quinta-feira, 1 de março de 2007

Na sequência da delinquência juvenil

Pais, José Machado 2000, Traços e Riscos de Vida, Ambar:Porto.

"O fenómeno da exclusão social dos jovens - incluindo todas as suas correlativas manifestações de desenquadramento social- tem adquirido uma grande relevância pública cuja ressonãncia principal é a ideia de que os jovens vivem situações crescentes de risco. Riscos múltiplos de vida que se associam às condições precárias de vida, novas formas de vivência e experimentação sexual, manifestações diversas de intolerância (racismo, violência), apelos consumistas geradores de pânico social (nomeadamente com o consumo crescente de drogas mais ou menos ilícitas), condutas e culturas rebeldes, lazeres marcados por excessos e transgressões, etc.
Contudo, a atenção dirigida às situações e condutas de risco tem arrastado uma concomitante desatenção relativamente aos traços de vida desses jovens. A nossa proposta de investigação é simples: partir dos traços de vida para compreender os seus eventuais riscos. A proposta - que é também uma aposta metodológica-vai pois, no sentido de clarificar as condições ou determinantes sociais de jovens vivendo em trajectórias de risco ou em contextos de exclusão ou desenquadramento social:
...veremos como é vivida a gravidez de jovens mães (traços redondos); abordaremos as socializações que envolvem o consumo de drogas (traços, laços e dependências); as modalidades de aculturação de jovens negros (traços negros); aspectos da cultura graffiti(traços falantes); percursos juvenis na noite do bairro alto (traços nocturnos); e as sociabilidades das raves (traços contínuos da diversão). Remataremos o estudo (traços cruzados e riscos de vida) sublinhando os trajectos psico-sociológicos das condutas juvenis mais associadas ao risco e questionando algumas intervenções políticas (que políticas a tracejar?)."
Uma sugestão.

2 comentários:

sapiens disse...

Sem duvida alguma os Jovens dos dias que correm vivem em risco permanente..mas o pior é pensarmos que o risco é sempre evidente e externamente induzido tal como as drogas por exemplo.



Temos que ter a consciência de que cada vez mais os problemas juvenis se prendem com o modelo social do modernismo tardio desindustrializante e assente nos negócios e nos serviços e em toda uma lógica da performance máxima a mil á hora.



Uma sociedade cada vez mais exigente onde quase não há lugar para aqueles que nasceram com outros dotes que não os
de excelência escolar.



Se pensarmos numa sociedade de há cerca de 100 anos atrás no norte de Portugal

, todas (ou pelo menos a grande maioria) das crianças que nasciam tinham pelo menos um futuro garantido, era certo que com ambição se podiam lançar no desconhecido de novas aventuras fora do lugar de nascimento e promessa de vida e morte com todas as fases que esta implica, mas, tinham para todos os efeitos a garantia de ganho do sustento do pão para a boca, a garantia de um lugar para construir família, a garantia de um ou dois palmos de terra para plantar algo... é certo que as condições eram precárias, não haviam cuidados de saúde como os de hoje, não havia tanta qualidade nem tanta quantidade de bens disponíveis como os que temos hoje mas havia uma coisa que se torna cada vez mais escassa na sociedade presente e que é a garantia de inclusão e a estabilidade.



Imaginemos alguém com uma deficiência mental ligeira: numa sociedade de consumo onde o tempo é literalmente dinheiro esta pessoa está automaticamente excluída do mercado de trabalho, nas sociedades pré-industriais, embora também altamente castrantes a outros níveis todos tinham o seu lugar, aquele que numa jorna de trabalho não produzia 100 produzia 50, mas produzia, na sociedade de hoje , que não produz 100 não tem direito a produzir... e sustenta-se de subsídios instituídos pelos sistemas sociais (Caridade para sermos mais exactos)...



como vemos há muito que já não se pode rezar velho provérbio... o trabalho de menino é pouco, mas quem o nega é louco...





Vemos então que um dos grandes problemas de toda esta delinquência é a inexistência de caminhos possíveis, é a eugenia capacitaria instalada no mercado livre , é a constante luz ao fundo do túnel que não passa disso mesmo de uma luz de esforço interminável que muitos decidem abandonar ou atalhar por caminhos menos convencionais e também menos legais...



a luz vemos, afasta-se cada vez mais do cidadão médio á medida que os números estatísticos espelham a realidade da qual ouvimos falar constantemente, a de que o fosso entre ricos e pobres não para de aumentar. este fosso constrói-se precisamente através desta inexistência de pontes para a realização plena do ser humano em sociedades de performance máxima que a grande maioria dos indivíduos não consegue nem pode alcançar.

Anónimo disse...

ola boa tarde. gostaria que me dissessem onde posso encontrar disponível este filme. preciso para fazer um trabalho sobre delinquência juvenil. muito obrigada.