O amor e o ódio não são opostos, estão mais próximos do que se pensa. Secalhar aqui, faz sentido falar na relação triangular Freudiana, isto é, em vez de bipolarizar a questão em dois termos Amor vs ódio (na senda de Platão), incluímos um terceiro elemento, o sujeito que perante eles se posiciona e opera a passagem de um ao outro. Assim, o sujeito que odeia ou ama é o que há de comum entre estes dois elementos. No fundo, o que sucede por parte do sujeito é a deslocação para o anteriormente bom objecto, de características de outros maus objectos que assim classificou anteriormente. Projecta-se no que era bom, tudo aquilo que se conhece do mau e passa-se a odiar. Mais uma vez, tal decorre da capacidade ilusória do ser humano, que é o que verdadeiramente o distingue dos primatas. Constroi-se uma nova realidade, com base na imagética. Ilusão, a chave do bom e do mau, do amor e do ódio.
3 comentários:
É, isso é uma perspectiva bidimensional: por um lado o eixo amor ódio, por outro o eixo dos objectos qualificantes. Mas se vir-mos a 3D ainda encontramos outro eixo: o dos sujeitos qualificadores. Isto é, notamos que ortogonalmente ao amor e ao ódio, temos o eixo da sobre-atenção (muita qualificação) vs. completo desprezo (nenhuma qualificação).
concordo plenamente consigo, diria mais até, faço minhas as suas palavras, devolvendo-as ao buraco negro, onde o tempo não passa (nem a 3d) e em que a esperança assentará num eterno retorno do nada, de onde não se alcança o fim nem o princípio...apenas nada...o eterno retorno...asfixiante...a imobilidade desconexa da verborreia humana.
Verborreia humana... o cerne da questão, comportamento análogo ao debicar continuo das galinhas no solo, padrão fixo de acção ao qual não conseguimos resistir.
Enviar um comentário