Pois bem, hoje não falarei de transnacionalidades, globalização, género, sexo, racismo...ou provavelmente até sim. Nestes 7 anos de paixão por uma raça socialmente amaldiçoada, muitas coisas me aconteceram, desde comentários a reáções de pânico, alguns dos quais relatarei mais à frente. A questão do açaime...complicado, sempre o utilizei no bonga, rottweiler que me tem acompanhado como um amigo dedicado desde há 7 anos, mas... se o usamos, a pergunta que nos assalta constantemente, para além do olhar aparvalhado e a crítica feroz, é...morde? Se não tivesse açaime atacava já, não é?...ufa a ginástica que faço para não ser eu a morder-lhes impiedosamente. Há uns dias atrás...saí do prédio, acompanhado pelo bonga, uns putos e umas gajas falavam alto e mandavam todo o tipo de lixo para o chão, mas eu tinha que passar né? Afinal não vivo do rendimento mínimo e até comprei a casa onde habito.Pois bem, a reáção foi a de 6 ou 7 pessoas começarem a gritar o mais alto que podiam...fiquei...bem...não vou dizer como fiquei, é mais prudente, no entanto sei o que o Bonga fez: imperturbável, lento no andar e altivo perante aqueles gritos histéricos, face a um cão preso e com açaime, olhou para uma das miúdas (provavelmente pensando se aquilo também pertencia à raça humana que se habituou a conhecer) e colocou-lhe as patas nos ombros, sinceramente não o evitei, mereciam, pois afectam de forma absurda a privacidade dos outros, a minha e a dele, obrigados a pagar seguro, a tirar registo criminal, licenças na junta, a ter um atestado médico comprovando condições mentais para os ter e depois qualquer merda se sente no direito de criticar, gritar, discriminar, ajuizar, censurar, etc..., mas continuando, ao colocar-lhe as patas nos ombros nada mais faz do que isso, da mesma forma que o faria a mim para me receber quando entro em casa, e de imediato se coloca de novo no chão olhando de forma imperturbável para mim, como se me estivesse a dizer que aquela merecia e de uma forma em que quase vislumbrei um sorriso de gozo. No regresso, estavam lá as mesma pessoas e mais um miúdo pequeno, ainda pouco sensível às lavagens cerebrais, que se aproxima do Bonga e o abraça, ele abana a cauda e eu não resisti a olhar para aquelas miúdas que tanto gritavam, mas que no entanto não deixam de ir para a porta de um prédio onde de antemão sabem que existem dois rottweilers, e de lhes dizer - veêm?Afinal também existem pessoas normais. Isto é na realidade um teste ao meu auto-controlo. Por exemplo noutra ocasião, estando eu a passeá-lo vejo um casal de ciganos e como já estou habituado a comentários ou perguntas estúpidas, já esperava qualquer coisa - Ó chefe não me quer dar o cão? - detesto que me chamem chefe, geralmente respondo de forma seca que não sou chefe de ninguém, mas desta vez fingi não ouvir, no entanto a questão repete-se - Ó chefe não me quer dar o cão? - irra! olhei para ele e disse-lhe - Porque lhe hei-de dar o cão, se ele é meu e gosto dele? - não perceberam e a mulher ajuiza: -estes são os cães mais perigosos do mundo - que raiva, esta gente sente-se no direito de gritar, comentar, perguntar e qual o nosso direito, apenas o de contribuir para o rendimento mínimo e para a riqueza da banca e companhias de seguros através das licenças, seguros, etc...?Ok...também há gente normal...mas são poucos. Pensem um pouco para além do que vos é dito, informem-se, pesquisem e pensem como uma legislação mal enquadrada prejudica quem ama os seus animais, independentemente da raça e é indiferente para quem os maltrata na sua dignidade e bem estar mental e fisíco, porque esses não os vão passear, não se dão ao trabalho de lhes colocar açaime porque nem há ocasião para isso, não lhes colocam chip que os identifica como propritário do animal, não os levam aos veterinários, não tiram licenças, não pagam seguros...népia...não fazem nada! E nós que pagamos, que os cuidamos, que os conhecemos e amamos que direitos temos? Um dever cumprido pressupõe um direito, um direito pressupõe deveres...no nosso caso, aos deveres apenas corresponde o dever de andar calado e a levar bocas de qualquer indivíduo que desconheça as regras básicas da civilidade e educação.