quarta-feira, 16 de abril de 2008

Gisberta num mundo de justiça hetero

Um ser humano como outro qualquer, sensível à dor, à tortura, provavelmente à ausência de familiares, porém travesti numa sociedade de justiça hetero. Um ser humano brutalizado e antes de definhar, violado na sua consciência íntima por uma humilhação que, apenas encontrou limite, numa morte solitária no fundo de um buraco enlameado. Por sentença transitada em julgado de menores, os responsáveis são condenados a penas que oscilam entre os 6 e os 13 meses, ao que julgo saber em "casas de correcção", de onde alguns já eram provenientes (ou até todos). A relação com "o outro", com o diferente, encontra aqui mais um dos seus fundamentos, a própria oposição negativa da justiça e o carácter contraditorio dos seus valores. Estranho neste momento, que o Sr. ministro da agricultura não venha anunciar publicamente e de forma mediática, um despacho prevendo a esterilização de quem cometeu esse crime, que na escala criminológica parecem constar como não sendo "potencialmente perigosos". Este facto demonstra a ambivalência do mundo em que vivemos e em que sempre se viveu, o carácter relativo da justiça e do valor da vida humana, em suma o conteúdo mutante e extremamente manipulativo das sociedades humanas.