segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Armadilha do poder

Houve tempos em que a revolução surgia no contra-poder, hoje a revolução passeia perante os nossos olhos e nem a notamos. Hoje são os homens do poder que fazem a revolução. Antes a revolução era um choque contra o status quo. Era radical. Hoje acontece um bocadinho todos os dias, de tal forma que as coisas dão a aparência de mudar lentamente ou de nem mudarem. Antes os estudantes e a universidade apontavam novos rumos ao mundo, hoje reforçam a lenta mudança que adormece e que nos aprisiona no capital e no consumismo. Antes a revolução fazia verter o sangue de uma só vez, hoje o sangue escorre constantemente e nós, habituados às novelas e ao sangue, deixámos de lhe prestar qualquer atenção. Tudo por uma marca, nada por uma gota de sangue.  A hemorragia tornou-se banal, vivemos com ela e de tão distraídos que andamos, nem nos apercebemos que sangramos de morte os nossos filhos e que condenámos os nossos pais a uma decadência indigna.

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