sábado, 17 de março de 2007

A entrevista antropológica

Para mim as entrevistas não devem ser pagas, no entanto respeito quem sustenta outra opinião àcerca do assunto. Desde Agosto de 2006 que venho desenvolvendo este meu projecto e durante todo este tempo apenas consegui duas longas entrevistas. Será o preço a pagar...por não pagar?Provavelmente, pelo menos no que a este universo diz respeito. No meu entender o pagamento pelas informações, nomeadamente através da entrevista, aproxima-a da entrevista jornalística, em que a verdade mais profunda é supérflua e desnecessária. A entrevista antropológica deve resultar duma relação de confiança, e essa confiança não se estabelece de imediato. Só conseguiremos romper a camada protectora do self entrevistado, se nos tornarmos confiáveis. Sou pelas entrevistas não pagas.

1 comentário:

sapiens disse...

Pois, concordo, também acho que as entrevistas não devem de ser pagas.. no entanto a sensação que me fica depois da experiencia é sempre a de divida...

Não sei como poderei agradecer ás pessoas que na verdade perdem parte do seu tempo a falar-me da sua vida e das suas vivencias.. Até agora tenho tido sorte, as pessoas compreendem o propósito e penso que setem a gratificação na sua própria participação com vista servir a uma causa que também é del@s.

Não é menos verdade nem menos constrangedor no entanto a sensação com que se fica apos a realizaçlão de uma entrevista.. um misto de felicidade por toda a quantidade de informação que nos foi cedida, e frustração por não termos podido dar nada em troca... talvez possamos recorrer um pouco á teoria da dadiva e da amizade onde a retribuição imediata poderá ser entendida como negação de relações e encontros futuros e como tal, rejeição de uma possivel amizade assente na troca não imediata mas disfasada no tempo.

ah outra coisa são as colas.. que os entrevistados fazem sempre questão de me pagar... (só para agravar a já frustrante sensação de estorvo ou de se ser realmente cuscuvilheiro/a com que também se acaba por ficar)...BAH


Há que aprender a lidar com isso.