quarta-feira, 29 de agosto de 2007

contrastes



Há uns dias atrás, um brasileiro (bahiano), com um capital intelectual e financeiro bem acima da média nesta região, referiu-se à especificidade da bahia como sendo fruto de uma miscigenação centenária, entre a escória dos portugueses que eram indesejados no seu próprio território, índios preguiçosos e escravos negros. Uma coisa me parece clara, o Brasil é bastante heterogéneo e alguns dos seus estados realçam esses reflexos de diferenciação, evidenciados a um nível macro no contraste que se observa entre norte e sul, entre litoral e interior.


No fundo, nas palavras deste amigo brasileiro estavam presentes as teorias de Gilberto Freyre ou Chico Buarque de Holanda, mas julgo que a realidade é bem mais complexa e que em pleno século XXI traduzem diferentes oportunidades de acesso aos "bens" não materiais que permitem no futuro uma maior igualdade na distribuição da riqueza material.


Parece-me que nos últimos anos o Brasil encetou um trajecto de ascensão económica com a estabilização da inflação e com a criação do real que se estabeleceu com um carácter de moeda não provisória (ao contrário do cruzado), servindo de alguma forma de estímulo ao investimento estrangeiro. As multinacionais estabelecem-se no seu território, no entanto é sabido que elas apenas aqui se irão manter, enquanto a mão de obra for barata e exploratoriamente apetecível, sendo no futuro o mais provável a sua deslocalização.


PS: os dentistas aqui valem mesmo a pena!!

1 comentário:

sapiens disse...

Sim , de facto, e referindo-me á ultima parte do teu post, as multinacionais irão deslocalizar logo que a qualidade de vida dos brasileiros em geral ascenda a um certo nivelamento com os países europeus ou norte americanos. A ingratidão do capitalismo que se alimenta destas diferenças internacionais no que respeita áos direitos dos trabalhadores e dos preços dos salários deverá de começar a ser encarada neste prisma. O capitalismo aqui expresso nos seus icones mais visiveis; as multinacionais, trará ideais e sonhos de progresso que ficarão para muitos em esboço como se está actualmente a passar com o nosso país. A minha mae diz lembrar-se de quando as pessoas ganhavam em trabalho assalariado nas fabricas não mais de dois mil escudos por mês e de que aqueles qeu ganhavam cinco mil escudos éram considerados uns "senhores"... anos mais tarde os salários aumentaram e, face a uma manutenção nos preços dos bens de consumo foi possivel um aumento na qualidade de vida e uma diversificação no acesso aos bens... o que acontece hoje é que o nivel salarial dos portugueses se aproxima "perigosamente" do dos países centrais (embora francamente não o imagine a alcança-lo algum dia) o qeu leva as empresas a fugirem deixando milhares no desemprego e outros tantos sem perspectivas de algum dia alcançarem a dignidade que só um emprego pode fornecer.

O futuro do brasil não andará longe desta realidade, no entanto até á recta descendente espera-se progresso , desenvolvimento e alguma prosperidade. Cabe ás novas gerações, provavelmente coorespondentes ás gerações de setenta, oitenta e noventa em portugal, agarrarem as oportunidades que serão impares e absolutamente inigualáveis daqui a muito poucos anos.