quinta-feira, 5 de julho de 2007

Antropologia e arte




Aproveito para dar a conhecer o meu ultimo quadro, sim, eu também faço umas pinturazecas, sou aquilo a que chamam naíve, embora não o seja tanto assim.

Aproveito para partihar convosco um pouco de uma conversa que tinha entre amigos sobre a temática da arte. Tentavamos, numa conversa que acaba por ser repetir ciclicamente, definir a arte. obviamente existem várias perspectivas e definições partindo de pontos distintos.  

No ponto de vista antropológico, penso que não devemos de separar a arte das dimensões culturais e sociais do ser humano. Se facilmente chegamos á conclusão de que a arte é um elemento cultural , devido ás diferentes construções, concepções e apreciações praticadas pelas diferentse culturas, já o factor social acaba por não ser tão visivel aos olhos menos treinados.

Olhando um dos mais mediáticos eventos dos ultimos dias podemos entender como a arte acaba por ser um enorme potlach, assim foi e está a ser a exposição Berardo no Centro Cultural de Belém. Por potlach, concebemos desde Franz Boas, uma cerimónia festiva e agonistica de despojamento de bens alimentares e/ ou utilitários que tem como principal função enaltecer o responsavel por esse festim.  Ora, embora esta exposição não consista própriamente numa destruição das peças espostas, serve obviamente para enaltecer o nome do seu detentor. O valor das obras é conhecido, o nome do detentor também. Eis a arte como forma de constituição das hierarquias sociais e de reforço do prestigio e da classe.

ah, já agora, agardecia as vossas opiniões sobre a minha modesta (e baratissima) "obra" ;)

4 comentários:

bela lugosi`s dead (F.JSAL) disse...

Olá Sapiens...pois tenho a dizer que me surpreendeste de forma muito positiva e isso apenas porque não sabia que pintavas:) gostei imenso!

Quanto à hierarquização e reforço do prestígio social pela arte e sua posse, é um facto, completamente de acordo.

Rosa Maria Ribeiro disse...

do quadro gostei. naif?
n sei.
da conversa nem tanto. explico. começaste de forma colokial. predispus-me a ouvir-te. depois embrenhaste-te em definições kerendo falar de tudo.
só por isso. fikei com um sem saber o k. à espera...

Isabel Victor disse...

"Por potlach, concebemos desde Franz Boas, uma cerimónia festiva e agonistica de despojamento de bens alimentares e/ ou utilitários que tem como principal função enaltecer o responsavel por esse festim"

Isso mesmo !

Um beijo na tua tela

sapiens disse...

Olá Mariamar, o que estava a tentar fazer era uma abordagem antropológica para a compreensão da arte. obviamente existem diversos prismas através dos quais nos podemos debruçar para analizar o fenómeno artístico, a antropologia não fica de fora e possui um conjunto de ferramentas compreensivas que nos ajudam á interpretação do fenómeno. Segundo penso , estamos muito mais habituados a ouvir falar de arte em termos estéticos e mesmo culturais mas são poucas as vezes em que nos são apresentadas as dinamicas sociais das quais a arte pode fazer parte, ou seja, a forma como a arte pode ser utilizada para projecção dos individuos numa perspectiva dinamica e hierarquica. o facto de ter falado no Berardo ou no potlach não penso ser de todo descabido, o fenómeno é o mesmo: a utilização de bens valorizados pela sociedade para a valorização de si, a par de uma valorização dos objectos através das suas histórias de vida (Appadurai e a vida social das coisas). Em resumo, os objectos, entre os quais incluimos as obras de arte , possuem uma interação com as pessoas quer ao nivel individual quer ao nivel social e o seu valor parece depender em parte da sua história de vida (das mãos por quem passam) como também é capaz de fornecer valor aos seus detentores e tudo isto através de um reconhecimento da sociedade em geral do seu percurso social bem como da genialidade dos seus criadores.
em resumo, a arte em si não tem valor pois o seu valor é como nos diz simmel o resultado de uma valorização social, era neste sentido que também falava do naiv da minha "arte" e do pouco valor da mesma... o valor não está no objecto, mas no reconhecimento publico e mais ou menos consonante dos individuos face ás peças.