segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Novos caminhos, em velhas histórias

É inegável que a antropologia surge ligada nos seus primórdios, a processos de dominação e de integração forçada, é um facto, porque também ela é um "produto" social", como tudo o resto, no entanto como sabemos a integração e dominação realizam-se hoje através de bombas...numa altura supostamente de democracia e em que acabaram os estados coloniais. No meu entender, em tempos de globalização (inclusivamente do próprio conceito que se torna cada vez mais abrangente) a antropologia encontra novos universos de estudo, porque como sabemos, globalização não é o mesmo que homogeneização e nessa globalização aparentemente totalizante, surgem inúmeros movimentos sociais divergentes ou clinicamente considerados como inadaptados ou até patológicos. Numa sociedade com pavor da desordem, onde até a desordem interior tende a ser recalcada, a pretensa evolução da liberdade é apenas aparente, porque a segregação é cada vez maior e mais intensa, o que para mim é normal...o contrário seria a confirmação do mito da igualdade ou da liberdade, entre outros, em que não acredito. O que no fundo quero dizer, é que socialmente haverá sempre espaço para a antropologia, na medida em que com os seus estudos de caso, ela se debruça essencialmente sobre a diferença. Para mim, portanto, a antropologia deve ser a integração cultural da diferença e não a integração política, no entanto sei também que estando socialmente integrado (??), tendo a cair num plano pessoal, na crença de certos ideais inatingíveis e de valores praticáveis, visto que é um facto que a política, a religião, etc, se apropriaram daquilo que for antropologicamente útil. Complicado pois...ou talvez não, se considerarmos que a antropologia em vez de ser a negação dos ideais e valores dominantes, possa antes ser a sua desconstrução, desmontagem...compreênsão. Por exemplo, sei que os mitos existem e são tão naturais na humanidade, como a guerra (muito mais que a paz), o meu interesse não está em aboli-los, mas sim em simplificá-los, na complexidade para muitos inatingível da sua banalidade. Desconstrução, auto-conhecimento...um caminho sempre inacabado e para muitos desnecessário, quando para alguns uma bomba atinge objectivos de imediato e sem perder tempo...o mito de que se atingem sempre objectivos...a necessidade de o fazer...a fase anal sádica de George W. Bush e de outros políticos de todos os quadrantes. A aspiração ao domínio, a luta pelo poder, estará sempre presente onde existirem seres humanos ou animais irracionais, reconhecê-lo é um passo maior que a chegada à lua. Uma população informada, será por certo uma população menos dominável...pelos senhores do poder sem conhecimento...ainda que aí surgissem outros tiranos, não tenho dúvidas. O processo histórico e os seus produtos são algo de inacabado, o erro está em conceber o presente como a única verdade. Não acredito na verdade portanto.

1 comentário:

sapiens disse...

Concordo plenamente, mas tal como disseste, as populações mais informadas são mais dificeis de controlar e isso não interessa a quem faz as leis e tem o poder para decidir o que é que se ha-de lecionar nas escolas bem como o que ha-de passar na tv.

Se existe um objectivo e esse objectivo é claro para a classe politica então os meios serão mobilizados para atingir esses fins e com toda a certeza nao passarão nem pela antropologia , nem pela informação real das massas, mas sim por uma verdadeira criptocracia.

Muitas vezes dou por mim a pensar se não estaremos a ambicionar uma perfeita contradição.

Por vezes vejo-me olhando o mundo pelos olhos de maquiavel, Malthus ou Nietzche, todos defensores de que a verdadeira cultura superior nao poderá nunca estar na mão das massas pois deixará de ser cultura superior e passará a ser discurso manipulatório, "encarneiragem" por assim dizer.

Se é verdade ou não, resta-nos descobrir... os fantásticos discursos libertários e aparentemente igualitários dos sistemas democratas parecem dar-nos mostras de que isto é bem mais real do qeu ficcional.