domingo, 23 de dezembro de 2007

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Género e pontos de vista

Judith Butler (1990) considera que o feminismo cometeu um erro ao considerar as mulheres como um grupo de pessoas com interesses e características comuns, fazendo assentar portanto, toda a sua ideologia numa visão binária das relações de género, em que os seres humanos aparecem claramente divididos em dois grupos fechados e delimitados por determinadas características e interesses comuns, assente numa visão patriarcal da sociedade em que feminino e masculino se imporiam inevitavelmente sobre os corpos dos indivíduos, mediante acção da cultura. Voluntária ou involuntariamente, tudo o que não se enquadrasse neste arquétipo de normalidade seria esquisito (queer [Queer Theory, que em rigor ultrapassa as questões referentes aos comportamentos e opções sexuais dos indivíduos, devendo ser enquadrada em correntes de pensamento ocidental contemporâneo que problematizam e colocam em causa conceitos e noções clássicas de sujeito]).


Assim, no seu ponto de vista, as questões de género são fluidas e variáveis consoante os contextos em que se produzem, de alguma forma neste aspecto em consonância com Margaret Mead (1979), a partir da análise de três sociedades na Nova Guiné, Os Tchambuli (actualmente Chambri), os Arapesh e os Mundugomor. Em Sexo e Temperamento (1979) a questão do género e temperamento nos Tchambuli aparece como que invertida face aos valores ocidentais dominantes na América do século XX; os homens dedicavam-se a actividades de ornamentação e de embelezamento corporal, por exemplo, enquanto que as mulheres possuíam um carácter mais prático e virado para o trabalho. Por outro lado, enquanto que nos Arapesh ambos os sexos demonstravam um comportamento pacífico, já nos Mundugomor esta característica era invertida, aparecendo-nos ambos como tendencialmente bélicos.

Ambas as autoras apresentam a questão de género, como susceptível de influências culturais, ultrapassando portanto, a questão meramente biológica. Será pois, presumivelmente, neste vácuo identitário de género, preenchido pelas circunstâncias concretas em que determinado sexo (qualidade de um também determinado indivíduo) recebe as influências de género, que a questão travesti poderá encontrar um dos seus fundamentos ontológicos. Butler afirma:

There is no gender identity behind the expressions of gender; ... identity is performatively constituted by the very "expressions" that are said to be its results.' (1990: 25).

Dito de outra forma, para esta autora a questão do género, não é mais que uma performance, um desempenho de um papel consentâneo com determinado estatuto que aquele lhe atribui previamente (Goffman 1993).
Judith Butler 1990 Gender Trouble
Margaret Mead 1979 Sexo e Temperamento

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Como se casa (ou não) em Portugal

Acompanhei de perto um processo de casamento entre um cidadão português e uma cidadã brasileira, o que passo a relatar delimita a ténue linha entre o sim e o não; após se terem dirigido ao cartório na Avenida Fontes Pereira de Melo, onde se encontram agora concentradas todas as conservatórias de Lisboa, foi-lhes facultada numa dessas conservatórias a informação de que eram necessários três documentos para a cidadã brasileira poder contrair matrimónio civil com o tuga, a saber; certidão de nascimento tirada no Brasil e autenticada num consulado português nesse território, certidão de nacionalidade emitida pelo consulado do Brasil em Portugal e finalmente uma certidão provativa do seu estado civil. Em contacto telefónico mantido com o consulado português em Salvador, são informados que a autenticação da certidão de nascimento só poderia ser realizada perante a certidão do estado civil. Óptimo!!Então tiravam-se as duas de uma vez só e levavam-se ao consulado. No consulado tudo correu bem e a papelada é enviada para Portugal onde se iria juntar ao certificado de nacionalidade. Já tinham tudo, dirigem-se então a uma das conservatórias, onde uma funcionária emproada (emperuada??) começa a observar os documentos com ar de conhecedora (faltavam-lhe os bigodes para acariciar com os dedos), parecia uma escanção com profunda experiência na matéria...Opss!! Franziu a testa e logo de seguida o nariz...epah!!!
- Este certificado não está correcto- referia-se àquele que o consulado português tinha exigido para poder autenticar a certidão de nascimento, tendo-o feito efectivamente.
O português responde- ahhh deve ser a isso que se referem quando falam em poderes discricionários do estado, né??
- Não!!-diz ela com um ar experiente e dominador- depende da interpretação que o conservador fizer da lei!!-agora digo eu...mas ela não era conservadora...porque não o/a questionou sobre isso?Será a isso que se referem como delegação de poderes??hum... o português vira-lhe então as costas (um tipo malcriado depois de ser tão bem atendido), a cidadã brasileira ainda a atura mais um pouco, quase chorando perante tão grande demonstração de sabedoria e poder. Ele aguardou-a à porta da dita conservatória e quando ela saíu da sala da sabedoria administrativa e de interpretação de leis por uma SENHORA escrivã, disse-lhe para tentarem outra das conservatórias e assim fizeram.
Entram...receosos...afinal de contas eram os prevaricadores, mas um senhor super bem disposto atende-os, olha para os papéis e desde logo coloca de parte o motivo da todas as ilegalidades, o certificado do estado civil da senhora, dizendo - este não é necessário, pois sem ele o consulado português não teria autenticado a certidão de nascimento.
Observando, pensei...Isso é um sim?? Sejam pois felizes para sempre, o matrimónio está consumado!!! Fontes próximas informaram-me que também rato (uma das condições católicas para o casamento ser válido), ahh!!ok...Rato neste caso significa...como hei-de dizer??hum...com lua de mel realizada e praticada...pois é isso mesmo. Conclusão da história, afinal o SIM já não depende só dos noivos na 6ª conservatória do registo civil, na Avenida Fontes Pereira de Melo, há sempre que contar com o NÃO de algumas funcionárias ciumentas e profundamente conhecedoras da interpretação (do espírito e letra) da lei que o conservador realiza. Será que se o tuga lhe tivesse falado no espírito da lei, ela acreditaria na vida para além da morte dos códigos e das inúmeras letras que os compõem??

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Tropa de Elite



Atenção: Antes de carregar no play do video abaixo certifiquem-se de que as colunas têm o Bass no máximo. ;)






Quem já teve o prazer de visionar o filme: "Tropa de Elite" , simultaneamente homologo e antipoda (dependendo da perspectiva) do Galardoado "Cidade de Deus", terá tido a oportunidade de mais uma vez reflectir sobre a temática da violencia no Brasil, abordada no post anterior pelo colega Lughosi.

De facto a realidade da favela parece perpectuar-se numa eterna luta entre lugares, posições , planos e perspectivas por parte dos cidadãos brasileiros, quase sempre com base no lugar onde se nasce seja ele fisico, economico ou cultural. Desta forma se constroem e celebram discursos de distinção e repudio de parte a parte. No video escutamos o discurso construído de dentro para fora da favela. Para conhecermos melhor não só o discurso e o ataque elaborado de fora para dentro, bem como toda uma dinamica relacional e funcional transversal á sociedade brasileira, aconselho vivamente o visionamento deste filme de excelencia.

domingo, 25 de novembro de 2007

Racionais MC's Homem na Estrada




Actualmente no Brasil, o hip hop combina-se com os movimentos evangélicos, nas igrejas "louva-se a deus" cantando-o através deste ritmo. Através dele, deus chega a criminosos que se convertem ou re-convertem. Sincretismos. O "bem" e o "mal" lado a lado. Deus desceu à favela. A violência é brutal. A música regista a dinâmica, é o seu próprio rosto. Music for the people.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Cognitividades impensáveis

Pegando num dos aspectos, do anterior post da sapiens, a massificação do ensino que, como tal, produz em consequência, determinados arquétipos de inteligência padrão e instrumentos igualmente padronizados de análise dessa mesma inteligência, algo já vaticinado pelos jurássicos pink Floyd em another brick in the wall, seria também interessantes referir que, em paralelo, se dinamizam fenómenos de deseducação massificada, em que agentes infinitamente mais poderosos economicamente, com um outro tipo de linguagem, muitas vezes recorrendo à comunicação subliminar, facilitada de forma exponencial pelos meios audio visuais, veêm a sua tarefa atingir niveis de sucesso bem mais elevados.
Alunos da educação massificada: ousem colocar tudo ao contrário, relativamente à forma como vos foram transmitidos conhecimentos e experiências, nem que seja como exercício de desconstrução, tipo lego. Este natal ofereçam legos cognitivos aos vossos familiares e amigos, façam aquilo que é conhecido como: partir a cabeça toda, sem no entanto recorrer à violência.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Inteligencias Multiplas



Eis um texto interessante que gostaria de partilhar sobre a teoria das inteligências Múltiplas desenvolvida a partir da década de 80 por uma equipa de investigadores da universidade de Harvard, liderada pelo psicólogo Howard Gardener. O texto que apresento abaixo é um resumo dos princípios expostos inicialmente em Gardner, H. (1985). The Mind's New Science: A history of the cognitive revolution.

Gardener critica fundamentalmente a existência e a mensurabilidade de uma inteligência Única tal como a consideramos tradicionalmente:

A sua insatisfação com a ideia de QI e com visões unitárias de inteligência, fixadas sobretudo nas habilidades importantes para o sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da habilidade para resolver problemas.

De acordo com a visão tradicional a inteligência foi conceptualizada como a capacidade de responder a testes de inteligência e o Q.I. (quociente de inteligência) procuraria demonstrar uma faculdade geral da inteligência que não mudaria muito com a idade, treino ou experiencia sendo considerada um atributo ou faculdade inata a cada ser humano.

Gardner procurou ampliar este conceito definindo inteligência como a capacidade de solucionar problemas ou elaborar produtos que são importantes em um determinado ambiente ou comunidade cultural: "um potencial biopsicológico para processar informações que pode ser activado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura".


Para Gardner existem 3 tipos de preconceitos na sociedade actual que acabam por ter impacto nas vidas práticas dos individuos.


•O preconceito Ocidentalista: que coloca certos valores culturais ocidentais como o pensamento lógico num patamar hierárquico superior para a construção da inteligencia.

• o preconceito “Testista”: que sugere sugere uma focalização dos testes e da mensurabilidade daquelas habilidades que podem ser prontamente testadas como a realização de operações matemáticas.

• O preconceito “Melhorista”: assente na crença de que todas as respostas para um dado problema residem apenas numa determinada abordagem, como por exemplo no pensamento lógico-matemático.



Também idealista, o autor acredita que se pudéssemos mobilizar toda a gama das inteligências humanas e aliá-las a um sentido ético, talvez pudéssemos ajudar a aumentar a probabilidade da nossa sobrevivência neste planeta, e talvez inclusive contribuir para a nossa prosperidade.


Preocupando-se também e concretamente com aquelas crianças que não brilham nos testes padronizados, e que, consequentemente, tendem a ser consideradas como não tendo nenhum tipo de talento, Gardener Sugere um novo modelo de ensino e em certa medida um novo conceito de escola que assenta em algumas das seguintes suposições:


• Nem todas as pessoas terem os mesmos interesses e habilidades, nem aprendem da mesma maneira.

• Ninguém poder aprender tudo o que há para ser aprendido.

• A tarefa dos especialistas em avaliação deveria de ser a de tentar compreender as capacidades e interesses dos alunos de uma escola.

• A tarefa do agente de currículo para o aluno deveria de ser a de ajudar a combinar os perfis, objetivos e interesses dos alunos a determinados currículos e determinados estilos de aprendizagem.

• A tarefa do agente da escola-comunidade seria a de encontrar situações na
comunidade determinadas pelas opções não disponíveis na escola, para as
crianças que apresentam perfis cognitivos incomuns.







Desta forma , Gardener sugere a conceptualização de um modelo de ensino e de escola centrada no aluno em vez de deter uma centralização única e exclusivamente focalizada nos conteúdos programáticos unificados. Para a concretização da escola centrada no aluno seria necessário contrariar as enormes e actuais pressões para a uniformidade e para as avaliações unidimensionais.



Do meu ponto de vista, obviamente que uma escola centrada no aluno seria a forma de educação ideal para um melhor desenvolvimento pessoal de cada um de nós, no entanto é ao mesmo tempo a contra-ideia do plano de escola viavel para o modelo económico das nossas sociedades, e anti-ético no sentido da igualdade de oportunidades (e muitas vezes da idealizada mas irreal igualdade de aptidões e de "intelectos") dos cidadãos... no entanto perante tamanhas limitações resta-nos para já resignar-mo-nos perante a inexorável realidade;


"In large states public education will always be mediocre, for the same reason that in large kitchens the cooking is usually bad."

Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Dados sobre a imigração

Numa breve resenha demográfica à escala mundial, deve dizer-se que em 1927 a população global atingiu o seu 2º milhar de milhão, em 1960 o 3º milhar de milhão, em 1974 o 4º milhar de milhão, em 1987 o 5º milhar de milhão e em 1999 o 6º milhar de milhão. Eis então que Portugal se torna um foco das migrações internacionais. Passo a transmitir alguns dados sobre o contributo desses imigrantes, referentes a 2001 e constantes num estudo realizado por Maria João Valente Rosa, Hugo de Seabra e Tiago Santos, publicado em 2004:
1º - As populações de nacionalidade estrangeira contribuíram para um quinto do acréscimo de população na última década, sendo este valor várias vezes superior ao seu peso no total da população residente em Portugal.
2º - Contribuíram para um movimento de reequilíbrio dos dois sexos no seio da população de Portugal. As migrações evitaram o aumento do predomínio demográfico das mulheres em Portugal. A maior parte dos imigrantes são do sexo masculino, entre os 20 e os 49 anos (maior incidência nos indivíduos com 25-29), logo em idade activa. Atenuaram, portanto, os níveis de envelhecimento. O número de indivíduos com 15-34 teria diminuido em Portugal sem a presença destes estrangeiros, tanto pela maior concentração da população estrangeira nas idades férteis, como também pela sua maior taxa de fecundidade.
3º - Contribuíram para os desequilibrios de povoamento, mais de metade residia nas regiões de lisboa e península de Setúbal.
4º - Salientam-se as divergências entre as estatísticas fornecidas pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) e o INE (Instituto Nacional de Estatísticas), 315 mil imigrantes para o SEF em 2001, 233 mil para o INE em igual período.
5º - Por taxas de representação por terra de origem e com autorização de permanência à data de 2001:
Ucrânia-45233
Brasil- 23713
Moldávia- 8984
Roménia-7461
Cabo-Verde- 5488
Rússia- 5022
Angola- 4997
China-3348
Guiné Bissau-3239
Paquistão- 2851
Com autorização de residência:
Cabo Verde- 49930
Brasil- 23541
Angola- 22630
Guiné-Bissau-17580
Reino-Unido-14952
Espanha- 13541
Alemanha- 11143
EUA-8058
França- 7771
S.Tomé e Príncipe - 6230
Estes números serão anteriores à criação do espaço Shengen, pois existem neste segundo caso, nacionalidades que não necessitam de autorização para residir em Portugal, neste momento, pelo menos assim creio. Mostra no entanto as tendências de legalização relativamente a outras nacionalidades e deixa de fora um número considerável de "ilegais". É necessário pensar a imigração e para mim torna-se imprescindível arranjar algo mais recente, visto que desde 2001 inúmeras alterações legislativas foram introduzidas, assim como a imigração deverá ter conhecido novos contornos, com a entrada dos países da Europa do leste na U. E. Os imigrantes eram nesta altura, responsáveis por cerca de 6% do PIB.
Este estudo foi produzido no âmbito do observatório da imigração, repito, por Maria João Valente Rosa, Hugo de Seabra e Tiago Santos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Pensamento do dia

Hoje um amigo, no meio de uma conversa proferiu uma frase que gostaría de partilhar,


... cá vai, para reflectir...




"Uma sociedade terá de ser egoísta para que os seus membros possam ser altruístas " .






O que pensam deste assunto numa existencia globalizada como a da maior parte dos povos do presente , mas também num contexto de globalização economica, com enriquecimentos e empobrecimentos simultaneos?

Renascença

Após dias e dias de negociação aturada, eu e a Sapiens chegámos à conclusão de que o que interessa mesmo é o nosso projecto, independentemente da sua dimensão ou importância exteriormente atribuida, como tal, decidimos continuar juntos nesta tarefa, apelando para isso ao nosso, também existente, sentido de tolerância. Antropo-reflexões parte 2. No fundo um pouco de porradita tem a sua piada:)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Transsexualidade na primeira pessoa

Irá hoje ser emitida na TSF, pelas 19 horas uma reportagem sobre a transsexualidade.

Clicar para ouvir online ou para visualizar as frequências da TSF

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Os meninos "velhinhos"




Mudando um pouco a temática dos últimos, e em certa medida "polémicos" posts, gostaria de partilhar convosco uma história que me foi contada por uma amiga e mãe.
O tema centrar-se-á sobretudo na educação e forma como se desenvolve a percepção da diferença pelas crianças, com base numa história vivida e contada na primeira pessoa.
Ora, essa minha amiga tem uma filha actualmente com quatro anos.
Todos sabemos que as crianças por vezes têm medo de certas coisas, algumas têm medo de insectos, outras de palhaços, outras de pessoas mascaradas no geral mas a filha da minha amiga desde bebé que evidenciava medo de pessoas de alguma forma mais escuras do que ela ou do que os seus pais. Algo que se passava com as pessoas de origem africana em geral mas até com pessoas com cores de pele um pouco mais morenas do que o padrão de cor de pele da sua família. Assim, a própria tia sendo um pouco mais morena, era "cumprimentada" com uma birra sempre que lhe pegava ao colo e continua até aos dias de hoje a ser olhada pela pequena com um certo receio. A mãe, ao aperceber-se do que se passava achou que tinha de lhe explicar que as pessoas mais escuras não lhe faziam mal e que por isso ela não deveria de ter medo e lembra-se de fazer um paralelo explicativo de substituição, uma vez que um bebé não iria compreender os conceitos biológicos da melanina, da causalidade das condições climatéricas e das determinações genéticas...
Assim, lembrou-se expontaneamente de lhe explicar que as pessoas mais escuras eram como os velhinhos... eram apenas pessoas velhinhas, apenas isso e que não teria de ter medo. Acontece que até aos dias de hoje a pequena continua a pensar que as pessoas pretas ou simplesmente mais morenas se encontram nalgum estado de velhice mais avançada do que ela e que os meninos pretos já são velhinhos e que em breve morrerão... sim, porque foi-lhe explicado numa história que em nada tem a ver com este raciocínio das cores e das idades das pessoas que, quando as pessoas ficam muito velhinhas morrem. Na cabeça dela se as pessoas escuras são velhinhas, então em breve vão morrer.
Achei engraçado o facto de , actualmente com quatro anos a menina continuar a acreditar na primeira definição que lhe foi transmitida acerca da cor da pele das pessoas. Agora, e embora a mãe esteja a tentar desmistificar a situação, explicando-lhe já por A + B que há meninos de várias cores e que isso tem a ver com o sol, a pequena não deixa de lado a primeira lição sobre esta diferença e responde...
-- sim, este menino é mais escuro porque apanha sol e... Porque é velhinho!
Com esta história gostaria apenas de colocar em cima da mesa o peso que têm as primeiras impressões e definições conceptuais no cérebro das crianças. Acredito que, as primeiras definições que nos são explicadas para os fenómenos do mundo e para as diferenças e distinções sensoriais para as quais necessitamos imperiosamente de achar uma causalidade explicativa, têm uma importância extrema e determinante na formação dos nossos valores, ideias e impressões. Pessoalmente acredito que , não obstante todas as explicações lógicas que lhe podem ser incutidas a partir de agora, a ideia de que as pessoas mais escuras têm um grau de antiguidade mais elevado ficará gravada no "Hardware da mente" desta criança e que apenas a cuidada elaboração de um "Software mental" de emulação (virtual machine) poderá ajudar a reparar esta configuração de base erradamente "imprinted", mas nunca a eliminando por completo.
De alguma forma a criança explicou para si mesma uma diferença sensorial evidente. Estas explicações da diferença podem claro ser múltiplas e explicarão a "especificidade" da diferença encontrada ao nível dos sentidos. Se esta operação é impossível de evitar, o que poderá variar será o teor da justificação/explicação.
De qualquer forma este exemplo servirá para nos ajudar a reflectirmos sobre as nossas próprias valorizações relativamente ás outras raças, culturas, religiões, sexo, género ou orientações sexuais que são alguns dos grandes alvos da discriminação social, e em que medida estes se devem à cultura, ás tentativas de explicação dos fenómenos por parte dos pais aos seus filhos, das percepções expontaneas das crianças sob a forma como a sociedade que a circunda valoriza essas diferenças, e ás discriminações negativas ou mesmo ás positivas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Qualidade de vida no mundo Urbano



Partindo de um tópico muito interessante postado pelo Rafael no blog Buda verde, cabe-me elogiar a sua pertinência. Primeiro porque como se diz por cá, "só nos lembramos de Santa Bárbara quando faz trovões", o mesmo será dizer que muitas vezes só nos apercebemos do que está mal em situações limite.

Depois porque é essencial que as pessoas comecem a tomar consciência de que em pleno século XXI temos e devemos de reivindicar uma coisa que se chama qualidade de vida.. qualidade de vida não é só chegar ao fim do mês e ver um salário chorudo na conta. É sim, poder acordar de manhã com a garantia de que chegamos sãos e salvos ao trabalho, é podermos olhar para a frente da porta de casa e ver uma paisagem desafogada, ter direito ao sol, a um bom urbanismo, limpeza nas ruas e a respirar ar puro.

Actualmente, herdeiros da construção desenfreada que caracterizou as migrações maciças do campo para as cidades e pela construção desenfreada que aí teve lugar sem qualquer matriz de urbanismo, vemo-nos a braços com uma cada vez maior perda de qualidade de vida. O espaço urbano satura-se de uma forma impar na história moderna e pos-moderna.

Não sei se serão todos como eu, mas pessoalmente fere-me os olhos ver o mundo citadino tão agressivo... e o mais espantoso é vivermos no dito Século XXI onde se edificaram há muito estruturas urbanisticas de base, planos directores municipais, planeamento de áreas verdes etc e ver muito poucas destas regras aplicadas na prática.

Perto de minha casa, numa zona dos arredores de Lisboa, por sorte com prédios de pouca altura (vale-me a sorte de morar perto de um aeródromo, factor que não permite que os prédios se elevem acima dos 4 andares), as moradias crescem como cogumelos e nem a crise imobiliária parece abrandar esta tendência.

Actualmente vemos muros a entalar janelas, terraços que se estendem a telhados alheios , varandas que espreitam para os altos muros das traseiras da garagem do vizinho.. enfim, uma total ausência de espaços entre as habitações uma tão parca privacidade e sensação de espaço que só encontra par nas típicas medinas do mundo árabe.

Actualmente vai-se construindo “á multa”, estruturas aberrantes, algumas delas aprovadas directamente nos gabinetes de arquitectura das próprias câmaras municipais, outras por livre arbítrio dos desejos dos moradores. A câmara confina a sua acção á recolha das devidas coimas e o assunto fica, na maioria dos casos arrumado.



Um outro exemplo de absurdo urbano área metropolitana de Lisboa é precisamente uma das suas mais recentes urbanizações; a chamada"zona expo". Esta, que começou inicialmente por se erguer como espaço de elite, desenhada com esquadria e propagandeando-se como garante de elevados padrões de qualidade de vida decai perante o infindável desejo e procura de espaço para se construir mais e mais... Acontece que, com o passar dos anos, qualquer pessoa que a visite constata que esta se tornou num autentico aglomerado de betão onde as ruas estreitaram e os edifícios se elevam privando do sol ruas e outros edifícios. os estacionamentos são quase inexistentes por há muito terem sido ultrapassados os planos iniciais de loteamento... em resumo, aquilo que começou por ser um polo atractivo, tal como as nossas cidades dentro dos nossos países, vai-se aos poucos tornando numa zona de difícil usufruto.

Por sinal na zona onde moro não existe um único espaço verde que seja publico... ao queixarem-se deste facto os habitantes da minha freguesia receberam a caricata resposta sobre os espaços verdes da freguesia aquele que mais me saltou á vista foi precisamente o reconhecimento da “rotunda da repsol” que por sinal tem uma bonita relva... talvez pense em fazer por lá pic-nicks com a família um dia destes...

Para finalizar... com quem fica a culpa?

A meu ver fica com aqueles que no exercício do seu dever/poder permite a construção desenfreada a troco de uns "pequenos" bónus salariais.

... quanto á qualidade de vida... continuamos a vislumbrá-la nos livros.. e nos parcos exemplos dos países nórdicos... que quase já nem me arrisco a apelidar publicamente de civilizados com receio das represálias do politicamente correcto...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Geração Bumerangue!




"Tens mais de 18 anos? ideias progressivas? imaginação? espírito de iniciativa? uma forma diferente de fazer as coisas? vontade de construir alguma coisa? vontade de mudar alguma coisa?

então fica aí sentadinho e não te mexas. xiiiu, caladinho que ninguém quer novidades.
não vende. é muito complicado. mais do mesmo oh sim! mais do mesmo! mais do mesmo!
e tu? tu não penses, compra merda, come relva, come gajas, come bifes que o primeiro arroto é oferta. viva a fotocópia! viva o caroço! vive o momento! até já!"

In http://hridaya.blogspot.com/

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Reflectir


Pegando ainda um pouco no ultimo post do colega Lughosi aproveito para partilhar algumas citações de um pequeno livro que me veio casualmente parar ás mãos.

É clara a posição "romantica" do autor aos olhos "Ciêntificos" do homem de hoje, mas, na realidade penso ser urgente o apelo do mesmo no sentido da nossa própria auto-critica enquanto humanos, seres sociais e elementos ecológicamente cada vez mais desintegrados.



"O desenvolvimento tecnológico, de resultado expresso em produto não reciclado, tende a constituir, nesta Sociedade, a principal justificação do comportamento e da moral. Assim a vida do homem oscila, naturalmente, entre uma actividade de produção e de consumo, mesmo durante os periodos de lazer. Se cuidasse apenas da sua subsistencia e do seu conforto espiritual, e não da ostentação que gera a inveja e cria a avidez, não existiriam home os desiquilibrios e as crises sociais que caracterizam as nossas sociedades".


Segundo Fromm, "o desenvolvimento do Homem em sociedade e não o progresso industrial, deveria ser a finalidade mais importante da organização social". A dificuldade do Homem em resolver os seus problemas em comunidade, ísto é, em criar estruturas adequadas ao seu quotidiano, leva-o por vezes a recorrer (...) a polítcas ecológicas, de indole biofisica e portanto não vocacioinadas para resolver os problemas humanos. Porém as ciências sociais, como de resto a propria tecnolpogia não devem ser culpadas (...) desta situação. Os unicos culpados são os homens , e destes os que detêm o poder e o conhecimento e desprexzam as ideologias. Eles sabem que não podem cumprir promessas, em especial quando feitas no ardor das campanhas eleitorais (...) então tudo prometem, como se os recursos fossem inestgotáveis e reprodutivos, ao exclusivo dispor de uma só geração.


Daqui resulta uma política de forçada criação de postos de trabalho que inevitávelmente conduzirá á produção do superfulo inutil, em grande parte material de guerra, como se daí irónicamente, viese a felicidade. O problema do desemprego é, pois, neste contexto um falso problema ou pelo menos um problema mal equacionado, que não raro impoe soluções socialmente nefastas como a fabricação de armamento. (...)


Entretanto caminhamos velozmente para o robot e para a automação, e assim para a redução do numero de empregos; se quisermos e em alternativa, para a redução do numero de horas de trabalho. o desemprego é frequentemente, nesta perspectiva o resultado de uma política errada que se reflecte no desajustamento entre as tarefas a realizar e o trabalho disponível.


No dizer de André Gorz, "a história do progresso técnico dos dois ultimos séculos não é mais do que a história do esforço tenáz, mas sempre gorado, para reencontrar o caminho impossivel do paraíso onde Adão e Eva sem trabalho , disgfrutaram elevada qualidade de vida".


O que na realidade está em causa é a valorização de todos os recursos e a formulação de um modelo de sociedade em que todos os homens participem. o principal objectivo deverá ser o de encontrar , transformar e valorizar, pela parrticipação de todos, os recursos existentes indispensaveis e garantir (...) que os individuos vivam com equidade e dignidade humana, em harmonioso mutialismo entre si e com a biosfera.


Como comenta Rufié, "a Hmanidade tem , neste momento os meios técnicos e materiais suficientes para saír da crise, só ainda não tem os meios políticos e morais", por certo porque não fez esforços adequados para os criar. A democracia tradicional procura garantir, o que nem sequer alcança , igualdade de opportunidade de acesso ao poder, quando priooritariamente deveria garantir a liberdade e a igualdade de oportunidades de acesso ao conhecimento, ao saber, ao trabaçlho util e á cultura. Ficámos pelo liberalismo darwinista."





M. Gomes Guerreiro


In O Homem, o Ambiente e a Paz




segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ateu científico

É minha opinião, que o HOMEM na sua incessante busca de deus, o procura igualmente na ciência, venerando sacerdotes de ciência e AS SUAS VERDADES REVELADAS, vulgo paradigmas, substituindo-se neste âmbito aos dogmas religiosos. Nesta sequência de ideias, realço o facto de ter sido exactamente a ciência e os seus primeiros paladinos a encetarem um processo crítico face a essas verdades reveladas e absorvidas pela fé religiosa. Surge a inquisição e alguns dos pioneiros vão para a fogueira. O norte da europa lidera essa guerra pela espiritualidade racional, alguns, como Descartes (que foi para a holanda, não sei se por o haxixe lá ser legal) pretendem alcançar um equilibrio precário entre a ciência e a religião, entre racionalidade e emoção, Século XXI...tudo na mesma...separa-se religião e ciência, porque a primeira é crença e espiritualidade, a segunda lógica e experimentação. No entanto, não passam de duas vias para o mesmo desiderato, a busca de si mesmo...o homem busca-se em ambas e em ambas esconde a verdade circunstancial de querer ele mesmo ser deus. Daí que as religiões de maior dimensão tenham um deus antropomorfico como catalizador de todas as emoções e reposição de angústias.Pela religião e ciência se vão dominando as ovelhas, estabelecendo fronteiras e hierarquias, atingindo sensações de domínio do homem sobra a natureza, o Deus que ambas, por intermédio da maior parte dos seus agentes, pretendem destronar. A necessidade de classificar advêm do desejo escondido de dominar algo ou alguém. Sou ateu em todos os sentidos, mas acredito que a única coisa que existe são as hierarquias legitimadas por imagens antropomórficas inventadas. Necessidade e natureza em várias camadas.

sábado, 6 de outubro de 2007

Cris Negão

Achei o teu "comentário" bastante interessante, daí ter optado por postá-lo, embora ressalvando enfaticamente o facto de não ter sido eu a redigi-lo. Obrigado lendas urbanas pelo teu contributo.

Lendas Urbanas disse...
"A morte de Cris Negão não foi por preconceito, homofobia ou algo do gênero. Do alto de seu quase 1,90 metro, Cris era conhecida pela cafetinagem – ela era a "mãinha" dos travestis que faziam ponto em boa parte das ruas da dita Boca do Lixo da cidade. Foi amiga da antológica Andréia de Maio, festejada travesti paulistana, dona da Boate Prohibidus, morta em 2000 por ocasião de uma cirurgia para retirada de silicone industrial do corpo (e famosa por enfrentar destemidamente políticos homofóbicos em programas de TV, para defender a classe GLBT).Uma das histórias mais singulares sobre Cris Negão é a que dá conta de que ela costumava "multar" as travestis que “faziam” as ruas de São Paulo por qualquer motivo que lhe conviesse. E essa "multa" consistia em obrigar a multada a lhe dar uma soma xis de dinheiro até determinado dia sob pena de represália (são comuns relatos de que dizem que ela deflagrava um "está multata!", por exemplo, pelo simples fato de ter sido encarada). Verdade ou não, Cris era uma figura conhecidíssima do "bas-fond" paulistano, e seu nome era associado também ao tráfico de drogas, à venda de celulares roubados e à cafetinagem (uma de suas principais características era sempre olhar para trás após alguns passos, provavelmente uma estratégia para se proteger dos inimigos). Odiada e temida por uma legião, ela também tinha seus asseclas (vide perfis dela no Orkut). Ironicamente, essa figura temida e truculenta, saía à noite acompanhada de um meigo poodle branco, quando, segundo contam as lendas urbanas, costumava cobrar o “pedágio” de seus pontos às travestis. Enfim, a Cristiane Jordan – como preferia ser chamada –, fica lembrada como personagem de fama duvidosa, mas indelével, do submundo da Paulicéia Desvairada."

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Geração 500...humm.. 400 e qualquer coisa euros

Por vezes penso que é teimosia minha, esta de insistir em dizer mal do meu país... mas, a cada passo que dou tropeço em evidencias incontestaveis e perturbantes...



Portugal


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Vencimento: 1800 EUROS NET + COMMISSIONS

Travesti Cris negão assassinada em S.Paulo

Agradeço ao/a anónimo/a a informação sobre o assassinato de Cris Negão.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Desemprego - Praga do século XXI





Portugal é o país da União Europeia onde o desemprego está a aumentar mais depressa. O País está mesmo a andar ao contrário da Europa e, pela primeira vez em mais de 20 anos, a taxa de desemprego é maior do que em Espanha.

No conjunto dos 27 da União, Portugal é o quinto a contar do fim.

Contrariando a tendência dos países europeus, a taxa de desemprego em Portugal está a aumentar. Em Agosto subiu para 8,3%, mais 0,8 pontos do que em Agosto de 2006.

Os dados são do Eurostat, o gabinete de estatística da União Europeia, e mostram que por toda a Europa a taxa de desemprego está a descer, acompanhando a recuperação da economia. As excepções são a Irlanda, Luxemburgo e Portugal. E é cá que o desemprego aumenta mais depressa.

Nesta altura, o desemprego médio na Europa está abaixo dos 7%. No conjunto dos 27 já somos os quintos piores. A subida do desemprego é também uma das razões para o aumento do pessimismo dos portugueses.


Notícia Original


O número de licenciados sem emprego voltou a aumentar no mês de Agosto e atinge já mais de 41 mil portugueses. Uma das justificações para este aumento está nos professores, que não conseguiram colocação este ano. Os números do Instituto do Emprego (IEFP) dão conta ainda de uma redução do número total de desempregados no espaço de 12 meses.

Há neste momento 392038 desempregados inscritos nos centros de emprego. Um ligeiro aumento em relação a Julho, mas uma queda de 10% face ao mesmo mês do ano passado. Neste período, as profissões que mais aumentaram de importância neste total foram os profissionais do ensino, das ciências da vida e da saúde. Mais de 40% dos desempregados estão à procura de um posto de trabalho há mais de um ano. É o chamado desemprego de longa duração.


Notícia Original

domingo, 30 de setembro de 2007

Quem é e o que pode fazer um Antropologo?

Um antropólogo é alguém por via da sua formação académica:



• Adquire Conhecimentos sobre factores biológicos, ecológicos e culturais que influenciam o comportamento humano.

• Adquire capacidades para a pesquisa social em termos qualitativos como a realização de entrevistas no terreno bem como para operar com métodos quantitativos.

• Detém aptidões para resolver problemas científicos

• Detém pensamento lógico e analítico

• Desenvolve aproximações teóricas e utiliza métodos práticos

• Escreve artigos e relatórios

• É capaz de redigir propostas para aquisição de fundos de investigação

• Trabalha eticamente

• Pensa criativamente

• É capaz de planear projectos

• É capaz de recolher e organizar e dados bem como de difundir informação

• É capaz de reconhecer as diferenças bem como as similitudes culturais

• Detém conhecimentos sobre grupos étnicos e sobre muitas culturas de outros países


Um antropólogo pode desempenhar funções como as de:

• Conservador de arte
• Assistente de arquivista
• Analista em ciências sociais
• Jornalista
• Professor
• Desempenhar trabalho de campo arqueológico
• Psicólogo industrial
• Responsável por recursos humanos
• Investigador
• Antropólogo
• Investigador na área do marketing
• Analista politico
• Especialista em património e artefactos culturais
• Assistente social
• Conservação e restauro
• Etnólogo
• Linguista
• Paleontólogo
• Curador de museus
• Antropólogo forense
• Trabalhador na área dos negócios estrangeiros



Pode ainda trabalhar em:


• Empresas de consultadoria
• Agencias culturais
• Instituições Educacionais
• Agencias Ambientais
• Agencias de ajuda internacional
• Gabinetes legais
• Bibliotecas
• Gabinetes de preservação histórica
• Agencias de advocacia para minorias populacionais
• Centros médicos
• Museus
• Parques nacionais
• Organizações sem fins lucrativos
• Laboratórios de antropologia física
• Corporações privadas
• Editoras
• Serviços sociais em geral


... pode ser que seja util :)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O estado

Na verdade parece-me que o sistema democrático acaba por ter pelo menos uma coisa de positivo, a saber: a total irresponsabilização dos cidadãos face ao estado do país, que assim dormem um pouco melhor por terem algo de abstracto para onde direccionar a sua impulsividade culpabilizante: o estado, esquecendo que na verdade o estado somos todos nós, actualizado em práticas e discursos ritualizados, visíveis não só no preço dos transportes, mas também no comportamento diário dos seus utilizadores. Não é difícil ouvir portugueses de classe social e capital intelectual não convergentes, dizerem exactamente o mesmo, num qualquer café de esquina. Os que não frequentam cafés, di-lo-ão ao assistir a um jogo de futebol, enquanto chamam filho da puta ao àrbitro ou então, enquanto como pano de fundo ouvem Marilyn Mason (beautiful people, por exemplo). Por outro lado, jamais como indíviduo eu me sentirei confortável ao colocar as questões como superioridade ou inferioridade civilizacional (a verdadeira civilização). A verdade é que o ideal democrático dos democratas, reside em que este sistema coloque o mundo e seus agentes de forma plasticamente moldável aos seus anseios e aspirações. Mais uma vez a questão de se partir da forma para a matéria, do estado democrático, esquecendo as práticas das pessoas que o constituem, conformando inequivocamente a sua ontologia circunstancial. Nunca haverá democracia, nem justiça, simplesmente porque são criação humana historicamente fabricada e não ideias com existência em si mesmas. Por tudo o que disse, creio ser evidente que partilho nalguns aspectos, os pontos assinalados como errados em Portugal, simplesmente não me excluo da sua existência. Em Portugal só um parvo vai para a política de top, recebe mal e arrisca-se a ser enxovalhado por uma multidão furiosa que acha que o poder políco e os valores que o conformam, são completamente alheios às suas próprias práticas. Não se esqueçam que nos E.U.A. o paradigma civilizacional máximo, na perspectiva de muitos dos que insistem em ver as coisas por este prisma, a democracia atinge o seu pleno quando se procede a uma acusação com deferimento judicial, que constitui como arguido DEUS, responsabilizando-o por todas as catástrofes terrenas. Outra também muito engraçada, uma senhora que processa o fabricante de micro ondas, porque após dar banho ao gato decidiu secá-lo nesse aparelho. O juís desse processo, não só aceitou a queixa, como condenou o fabricante por nas instruções não referir que não podia utilizar-se o micro ondas para secar gatitos molhados.

Lobbies, Monopolios e qualidade de vida




Falando de monopólios...
Gostaria de tornar publico que, no concelho de cascais existe o monopólio de transportes publicos rodoviários servido pela empresa Scott Urb, onde, se eu quiser comprar um bilhete dentro do autocarro para fazer duas paragens tenho de pagar a módica quantia de 1,70€ (340 escudos)... mesmo ao lado , no concelho de oeiras, posso fazer as mesmas duas paragens com um bilhete comprado numa camioneta da Vimeca, uma das várias empresas que servem o concelho, por apenas 0,70€ (140 escudos)...
enfim.. pormenores.

Relativamente aos restantes lobbies, "maroskas" e exclusividadezinhas negociais que minam este país, não posso deixar de os considerar os verdadeiros responsaveis pela nossa progressiva perda de qualidade de vida.

O urbanismo , é,para além dos assaltos diários a que estamos sujeitos por parte destas empresazinhas (ás quais juntamente com as administrações locais podemos chamar de máfias organizadas), um outro elemento que em muito faz decrescer a qualidade de vida dos protugueses.

Há dias numa localidade do sul do país a população queixava-se de que apos ter cedido parte dos terrenos privados para a construção de uma estrada, a camara estava a fazer o favor de os vender a privados reduzindo a via publica a um belo exemplar de ruela medieval... e assim vai o nosso país... para quem quiser ver mais atrocidades vizite o cacém... e depois claro, dê um saltinho a um país verdadeiramente civilizado, só para comparar...

Portugal está a caminhar a uma velocidade exponencial para os padrõezinhos de vida do governo de Salazar. Os sinais são amplos e claros e o mais evidente é o insuportável que está a tornar-se viver num país onde o salário minimo é aquilo que necessitamos só para pagar a renda da casa (com a acrescida incerteza de que para o ano que vem esta quantia ainda será suficiente)... o dinheiro para comer ou mesmo investir deverá claro (segundo as ideias dos senhores do governo) de ser solicitado aos milionários bancos de crédito ao consumo, engordando as bolsas dos seus empresários. Para além disto e ainda como sinal do decréscimo dos padrões de qualidade de vida, a emigração alcança hoje numeros impares desde o 25 de Abril... penso que isto terá que querer dizer alguma coisa e os culpados são apenas uns.. os senhores que governam o nosso país.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Pensamentos sobre Democracia e liberdade de expresão





Numa reflexão leiga, de quem pouco percebe de leis, tem-me surgido diante dos olhos a mais perfeita reprodução do nosso passado histórico ...sim, aquele que temos julgado morto e enterrado desde há uns anos a esta parte, pois é assim que somos ensinados a pensa-lo.

Cada vez mais considero imperiosa a educação para uma auto-consciencialização de todos os individuos, do seu lugar no mundo, e dos paradigmas que embora rejam enquanto ideias a sua organização mental não têm paralelo no mundo real.

O que quero eu dizer com isto? Ora, que embora estejamos habituados a pensar que vivemos num sistema político democrático a democracia está tão longe de ser uma realidade quanto estava no tempo dos reis e raínhas dos primeiros séculos da fundação deste país. Na verdade,e , como qualquer um de nós pode constactar, não nos distanciamos em quase nada de um sistema político análogo a uma monarquia constitucional, onde embora não exista a personagem magnificente de um rei, existe porém a camara dos lordes que legislam por todos aqueles que vão pondo ( por não ter outra alternativa )nas mãos deste não só o pão como também o luxo e o seu próprio poder de decisão... a camara dos comuns... bem, essa aparece de vez em quando quando a camara dos lordes decide fazer um referendo sobre um tópico que se lhes apresente favorável nas sondagens.

Os portugueses , tal como muitos outros do dito mundo ocidental encontram-se mais uma vez no vector que se afasta do centro do poder, mas, continuam a considerar que se aproximam dele.

Hoje, qualquer de nós é "coagido" a votar com base nos sofismas daqueles que, iludidos ainda defendem a bandeira de uma democracia que jamais existiu.

Mas, porque digo eu que nos afastamos cada vez mais do poder de decisão?
porque digo que cada vez mais nos está vedada a palavra e a acção?

Dois dos ultimos booms noticiosos são a evidencia clara do que digo.

Se a democracia é o poder do povo, quem consultou o povo acerca da libertação de presos condicionais e inclusivamente de criminosos?
Para além disto , quantos dos nossos concidadãos defendem a existencia de penas mais pesadas para os assassinos dos filhos da sua pátria?
Parece que ninguém consultou a população acerca do assunto... tomou-se antes a liberdade de legislar e implementar.

Acontece que, a camara dos lordes continua a legislar por todos nós sem nos consultarem as ideias.
E, quando ousamos levantar a voz e fazer uma ou outra pergunta "inconveniente" capazes são de nos amarrar as mãos e nos calar a boca com a fantástica tecnologia que vamos nós próprios inventando para "lhes" meter nas mãos.

Sinais de presença humana de há 300 mil anos descobertos em Portugal

Arqueólogos de vários países identificaram no sítio arqueológico da Ribeira da Atalaia, Vila Nova da Barquinha, o que podem ser os mais antigos vestígios de ocupações do Paleolítico Inferior datados até hoje em Portugal.

Na escavação, realizada este ano pela equipa internacional envolvida, desde 1999, no projecto Tempoar, Território, Mobilidade e Povoamento do Alto Ribatejo, foram pela primeira vez confirmados sinais de presença humana de há 300 mil anos, disse à agência Lusa Sara Cura, do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação.

O sítio da Ribeira da Atalaia, ainda pouco conhecido em Portugal, tem vindo a ser escavado no âmbito do Tempoar, projecto que visa estudar o comportamento dos seres humanos que ocuparam o vale do Tejo na Pré-História e compreender como ocuparam o território, bem como a sua capacidade em gerir os seus recursos e a tecnologia utilizada, afirmou.

Sara Cura disse à Lusa que se pode afirmar com segurança que este é o sítio arqueológico em Portugal com uma datação absoluta mais antiga. Para a arqueóloga, constitui caso raro o facto de, num local ao ar livre, se encontrarem vestígios que vão do homem de Neandertal (300 mil anos) ao homem Moderno (24 mil anos), numa continuidade de presença difícil de encontrar. Além da datação segura da presença humana no local, conseguida graças ao estudo dos depósitos do rio Tejo, que permitiu saber a idade das indústrias, e a equipamentos sofisticados do Instituto Nuclear, os investigadores conseguiram identificar uma estrutura de combustão, uma fogueira, o que, disse, “é extremamente raro”. O projecto tem dado uma atenção especial à transição de uma economia baseada na caça e recolecção para a agricultura e pastorícia, processo iniciado há cerca de 7.500 anos, adiantou. Este projecto de investigação interdisciplinar tem juntado dezenas de investigadores de diversas nacionalidades, bem como estudantes do Mestrado de Arqueologia que o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) desenvolve em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e de outras instituições.

Para Sara Cura, o potencial arqueológico deste sítio está longe de estar esgotado, uma vez que os testemunhos associados ao homem de Neandertal só começaram a ser estudados em 2006. Por outro lado, o local tem servido como “escavação-escola”, acolhendo todos os anos estudantes de toda a Europa, em particular da Universidade de Trento (Itália), com a qual está estabelecido um protocolo de estágio, bem como dos investigadores de vários países que frequentam o Mestrado do IPT/UTAD em Mação. O projecto é coordenado por Luiz Oosterbeek em colaboração com Pierluigi Rosina, docentes do IPT, Sara Cura, do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, José Gomes, do Centro de Arqueologia de Vila Nova da Barquinha e do IPT, e Stefano Grimaldi, professor da Universidade de Trento.

in JN de 3/9/2007

Fósseis de hominídeos mais antigos na Europa

Ossos têm sinais de modernidade e primitivismo

Um crânio e esqueletos parciais de três adultos e um adolescente que viveram há 1,77 milhões de anos foram descobertos em Dmanissi, na Geórgia, o que faz deles os fósseis de hominídeos mais antigos encontrados até hoje fora de África.

Como se não bastasse o recorde, os restos fossilizados, que estão bem preservados, de acordo com os cientistas, mostram ainda uma série de características a um tempo primitivas e modernas, que é “surpreendente”, e que traz novas peças ao puzzle da evolução humana.

Isso é, pelo menos, o que garante na edição de hoje da Nature o grupo de investigadores liderado por David Lordkipanidze, do museu nacional da Geórgia, que estudou o achado.

Os fósseis encontrados em Dmanissi, a 85 km a sudoeste de Tbilissi, a capital daquele república do Cáucaso, apresentam uma curiosa mistura de características primitivas e modernas. Entre as primeiras contam-se a altura dos indivíduos, entre 1,45 e 1,66 metros, um cérebro pequeno, entre 560 e 632 gramas, idêntica à massa cerebral de um australopiteco (anterior a estes, já que viveu entre há quatro e dois milhões de anos) e a ausência de torção do úmero (osso do braço), o que fazia com que tivesse as palmas das mão voltadas para a frente. As suas características modernas são, por exemplo, as proporções corporais quase idênticas, justamente, às do homem moderno.

Estes aspectos juntos fazem pensar, dizem os cientistas, em características de Homo habilis e Homo erectus (o segundo tendo sucedido ao primeiro no tempo) e na possibilidade de a história desta evolução ser afinal mais complexa, como o estudo de outro achado recente ocorrido no Quénia, e publicado também na Nature, já havia avançado.

Num comentário ao artigo de Lordkipanidze e sua equipa, publicado nesta mesma edição da Nature, Daniel Lieberman, antropólogo de Harvard, coloca justamente esta questão, ao afirmar que os fósseis descobertos em Dmanissi “parecem pertencer ao Homo erectus em muitos aspectos”, mas a sua variabilidade, que indica “uma estatura mais próxima do habilis do que do erectus”, reflectem, assim, “a natureza transitória e variável dos primeiros Homo”.

in DN 19-09-2007

sábado, 15 de setembro de 2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Só para recordar os velhinhos anos noventa




"Where Did You Sleep Last Night," também conhecida como "In The Pines" e "Black Girl," é uma musica tradicional Americana. Pensa-se que terá aparecido que terá aparecido por volta de 1870 mas desconhece-se o autor original. Não obstante a musica foi já gravada dezenas de vezes e interpretada nos mais diversos géneros musicais. A primeira vez que se tornou popular foi pela vóz de Lead Belly em 1944 e em 1952 por Bill Monroe num estilo mais country e blues. Em 1993 foi interpretada numa versão acustica pelo grupo Grunge Nirvana, altura em finalmente correu mundo, no final do século XX.

* A versão que vemos no anuncio não é interpretada pelos nirvana

terça-feira, 11 de setembro de 2007

UE a duas velocidades



Pib per capita



Ontem dei comigo a pensar na utilidade de "saír de casa"... não, não me refiro á mais comum das utilizações do termo mas sim á prática antropológica que faz com que se torne mais facil compreendermo-nos a nos mesmos apenas por observar o outro.

Viajar é sem duvida um poderoso instrumento para pensar a nossa sociedade.
Ao saír durante uns tempos do meu país deparei-me com esta observação que parece apenas amplificar a ambrangencia da teoria sociológica das desigualdades e da "Des"coesão social.

Comparemos então a União Europeia a uma sociedade, a uma cidade ou a um unico país. Neste "país" temos aqueles que sao mais ricos, os Alemães, os Dinamarquêses, suíços, luxemburgueses, Ingleses entre outros (como os Norueguêses que de tão ricos nem quiseram aderir á união), e, claro, temos também os mais pobres nos quais nos incluimos a par dos nossos vizinhos de suburbio como gregos, malteses, Estónios, Lituanos entre outros.

Reparei ao saír do meu país que, nos países mais ricos do que o nosso os preços dos bens de consumo não são muito distintos dos nossos, mas sei que os seus ordenados são muito mais elevados. Situações como esta, como já avancei atras lembram-me as teorias sociológicas que se esboçaram ao longo dos anos para explicar a pobreza e a violencia associadas ao roubo e ao vandalismo nas cidades. As explicações mais simples explicam-nos sintéticamente que em situações de grande disparidade salarial alguns individuos auferem muito mais do que outros. No mercado, os bens aparecem aos olhos de todos como associados a um certo prestigio e são reconhecidos pelos membros da sociedade, independentemente do seu estrato social e económico como possuidores e conferidores a quem os usa de determinadas "virtudes". Essas virtudes, assentes na base do sistema moral das sociedades são ambicionadas por todos o que faz automáticamente subir os preços dos productos de forma a que só alguns os possam adquirir no mercado.

Obviamente que os países mais pobres não partirão para a a violencia para adquirir ou mesmo desturir os bens ou a qualidade de vida que os restantes membros da União detêm, no entanto a teoria da frustração parece aplicar-se como uma luva aos portugueses que vivem actualmente num mercado que não está feito para as suas bolsas.

Os portugueses vivem rodeados de ideais e de convites e solicitações que infelizmente não podem aceitar. No entanto sentimo-nos parte, sim, somos membros, partilhamos das mesmas virtudes, espelhamo-las nos mesmos objectos, nas mesmas estéticas e nos mesmos gostos...e no entanto... não temos capital que nos permita igualarmos os modelos que nos vendem.

Talvez apartir daqui se possam começar a compreender alguns dos fenómenos relacionados com o endividamento das famílias e com a aparente iracionalidade de quem descura no almoço para comprar uns sapatos de marca...



sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Clash of Civilizations? - Para pensar

Sobre o Autismo


Clicar na imagem para aumentar


Já que somos um "bicho" social, deixo-vos o link para um pequeno teste onde podem medir o vosso grau de autismo


cliquem aqui para começar.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Pensamento do Dia



Eu como política ao pequeno almoço.


É a política que faz com que o meu pequeno almoço seja consideravelmente diferente de o de um senegalês.

A primeira formulaçao freudiana sobre o complexo de édipo



“Acorreu-me ao espírito uma única idéia, de valor geral. Encontrei em mim, como em todo lugar, sentimentos de amor para com minha mãe e de ciúme para com meu pai, sentimentos que são, acho eu, comuns a todas as crianças pequenas, mesmo quando seu aparecimento não é tão precoce como nas crianças que se tornaram histéricas (de uma forma análoga à da romantização original nos paranóicos, heróis e fundadores de religiões). Se isso for assim, pode-se compreender, apesar de todas as objeções racionais que se opõem à hipótese de uma fatalidade inexorável, o efeito percebido em ‘Édipo rei’. Também se pode compreender por que todos os dramas mais recentes do destino deveriam acabar miseravelmente...mas a lenda grega percebeu uma compulsão que todos reconhecem, pois todos a”. sentiram. Cada ouvinte foi, um dia, em germe, em imaginação, um Édipo, e espanta-se diante da realização de seu sonho, transportado para a realidade, estremecendo conforme o tamanho do recalcamento que separa seu estado infantil de seu estado atual”.


Carta a Fliess de 15 de outubro de 1897


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Sinais de presença humana de há 300 mil anos descobertos em Portugal

Arqueólogos de vários países identificaram no sítio arqueológico da Ribeira da Atalaia, Vila Nova da Barquinha, o que podem ser os mais antigos vestígios de ocupações do Paleolítico Inferior datados até hoje em Portugal.

Na escavação, realizada este ano pela equipa internacional envolvida, desde 1999, no projecto Tempoar, Território, Mobilidade e Povoamento do Alto Ribatejo, foram pela primeira vez confirmados sinais de presença humana de há 300 mil anos, disse à agência Lusa Sara Cura, do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação.
O sítio da Ribeira da Atalaia, ainda pouco conhecido em Portugal, tem vindo a ser escavado no âmbito do Tempoar, projecto que visa estudar o comportamento dos seres humanos que ocuparam o vale do Tejo na Pré-História e compreender como ocuparam o território, bem como a sua capacidade em gerir os seus recursos e a tecnologia utilizada, afirmou.
Sara Cura disse à Lusa que se pode afirmar com segurança que este é o sítio arqueológico em Portugal com uma datação absoluta mais antiga. Para a arqueóloga, constitui caso raro o facto de, num local ao ar livre, se encontrarem vestígios que vão do homem de Neandertal (300 mil anos) ao homem Moderno (24 mil anos), numa continuidade de presença difícil de encontrar. Além da datação segura da presença humana no local, conseguida graças ao estudo dos depósitos do rio Tejo, que permitiu saber a idade das indústrias, e a equipamentos sofisticados do Instituto Nuclear, os investigadores conseguiram identificar uma estrutura de combustão, uma fogueira, o que, disse, "é extremamente raro". O projecto tem dado uma atenção especial à transição de uma economia baseada na caça e recolecção para a agricultura e pastorícia, processo iniciado há cerca de 7.500 anos, adiantou. Este projecto de investigação interdisciplinar tem juntado dezenas de investigadores de diversas nacionalidades, bem como estudantes do Mestrado de Arqueologia que o Instituto Politécnico de Tomar (IPT) desenvolve em parceria com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e de outras instituições.
Para Sara Cura, o potencial arqueológico deste sítio está longe de estar esgotado, uma vez que os testemunhos associados ao homem de Neandertal só começaram a ser estudados em 2006. Por outro lado, o local tem servido como "escavação-escola", acolhendo todos os anos estudantes de toda a Europa, em particular da Universidade de Trento (Itália), com a qual está estabelecido um protocolo de estágio, bem como dos investigadores de vários países que frequentam o Mestrado do IPT/UTAD em Mação. O projecto é coordenado por Luiz Oosterbeek em colaboração com Pierluigi Rosina, docentes do IPT, Sara Cura, do Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, José Gomes, do Centro de Arqueologia de Vila Nova da Barquinha e do IPT, e Stefano Grimaldi, professor da Universidade de Trento.

sábado, 1 de setembro de 2007

O meu primeiro contacto com Deus



Não... este não é nenhum post religioso na sua essencia, nem eu me converti a uma dessas tão carismáticas igrejas evangélicas, no entanto tive uma experiencia curiosa nas ultimas férias que me fez repensar o conceito de Deus e a sua "utilidade".

Cumprindo ainda a promessa de me referir ás coisas menos boas da Suécia começo por relatar o meu primeiro grande trambolhão no desconhecimento das práticas da "casa".

Chegada á cidade de Gotemburgo: 22h. feliz temperatura de 14 ou 15 graus centigrados (um milagre); Establecimentos comerciais fechados, excepto as tradicionais lojas de conveniencia. Sentámo-nos esperando a chegada do Autocarro para o qual tinhamos no bolso o bilhete pré comprado via Internet. O dito cujo passaria ás 3h da madrugada, hora pela qual esperámos pacientemente. Entretanto, chegada a 1h da manhã são mandados fechar os portões da estação dos comboios que nos havia abrigado e fomos convidadeos a fazer tempo até ás 3 no agora "fresquinho"da noite suéca ... Quando se aproximou a hora prevista, rumamos ao terminal e esperamos pelo autocarro. Este terminal estava deserto, nem um sinal , nem uma informação , nem um mapa onde pudessemos confirmar as horas ou sequer as rotas da carreira... apenas um numero de telefone cheio de indicativos tao estranhos quanto a estranheza de se estar fora de casa. um pouco antes das 3 um autocarro para no terminal acusando rumar a copenhaga, capital da Dinamarca. Deixámo-lo partir e minutos depois quase davamos cabeçadas no alcatrão por não nos termos enfiado dentro do mesmo... sim, era aquele autocarro pelo qual haviamos esperado a noite toda, antes de chegar a copenhaga pararia em Malmo, local onde apanhariamos o Bus seguinte para o nosso destino. E logo agora que noite esta que havia arrefecido espantosamente ...

Apos a negação vem a aceitação e lá começámos a esboçar uma alternativa para saír da estação ... episódio que se revelou uma autentica saga digna de constituir o numero dois do Terminal de aeroporto protagonizado por Tom Hanks...

Felizmente, apenas uma hora depois da desgraça reabrem as portas da estação e pudémos usufruir da subida de alguns graus oferecida pelo abrigo enquanto decidiamos o plano B. Este constituia na compra de uma passagem de comboio... o pesadelo primeiro foi compreender qual seria o que passava na cidade para a qual nos dirigiamos, a cerca de 300 Km dali (eta tarefa torna-se verdadeiramente complicada quando tudo está escrito em suéco e não existem icones, mapas, ou desenhos que nos ajudem a compreender as rotas)... quando finalmente realizamos o percurso, restava-nos a parte "mais facil" : a compra dos bilhetes para a nossa viágem que teria inicio ás 6:55 da manhã. Revistámos todas as bilheteiras e nenhuma abria antes da hora da nossa partida. Constatámos também que os suécos não parecem conhecer o conceito de bilheteira com moedas... assim de nada nos serviam as kronas que tinhamos na carteira. O unico mecanismo de pagamento nas bilheteiras automáticas éra cartão... felizmente tinhamos conosco um mastercard... que claro, para piorar as coisas não funcionava de momento (viémos a confirmar mais tarde que havia sido uma falha temporária nos sistemas de comunicação com o banco)... assim não nos restavam muitas hipoteses se não a de pedir a alguém que generosamente nos quisesse comprar os bilhetes (caríssimos , como já havia referido no anterior post) com o seu próprio cartão que nos pagariamos o correspondente em dinheiro vivo...

É aqui então que entra a questão de Deus... provavelmente inventada na minha cabeça, mas a qual fez algum sentido neste momento de aflição...

10 minutos para a partida do nosso comboio e ainda não haviamos conseguido com que algém nos fizesse esse favor... eram várias as desculpas que nós próprios reproduziriamos provavelmente no lugar dessas mesmas pessoas (motivo pelo qual não as censuro) ...


Pouco mais de 5 minutos para a partida do nosso comboio e o desespero começava a apertar.. estavamos a ver-nos presos alí para sempre até que me dirijo já desesperadamente a um rapaz com traços sul orientais... Sinceramente não sei se seria indiano ou medio oriental, apenas sei que a sua resposta á minha solicitação foi inequivoca e espontaneamente diferente. Nas respostas negativas que havia ouvido antes confirmei a existencia da fracção de segundo necessária para esboçar uma mentira de "desenrasque", e a resposta deste rapaz revelou-se mais rapida e surpreendentemente positiva.

-- Yes, thats ok , I do it for you! No problem.

Já não me recordo se o meu coração acelerou com a surpreza, se diminuio com a sensação do "uff estamos salvos"...

A verdade é que dois minutos depois estavamos dentro do comboio com os nossos bilhetes. E, a justificação que provavelmente "inventei", ou quem sabe esboçei num acaso acertivo é que provavelmente uma resposta espontanea e positiva deste tipo poderá ter sido pré programada por uma ética moral de carácter religioso. (passo pré-conceito de associar tes e traços étnicos a religiões em concreto... foi neste momento uma questão pragmática)

Tive a oportunidade de conhecer virtualmente muitos muçulmanos, e , não obstante alguns traços que insisto "irracionalmente" em criticar, um elemento inegavel do seu ethos religioso é o de ajudar o próximo. Trata-se de uma práxis algo instantanea ajudar alguém em apuros e rejeitar o individualismo egoista e quase puramente capitalista no qual estão assentes as sociedades ocidentais.

Imagino que terá sido o que se passou naquele momento, e que talvez tenhamos sido ajudados por Deus, não pelo nosso, mas sim pelo Deus do outro....

Nunca saberei, mas tenho um certo gosto em acreditar que é verdade :)



Feira de Santana




Feira de Santana, uma cidade do estado da bahia, adquiriu essa designação por ser anteriormente e na sua génese uma feira de gado. Está situada a
89 km de Salvador. Auto - denominada rainha do sertão(não liguem à data da foto).














O colorido é evidente, o jumento (burro) tornou-se agora um animal desnecessário e é abandonado nas estradas (existem equipas de recolha que depois os transportam para instalações criadas para o efeito. Os donos nunca os vão buscar. O mesmo não acontece com cabeças de gado perdidas, o sector criado para a sua recolha está sempre vazio). Os burros foram substituídos pelas motos e são já utilizados como emblemas da "tradição".





























Na foto em cima pode ler-se na tarja: " A cultura de um povo é a sua identidade". A necessidade de alimento não pragmático que mantenha a auto-estima de grupo a níveis que permitam a sobrevivência.
Muita festa sempre, em cada esquina um bar ou um carro com colunas potentíssimas, passando música brega















A antítese daquilo que julgo ser a aparente organização Sueca.
As Baianas.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Back from Sweden



Aproveitando a boleia da relatividade cultural trazida para o blog pelas viagens do Bela Lughosis, trago também algumas novidades relativamente á minha viagem á Suécia. Contrariamente ao colega rumei a um país concebido internacionalmente como um dos mais desenvolvidos, ricos e civilizados quer da Europa , quer do Mundo e, de facto, na minha experiencia pessoal deparei-me com diferenças gritantes relativamente ao meu próprio país presentes nas práticas diárias dos seus habitantes.

O Ethos do povo Suéco, é, pelo menos á primeira vista, de uma responsabilidade civica e individual impar. Na Suécia quase todos andam de bicicleta, actividade que é facilitada pela planitude geográfica, no entanto, a maioria dos seus habitantes não necessita ainda de colocar cadeados nas mesmas, embora também me tenham dito que esta prática tinha vindo a aumentar... Sinais dos tempos... as suas casas, construidas maioritáriamente por madeira ainda não conhecem grades nas janelas e muitas delas nem tão pouco possuem portões ou muros. O respeito pelos espaços privados é um dado adquirido na cultura nativa.

Relativamente aos transportes, aos quais tive de recorrer frequentemente para me deslocar, notei duas diferenças fundamentais relativamente aos do meu país, a primeira é que a densidade populacional dentro dos mesmos é baixissima, o que claro, faz aumentar exponencialmente os custos, mas que por outro lado permite uma conservação e actualização dos mesmos que se afasta em todos os pontos e mais alguns dos "chaços" da carris. O outro aspecto a destacar é a velocidade a que os motoristas conduzem os ditos cujos. Pressuponho que isto se deva a duas questões, uma delas é ao transito. Na suécia, pelo menos nas cidades onde estive quase não se deslocam carros, a densidade do trafego é realmente baixa, não se ouvem buzinas, consegue respirar-se ar puro e caso se seja um desses poucos condutores, os nossos niveis de stress serão infinitamente mais baixos do que os de um condutor lisboeta. Este factor será muito provavelmente um dos motivos pelo qual os motoristas dos autocarros podem cumprir os limites de velocidade e garantir a segurança dos passageiros. O outro motivo será com toda a certeza o planeamento dos horários que garante tempo suficiente para se chegar ao destino sem ter de se bater os 80 ou 100 km horários como já tenho experenciado por cá.

De forma geral os dias correm calmos, não se vêm pressas porque aparentemente se cumprem horários e se planeiam tarefas. A pressa parece de facto ser um factor contagioso bem como os atrasos que geram novos atrsos e que acabam por estar presentes em muitos elementos da vida dos portugueses fazendo uma efectiva parte da sua cultura.





Um outro aspecto de realçar, é que, para além da baixa densidade populacional que nos deixa espaço para respirar a estética e a manutenção das estruturas e infra estruturas parece ser uma espécie de hobbie e motivo de orgulho para o povo suéco. Tudo, ou quase tudo, na suécia está em optimas condições de conservação... regra geral os edificios parecem acabados de construir, não se vêm estruturas abandonadas ou em estado de decomposição, os jardins estão escrupulosamente tratados e floridos e o lixo no chão é uma verdadeira quimera. A suécia é um país de pormenores... a todo o momento me vinha á cabeça quem teria sido a pessoa que foi paga para tratar de tão minucioso elemento decorativo ou utilitário... Por cá , contrariamente , parece reinar a lógica do desenrasca e do temporário que se torna efectivo e dos horrores urbanos e estéticos que não "nos" parecem ferir os olhos...

obviamente a suécia é um país rico, capaz de cuidar de sí. A suécia é uma metáfora de uma casa nobre , até certo ponto famíliar e sem criados de servir sem estatuto.

Neste país , reparei que o trabalho que cá consideramos "baixo", "sujo", "sem nivel" e "desprestigiante"... em tres palavras "trabalho de imigrante" como a construção civil ou o trabalho de limpeza é desempenhado por nativos suécos que aparentemente não parecem sentir e representatr estas categorias de trabalho manual "indigno" como o sentimos em geral por cá. Esta dignificação é feita pelos próprios. O trabalho que fazem é complecto e investido de um sentido de orgulho na obra acabada. Os trabalhadores que esburacaram o chão para colocarem novos azuleijos num edificio onde me encontrei por algumas horas, não só esburacaram e colocaram os novos azuleijos como aspiraram e limparam atenciosamente todo o espaço do trabalho apos o terem finalizado... provavelmente cá chamar-se-ia uma senhora das limpezas que alguns dias depois passaria por lá para acabar o trabalho... por outro lado, enquanto os trabalhadores realizavam as suas tarefas, utilizaram todo o material do qual cá ainda muitos se riem e consideram no vernáculo "paneleirices" como capacete , protecções auditivas ou coletes de sinalização. Acredito firmemente que elementos como estes possam ajudar a dar alguma qualidade de vida aos próprios trabalhadores bem como a correspondente dignidade , reconhecimento e respeito pela sua obra. por cá, continua a trabalhar-se na insegurança embora sim, se vão vendo melhorias pontuais á medida que vão passando os anos.

Para além da discriminação no trabalho, como acabei de referir face ao "imigrante trabalhador do obral", nota-se também uma muito menor discriminação quer de género, quer de idade nos trabalhos desempenhados na suécia. De facto, já o havia lido e todos sabemos em geral que assim é. Acabei também por ver muitas mulheres em trabalhos considerados tipicamente masculinos como a condução de taxis ou autocarros bem como outros trabalhos de assistencia em aéroportos. O mesmo se passou com a idade, encontrando-se bastantes pessoas na casa dos 50's no antendimento ao publico para o qual cá se seleccionam preferencialmente caras joviais.

Bem, parece que até agora só falei das coisas boas... no próximo post falarei das más :) sim sim, também existem hihi