domingo, 29 de julho de 2007
Devaneios em tempo de férias
Cá vai...
Contraplacado grosso imitando madeira, petalas de rosa secas, meia maçã de metal, abre cartas metálico em forma de espinha dorsal apontado á metade da maçã estilo Guilherme Tell, (tudo coladinho com cola prego), Folha em branco com inscrições em Brail debaixo da referida metade superior de maçã, mancha de tinta com ilusão tridimensional (não se nota muito bem na foto) e coisinhas parecidas com tentáculos no canto inferior direito....
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Transparente ou incolor?
Ora bem, estou com sérias dificuldades em escrever algo assim com impacto, pelo menos que tenha impacto em mim e que me deixe bem disposto. Então desafiei-me a escrever algo novo, tão novo que quando o iniciasse nem soubesse exactamente o que ia ser. Aqui estou, portanto, investido nesta nobre missão de escrever e muito provavelmente não dizer nada. Comecei por pensar no dia mundial do sapo, que foi ontem e que mereceu a devida atenção num blog de carácter mais intimista (isto de estabelecer a barreira entre algo de genericamente não pessoal e aquilo que é marcadamente pessoal, torna-se por vezes complicado). De quaisquer das formas o dia mundial do sapo não me parece uma boa opção, muito menos um tema relevante neste momento em que tantas coisas importantes sucedem neste e noutros países. Opto então por discorrer no abstracto, àcerca da rã virgem e simultâneamente ameaçadora, adquirindo nesse momento denotações e conotações de cobra ninfomaníaca e potencialmente devoradora da pseudo perpetuada virilidade masculina. É isso no fundo e também à superfície, que podemos vislumbrar quando observamos uma rã dominadora e simultâneamente protectora, a dupla acepção intrínsecamente contaditória e conflituosa aferida àcerca de um só "objecto" para onde canalizamos a nossa atenção. Um dia falarei um pouco mais àcerca da rã. Hoje já não me apetece.
Espero não ser processado pelos meus colegas de blog.
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Políticas de Natalidade???
Há alguns dias , lendo a secção de leitor do jornal Metro, deparei-me com uma corrente queixa de muitos portugueses.
Numa altura em que o governo propõe novas medidas de incentivo á natalidade urge reflectir para além da aprência das medidas lineares e até certo ponto propagandistas que irão ser tomadas.
A investida do leitor abordava a questão dos infantários. Segundo o "queixoso" , a possibilidade de um individuo da classe média em Portugal ter um filho e educa-lo nos moldes requeridos, exigidos e necessários para uma correcta integração dos futuros adultos na sociedade do nosso tempo é uma autêntica odisseia e precarizam-se de dia para dia. A questão é simples, se ter um filho é um problema, ter mais do que um dobra ou triplica o mesmo problema.
Pensando a sociedade contemporânea estratificadamente, a classe média é aquela que devido áo sistema social vigente é a mais limitada no que respeita á possibilidade de ter filhos, isto porque a escolha do infantário para as crianças não é tarefa fácil. Os mais baratos que são os da rede pública estão lotados , e dão muitas vezes prioridade a crianças provenientes de famílias carenciadas (que contam com auxilios de carácter social), os mais caros (privados) constituem um autentico rombo no orçamento famíliar para toda a classe trabalhadora, e apenas dao guarida ás crianças cujos pais detêm profissões de topo.
Falando de um caso que conheço concretamente, sei que um infantário para uma criança de 3 anos pode ultrapassar os 400 euros, ou seja, mais do que um ordenado minimo nacional.
O governo português propoe-se a oferecer benefícios monetários dos quais apenas e muito provavelmente irão usufruir as famílias já tendencialmente numerosas das classes desfavorecidas. a lógica é simples, culturalmente e tendencialmente as famílias portuguesas médias não têm mais de dois filhos. Os motivos são vários: desde de uma crescente precaridade no contacto entre pais e filhos imposto pelos horários laborais, passando pelo aumento do consumo, do nivel e dos custos e despesas diárias até o aumento ao numero de anos que os filhos permanecem dependentes em casa dos pais inclusivamente para finalizar os seus cursos superiores implica, como qualquer pai ou mãe (actual ou prospectivo) da classe média sabe, uma autentica ginástica financeira e um esforço ao qual muitos começam a desejar não ter de se submeter. Obviamente , de várias direcções são disparadas as baratas acusações de individualismo e de egoismo, ao invés de sensatêz e no meu humilde entender de total adaptação (ou talvez resignação) á sociedade do presente.
Na realidade e segundo as projecções realizadas Rui Cerdeira Branco em 20 Julho 2007 no blog economiafinancas.com
Numa altura em que o governo propõe novas medidas de incentivo á natalidade urge reflectir para além da aprência das medidas lineares e até certo ponto propagandistas que irão ser tomadas.
A investida do leitor abordava a questão dos infantários. Segundo o "queixoso" , a possibilidade de um individuo da classe média em Portugal ter um filho e educa-lo nos moldes requeridos, exigidos e necessários para uma correcta integração dos futuros adultos na sociedade do nosso tempo é uma autêntica odisseia e precarizam-se de dia para dia. A questão é simples, se ter um filho é um problema, ter mais do que um dobra ou triplica o mesmo problema.
Pensando a sociedade contemporânea estratificadamente, a classe média é aquela que devido áo sistema social vigente é a mais limitada no que respeita á possibilidade de ter filhos, isto porque a escolha do infantário para as crianças não é tarefa fácil. Os mais baratos que são os da rede pública estão lotados , e dão muitas vezes prioridade a crianças provenientes de famílias carenciadas (que contam com auxilios de carácter social), os mais caros (privados) constituem um autentico rombo no orçamento famíliar para toda a classe trabalhadora, e apenas dao guarida ás crianças cujos pais detêm profissões de topo.
Falando de um caso que conheço concretamente, sei que um infantário para uma criança de 3 anos pode ultrapassar os 400 euros, ou seja, mais do que um ordenado minimo nacional.
O governo português propoe-se a oferecer benefícios monetários dos quais apenas e muito provavelmente irão usufruir as famílias já tendencialmente numerosas das classes desfavorecidas. a lógica é simples, culturalmente e tendencialmente as famílias portuguesas médias não têm mais de dois filhos. Os motivos são vários: desde de uma crescente precaridade no contacto entre pais e filhos imposto pelos horários laborais, passando pelo aumento do consumo, do nivel e dos custos e despesas diárias até o aumento ao numero de anos que os filhos permanecem dependentes em casa dos pais inclusivamente para finalizar os seus cursos superiores implica, como qualquer pai ou mãe (actual ou prospectivo) da classe média sabe, uma autentica ginástica financeira e um esforço ao qual muitos começam a desejar não ter de se submeter. Obviamente , de várias direcções são disparadas as baratas acusações de individualismo e de egoismo, ao invés de sensatêz e no meu humilde entender de total adaptação (ou talvez resignação) á sociedade do presente.
Na realidade e segundo as projecções realizadas Rui Cerdeira Branco em 20 Julho 2007 no blog economiafinancas.com
Imaginemos que tem um filho com 3 anos e que está no último escalão do abono de família que dá direito a abono. Neste momento estará a receber por mês 10,76€. Nascendo um segundo filho ocorrerá uma alteração face à situação actual quando o segundo filho perfizer um ano. Nessa altura e admitindo que se mantem no mesmo escalão de abono, em vez de ficarem os dois filhos a receber 10,76€, cada um ficará a receber o dobro até que o segundo filho faça os 3 anos. Ou seja, por ano receberá mais 258,24€. Caso entretanto nasça um terceiro filho a prestação em vez de duplicar, triplicará a partir do momento em que o terceiro filho faca um ano e enquanto este não fizer 3 anos. Durante esse período de dois anos receberá mais 387,36€/ano. O mesmo raciocínio se aplica para os demais escalões de abono de família ajustados para os respectivos níveis do abono de família.
Não será dificil de compreender como qualquer destas prestações estatais se torna irrisória face aos preços mensais que os pais têm de pagar pelos infantários dos seus filhos.
Na realidade , inumeros estudos realizados em França bem como nos países nordicos demonstram que não são os benefícios em numerário atribuidos ás famílias da classe média e trabalhadora que fomentam o numero de filhos por mulher numa sociedade, mas sim o apoio ao nivel das infra estruturas tais como licenças de parto remuneradas bem como com a oferta de infantários públicos a preços controlados para TODAS as famílias.
Torna-se então pertinente questionármo-nos porque motivo o governo português não investe neste tipo de estruturas educativas e formativas para os mais pequenos com todo o dinheiro que pretende distribuir em função desse projecto ( falhado á partida ). A meu ver esta seria a política dois em um verdadeiramente acertada: não só contribuiria para um incremento da natalidade TAMBÉM nas classes médias , como se contribuia para a criação de postos de trabalho quer na construção de infra estruturas, quer na sua manutenção e funcionamento.
Na realidade , inumeros estudos realizados em França bem como nos países nordicos demonstram que não são os benefícios em numerário atribuidos ás famílias da classe média e trabalhadora que fomentam o numero de filhos por mulher numa sociedade, mas sim o apoio ao nivel das infra estruturas tais como licenças de parto remuneradas bem como com a oferta de infantários públicos a preços controlados para TODAS as famílias.
Torna-se então pertinente questionármo-nos porque motivo o governo português não investe neste tipo de estruturas educativas e formativas para os mais pequenos com todo o dinheiro que pretende distribuir em função desse projecto ( falhado á partida ). A meu ver esta seria a política dois em um verdadeiramente acertada: não só contribuiria para um incremento da natalidade TAMBÉM nas classes médias , como se contribuia para a criação de postos de trabalho quer na construção de infra estruturas, quer na sua manutenção e funcionamento.
Ossos humanos com um milhão de anos encontrados na Síria
Arqueólogos sírios e suíços encontraram ossos humanos e de animais na região de Tadmur, no centro da Síria, que datam de um milhão de anos, informou a agência oficial de notícias Sana.
Segundo os especialistas, os restos foram encontrados em Bir al-Hamel, considerada «a jazida pré-histórica mais antiga da Síria, que também data de um milhão de anos».
Os ossos pertencem a humanos que viviam em cavernas naquela época, enquanto os restos ósseos de animais correspondem a um camelo, uma gazela e um elefante.«Os ossos de camelo encontrados indicam que o animal tinha o dobro do tamanho de um camelo contemporâneo», explicou o director da equipa científica, Walid Assad.
Segundo Assad, que não facultou mais pormenores sobre a descoberta, os camelos apareceram primeiro na Síria, para depois se estenderem por outras regiões da Ásia e do norte da África.
20-07-2007 13:39:48
in Diário Digital
Segundo os especialistas, os restos foram encontrados em Bir al-Hamel, considerada «a jazida pré-histórica mais antiga da Síria, que também data de um milhão de anos».
Os ossos pertencem a humanos que viviam em cavernas naquela época, enquanto os restos ósseos de animais correspondem a um camelo, uma gazela e um elefante.«Os ossos de camelo encontrados indicam que o animal tinha o dobro do tamanho de um camelo contemporâneo», explicou o director da equipa científica, Walid Assad.
Segundo Assad, que não facultou mais pormenores sobre a descoberta, os camelos apareceram primeiro na Síria, para depois se estenderem por outras regiões da Ásia e do norte da África.
20-07-2007 13:39:48
in Diário Digital
Pensamentos...
No passado dia 15 de Julho, houve eleições intercalares na Câmara Municipal de Lisboa. Isso já todos nós sabemos. Também sabemos que ganhou o PS, sendo que o executivo camarário (aqui entenda-se vereadores) passa a ser controlado pela esquerda (11 contra 6) e agora Lisboa, terra minha mui querida e amada? Que será de ti, visto daqui a dois anos, sim 2 anos, irão haver novas eleições autárquicas e novo executivo camarário será (?) conduzido ou reconduzido, conforme o desempenho que a nova vereação se portar.
No que diz respeito aos efeitos das eleições, PSD e PP, perderam as vereaçõe sque detinham... Carmona Rodrigues, consegue tirar votos tanto ao candidato apoiado pelo PSD, como ao do PP, provando que afinal ainda há gente que acredita nas ideias de Carmona Rodrigues. um terramoto ameaça desabar o PSD, e isto não se compreende: porque cada vez que um partido perde eleições pensa-se que tem-se que logo fazer eleições para lider partidário, mas que diabo se passa aqui?
Se pretende-se fazer de Portugal um pais democrático e plural, há que primeiramente pensar o que se está a fazer, lembrem-se que os dois grupos de cidadãos de Lisboa que apresentaram candidaturas conseguiram incomodar os partidos politicos do status quo, relegendo um deles - o PP - para fora das vereações. Creio que está na altura de pensarmos na utilidade dos partidos politicos.
Tenham boas férias...
No que diz respeito aos efeitos das eleições, PSD e PP, perderam as vereaçõe sque detinham... Carmona Rodrigues, consegue tirar votos tanto ao candidato apoiado pelo PSD, como ao do PP, provando que afinal ainda há gente que acredita nas ideias de Carmona Rodrigues. um terramoto ameaça desabar o PSD, e isto não se compreende: porque cada vez que um partido perde eleições pensa-se que tem-se que logo fazer eleições para lider partidário, mas que diabo se passa aqui?
Se pretende-se fazer de Portugal um pais democrático e plural, há que primeiramente pensar o que se está a fazer, lembrem-se que os dois grupos de cidadãos de Lisboa que apresentaram candidaturas conseguiram incomodar os partidos politicos do status quo, relegendo um deles - o PP - para fora das vereações. Creio que está na altura de pensarmos na utilidade dos partidos politicos.
Tenham boas férias...
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sábado, 14 de julho de 2007
Nada
Há alturas em que descemos numa estação de comboio, num qualquer ponto do país, um qualquer ponto que não conheciamos antes. Deparamo-nos com o desconhecido e verificamos que apenas conheciamos os caminhos que nos levam a casa e que percorremos diariamente. Eu gosto de viajar de comboio, acho interessante. É pena terem acabado com a única carruagem para fumadores. Quando viajo dispo-me de quem sou, apenas eu e uma mochila quase sem roupa lá dentro. Geralmente vou comprando conforme preciso. Gosto da sensação ilusória de liberdade, de parar num local, procurar uma pensão e ver o quarto que me destinam conforme a minha aparência no momento. Gosto de me despedir temporariamente do passado. Gosto de fugir ao peso do conhecido de que no entanto preciso. Gosto de sair de minha casa para depois gostar mais dela. Gosto de não ter que saber nada. Gosto da sensação ilusória de liberdade.
Há alturas em que tudo me parece tão fútil...política, economia, religião...há alturas em que isso não me interessa para nada. Há alturas em que só me apetece viajar.
sexta-feira, 13 de julho de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Sociedade e numeros - Capitalismo e Gerontocracia?
Estudo do Banco de Portugal - Aumentar a idade da reforma rouba emprego aos mais jovens
A adopção de medidas que visam aumentar a idade legal da reforma dos trabalhadores, como aconteceu recentemente em Portugal, não tem um efeito garantidamente positivo nas contas públicas. Obrigar os trabalhadores a ficarem mais tempo no mercado leva-os a descontarem mais tempo para a Segurança Social e, por conseguinte, a receberem pensões de reforma durante menos anos.
Elisabete Miranda
elisabetemiranda@mediafin.p
in
http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=299140&ListComment=1&CpMsgId=480811
segue-se o comentário de um leitor:
jags
A lógica (fria) dos números
A lógica fria dos números é simples.
Quem tem 40 anos sabe que não deve vir receber nenhuma reforma ou receberá uma miséria, comparativamente ao que será o nível de vida daqui a 20-30 anos. Vejamos a lógica: Situação1: Manter um profissional Sénior em funções mais 5 anos c/ salário de 2.000Eur/mês e não dar emprego a um jovem em início de carreira c/ 1.000 Eur/mês: Receitas de impostos e contribuições - 1.100 Euros do Sénior e nada do Jovem (não tem emprego). Situação 2 : Mandar o Sénior para a reforma e empregar o Jovem: Receitas: +762 Eur incluindo os impostos do jovem e IRS do reformado. Despesas: 1300 Eur da reforma do Sénior. Saldo:538 Euros negativos. Ou seja Situação1 - Saldo positivo de 1.100 Euros, Situação 2 - Saldo negativo de 538 Euros. A diferença são mais de 1.600 Euros/mês. Estes valores são aproximados mas dão uma idéia do que é a lógica seguida. Corta-se as pernas da carreira da geração seguinte por conta de maior receita imediata. É crú mas é assim. Ou então, como já alguém disse: Vão para fora.
A adopção de medidas que visam aumentar a idade legal da reforma dos trabalhadores, como aconteceu recentemente em Portugal, não tem um efeito garantidamente positivo nas contas públicas. Obrigar os trabalhadores a ficarem mais tempo no mercado leva-os a descontarem mais tempo para a Segurança Social e, por conseguinte, a receberem pensões de reforma durante menos anos.
Elisabete Miranda
elisabetemiranda@mediafin.p
in
http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&CpContentId=299140&ListComment=1&CpMsgId=480811
segue-se o comentário de um leitor:
jags
A lógica (fria) dos números
A lógica fria dos números é simples.
Quem tem 40 anos sabe que não deve vir receber nenhuma reforma ou receberá uma miséria, comparativamente ao que será o nível de vida daqui a 20-30 anos. Vejamos a lógica: Situação1: Manter um profissional Sénior em funções mais 5 anos c/ salário de 2.000Eur/mês e não dar emprego a um jovem em início de carreira c/ 1.000 Eur/mês: Receitas de impostos e contribuições - 1.100 Euros do Sénior e nada do Jovem (não tem emprego). Situação 2 : Mandar o Sénior para a reforma e empregar o Jovem: Receitas: +762 Eur incluindo os impostos do jovem e IRS do reformado. Despesas: 1300 Eur da reforma do Sénior. Saldo:538 Euros negativos. Ou seja Situação1 - Saldo positivo de 1.100 Euros, Situação 2 - Saldo negativo de 538 Euros. A diferença são mais de 1.600 Euros/mês. Estes valores são aproximados mas dão uma idéia do que é a lógica seguida. Corta-se as pernas da carreira da geração seguinte por conta de maior receita imediata. É crú mas é assim. Ou então, como já alguém disse: Vão para fora.
quarta-feira, 11 de julho de 2007
Amar é
Amar uma mulher é o exagero das diferenças, entre essa mulher e todas as outras.
(J. G.P. B.)
E como já uma vez foi referido pela Sapiens, se querem saber como é o mundo, vão a um prado e perguntem a uma vaca.
(J. G.P. B.)
E como já uma vez foi referido pela Sapiens, se querem saber como é o mundo, vão a um prado e perguntem a uma vaca.
domingo, 8 de julho de 2007
Simplificações complexas, complexificações simplistas ou falta de conceitos para pensar?
É certo que no nosso Bilhete de Identidade não consta o nosso sexo pois este está implicito no nome dos individuos, mas é certo também que se constasse seria reduzido ao binómio Homem / Mulher ou Masculino/ Feminino.
Durante o meu trabalho de estágio as questões do sexo, género e identidade sexual foram tema central dos meus estudos. Compreendi que nenhum de nós se pode localizar a 100% em qualquer dos estériótipos concebidos socialmente para cada um dos sexos e que na realidade aquilo a que vulgarmente chamamos sexo é algo mais complexo do que a simples marcação genital ou sexual secundária. Decidi então esboçar uma espécie de BI referente á identidade e orientação social e sexual:
este deverá de ser preenchido segundo o binómio opositivo original: Homem / Mulher ou Masculino / Feminino
Sexo reconhecido bilógicamente: Feminino
Género de identificação: 75% Masculino ---- 25% Feminino
Orientação sexual: Orientada ao Masculino
Orientação social: Orientada ao Masculino.
Os termos orientada ao Masculino / Orientada ao Feminino prendem-se com o facto dos próprios termos Heterossexual, Homossexual e Bissexual serem redutores , resumindo a orientação á homologia ou oposição da genitália dos individuos. No sistema de classificação dos índios Navajo por exemplo, a orientação sexual é definida não de acordo com o sexo reconhecido biológicamente mas sim com o género de identificação dos individuos, desta forma uma pessoa com um sexo biológico reconhecido como Masculino poderá ter uma identidade de género feminina e nesse sentido ao contrair uma relação afectiva com um individuo cujo sexo biológico é reconhecido como masculino e cuja identidade de género seja igualmente masculina estará numa relação heterossexual e não numa relação homossexual como seria classificada na nossa sociedade. em resumo, a homosexualidade caracteriza-se pela homologia de género e não pela homologia do sexo biológico.
Outras questões surgem relativamente ao género que me levaram a abordar aqui a orientação social. Muitas vezes acontece que crianças do sexo masculino gostem de brincar e de socializar com grupos de crianças do sexo feminino e vice versa, na nossa sociedade temos isso como uma situação "anormal" ou pouco comum começando muitas vezes a suspeitar de que os mais pequenos poderão estar a desenvolver uma orientação sexual fora da norma heterosexual. Isto acontece pois não concebemos que para além da orientação sexual as crianças (e também os adultos) possam ter uma orientação social preferencial. A orientação social refere-se á preferencia que todos nos temos relativamente ao sexo / identidade de género dos individuos com quem nos relacionamos, eventualmente poderão existir preferencias na socialização de um individuo com um ou outro sexo / género ou dividir-se uniformemente por ambos os sexos / géneros (orientação social bissexual) o que nada tem a ver com a orientação sexual dos individuos. De facto a orientação social pode coíncidir ou não com a orientação sexual.
desafio-vos agora a preencherem também vocês o Bilhete de sexo , identidade de género e orientação social e sexual!
sexta-feira, 6 de julho de 2007
Sobre Álvaro de Campos - autor desconhecido
Um poema é a projeção de uma ideia em palavras através da emoção. A emoção não é a base da poesia: é tão-somente o meio de que a ideia se serve para se reduzir a palavras.
Não vejo, entre a poesia e a prosa, a diferença fundamental, peculiar da própria disposição da mente, que Campos estabelece. Desde que se usa de palavras, usa-se de um instrumento ao mesmo tempo emotivo e intelectual.
A palavra contém uma ideia e uma emoção. Por isso não há prosa, nem a mais rigidamente científica, que não ressume qualquer suco emotivo.
Por isso não há exclamação, nem a mais abstratamente emotiva, que não implique, ao menos, o esboço de uma ideia.
Poderá alegar-se, por exemplo, que a exclamação pura - "Ah ", digamos — não contém elemento algum intelectual. Mas não existe um "ah ", assim escrito isoladamente, sem relação com qualquer coisa de anterior. Ou consideramos o "ah " como falado e no tom da voz vai o sentimento que o anima, e portanto a idéia ligada à definição desse sentimento; ou o "ah " responde a qualquer frase, ou por ela se forma, e manifesta uma idéia que essa frase provocou.
Em tudo que se diz — poesia ou prosa — há ideia e emoção. A poesia difere da prosa apenas em que escolhe um novo meio exterior, além da palavra, para projetar a idéia em palavras através da emoção. Esse meio é o ritmo, a rima, a estrofe; ou todas, ou duas, ou uma só. Porém meno que uma só não creio que possa ser.
A ideia, ao servir-se da emoção para se exprimir em palavras, contorna e define essa emoção, e o ritmo, ou a rima, ou a estrofe, são a projeção desse contorno, a afirmação da ideia através de uma emoção, que, se a ideia a não contornasse, se extravasaria e perderia a própria capacidade de expressão.
É o que, em meu entender, sucede nos poemas de Campos. São um extravasar de emoção. A ideia serve a emoção, não a domina. E o homem — poeta ou não poeta — em quem a emoção domina a inteligência recua a feição do seu ser a estádios anteriores da evolução, em que as faculdades de inibição dormiam ainda no embrião da mente. Não pode ser que arte, que é um produto da cultura, ou seja do desenvolvimento supremo da consciência que o homem tem de si mesmo, seja tanto mais superior, quanto maior for a sua semelhança com as manifestações mentais que distinguem os estados inferiores da evolução cerebral.
A poesia é superior à prosa porque exprime, não um grau superior de emoção, mas, por contra, um grau superior do domínio dela, a subordinação do tumulto em que a emoção naturalmente se exprimiria (como verdadeiramente diz Campos) ao ritmo, à rima, à estrofe.
Como o estado mental, em que a poesia se forma, é, deveras, mais emotivo que aquele em que naturalmente se forma a prosa, há mister que ao estado poético se aplique uma disciplina mais dura que aquela [que] se emprega no estado prosaico da mente. E esses artifícios — o ritmo, a rima, a estrofe — são instrumentos de tal disciplina.
No sentido em que Campos diz que são artifícios o ritmo, a rima e a estrofe, se pode dizer que são artifícios: a vontade que corrige defeitos, a ordem que policia sociedades, a civilização que reduz os egoísmos à forma sociável.
Na prosa mais propriamente prosa — a prosa científica ou filosófica —, a que exprime diretamente ideias e só ideias, não há mister de grande disciplina, pois na própria circunstância de ser só de ideias vai disciplina bastante. Na prosa mais largamente emotiva, como a que distingue a oratória, ou tem feição descritiva, há que atender mais ao ritmo, à disposição, à organização das ideias, pois essas são ali em menor número, nem formam o fundamento da matéria. Na prosa amplamente emotiva — aquela cujos sentimentos poderiam com igual facilidade ser expostos em poesia — há que atender mais que nunca à disposição da matéria, e ao ritmo que acompanhe a exposição. Esse ritmo não é definido, como o é no verso, porque a prosa não é verso. O que verdadeiramente Campos faz, quando escreve em verso, é escrever prosa ritmada com pausas maiores marcadas em certos pontos, para fins rítmicos, e esses pontos de pausa maior, determina-os ele pelos fins dos versos. Campos é um grande prosador, um prosador com uma grande ciência do ritmo; mas o ritmo de que tem ciência, é o ritmo da prosa, e a prosa de que se serve é aquela em que se introduziu, além dos vulgares sinais de pontuação, uma pausa maior e especial, que Campos, como os seus pares anteriores e semelhantes, determinou representar graficamente pela linha quebrada no fim, pela linha disposta como o que se chama um verso. Se Campos, em vez de fazer tal, inventasse um sinal novo de pontuação — digamos o traço vertical ( ) — para determinar esta ordem de pausa, ficando nós sabendo que ali se pausava com o mesmo gênero de pausa com que se pausa no fim de um verso, não faria obra diferente, nem estabeleceria a confusão que estabeleceu.
A disciplina é natural ou artificial, espontânea ou reflectida. O que distingue a arte clássica, propriamente dita, a dos gregos e até dos romanos, da arte pseudoclássica, como a dos franceses em seus séculos de fixação, é que a disciplina de uma está nas mesmas emoções, com uma harmonia natural da alma, que naturalmente repele o excessivo, ainda ao senti-lo; e a disciplina da outra está em uma deliberação da mente de não se deixar sentir para cima de certo nível. A arte pseudoclássica é fria porque é uma regra; a clássica tem emoção porque é uma harmonia.
Quase se conclui do que diz Campos, de que o poeta vulgar sente espontaneamente com a largueza que naturalmente projetaria em versos como os que ele escreve; e depois, refletindo, sujeita essa emoção a cortes e retoques e outras mutilações ou alterações, em obediência a uma regra exterior. Nenhum homem foi alguma vez poeta assim. A disciplina do ritmo é aprendida até fícar sendo uma parte da alma: o verso que a emoção produz nasce já subordinado a essa disciplina. Uma emoção naturalmente harmônica é uma emoção naturalmente ordenada; uma emoção naturalmente ordenada é uma emoção naturalmente traduzida num ritmo ordenado, pois a emoção dá o ritmo e a ordem que há nela, a ordem que no ritmo há.
Na palavra, a inteligência dá a frase, a emoção o ritmo. Quando o pensamento do poeta é alto, isto é, formado de uma ideia que produz uma emoção, esse pensamento, já de si harmônico pela junção equilibrada de ideia e emoção, e pela nobreza de ambas, transmite esse equilíbrio de emoção e de sentimento à frase e ao ritmo, e assim, como disse, a frase, súdita do pensamento que a define, busca-o, e o ritmo, escravo da emoção que esse pensamento agregou a si, o serve.
Não vejo, entre a poesia e a prosa, a diferença fundamental, peculiar da própria disposição da mente, que Campos estabelece. Desde que se usa de palavras, usa-se de um instrumento ao mesmo tempo emotivo e intelectual.
A palavra contém uma ideia e uma emoção. Por isso não há prosa, nem a mais rigidamente científica, que não ressume qualquer suco emotivo.
Por isso não há exclamação, nem a mais abstratamente emotiva, que não implique, ao menos, o esboço de uma ideia.
Poderá alegar-se, por exemplo, que a exclamação pura - "Ah ", digamos — não contém elemento algum intelectual. Mas não existe um "ah ", assim escrito isoladamente, sem relação com qualquer coisa de anterior. Ou consideramos o "ah " como falado e no tom da voz vai o sentimento que o anima, e portanto a idéia ligada à definição desse sentimento; ou o "ah " responde a qualquer frase, ou por ela se forma, e manifesta uma idéia que essa frase provocou.
Em tudo que se diz — poesia ou prosa — há ideia e emoção. A poesia difere da prosa apenas em que escolhe um novo meio exterior, além da palavra, para projetar a idéia em palavras através da emoção. Esse meio é o ritmo, a rima, a estrofe; ou todas, ou duas, ou uma só. Porém meno que uma só não creio que possa ser.
A ideia, ao servir-se da emoção para se exprimir em palavras, contorna e define essa emoção, e o ritmo, ou a rima, ou a estrofe, são a projeção desse contorno, a afirmação da ideia através de uma emoção, que, se a ideia a não contornasse, se extravasaria e perderia a própria capacidade de expressão.
É o que, em meu entender, sucede nos poemas de Campos. São um extravasar de emoção. A ideia serve a emoção, não a domina. E o homem — poeta ou não poeta — em quem a emoção domina a inteligência recua a feição do seu ser a estádios anteriores da evolução, em que as faculdades de inibição dormiam ainda no embrião da mente. Não pode ser que arte, que é um produto da cultura, ou seja do desenvolvimento supremo da consciência que o homem tem de si mesmo, seja tanto mais superior, quanto maior for a sua semelhança com as manifestações mentais que distinguem os estados inferiores da evolução cerebral.
A poesia é superior à prosa porque exprime, não um grau superior de emoção, mas, por contra, um grau superior do domínio dela, a subordinação do tumulto em que a emoção naturalmente se exprimiria (como verdadeiramente diz Campos) ao ritmo, à rima, à estrofe.
Como o estado mental, em que a poesia se forma, é, deveras, mais emotivo que aquele em que naturalmente se forma a prosa, há mister que ao estado poético se aplique uma disciplina mais dura que aquela [que] se emprega no estado prosaico da mente. E esses artifícios — o ritmo, a rima, a estrofe — são instrumentos de tal disciplina.
No sentido em que Campos diz que são artifícios o ritmo, a rima e a estrofe, se pode dizer que são artifícios: a vontade que corrige defeitos, a ordem que policia sociedades, a civilização que reduz os egoísmos à forma sociável.
Na prosa mais propriamente prosa — a prosa científica ou filosófica —, a que exprime diretamente ideias e só ideias, não há mister de grande disciplina, pois na própria circunstância de ser só de ideias vai disciplina bastante. Na prosa mais largamente emotiva, como a que distingue a oratória, ou tem feição descritiva, há que atender mais ao ritmo, à disposição, à organização das ideias, pois essas são ali em menor número, nem formam o fundamento da matéria. Na prosa amplamente emotiva — aquela cujos sentimentos poderiam com igual facilidade ser expostos em poesia — há que atender mais que nunca à disposição da matéria, e ao ritmo que acompanhe a exposição. Esse ritmo não é definido, como o é no verso, porque a prosa não é verso. O que verdadeiramente Campos faz, quando escreve em verso, é escrever prosa ritmada com pausas maiores marcadas em certos pontos, para fins rítmicos, e esses pontos de pausa maior, determina-os ele pelos fins dos versos. Campos é um grande prosador, um prosador com uma grande ciência do ritmo; mas o ritmo de que tem ciência, é o ritmo da prosa, e a prosa de que se serve é aquela em que se introduziu, além dos vulgares sinais de pontuação, uma pausa maior e especial, que Campos, como os seus pares anteriores e semelhantes, determinou representar graficamente pela linha quebrada no fim, pela linha disposta como o que se chama um verso. Se Campos, em vez de fazer tal, inventasse um sinal novo de pontuação — digamos o traço vertical ( ) — para determinar esta ordem de pausa, ficando nós sabendo que ali se pausava com o mesmo gênero de pausa com que se pausa no fim de um verso, não faria obra diferente, nem estabeleceria a confusão que estabeleceu.
A disciplina é natural ou artificial, espontânea ou reflectida. O que distingue a arte clássica, propriamente dita, a dos gregos e até dos romanos, da arte pseudoclássica, como a dos franceses em seus séculos de fixação, é que a disciplina de uma está nas mesmas emoções, com uma harmonia natural da alma, que naturalmente repele o excessivo, ainda ao senti-lo; e a disciplina da outra está em uma deliberação da mente de não se deixar sentir para cima de certo nível. A arte pseudoclássica é fria porque é uma regra; a clássica tem emoção porque é uma harmonia.
Quase se conclui do que diz Campos, de que o poeta vulgar sente espontaneamente com a largueza que naturalmente projetaria em versos como os que ele escreve; e depois, refletindo, sujeita essa emoção a cortes e retoques e outras mutilações ou alterações, em obediência a uma regra exterior. Nenhum homem foi alguma vez poeta assim. A disciplina do ritmo é aprendida até fícar sendo uma parte da alma: o verso que a emoção produz nasce já subordinado a essa disciplina. Uma emoção naturalmente harmônica é uma emoção naturalmente ordenada; uma emoção naturalmente ordenada é uma emoção naturalmente traduzida num ritmo ordenado, pois a emoção dá o ritmo e a ordem que há nela, a ordem que no ritmo há.
Na palavra, a inteligência dá a frase, a emoção o ritmo. Quando o pensamento do poeta é alto, isto é, formado de uma ideia que produz uma emoção, esse pensamento, já de si harmônico pela junção equilibrada de ideia e emoção, e pela nobreza de ambas, transmite esse equilíbrio de emoção e de sentimento à frase e ao ritmo, e assim, como disse, a frase, súdita do pensamento que a define, busca-o, e o ritmo, escravo da emoção que esse pensamento agregou a si, o serve.
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Antropologia e arte
Aproveito para dar a conhecer o meu ultimo quadro, sim, eu também faço umas pinturazecas, sou aquilo a que chamam naíve, embora não o seja tanto assim.
Aproveito para partihar convosco um pouco de uma conversa que tinha entre amigos sobre a temática da arte. Tentavamos, numa conversa que acaba por ser repetir ciclicamente, definir a arte. obviamente existem várias perspectivas e definições partindo de pontos distintos.
No ponto de vista antropológico, penso que não devemos de separar a arte das dimensões culturais e sociais do ser humano. Se facilmente chegamos á conclusão de que a arte é um elemento cultural , devido ás diferentes construções, concepções e apreciações praticadas pelas diferentse culturas, já o factor social acaba por não ser tão visivel aos olhos menos treinados.
Olhando um dos mais mediáticos eventos dos ultimos dias podemos entender como a arte acaba por ser um enorme potlach, assim foi e está a ser a exposição Berardo no Centro Cultural de Belém. Por potlach, concebemos desde Franz Boas, uma cerimónia festiva e agonistica de despojamento de bens alimentares e/ ou utilitários que tem como principal função enaltecer o responsavel por esse festim. Ora, embora esta exposição não consista própriamente numa destruição das peças espostas, serve obviamente para enaltecer o nome do seu detentor. O valor das obras é conhecido, o nome do detentor também. Eis a arte como forma de constituição das hierarquias sociais e de reforço do prestigio e da classe.
ah, já agora, agardecia as vossas opiniões sobre a minha modesta (e baratissima) "obra" ;)
Aproveito para partihar convosco um pouco de uma conversa que tinha entre amigos sobre a temática da arte. Tentavamos, numa conversa que acaba por ser repetir ciclicamente, definir a arte. obviamente existem várias perspectivas e definições partindo de pontos distintos.
No ponto de vista antropológico, penso que não devemos de separar a arte das dimensões culturais e sociais do ser humano. Se facilmente chegamos á conclusão de que a arte é um elemento cultural , devido ás diferentes construções, concepções e apreciações praticadas pelas diferentse culturas, já o factor social acaba por não ser tão visivel aos olhos menos treinados.
Olhando um dos mais mediáticos eventos dos ultimos dias podemos entender como a arte acaba por ser um enorme potlach, assim foi e está a ser a exposição Berardo no Centro Cultural de Belém. Por potlach, concebemos desde Franz Boas, uma cerimónia festiva e agonistica de despojamento de bens alimentares e/ ou utilitários que tem como principal função enaltecer o responsavel por esse festim. Ora, embora esta exposição não consista própriamente numa destruição das peças espostas, serve obviamente para enaltecer o nome do seu detentor. O valor das obras é conhecido, o nome do detentor também. Eis a arte como forma de constituição das hierarquias sociais e de reforço do prestigio e da classe.
ah, já agora, agardecia as vossas opiniões sobre a minha modesta (e baratissima) "obra" ;)
quarta-feira, 4 de julho de 2007
terça-feira, 3 de julho de 2007
Política e contemporaneidade
Mais uma vez em redor do pensamento político penso ter chegado a uma conclusão simples acerca da política em geral. Acredito que ela se constrói unicamente sobre um eixo com dois extremos opositivos. Sim, são opositivos porque marcam a própria dualidade humana entre a necessidade de segurança e a de liberdade. Toda a vida do ser humano parece redundar na luta entre estas duas necessidades fundamentais se não vejamos:
-- A oposição entre a liberdade do eu e a coerção da sociedade a qual sentimos como uma forte imposição através dos moldes de formatação da cultura.
-- A oposição entre a liberdade utópica de se ser livre e independente e a inevitável dependência do eu face ao social e ás suas normas.
-- A oposição adolescente entre a necessidade de se ser livre e independente e a dependência económico-social face aos pais.
-- A necessidade de segurança no trabalho (muitas vezes assegurada pelo funcionalismo estatal), face à tomada de riscos (lógica empresarial privada) e a dualidade posicional entre a segurança condicionada do "ter algum" mas não muito, e do risco liberal de se poder ter tudo ou ficar sem nada.
Todas estas oposições entre muitas outras são fonte de frustração, e é no limite esta mesma frustração que está na origem dos movimentos políticos que podemos sintética mente definir como a união de indivíduos que se movem com objectivos e fins comuns.
Segundo este eixo podemos também analisar as várias soluções pensadas pelo ser humano para resolver a frustração causada pela ausência ou dominância de uma dimensão sobre as outras.
Temos nos regimes autoritários (ex: Comunismo ou Fascismo) a predominância da segurança fornecida pelo estado mas que obriga a uma diminuição da liberdade individual (potencialmente insegura para o grupo). Já os regimes mais liberais quer ao nível social quer ao nível económico (democracia e liberalismo) privilegiam a liberdade dos indivíduos mas condicionam-nos a maiores níveis de insegurança económico-social.
Vemos assim como esta lógica das necessidades opositivas funciona como uma balança que se desequilibra para se tornar a reequilibrar à medida que vai escrevendo a história, não em ciclos repetidos mas em elipses evolutivas de preocupações, inseguranças, sucessos e bem-estar. Disto tem sido feita a história do passado, mas esta questão torna-se especialmente problemática em sociedades cada vez mais macro e completamente embebidas no mundo da informação, mas também da infâmia e do boato.
Estas questões tornam-se cada vez mais preocupantes quando ganhamos a legitimidade para pensar que os governos do presente e cada vez mais os do futuro, única e exclusivamente devotos à ditadura do capital
Poderão estar a dobrar o eixo a favor de alguns votando as massas quer à insegurança dos regimes liberais, quer ao controlo anti-liberal da iniciativa privada. E isto acontece como e porquê?
Karl Marx parece ter escrito algo fora do seu tempo tendo sido mal interpretado e em ultima instancia tendo servido de mote à construção do pior regime autoritário despótico e distópico alguma vez conhecido, no entanto algumas das suas premunições fazem indiscutivelmente parte do século XXI, faltava-lhe apenas a variável GLOBALIZAÇÃO para compor o puzzle da dupla ditadura.
A globalização está, como todos temos consciência a trazer grandes benefícios para muitas pessoas, está no entanto a empobrecer outras tantas e a contribuir para formação de uma elite cada vez mais restrita e inéditamente endinheirada que toma hoje decisivo partido nas políticas implementadas. Por outro lado, embora estejamos "todos" a ficar mais instruídos, pois somos felizmente beneficiários de um sistema educativo mais democratizado, não estamos a ficar mais críticos sobre a realidade que nos circunda porque não é esse o objectivo da educação tendencialmente gratuita. Isto faz de nós seres humanos cada vez mais tecnocratizados mas menos pensadores ou contestatários. De qualquer das formas não há contestação possível quando a língua da honra e da moral foram suplantadas pela universalidade da linguagem do dinheiro. Desta forma termos como Flexi-segurança surgem no nosso país, a par de outros prováveis modelos noutras partes do mundo que expressam cada vez mais a concepção do ser humano como um número, uma propriedade que alguns detêm sobre os corpos dos outros e da sua força bruta de trabalho, a ser mantida operacional em tempos de produção prospera e em stand by (mas continuamente consumidora) em tempos de escacês. Por baixo de tudo isto passam conceitos que evoluíram com o homem como a sua objectivação e glorificação no trabalho e na obra substituídos agora por comportamentos indiscutivelmente danosos para o próprio planeta como o consumo.
Nos dias que correm os indivíduos deixaram de contemplar a honra e a moral enquanto valores de si construindo-se em valores alternativos como o consumo (auto-sustentado ou parasitário). Hoje os indivíduos afirmam-se socialmente (como sempre tiveram necessidade de se afirmar) por valores como a escolha na compra e mostra e ganhando especial prestigio com potlaches diários e individuais que são os consumos de moda.
Resta-nos então questionarmo-nos se estaremos realmente a caminhar para um futuro bom e livre quando a única forma de nos construirmos livres é consumir… Consumir… consumir... até mesmo quando não podemos trabalhar.
-- A oposição entre a liberdade do eu e a coerção da sociedade a qual sentimos como uma forte imposição através dos moldes de formatação da cultura.
-- A oposição entre a liberdade utópica de se ser livre e independente e a inevitável dependência do eu face ao social e ás suas normas.
-- A oposição adolescente entre a necessidade de se ser livre e independente e a dependência económico-social face aos pais.
-- A necessidade de segurança no trabalho (muitas vezes assegurada pelo funcionalismo estatal), face à tomada de riscos (lógica empresarial privada) e a dualidade posicional entre a segurança condicionada do "ter algum" mas não muito, e do risco liberal de se poder ter tudo ou ficar sem nada.
Todas estas oposições entre muitas outras são fonte de frustração, e é no limite esta mesma frustração que está na origem dos movimentos políticos que podemos sintética mente definir como a união de indivíduos que se movem com objectivos e fins comuns.
Segundo este eixo podemos também analisar as várias soluções pensadas pelo ser humano para resolver a frustração causada pela ausência ou dominância de uma dimensão sobre as outras.
Temos nos regimes autoritários (ex: Comunismo ou Fascismo) a predominância da segurança fornecida pelo estado mas que obriga a uma diminuição da liberdade individual (potencialmente insegura para o grupo). Já os regimes mais liberais quer ao nível social quer ao nível económico (democracia e liberalismo) privilegiam a liberdade dos indivíduos mas condicionam-nos a maiores níveis de insegurança económico-social.
Vemos assim como esta lógica das necessidades opositivas funciona como uma balança que se desequilibra para se tornar a reequilibrar à medida que vai escrevendo a história, não em ciclos repetidos mas em elipses evolutivas de preocupações, inseguranças, sucessos e bem-estar. Disto tem sido feita a história do passado, mas esta questão torna-se especialmente problemática em sociedades cada vez mais macro e completamente embebidas no mundo da informação, mas também da infâmia e do boato.
Estas questões tornam-se cada vez mais preocupantes quando ganhamos a legitimidade para pensar que os governos do presente e cada vez mais os do futuro, única e exclusivamente devotos à ditadura do capital
Poderão estar a dobrar o eixo a favor de alguns votando as massas quer à insegurança dos regimes liberais, quer ao controlo anti-liberal da iniciativa privada. E isto acontece como e porquê?
Karl Marx parece ter escrito algo fora do seu tempo tendo sido mal interpretado e em ultima instancia tendo servido de mote à construção do pior regime autoritário despótico e distópico alguma vez conhecido, no entanto algumas das suas premunições fazem indiscutivelmente parte do século XXI, faltava-lhe apenas a variável GLOBALIZAÇÃO para compor o puzzle da dupla ditadura.
A globalização está, como todos temos consciência a trazer grandes benefícios para muitas pessoas, está no entanto a empobrecer outras tantas e a contribuir para formação de uma elite cada vez mais restrita e inéditamente endinheirada que toma hoje decisivo partido nas políticas implementadas. Por outro lado, embora estejamos "todos" a ficar mais instruídos, pois somos felizmente beneficiários de um sistema educativo mais democratizado, não estamos a ficar mais críticos sobre a realidade que nos circunda porque não é esse o objectivo da educação tendencialmente gratuita. Isto faz de nós seres humanos cada vez mais tecnocratizados mas menos pensadores ou contestatários. De qualquer das formas não há contestação possível quando a língua da honra e da moral foram suplantadas pela universalidade da linguagem do dinheiro. Desta forma termos como Flexi-segurança surgem no nosso país, a par de outros prováveis modelos noutras partes do mundo que expressam cada vez mais a concepção do ser humano como um número, uma propriedade que alguns detêm sobre os corpos dos outros e da sua força bruta de trabalho, a ser mantida operacional em tempos de produção prospera e em stand by (mas continuamente consumidora) em tempos de escacês. Por baixo de tudo isto passam conceitos que evoluíram com o homem como a sua objectivação e glorificação no trabalho e na obra substituídos agora por comportamentos indiscutivelmente danosos para o próprio planeta como o consumo.
Nos dias que correm os indivíduos deixaram de contemplar a honra e a moral enquanto valores de si construindo-se em valores alternativos como o consumo (auto-sustentado ou parasitário). Hoje os indivíduos afirmam-se socialmente (como sempre tiveram necessidade de se afirmar) por valores como a escolha na compra e mostra e ganhando especial prestigio com potlaches diários e individuais que são os consumos de moda.
Resta-nos então questionarmo-nos se estaremos realmente a caminhar para um futuro bom e livre quando a única forma de nos construirmos livres é consumir… Consumir… consumir... até mesmo quando não podemos trabalhar.
domingo, 1 de julho de 2007
Eu sou novo aqui
A questão essencial para mim, é respeitar a opção dos indivíduos, as suas escolhas, principalmente quando se pode efectivamente tratar de algo mais do que simples escolhas. Já vi aqui comentários, que podem induzir a que se pense na questão das travestis, como sendo algo equiparável à homossexulidade, sob o ponto de vista analítico. Não é essa a minha opinião. Ser gay, pode não ser na maior parte dos casos uma questão de escolha, mas sim algo que está no indivíduo. Quanto a ser travesti, há quanto a mim, claramente um transcender dessa condição de se ser homossexual, porque existe um decidir actuar sobre o corpo. A pessoa não exerce apenas a sua homossexualidade, vai para além dela ao "inscrever" no corpo as marcas de uma identidade (Kafka, Mauss), de uma identidade criada e reinventada todos os dias, de cada vez que se actua sobre o corpo, como marco mais visível e imediato de relação com o outro. Não sinto necessidade de fazer uma defesa das pessoas com quem contactei e contacto, pelo menos não mais do que faria relativamente a qualquer outro indivíduo. A razão é simples, do meu ponto de vista, essas pessoas são mais fortes e determinadas que a maioria, estando sob esse ponto de vista mais habilitadas para o fazer. O que expresso aqui claramente, é o meu respeito por uma diferença assumida contra tudo e contra todos, relativamente à qual pagam uma factura elevada a diversos níveis da sua vivência quotidiana. Quem conseguir olhar para além do exótico, verá simplesmente a pessoa, nas suas alegrias e angústias. Verá apenas o ser humano, despido das suas marcas identitárias exteriores, que passam a ser secundárias, embora não inexistentes.
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