Olá, a ausência faz-se sentir numa omnipresença sufocante de um trabalho sem fim. Sim, a matéria em apreço continua a ser a mesma, migrações, globalização, género, desvio, travestis e prostituição. Quem trabalha sobre migrações, sabe que um dos catalizadores do seu crescimento é a procura de melhores condições de vida, o desejo de ter uma casa própria no país de origem, de melhorar as condições de vida dos familiares distantes, originando muitas das vezes novas formas de organização familiar. No início deste empreendimento não material, a ideia preconceituosa de que o antropólogo parte para proceder à sua desconstrução, era a de que as migrações transnacionais da prostituição travesti brasileira para a europa se consubstanciavam em moldes diversos de todas as outras. Tal não é verdade, a começar pelo tópico com que iniciei este post. Na verdade os brasileiros sabem que a ajuda monetária à família é um dos objectivos da sua emigração, e inseridos nesse modelo de cidadania e sociedade, tendo como base a célula vital de toda a organização humana, ou seja a família, as travestis tal como a maioria dos migrantes enviam remessas periodicamente para o Brasil, com o intuito de ajudar a família. Um item interessante a ser analisado a partir desta constatação serão as novas formas de organização familiar, sua estruturação e/ou reatamento de relações familiares outrora moribundas que emergem destas novas relações de dependência transnacionais.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
terça-feira, 14 de setembro de 2010
De muitas e Variadas Partes ao Portugal do Século XXI
Contextos migratórios vários onde o género, sexo e nacionalidade se intersectam numa realidade global multi-cultural onde a diferença se desconstrói e constrói face à sua diferença, antes longínqua e continental e agora próxima e regional.
Sinopse:As relações familiares referenciadas a populações imigrantes têm vindo a constituir um foco crucial dos debates sobre a diversidade cultural e os seus limites, um objecto do discurso mediático e de intervenção política. Apoiado num estudo comparativo, este livro continua a pesquisar a influência das experiências migratórias na reconfiguração de valores e práticas de género, intergeracionais e familiares dos imigrantes.Índice:De muitas e variadas partes ao Portugal do Século XXI. Dinâmicas de género, intergeracionais e familiares em contexto migratório – IntroduçãoSusana Trovão “Handmaids of the Lord”: empregadas domésticas, esposas e mães à distância – rostos femininos da imigração Filipina em Portugal Inês David Usos da religião na participação cívica: recursos identitários de mulheres de origem são tomense no contexto pós colonial português Sónia Ramalho com a colaboração de Susana Trovão Da Guiné Bissau a Portugal: trajectórias socioculturais de mulheres muçulmanas de duas gerações Maria Abranches Do Brasil Palhaço ao Portugal Europa: a importância do ‘onde se vem’ na construção do ‘para onde se vai’ nas estratégias de imigrantes femininas brasileiras em Portugal Elsa Rodrigues De “mana em mana”: transnacionalismo e agência entre travestis brasileiras Francisco Luís e Susana Trovão Comparando relações de género, intergeracionais e familiares em populações imigrantes e minorias étnicas: debates “privados”, denegação pública e outras mediações Susana Trovão e José Gabriel Pereira Bastos SOBRE A ORGANIZADORA: Susana Trovão é professora associada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, investigadora coordenadora da Linha Migrações, Etnicidade e Cidadania do CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia) e co fundadora do CEMME (Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas da FCSH). |
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
Eco logia ou ecologia?
A troposfera suporta já cerca do dobro de ozono de há cem anos. mas parece ser capaz de aguentar cerca de dez vezes mais ozono do que agora, pelo que também este problema mal começou (Weiner 1991:209).
Uma só molécula de metano aumenta o efeito de estufa da atmosfera da terra tanto quanto vinte moléculas de dióxido de carbono (Weiner 1991:72).
Água, dióxido de carbono e ozono: Estes três gases têm algo que as moléculas de nitrogénio e oxigénio não têm. Possuem um terceiro átomo. O nitrogénio é N-N e o oxigénio é O-O: pares de átomos. Os três gases de estufa são triplos: a água é H-H-O e o ozono é O-O-O, uma forma aberrante de oxigénio e altamente instável, um ménage `trois; o dióxido de carbono é, claro, é O-C-O...(idem:46).
Weiner, Jonathan 1991 Os Próximos cem anos, Gradiva:Lisboa.
Apesar de algo recuado no tempo, parece-me uma leitura imprescindível, quanto mais não seja para se concluir que há cerca de vinte anos já os efeitos nefastos da actividade humana eram conhecidos. Agora a Rússia arde, o trigo sobe, o Paquistão nada. Amanhã serão outros. José Lino quando afirmou que o Sul de Portugal era um deserto estaria já ele próprio ciente de que o efeito de estufa, o buraco no ozono, o degelo, a subida das temperaturas...iriam transformar todo o Portugal num deserto?
Outro assunto: De muitas e variadas partes ao Portugal do século XXI, autora Susana Trovão. Um retrato de panoramas migratórios no Portugal actual, desde S.Tomé, Brasil, Filipinas, Guiné Bissau, etc..De mana em mana: Transnacionalismos e agência entre travestis Brasileiras, é da minha autoria e da autora do livro, Susana Trovão.http://www.edi-colibri.pt/Detalhes.aspx?ItemID=1370
quinta-feira, 8 de abril de 2010
mediascapes (Appadurai)
Hoje dou-vos conta de um estudo que achei muito interessante, para além de relevante e super actual, "Fluxos Matrimoniais entre brasileiras e portugueses" patrocinado pelo Alto Comissariado para a imigração (ACIDI), da autoria de Paulo Raposo e Paula Togni (2009). Para além da pertinência da temática abordada, para mim foi duplamente interessante pelo facto de eu próprio me rever como actor social interveniente no mercado matrimonial transnacional através de um casamento misto com uma brasileira. Isto ainda fica mais engraçado quando verifico que desde Maio de 2009 já passaram por aqui 8558 brasileiros, enquanto que portugueses apenas 3338. De resto fica a sugestão de uma leitura interessada e interessante.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
antropo-contexto
Isto tem andado parado, nem sempre estamos na disposição de dispôr dos nossos pensamentos, devaneios, ou até de dados mais objectivos colhidos e observados. Não obstante, tal não significa que se tenha parado, na verdade parece que dentro de sensivelmente três meses, o meu primeiro artigo será publicado, num livro em que doutorandos resumem num texto de reduzidas dimensões as suas mais vastas investigações de doutoramento. Um pouco ao acaso, o meu percurso académico encarregou-se de me direccionar para as questões de género, enquadradas num mundo cada vez mais pequeno e apertado, em que a estratégia geo-política mudou por completo e nos casos em que não mudou, irá mudar por força das circunstâncias. Já nada se produz para durar, neste mundo em que o distante se tornou próximo, parece impor-se uma consciência de que a mudança é a essencia do social, ainda que tal, por algum motivo e nalguns casos não se consiga vislumbrar. O evoluir dos acontecimentos políticos, económicos e sociais demonstram que quase premomitoriamente, o "futebol português" tinha razão: o que hoje é verdade, amanhã pode não ser ou seja: nunca digas nunca, na medida em que os alicerces de todas as culturas se mostram frágeis, tão frágeis como o tempo finito que lhes deu origem. O contexto nunca fez tanto sentido, com a ressalva de que ele é cada vez mais circunstancial.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
O Animal Moral
(you shouldnt) "expect the moral codes to serve the interests of society at large.
They emerge from an informal political process that presumably gives extra weight to powerful people.
They are quite unlekely to represente everyone's interests equally.
And there's definitely no reason to assme that existing moral codes
reflect some higher truth apprehended via divine inspiration or detached philosophical inquiry. "
(Wright, 1994)
...
E no entanto a moral está em todo o lugar.
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