terça-feira, 11 de setembro de 2007
UE a duas velocidades
Pib per capita
Ontem dei comigo a pensar na utilidade de "saír de casa"... não, não me refiro á mais comum das utilizações do termo mas sim á prática antropológica que faz com que se torne mais facil compreendermo-nos a nos mesmos apenas por observar o outro.
Viajar é sem duvida um poderoso instrumento para pensar a nossa sociedade.
Ao saír durante uns tempos do meu país deparei-me com esta observação que parece apenas amplificar a ambrangencia da teoria sociológica das desigualdades e da "Des"coesão social.
Comparemos então a União Europeia a uma sociedade, a uma cidade ou a um unico país. Neste "país" temos aqueles que sao mais ricos, os Alemães, os Dinamarquêses, suíços, luxemburgueses, Ingleses entre outros (como os Norueguêses que de tão ricos nem quiseram aderir á união), e, claro, temos também os mais pobres nos quais nos incluimos a par dos nossos vizinhos de suburbio como gregos, malteses, Estónios, Lituanos entre outros.
Reparei ao saír do meu país que, nos países mais ricos do que o nosso os preços dos bens de consumo não são muito distintos dos nossos, mas sei que os seus ordenados são muito mais elevados. Situações como esta, como já avancei atras lembram-me as teorias sociológicas que se esboçaram ao longo dos anos para explicar a pobreza e a violencia associadas ao roubo e ao vandalismo nas cidades. As explicações mais simples explicam-nos sintéticamente que em situações de grande disparidade salarial alguns individuos auferem muito mais do que outros. No mercado, os bens aparecem aos olhos de todos como associados a um certo prestigio e são reconhecidos pelos membros da sociedade, independentemente do seu estrato social e económico como possuidores e conferidores a quem os usa de determinadas "virtudes". Essas virtudes, assentes na base do sistema moral das sociedades são ambicionadas por todos o que faz automáticamente subir os preços dos productos de forma a que só alguns os possam adquirir no mercado.
Obviamente que os países mais pobres não partirão para a a violencia para adquirir ou mesmo desturir os bens ou a qualidade de vida que os restantes membros da União detêm, no entanto a teoria da frustração parece aplicar-se como uma luva aos portugueses que vivem actualmente num mercado que não está feito para as suas bolsas.
Os portugueses vivem rodeados de ideais e de convites e solicitações que infelizmente não podem aceitar. No entanto sentimo-nos parte, sim, somos membros, partilhamos das mesmas virtudes, espelhamo-las nos mesmos objectos, nas mesmas estéticas e nos mesmos gostos...e no entanto... não temos capital que nos permita igualarmos os modelos que nos vendem.
Talvez apartir daqui se possam começar a compreender alguns dos fenómenos relacionados com o endividamento das famílias e com a aparente iracionalidade de quem descura no almoço para comprar uns sapatos de marca...
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5 comentários:
Não sendo um tugo-pessimista, devo admitir que as coisas podiam estar muito melhores se à sociedade do parecer se substituisse uma sociedade do ser. :)
lol, isso existe?
O quê??uma europa a duas velocidades ou o tugo-pessimista??hum...
uma sociedade do ser em vez de uma sociedade do parecer...
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