especialista em história da emigração portuguesa em França, tem publicado vários artigos e participado em colóquios sobre o tema, quer em França quer em Portugal. Membro do Comité de História do Museu da CNHI ( Cité Nationale de l'Histoire de l'Immigration, Paris, abertura em Julho de 2007). Autora de « Portugais à Champigny, le temps des baraques », éd. Autrement, Paris,1995.

Fenómeno social total - Marcel Mausse



Mata Ratos - Deus, Pátria, família


As instituições e o seu papel reconfortante no seio da comunidade (alguém utilizaria a expressão grupos sócio-históricos, para marcar a sua temporalidade e não universalidade).

O canibalismo nos rituais religiosos-a partilha simbólica de substâncias divinas.

A associação do dialecto culinário à voracidade libidinosa-comer.

Discursos não hegemónicos e a sua análise. O reverso do social mais visível.

Ressalvo que respeito todo o tipo de crenças e convicções religiosas.

domingo, 27 de maio de 2007

quinta-feira, 24 de maio de 2007

After chaos

http://www.myspace.com/afterchaos


Projecto musical de um colega de antropologia.

Que coisa estranha...

Bom... venho por este meio informar todos os membros da blogosfera, que passa-se uma coisa estranha na cidade da Amadora. Então é assim: normalmente faz-se a podagem das árvores no Inverno (pelo menos assim foi como aprendi na primária), para depois na Primavera, as árvores puderem criar novos ramos, ramificações, para criar mais sombra.

Mas aqui nesta cidade, pelos vistos, ninguém deve ter aprendido isso na escola. Porque falo disto? Porque na Amadora, desde há umas semanas, andam os senhores da CMA, a aparar os ramos das árvores na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra (perpendicular à linha da CP) - só para referir como exemplo - e, numa altura em que a sombra das ditas árvores faz falta para diminuir a sensação de calor das pessoas, é que andam a aparar as árvores... não acham isto estranho? eu acho, porque não é na altura em que as pessoas mais precisam de sombra par ficarem frescas que se amparam as árvores.

Isto parece a história daquele individuo que está no deserto, passa por uma série de vendedores de gravatas perguta-se a si o porquê daqueles individuos estarem ali a vender gravatas, e quando vê um hotel, não o deixam entrar porque não traz gravata... que coisa estranha, não??

A lógica binária como alicerce de todo o movimento organizado

O bom e o mau, o preto e o branco...pois, são efectivamente bipolarizações assentes no caso ocidental, numa moral de tradição judaico-cristã, um pouco abalada com o advento protestantista inicial (Calvino e Lutero) mas que, no entanto não deixou nunca de binarizar as temáticas e de sobre ela se erguer de forma imponente e inquestionável. A binarização leva a que o raciocinio seja primordialmente de inclusão ou exclusão, ou és bom ou és mau, ou és dos nossos ou és dos deles. Na verdade isto pressupõe um papel passivo do sujeito receptor de informação, visto que existem duas hipóteses assentes num só raciocício, o binário. Se assim fosse, a vida e os seus destinos oscilariam entre dois parâmetros mais ou menos definidos, logo as incertezas e angústias da espécie seriam menores e esse é o interesse dos movimentos organizados (políticos, religiosos, etc...). Contudo, é minha opinião que tudo isto é aquilo em que através da aculturação, nos fizeram acreditar (os instrumentos para o fazer são diversos, mas sobressai a educação/instrução de massas), por trás desta aparente simplicidade binária, esconde-se para a grande maioria, a relação triádica (de inspiração Freudiana) em que o sujeito se posiciona activamente perante o bom e o mau objecto, deslocando, projectanto e condensando qualidades de um para o outro, tornando tudo bem mais complexo, inclusivamente a ordem nas suas diversas escalas, da local à mundia. A complexidade dos acontecimentos, assenta pois, no meu entender no dinamismo que o sujeito com capacidade agenciadora imprime aos objectos cgnoscíveis, na sua capacidade de ele próprio se tornar nos objectos com que interage, sem dúvida que por oposição ou identificação, mas este não é um processo binário, no qual assenta o racionalismo, mas sim triádico: os objectos e sujeitos não se encontram estaticamente posicionados perante a representação feita da realidade, ao invés eles imprimem-lhe a seu cunho próprio, transformam-na e dinamizam-na. O binarismo como nos aparece é exterior, uma realidade dada e inquestionável. A relação triádica é a relação do interior/individualidade com a representação da realidade, daí que as representações sejam múltiplas e variadas, consoante a cultura...diferentes sujeitos elevados a um ethos grupal, inserem a sua marca nos fenómenos observáveis. O binarismo tornaria a multiplicidade cultural mais reduzida...dois parâmetros apenas. A realidade, ou melhor, a representação que de forma variada fazemos dela, assenta num sujeito com capacidade de intervenção nas classificações exteriores que lhe são estrategicamente impostas. Simplificar para dominar, bastando para isso fazer as pessoas acreditar.
Daí que tendencialmente a sociedade seja binária e o indivíduo triádico, a sociedade a estrutura, o indivíduo a teoria da acção (Bourdieu). Daí também que as incongruências entre padrão e acção sejam inúmeras.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

terça-feira, 22 de maio de 2007

Novo colega

Rafael Velasquez junta-se à equipa. Bem vindo.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

À vossa atenção

Dia 29 de Maio (15H30/ 17H30), no Auditório do CPR, uma sessão de informação sobre a situação dos refugiados e deslocados internos Iraquianos.

Esta sessão contará com a participação do Alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Engº António Guterres, por videoconferência. Contará, igualmente, com a presença do Dr José Lamego, da Maria João Ruela e do Pedro Sousa Pereira (jornalistas).

Conselho Português para os Refugiados Av. Vergílio Ferreira, Lote 764 – lojas D e E •1950-339 LISBOA.

Tel. + 351. 21 831 43 72 • Fax: +351. 21 837 50 72 geral@cpr.pt • www.cpr.pt

site do CEEP

http://www.ceep.fcsh.unl.pt/

domingo, 20 de maio de 2007

Novo colega

Temos a partir de hoje um novo colega no blog antropo-reflexoes, o Jorge Ramos. Os objectivos continuam a ser os mesmos ,contribuir para o desenvolvimento da antropologia como ciência viva e participativa, pondo a nú as suas diversas sensibilidades e abordagens.

A antropologia

A antropologia para mim é a relação com a alteridade, ainda que essa alteridade seja uma extensão de nós próprios a partir do momento que com ela interagimos. O antropólogo não tem que se tornar na alteridade que observa e com que contacta (isto no caso da antropologia cultural), tampouco tem que empunhar uma bandeira anunciando as vantagens dessa alteridade , se o fizer poderá estar a fugir à verdade. O que quanto a mim pode e deve fazer, é sensocomunizar essa diferença. Sensocomunizar é de alguma forma ultrapassar o etnocentrismo, pois só se torna comum o que de certa maneira não se apresenta como exótico. O exótico foi na verdade um dos primeiros alvos antropológicos, actualmente a diferença, encarada enquanto minoria, não deve ser assim tratada. Ao iniciar uma pesquisa sobre a prostituiçao travesti nos principais centros urbanos portugueses, nunca tive a pretensão do sensacionalismo ou se quisermos do exótico post-moderno, mas sim o objectivo de iniciar uma aprendizagem pessoal e profissional no sentido de ultrapassar o âmbito mais restrito do universo de valores onde me formei e continuo a formar, num processo inacabado que ganha novo folgo de cada vez que me proponho a algo novo, que me leve para a rua e para o contacto directo com as pessoas. É minha opinião e maneira de encarar a antropologia, a de que o antropólogo deve testar contantemente as suas fronteiras simbólicas, essencialmente. Julgo ser esse o exercício que o pode tornar melhor profissional e uma pessoa mais rica. Isso implica da minha parte uma maior valorização da teoria da acção do que da estrutura.

sábado, 19 de maio de 2007

Inclusão





“ Este pedido não tem nada de extraordinário... O que se passa é que nós que estamos de fora, queremos estar dentro , e queremos estar dentro das vossas regras. -- controlem-me! Não vêm que me estão a ignorar? ... O que é pedido é mais do mesmo. Vão desviar as crianças? Controlem-nos para que as crianças possam estar controladas. (...) é um pedido modesto, é só pedir, abram um bocadinho a moldura. Os que estão lá dentro têm direito a um privilégio que é um privilégio simbólico, não lhes dá nada, mas é simblolico, ninguém ganha, mas destrói os que estão de fora. O que se está a pedir é para manter mais e melhor a ordem social. O problema não é a diferença, é lidar com a diferença na moldura --- eu disse á minha criança que o que era real era o que estava dentro da moldura , agora vou perder autoridade porque ela vê que há mais.”


Gabriela Moita no colóquio temático sobre orientação sexual “LGBT: Cidadania plena para Tod@s” promovido pelo ministério do trabalho e da segurança social enquanto estrutura de missão do ano europeu da igualdade de oportunidade para todos – por uma sociedade justa : 17 de Maio de 2007

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Episódios de terreno

Supostamente Adriana viria para Lisboa no dia seguinte à minha partida do Porto, mas na verdade só veio dia 5 de Dezembro. Fui conhecer a casa onde estava no dia 7, estava completamente desarrumada, um T2 em Benfica que é alugado por Karina, a que ficou no Porto. Quanto ao estilo de vida, apesar de não estar a atravessar os seus melhores dias financeiramente, as refeições continuam a vir de um restaurante. Dia 8 sucede algo de inesperado. Recebo uma chamada pelas 16.00 H, era Adriana…muito aflita, pedindo-me que fosse lá a casa, que um cliente estava morto na cama…impensável…nunca pensei que isto me fosse acontecer. Sem saber o que dizer fui obrigado a recusar…simplesmente não poderia correr esse risco. Ela argumentava que eu era Português e ela clandestina…mas não…mantive-me categoricamente na minha posição. Ela despede-se dizendo que ia ligar para o João Carlos, uma lésbica que assumiu papel de homem. Pensei…bem acabou aqui o meu trabalho…mas não há monografia que valha uma situação destas, pensei que fosse cobrar a minha recusa. Pelas 21 horas ligo-lhe para saber o que tinha feito…diz-me que já estava tudo resolvido, que estava lá INEM e a polícia, que com ela nada de mal havia sucedido pelas questões ligadas à clandestinidade. Pergunto-lhe então se tinha ficado chateada comigo, responde-me que não…que tinha de compreender a posição das pessoas. No fundo fiquei triste por não poder ajudar…vamos agora ver as reais consequências para o meu trabalho.

Nessa própria noite desloco-me à casa onde Adriana se estabeleceu, encontro-a meia atrapalhada e enervada, explica-me ao pormenor como tudo tinha sucedido. Eu tinha levado o gravador comigo, no entanto achei melhor não lhe falar em gravar algo sobre o sucedido. Achei que devia respeitar o momento que atravessava, toda a situação tinha tido impacto nela. Explica-me no entanto que tinha ido a Queluz a casa de João Carlos (a mulher que é homem) e que depois havia regressado com “ele” e a companheira a Benfica. Lá chegados chamaram o IEM e com eles veio a polícia. Uma análise médica foi realizada logo no momento e a conclusão foi a de que o senhor havia falecido de ataque cardíaco. Tinha 42 anos. Estava ela contando tudo isto quando João Carlos e a companheira chegaram outra vez, com a vinda deles aproveitei para me retirar, já era 1 da manhã (Diário de campo:12-13).
Apenas os nomes são fictícios. Este episódio demonstra como o totalmente inesperado, pode acontecer,

terça-feira, 15 de maio de 2007

Não basta

Alberto Caeiro


Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Liberdade

O que entendes por liberdade?
Poderá ser a liberdade de estarmos presos ao que queremos? Livres para nos prendermos a nós próprios?

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Pensar o lugar e a relatividade da Arte





Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos músicos mais destacados da actualidade tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. Ninguém reparou sequer que o violinista tocava com um Stradivarius, que vale 3,5 milhões de dólares. E, no entanto, três dias antes, Joshua Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares.

Mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado. Quem lhe prestou alguma atenção foram unicamente as crianças, que o queriam ouvir; porém, inevitavelmente, acorrentadas à pressa dos pais.

“Foi estranho ser ignorado", disse Joshua Bell, “sex symbol” da música da clássica, que vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou as peças mais conhecidas de Bach e de Schubert, mas a indiferença foi quase total. A qualidade da música e do executante não impressionaram os nova-iorquinos utentes do metro.

"Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso. "Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou.

O sucedido motivou natural o debate, como um caso paradigmático de "pérolas a porcos"? É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? Para alguns, como Mark Leitahuse, director da Galeria Nacional de Arte,"a arte tem de estar em contexto; se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará"- dizem.

Para outros, porém, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor mantém que tal não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante".

Palavras bem pensantes, que não podem iludir uma verdade incontornável: a civilização moderna, no paradigma da sociedade capitalista norte-americana, desumaniza a vida ...


Recebido por e-mail

domingo, 13 de maio de 2007

LIBERTY para nos acorrentarem.

Jornal da tarde da TVi:

Pivot - A TVi foi a única televisão a assistir e a fazer reportagem sobre a inauguração do maior navio de cruzeiro do mundo...o LIBERTY.


Que bom é viver em Portugal e ter uma televisão de tão grande qualidade.

TVi agradeço-te o facto de existires e de teres feito de mim uma pessoa diferente. São notícias destas, que mostram a vossa enorme capacidade enquanto órgão de comunicação social.

Voltei a desligar o aparelho.

Muito grato.

sábado, 12 de maio de 2007

Mas afinal o que é que se faz em Antropologia

O blog antropo-reflexoes irá apartir de hoje disponibilizar um espaço onde cada um poderá expor os seus trabalhos académicos... sim, essas preciosidades que apenas serviram para "passar á cadeira" e que ficaram esquecidas sem que nunca mais possam ser vistas ou consultadas. Embora sem valor cientifico comprovado poderão servir como fonte de ideias, de partilha ou ajuda informativa e mesmo bibliográfica para aqueles que tenham de vir a fazer novos trabalhos nas mesmas áreas de estudo ou para curiosos acerca do tipo de trabalhos realizados na área da antropologia.

Desde já contamos com a colaboração de todos.

Enviem os vossos trabalhos para :

Sapiensgeneboosted@gmail.com


Em breve estarão online

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Mais uma possibilidade para a brochura sobre famílias

Venho mais uma vez partilhar os meus devaneios no mundo do design.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Isto é que é pouco ortodoxo!








-- Olha a dona Sandra!
-- Olá! como está?
-- Então.. está mais magra!?
-- Ah, sim estou , obrigada.
-- Sim senhor ...
-- Fiz uma dietazinha
-- Uma dietazinh... quer dizer, fez uma dietazona, é que está muuuuito mais magra...
-- É, mas eu sinto-me muito melhor assim.
-- Pois claro, é natural , então é que estava.. estava mesmo muito gorda... estava...gorda
-- Eu estava... estava fortezinha de facto , estava um bocado mais forte....
-- Forte.. forte é o tarzan Taborda! taba, taba, taba gorda.. tab... agora está bem ma’ é que via-se.. taba inchaaaada, não sei.... taba ... e gooorda ..
-- Bem, também (taba taba) não era bem assim acho eu...
-- Taba balofa. pronto, taba balo.... via-se que , não sei, parecia uma porca pronto ... parecia uma ... banhosa pronto, muito , muito lusidía ás vezes lusidía pronto era ... era era... Ás vezes fazia-me lembrar uma mula, fazia-me lembrar uma mula , de gorda, com a pança grande e .. e... e... pesadona pronto, não sei não sei pronto. Olhe , taba nojenta, taba nojenta.. eu eu .. olhe , a pessoa , olhava-se para si e daba bontade de bomitar , não é?!... parecia que largava gosma, não sei, era, parecia que era sebo que tinha agarrado á pele.. era uma coisa de de de de banha...
(levanta-se a Dona Sandra a chorar e sai de cena)
.. Sentio-se mal , com certeza, isto ... as dietas é no que dá também...

As (des)Igualdades administrativas do cidadão comum e o Estado social


A questao das igualdades é, no actual panorama político uma questão central.

Considero que o estado social é uma ideia bonita e solidária, no entanto considero também que este assenta em políticas de supostas igualdades que não podem ser verificadas e que portanto nunca chegam a ser como se apregoa, igualdades de oportunidades, mas sim igualdades imediatas.
Se estas não são nem reflectidas nem analisadas tornam-se em ultima instancia potencialmente injustas.

Estas supostas igualdades de todos os cidadãos são o resultado de um exercicio unilateral que parte de moldes teóricos e procura imprimi-los a uma realidade prática de onde emergem todas as desigualdades e mais algumas.

Quando se aborda a questão dos impostos, e a conversa chega ao ponto do :

-- "ah e tal, os mais ricos devem de pagar mais e os mais pobres devem de pagar menos
pois só assim se consegue a distribuição justa da riqueza", confesso que me ocorrem sempre duas questões:

uma delas é como é que uns conseguem chegar a tão ricos , a outra como é que outros conseguem chegar a tão pobres.

Esquecendo por momentos os ricos , essas maravilhas financiadas por absurdos salariais do modelo privado que se estendem parasitária e inadmissivelmente ao sector publico, gostaria de me centrar antes nas questões das classes medias baixas, em vias de despromoção geral.

ocorre-me sempre perguntar se será legítimo haver um controlo orçamental das famílias por parte de quem distribui riqueza, ou seja o estado. Talvez fosse demasiado invasivo... mas analisemos ao menos a questão:

é sabido que todos nós somos diferentes até a jogar ao monopolio, como tal um mesmo orçamento famíliar poderá ser utilizado de formas diferentes por famílias com a mesma composiçao e o mesmo tipo de despesas fixas. O que varia parecem ser as alegadas "necessidades" que dão origem a diferentes consumos. Será legítimo que duas famílias com o mesmo incomming e o mesmo agregado famíliar aufiram a mesma quantia em subsidios ou paguem os mesmos impostos?

O que parece ser dificil de avaliar nas sociedades de consumo contemporâneas é o que é que é realmente necessario. A cultura , mais do que a dimensão de sobrevivencia do ser humano, parece ser aquilo que realmente determina as necessidades dos individuos.

Vejamos então os seguintes exemplos:

a Família 1 e a Família 2 são detentoras do mesmo incoming salarial, ou seja, dispoem ao fim de um mes de trabalho do mesmo dinheiro para pagar despesas fixas semelhantes. o dinheiro que sobra é o excedente que cada família escolherá gastar da forma que achar mais apropriada.


A Família 1 escolhe gastar o seu excedente em lazer não fazendo poupanças.






A Família 2 escolhe distribuir o excedente entre o lazer e a poupança conseguindo assim constituir uma pequena bolsa para uma eventual emergencia.




Um dia , essa emergencia acontece. A família 1 não detém poupanças e socorre-se do estado social do estatuto de pobreza e dos subsidios que lhe correspondem. Ou seja: a família um teve direito pela sua "má" gestão da economia doméstica e famíliar a um bónus oferecido pelo estado para além do seu incomming fixo. A família 2 que abdicou de parte do seu luxo e lazer como forma de poder constituir um fundo de emergencia gastou esse mesmo fundo sem alguma vez ter usufruido de todo o lazer conseguido pela família 1 nem tão pouco ter visto qualquer ajuda monetária por parte do estado social.

Conclusão: a Maioria das famílias parece já ter percebido que na presença do estado social não faz sentido a popupança. A poupança é uma tradição que pré-existe a este mecanismo social de segurança e que servia para manter uma velhice ou superar um contratempo. Hoje em dia a hiperprotecção oferecida pelo estado ao individuo faz diminuir o dinheiro acomulado ao ponto de as famílias portuguesas em média excederem já um mes de ordenado de divida aos bancos e a créditos ao consumo.

obviamente nada disto se deve ao aumento exorbitante do preço da alimentação... talvez se deva ás absurdas rendas das habitações enquanto bens necessários, o restante será gasto noutro tipo de modas e consumos que não serão de primeira necessidade.

(aproveito a deixa da primeira necessidade para perguntar se alguém sabe porque é que a Coca Cola paga 5% de IVA e sim, eu adoro coca cola.)


De qualquer das formas é este o cenário que tecem para os individuos. a lógica capitalista não premeia quem guarde o dinheiro debaixo do colchão, ao invés ele deve de estar no mercado, em circulação constante numa espécie casino onde pouco a pouco se vão gerando fortunas megalómanas a par de empobrecimentos subitos,que recorrem mais uma vez para sobreviver ao papá estado que ao que parece tem uma maquina mágica de fabricar dinheiro.


resta-me apenas perguntar como será com o fim desta instituição... se for gradual talvez as pessoas tenham tempo de reaprender o verdadeiro valor do dinheiro

segunda-feira, 7 de maio de 2007

domingo, 6 de maio de 2007

O novo presidente Francês

















Há quem fale de ironia quando o assunto é a subida de Nicolas Sarkozy á presidencia de França.
De ascendência Hungara, Sarkozy terá tido antepassados que também foram imigrantes, “aqueles” que ele próprio critica.


Considero extremamente simplista todo este pensamento transcrito em acusações de parvoíce intelectual do povo francês ao colocar no poder um "imigra". Muitos defendem também que a popularidade e o apoio a um tal senhor representaria uma clara discriminação face “aos imigrantes” com um paradoxo de o próprio ser parte desse todo que aparentemente os franceses não saberiam distinguir.

Resta-nos saber quem são afinal "os" imigrantes entre os quais sarkosy se inclui e que estão excluídos deste sindroma de desidentificação, critica e exclusão por parte da população francesa, merecendo até o reconhecimento que lhes possa conferir semelhante local de poder sobre toda a nação.

"Imigrante" é, como podemos facilmente constatar, um conceito chapeu, uma palavra que engloba comunidades distintas com diferentes origens, cores, hábitos, religiões, capitais monetários e simbólicos que potenciam sucessos integrativos também eles completamente distintos quando em contacto com a comunidade autoctone maioritária.

Esta eleição é uma publica revelação da existência de uma lógica distintiva, critica e discriminatória (no sentido estritamente etimológico da palavra) dos franceses face ás várias comunidades imigradas no seu pais.

Esta vitória revela-nos também a o golpe de mestre, a sabedoria e o oportunismo (algo que nem sempre tem de ser mal entendido) do novo presidente em saber dar respostas imediatas a situações particularmente fragilizadoras de todo um sistema socialista , estagnado e em completa ruína prática (mas não tanto ideológica) decorrente da nova ordem mundial globalizante.

O simplismo interpretativo de muitas acusações de discriminação para com "os imigrantes" proferidas por Sarkozy aquando dos riots dos subúrbios de paris revela ao contrário de toda esta diversidade analitica, a percepção dos imigrantes como uma categoria homogénea, quando esses mesmos desacatos constituíram uma manifestação de uma comunidade de certa forma restrita e concreta maioritariamente de origem norte africana.

Aparentemente curioso terá sido o facto de muitos dos imigrantes portugueses em França terem votado em Sarkozy, alguns deles constituíram mesmo as listas de apoio ao novo presidente, o que em termos antropológicos poderá significar uma afirmação de integração da comunidade luso-francesa em território gaulês, procurando destacar-se e distinguir-se claramente de outras comunidades de imigrantes em geral mal vistas pela população francesa nativa.

Esta aparente discriminação face "aos imigrantes" por parte de Sarkozy é apenas revista nos discursos dos mais libertários e tendencialmente esquerdistas que procuram conceber igualdades dentro das naturais desigualdades. No entanto, e , felizmente os Franceses souberam ler e interpretar as palavras de Sarkozy com o mesmo intuito com que este as proferiu. Os franceses entenderam o problema e não o generalizaram. Contrariamente, afinaram miras aos problemas concretos, e são estas, que constituem o cerne motivacional e a esperança encarnados na vitória presidencial de 2007.

O pragmatismo do novo espírito francês soube resolver toda esta questão identitária, proferindo uma palavra final sobre a questão da imigração. Uma palavra final que exclui e inclui consoante os padrões concebidos como integrativos e exclusivistas para as diversas comunidades imigrantes em França.

Hoje pareceram sobrelevar-se os discursos de ordem relativamente á concessão da legitimidade de Sarkozy, o presidente eleito pelos franceses integrados, face á derrota de Ségolène Royal, a candidata de muitos que desejam integração e ainda não a conseguiram, mas também de muitos que não a desejam pelo menos da forma como a França está disposta a oferecer.

sábado, 5 de maio de 2007

Sublimação da animalidade humana...a invenção da arte, tradição, património e da cultura




Animal sofrendo às mãos da animalidade ou da racionalidade?








Quem é o animal??





Cultura também é animalidade, a animalidade não é invenção...apenas a palavra o é. Racionalismo é invenção...designa o encapotamento sofisticado daquilo que o homem renega por o atemorizar...no entanto pratica-o todos os dias, de outras formas, algumas delas sem esta evidência de animalidade.

Os rituais de excisão...cultura certamente...mas cultura animal. Toda a cultura humana é animal. Pensar não é necessáriamente ser racional. O que nos distingue dos animais é a forma de processar pensamento (pensamentionalismo??), o racionalismo é uma coroa, a glória...mas o rei
tem frio, porque está nú.




Penso, logo existo...mas como deus existe e eu para chegar a esta conclusão até tive dúvidas...não posso ser um animal. Sou um ser racional.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Natureza vs cultura



O contacto com outros padrões de cultura acrescenta sempre, nunca subtrai nada àquilo que somos. Decidi começar por esta frase, que parece ter-se revelado interessante para uma amiga, ao ler parte de um trabalho que venho realizando. O contacto...esse contacto implica as tais fronteiras de que sapiens fala no anterior post, fronteiras e contactos implicam fricção, sendo que tal pode revelar-se em diversas e diferentes escalas e planos de análise, podem ir desde as fronteiras entre países, até às fronteiras entre pais e filhos. Como sapiens refere implicitamente, a existência de fronteiras é condição sine qua non para a produção de identidades, sem fronteiras nasceria a indiferença, a igualdade...o mito. Não é possível a inexistência de fronteiras ou a existência de indiferença na construção de identidades. Podem abulir as fronteiras fisicas, materiais, continuarão sempre a existir as simbólicas. As fronteiras fisicas são de certo modo as instituições, as simbólicas são as práticas incorporadas num determinado ethos, o que nos remete para a questão de Guiddens relativa a qual das coisas nasce primeiro, as instituições ou as práticas? Para mim, creio que nascem sempre as práticas...se de forma não natural as instituições nascerem primeiro, teremos um pronúncio de morte, como diria Hegel. Não emanam da dinâmica social, antes a tentam conformar previamente...atribuindo-lhe uma forma antes de existir um conteúdo. O fato pode ficar largo, ou demasiadamente apertado...dificilmente terá a medida de um conteúdo projectado, mas não existente. É isso que a política é para mim, é o que representa...um fato uniforme e projectado para uma multiplicidade desconhecida. A política conhece as fronteiras fisicas e geográficas que inventa, desconhece as fronteiras simbólicas que lhes pré-existem. A política é um deus...deus é ser poderoso...eu não acredito em deus, nem na humanidade...logo não acredito na política. Acredito no sujeito individualmente considerado e nas suas fronteiras, religadas em escalas diversas a fronteiras de grupos e se quisermos continuar...a fronteiras entre países. Acredito igualmente no contacto só possível com fronteiras. O contacto com outros padrões de cultura só acrescenta, nunca subtrai nada àquilo que somos.


Vivemos numa contradição implicita e imanente...negar a nossa condição animal, enquanto parte da natureza...como tal é necessária a ordem...a ordem é a política, a religião, as ideologias, etc. Que conseguimos com isso? Bem...o que conseguimos com isso foi que em circunstâncias normais deixámos de matar para nos alimentarmos...passámos a matar para justificar valores mais altos, porque sofisticadamente racionais, criámos exércitos, religiosos até...assistimos a genocídios produto de atitudes racionais de uns, mas conseguimos a cada dia que passa...matar a natureza...mas somos racionais, já não matamos para comer, mas sim para justificar a cultura. A ordem é fictícia...quando a sua aparência se dilui como o fumo de um cigarro, chama-se a polícia de intervenção e dá-se porrada...mas já não matamos para comer, nem praticamos canibalismo...existem instituições, fronteiras físicas mas não simbólicas. Existem recipientes, mas não conteúdos, existem produtos...mas não pessoas. Pré existem as instituições, às práticas. A natureza está moribunda.




Será que algum dia o racionalismo vai perceber que é um produto da natureza e não uma sua condição?

O mundo globalizado e as fronteiras









visitando o Blog do Rafael Velasquez http://budaverde.blogspot.com/ não pude deixar de enviar o meu comentário .. talvez menos positivo em relação ás relações entre os Povos e os Homens numa conjuntura mundial de globalização onde se sobrelevam questões de Dinheiro, I e Emigração, Emprego, Diversidade e Identidade.

Segundo penso, embora possamos ser sonhadores e desejar um mundo melhor é sempre complicado fazer a ponte entre a utopia e a Realidade.

A Realidade é que embora todos os povos tenham desde sempre trocado objectos e até pessoas entre si nunca perderam por assim dizer "amor" ou a fidelidade ao seu grupo de forma a que quisessem facilmente juntar-se ao outro e extinguir-se identitáriamente na sua origem.

Desta forma, é inato ao homem e á sua construção cultural a hierarquização sobre-valorativa do grupo e da cultura na qual se nasce e se cresce. É por isso que o contacto com o outro é tão complicado, porque temos uma estrturura mental que se desenvolve de forma desigual ao longo da nossa vida e este é um marcador biológico que nos liga fortemente ao nosso grupo de socialização e de forma mais ténue a outros eventuais grupos com os quais tenhamos contacto numa fase da vida mais tardia.

Obviamente que seria bom que as pessoas se pudessem dar bem e respeitar entre si, mas para isso teria de haver uma revolução mais do que cultural, provavelmente biológica na nossa espécie sem que soubessemos á partida as catástrofes que daí poderiam advir...

a filiação para com os diversos grupos é a chave para a diversidade... imaginemos então que os americanos por exemplo , que se projectam ao mundo como povo exemplar , rico , nobre na ciencia e nas artes do cinema e da guerra, abastado em recursos e de atraentes possibilidades de consumo... se todos os restantes povos não possuissem o mecanismo identitário que lhes permite amar mais o seu berço do que o grupo do outro (algo que só se consegue com a exaltação provavelmente excessiva do interior e o denegrir do exterior) todos os restantes grupos de humanos queriam transformar-se em americanos, adoptando as suas estratégias de vida, os seus habitos , costumes, lingua abandonando todas as outras faculdades que cosntituem a diversidade (tão util e indispensavel para a sobrevivencia da espécie como a nossa própria diversidade genética).

Assim , facilmente podemos pensar uma revolução magna na humanidade implicando toda uma alteração da ecologia humana e o equilibrio e sustentabilidade da própria espécie.Por isso, e para que o ser humano tenha chegado aos dias de hoje, este mecanismo de alteridade cultural terá sido sem qualquer duvida uma adaptação biológica na sua mais pura essencia.

Por isso, o que eu penso é que fundamentalmente as pessoas deverao de conhecer a relatividade para compreenderem que o amor que têm pelo seu povo e pela sua nação , não é maior , menor ou mais ou menos legítimo que o amor que o outro tem pela dele, e que isso não implica que não possamos residir e trabalhar na terra do outro se a soubermos respeitar da mesma forma que respeitamos a nossa claro está.

No entanto esta compreensão também não impliaca a total ausencia de sentimentos decorrentes dessa mesma evolução biológica na relação com o outro e da necessidade de manutenção do grupo.. retornando ao exemplo americano... se todos os homens , mulheres e crianças do mundo quisessem ser americanos, fazendo contas á vida, cada americano teria de abdicar de X partes da sua riqueza e distribui-la por cada um dos novos "americanos", é aqui que entra a questão do emprego tão exaltada nas sociedades que actualmente recebem grande parte dos migrantes mundiais como as sociedades Europeias... biológicamente também não me parece provavel que a luta pela sobrevivencia que invoca claramente a ganancia estivesse de acordo com esse princípio solidário... daí o fecho das "portas", daí as fronteiras e as guerras entre os povos.

Eliminar fronteiras (como sugerem os mais romanticos e optimitas) seria o caos total ... perguntemos aos povos primitivos (esses bons selvagens que muitos de nós tendem a pintar) se também não constroem as suas fronteiras? As fronteiras existem desde que o homem é homem. Acabar com elas seria indubitávelmente o caos na humanidade. eliminar fronteiras seria como eliminar paternidades e filiações simbólicas, seria nascer sem patria (notemos a própria invocaçao da palavra que liga a terra á paternidade)como se se nascesse sem cuidados pater / maternais.. seria nascer sem protecção , mesmo que apenas simbólica e seria no fundo a ausencia total de pertença.

Podem dizer-me: -- ah, tudo bem, pertenceriamos ao mundo, seriamos cidadãos do mundo... eu posso dizer-vos que isso não existe. que isso tem uma existencia volátil e circunstancial e sobretudo ideológica na história da humanidade num ponto muito exacto entre o século XX e o XXI mas que de forma alguma é um dado adquirido á minima oscilação económica ou bélica ao nivel mundial...

De qualquer das formas nunca se é cidadão do mundo por complecto.. existem sempre locais onde não podemos entrar, noutros controlam-nos o passaporte, os dias de estadia , os vistos de permanencia, noutros rebentam bombas e chovem rajadas de tiros, noutros ainda embora não voem balas com essa facilidade não nos garantem sequer os direitos basicos aos quais estamos habituados... e porquê? porque todos no fundo querem gantir a sua sustentabilidade e evitar a "contaminação e corrupção" á boa maneira de Mary Douglas mas sobretudo a soberania como podemos ver por tres casos bastante emblemáticos da história contemporânea...

-- o nazismo alemão como resposta á ameaça da soberania alemã pelos povos judaicos, --- o caso da ex-juguslávia com a ameaça de terras cristãs por povos muçulmanos
-- o caso do Ruandês com recalcamentos hierárquicos de maiorias por parte de minorias de individuos de outras etnias...

Eu pergunto então... se nem as fronteiras conseguem eliminar de uma vez o aparecimento destes problemas , o que seria sem elas?

Eu faço um pedido apenas, o de que não sejamos ingénuos apesar de toda a nossa boa vontade.

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Finalmente o debate entre Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal
















O tão esperado (para alguns...apenas e infelizmente (na minha humilde opinião, claro está)) debate entre os dois candidatos á presidencia de França, Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal, terá lugar hoje á noite, ás 21 horas de França, 20 de Portugal... seria deveras positivo e surpreendente que a televisão portuguesa se dignasse a transmiti-lo em directo... No entanto passará no seu lugar a provavel conferencia de imprensa requerida por Marques Mendes com o propósito de comentar mais um dos comuns escandalos autarquicos no nosso país.


Lá fora discutem-se políticas estratégicas e internacionais as quais teria muito mais interesse em poder assistir. Sei que não nos fica bem a nós antropólogos criticar as coisas nestes pontos, mas acima de tudo somos pessoas e para o bem e para o mal , penso que nunca me cansarei de criticar a pequenês dos portugueses sim.. em quase todas as dimensões da vida e da sociedade.. ah, excepto o benfica, esse sim, a avaliar pelo numero de sócios é uma coisa em grande :P

ah.. o Albeto joão também é grande (lá no ilheu)

terça-feira, 1 de maio de 2007

Gender Issues

































"Unlike sex assignment, gender identity is unassigned. It is the "total perception of the individual about his or her own gender," including a "basic personal identity as a boy or girl, man or woman, as well as personal judgments about the individual's level of conformity to the societal norms of masculinity and femininity" (Bullough and Bullough, 313). Being, in essence, self-ascribed, the "only way to ascertain someone's gender identity is to ask" (Kessler and McKenna 1978:8-9 in Hasten :1998).

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" The proud parents of a newborn were asked whether it was a boy or a girl,
to which they replied: "we don't know yet, our child hasn't told us".


Denise Steale in


http://www.innvestments.org/Mar2000.html